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Capítulo II – O modelo de Kouzes e Posner

1. As cinco práticas de liderança

1.4. Permitir que os outros ajam

Kouzes e Posner (2009) consideram que para se conseguirem feitos extraordinários nas organizações, é necessário existirem valores individuais que se conjuguem num trabalho de equipa, que assentem numa confiança sólida e na grande competência de todos. Um clima de trabalho desta natureza gera relações fortes e mais duradouras. Os líderes têm de permitir que os outros ajam, fomentando a colaboração e criando-lhes confiança, para conseguirem feitos extraordinários.

Mandamento 7 – Fomentar a colaboração ao criar confiança e facilitando as relações

O trabalho de um líder assenta num ambiente de profunda colaboração com uma equipa. Os líderes não trabalham isoladamente; muito pelo contrário, trabalham cooperando em equipa, em torno de objetivos comuns para o sucesso. Kouzes e Posner (2009) defendem que “a colaboração é um imperativo social, sem o qual não se conseguem feitos extraordinários nas organizações” (p. 254). As equipas tornam-se, então, mais eficazes quando existe confiança nos elementos que as integram, promovendo mais dependência entre si e gerando sentimentos de pertença a um todo com o qual se identificam, pois todos são precisos no caminho do sucesso. A confiança facilita as relações e sem ela não se consegue liderar.

Os indivíduos que não são capazes de confiar nos outros não se conseguem tornar líderes, precisamente porque não suportam estar dependentes das palavras e do trabalho dos outros. Ou acabam por fazer o trabalho todo ou supervisionam o trabalho tão de perto que acabam por ser demasiado controladores. A óbvia falta de confiança nos outros faz com que os constituintes percam a confiança neles mesmos.

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Como se pode constatar, os autores corroboram a ideia que o comportamento dos líderes deverá ser promotor de atitudes que transmitam confiança aos seus constituintes.

A confiança é, desta forma, promotora do desenvolvimento das competências, a par da maior satisfação individual. Como resultado de investigações que os autores levaram a cabo, concluiu-se que, nos ambientes promotores de confiança, as pessoas não se sentem controladas e têm liberdade para inovar e contribuir para o sucesso da organização. De facto, “os líderes que confiam promovem a honestidade, o envolvimento, a satisfação pessoal e os níveis de empenho sobem até atingirem a excelência” (Kouzes & Posner, 2009, p. 257).

Saber ouvir, partilhar informação e recursos com os outros, compreender as suas necessidades e interesses, valorizar os seus conhecimentos e identificar objetivos partilhados, revelam-se comportamentos essenciais por parte do líder que quiser levar a bom porto a senda do sucesso para a sua organização. Ao agir assim, o líder está a mostrar confiança naqueles que consigo trabalham. A ligeireza e afabilidade destas conceções não devem esconder que tal poderá, também, significar uma dura batalha para o líder, mas, como em tudo, com tempo e determinação, segundo os autores, poderá consegui-lo.

O desenvolvimento de objetivos partilhados ajuda a promover um espírito de equipa mais forte e coeso, algo inatingível se existisse a promoção de objetivos individuais. Para o surgimento destas relações cooperativas, o líder assume um papel decisivo se estabelecer normas de reciprocidade e de justiça entre as equipas e os seus parceiros, de maneira a que os contributos se traduzam num resultado final bem-sucedido. Queremos com isto dizer que “as pessoas que dão reciprocidade vão ter mais sucesso do que as que tentam maximizar as vitórias individuais” (Kouzes & Posner, 2009, p. 266).

Mandamento 8 – Dar força aos outros aumentando-lhes a determinação e desenvolvendo as competências

Os líderes, ao fomentarem o desenvolvimento de competências e de atitudes de confiança, estão ao mesmo tempo a fortalecer e a dar força aos outros. Kouzes e Posner (2009) certificam esta perspetiva quando afirmam que “qualquer prática de liderança

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que aumente a determinação, a auto-confiança e a eficácia pessoal dos outros torna essa pessoa mais poderosa e aumenta em muito as possibilidades de sucesso” (p. 284).Os autores garantem, inclusivamente, que uma sensação de poder pessoal faz acreditar nas pessoas que têm mais peso e eficácia na organização, logo, a sua satisfação pessoal será maior, a par de um melhor desempenho no todo organizacional.

O desenvolvimento de competências e a criação de confiança são vitais para garantir a credibilidade do líder e, assim, se conseguirem feitos extraordinários no seio da organização.

Os mesmos investigadores defendem, ainda, que o investimento na formação é um aspeto crucial em quaisquer processos de melhoria, como seja o de desenvolvimento de melhores líderes. Este investimento trará vantagens, traduzindo-se estas num maior envolvimento e empenho das pessoas e, também, numa maior compreensão das visões, da missão e dos valores que sustentam a organização. A formação e a educação trazem, obviamente, mais qualificação o que torna as pessoas mais capazes e eficazes no desenvolvimento das suas tarefas, tornando-as mais líderes.

Na organização do trabalho, o líder deverá, ainda, saber envolver os membros das equipas nas decisões, atribuindo-lhes maior responsabilidade, visibilidade e reconhecimento nos esforços envidados para o sucesso do grupo. Há que concertar ações, agindo em conjunto na tomada de decisões, um processo que, para os autores, certificará “uma capacidade que se desenvolve com a prática. Quanto mais se treina, mais capaz se fica” (Kouzes & Posner, 2009, p. 297). A este propósito, os líderes:

Também desenvolvem as capacidades da equipa e fomentam a auto-confiança através da fé que demonstram ao deixar os outros liderar. Com estas acções, os líderes agem como treinadores, ajudando os outros a aprender como usar as suas capacidades e talentos, além da aprendizagem com as experiências.

(Kouzes & Posner, 2009, p. 297) Ao darem força aos outros, os líderes estão a desenvolver a capacidade dos seus constituintes se tornarem também líderes e a dar a oportunidade de agirem pela sua própria iniciativa, superando-se a si mesmos. Desta forma, os líderes estão a disponibilizar o seu poder ao serviço dos outros, porque acreditam que as pessoas são competentes e confiantes e, assim, terão um melhor desempenho. Quando os

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constituintes aumentam as suas competências, detêm mais poder e a responsabilidade também será maior (Kouzes & Posner, 2009).

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