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CAPÍTULO I O CEOM E O “RESGATE” HISTÓRICO NA

1.7 ENGAJAMENTO E FILANTROPIA; A FASE HEROICA DO

Nessa primeira fase de organização do projeto do CEOM, a qual se pode recuar até pelo menos 1983, estendendo-se até 1987, a existência e a manutenção das atividades está muito ligada ao engajamento filantropo dos membros do grupo. Ainda que em 1985 tivéssemos o registro do primeiro aporte financeiro para a execução do projeto, proveniente do CNPq168, as atividades que se vinham desenvolvendo

antecedem esta data, bem como o número de pessoas envolvidas de modo não formal superam, em muito, o quadro de funcionários efetivamente vinculados ao centro mesmo após sua consolidação. As correspondências enviadas e recebidas no ano de 1987 demonstram como uma rede de colaboradores acaba por atuar de modo sintomático no processo de difusão de material, busca por parcerias, e mesmo reconhecimento, para o recém-criado Órgão.

Nesses termos, é elucidativa a correspondência enviada em 24 de março de 1987 pelo próprio Governador Pedro Ivo Campos à Sra. Dalme Marie Grando Rauen. No Ofício em que acusava e agradecia o envio do exemplar de Nº 1 – Ano 1, do Caderno do Centro de Organização da Memória Sócio-Cultural do Oeste de Santa Catarina, o então governador, parabenizava a equipe e reconhecia a importância do feito para a “preservação da memória e da identidade cultural169” do Estado. Embora nunca tenha figurado como funcionária do CEOM, a participação

Acervo Marilandi Goulart. A esse respeito ver: CARBONERA Mirian. A Tradi-

ção Tupiguarani no Alto Rio Uruguai: Estudando o Acervo Marilandi Gou- lart. Disponível em: https://www.unochapeco.edu.br/static/data/portal/downlo-

ads/1531.pdf.

168 Em 18 de dezembro de 1985, Santo Rosseto escrevia ao Sr. Luiz Barreto de

Mendonça, então chefe do GOP/SCP – CNPq, informando a abertura de conta junto ao Banco do Brasil, agência de Chapecó, para o depósito do valor de Cr$ 57.750,00*, (cinquenta e sete milhões setecentos e cinquenta mil cruzeiros) refe- rentes ao processo nº 40.5847/85 que versava acerca do custeio do projeto do CEOM. *Grafia Original.

169 Ofício enviado em 24 de março de 1987 pelo Governador Pedro Ivo Campos

de Dalme Marie Grando Rauen170, especialmente no que concernia a divulgação das ações e estabelecimento de contatos, fica evidente em várias passagens, como a que segue.

Estimado Antropólogo,

Soubemos pela Dalme Marie da sua vontade de visitar nossa região. Teríamos imensa alegria de conhece-lo pessoalmente. Sabemos também, que sua opinião muito enriquece nosso projeto. Anexamos a este, o primeiro exemplar do Caderno do Centro de Memória Sócio-Cultural e notícia de jornal acerca da recente descoberta de vestígios tupi-guarani na região de Imbituba SC.

Aguardamos notícias e confirmação a respeito de sua vinda.

Com sincera amizade e admiração171.

No Ofício em questão, nº 004/87 de 01 de abril de 1987, Hilda Dmitruk, assinando agora como Coordenadora do CEOM172, escreve a

Orlando Sampaio Silva, à época já renomado antropólogo, manifestando interesse em uma possível visita do mesmo à região. Tanto a notícia da visita, quanto o contato, provavelmente tenham sido passados pela própria Dalme Marie que era prima de Orlando. Esta relação torna-se mais elucidativa ao se analisar a carta enviada por ele - Orlando - a Dalme,

170 Dalme Marie Grando Rauen nasceu em Chapecó em 1949. Foi advogada e

dedicou-se as atividades artísticas desenvolvendo trabalhos nas mais diversas vertentes como escultura, poema, pintura e desenho. Sendo uma grande incenti- vadora das artes em Chapecó. Foi professora mestre em Filosofia do Direito na Universidade do Oeste Catarinense e conselheira municipal de cultura. Ver: ZA- NINI, Gina. Do princípio Dalme Marie Grando Rauen Exposição de obras

da artista e reabertura da galeria municipal de artes, Prefeitura Municipal de

Chapecó, 2005. https://issuu.com/alexsandrostumpf9/docs/diagramado_2017. Deu nome a galeria de arte de Chapecó organizada em 2002 que a partir de 2006 passou a se chamar Galeria Municipal Dalme Marie Grando Rauen.

171 Ofício nº 004/87 de 01 de abril de 1987, enviado por Hilda Dmitruk a Orlando

Sampaio Silva.

172 Nesse primeiro semestre de 1987 parece não haver uma definição de qual seria

o cargo ou função ocupado por Hilda Beatriz Dmitruk Ortiz quando escreve em nome do CEOM. Em alguns ofícios figura como Coordenadora da Comissão Central, em outros como Coordenadora do CEOM. Essa questão terá uma defini- ção, ao que tudo indica, a partir do segundo semestre do respectivo ano, quando o cargo de Coordenação do CEOM é assumido por Ilda Ana Brisot que passa a assinar todas as correspondências com nessa condição.

dias depois.

S. Paulo, 24.4.87 Querida prima Dalme,

Recebi o “Cadernos do Centro de Organização da Memória Sócio-Cultural do Oeste de Sta. Catarina”, que me pareceu muito informativo e interessante. Grato. Idem, uma carta de Hilda Beatriz Dmitruk Ortiz, Coordenadora da FUNDESTE, com a qual a referida coordenadora manifesta interesse em minha visita a Chapecó. O interesse e a vontade é comum. Precisaríamos ver uma oportunidade. Continuemos a conversar sobre o assunto, em nossos diálogos escritos, que terminaremos por articular e costurar a oportunidade. Em que data deste mês foi ou será tua defesa de tese em Florianópolis? Em junho terei que ir ao Pará. Ainda não sei se ficarei lá apenas alguns dias, ou se me demorarei mais. Vou a minha Universidade, da qual estou em goso de licença especial. Vais sempre a Florianópolis? Qual é a distância entre esta cidade e Chapecó?

Quantas horas de viagem de ônibus? Com um abraço do primo173.

Além destes dois documentos há, entre cartões resposta e ofícios de agradecimentos a Dalme provenientes de deputados e outras autoridades, um grande número de registros. De onde se extrai que a artista possa ter usado uma possível rede de contatos pessoais em prol da divulgação do periódico e do projeto do CEOM. É difícil mensurar a quantidade de pessoas envolvidas nesse processo de difusão, mas, com base nos documentos enviados à Instituição acusando o recebimento, podemos ter uma ideia dos métodos utilizados pelo CEOM para a divulgação do empreendimento e das razões de seu aparente sucesso. Se, como temos demonstrado, na frente que se dedicava à obtenção de recurso, temos ainda nesse ano de 1987, envio de correspondia à Coordenação Estadual de Santa Catarina do Projeto RONDON, naquela encarregada do desenvolvimento das ações de campo, temos a partir de meados de julho do mesmo ano, o envio a vários municípios de um Plano de Atividades.

173 Correspondência enviada por Orlando Sampaio Silva a Dalme Marie em 24

Prezado Senhor,

Estamos encaminhando um Plano de Atividades para o Centro de Memória dessa Prefeitura, objetivando a agilização do projeto, ou seja, darmos início as atividades de divulgação e coleta conforme combinado em reunião. O presente plano de atividades apresenta um cronograma de execução, o qual poderá ser ampliado ou adaptado às reais condições daquele órgão, desde que seja mantido o seguinte critério: até o fim e ano termos iniciado todas as atividades. Lembramos sempre, que o Centro corresponde a um projeto de atuação permanente. Seguem, anexo ao plano de atividades, modelo de decreto para nomeação da Comissão Municipal do Centro de organização da Memória Sócio-Cultural do Município, bem como modelos do Termo de Doação e fichas de identificação e locação (pessoas, fotografias e objetos). Certos de vossa colaboração neste esforço por recuperar e defender as raízes histórico- culturais do Município, desde já agradecemos colocando-nos a disposição. Aguardamos comunicação174.

Há registro do envio deste conteúdo para os prefeitos dos munícipios de Coronel Freitas, Modelo, Maravilha, Xanxerê, São Miguel do Oeste, Itapiranga, São Carlos, e Pinhalzinho, mas provavelmente tenha sido enviado a um número bem maior deles. Na mensagem, ainda que se fale em um cronograma flexível às realidades de cada município, na prática, o que se pode perceber é que o Plano de Atividades visava apressar os prefeitos no tocante à formação das Comissões Municipais e à efetivação das atividades de divulgação e “resgate”. O sucesso do empreendimento dependia do empenho dos municípios e o projeto era apresentado de modo a demonstrar que a história de cada um deles, ou o “resgate” e a preservação desta, era o que estava em jogo. Assim, nos discursos endereçados aos prefeitos, a proposta adquire um caráter bem menos engajado e comprometido com as causas dos “excluídos” que aquela presente no projeto de implantação do Órgão ou no conteúdo de seus periódicos. Mostra disso é dada também na mensagem que divulgava

174 Ofício Circular enviado pelo CEOM aos prefeitos dos municípios de Coronel

Freitas, Modelo, Maravilha, Xanxerê, São Miguel do Oeste, Itapiranga, São Car- los, Mondaí e Pinhalzinho.

a segunda edição do Cadernos do CEOM.

O centro de organização da Memória Sócio- Cultural do Oeste de Santa Catarina – CEOM, dando continuidade ao seu projeto de resgate da memória do Oeste, encaminha a V. Sª o segundo exemplar do caderno do CEOM. Estes cadernos pretendem contribuir efetivamente no levantamento do processo de desenvolvimento histórico-cultural da região, na busca de sua identidade histórica. Para tanto, abrem espaço para contribuições históricas relativas ao Oeste catarinense. Solicita-se que o caderno nº 02, em anexo, seja divulgado entre os professores, uma vez que referencia a pré-história do Oeste, cita os mais importantes sítios arqueológicos municipais e sugere atividades de campo a serem desenvolvidas com os alunos. Informa-se ainda que o caderno nº 03, em fase de redação, apresentará um estudo sobre o caboclo na região. Certos de vossa colaboração no sentido de apoiar e promover publicações desta natureza, agradecemos e elevamos protestos de estima e consideração175. Por sua vez, o Oficio Circular nº 21/CEOM/87 de 28 de agosto de 1987 contava com o registro de envio para uma quantidade ainda mais significativa de destinatários. Constam: Prefeitos da AMOSC, AMAI E AMEOSC; Secretários de Educação, Bibliotecários e/ou Coordenadores das equipes do CEOM nos municípios de: Chapecó, Xanxerê, Coronel Freitas, Quilombo, Maravilha, Modelo, Pinhalzinho, São Carlos, Águas de Chapecó, Xaxim, Caxambú do Sul, Mondaí, Itapiranga, São Miguel do Oeste. Além de Presidentes da AMOSC, AMAI e AMEOSC, Fundação Catarinense de Cultura e Pró-Memória. O teor da mensagem contida no documento também avançava em relação aos primeiros escritos, principalmente no que concernia aos municípios e a sua estrutura de ensino. A ideia de que o projeto do CEOM, mais do que resgatar a história local, produziria material para o estudo e o ensino desta história, passava pela elaboração dos Cadernos e pela sua difusão entre os professores dos mais variados municípios. Daí a preocupação especial em solicitar a divulgação entre este nicho específico. Essa ideia de “cultura” estudada em escala regional, encontrava respaldo em uma corrente de entendimento estabelecida nos centros de Ensino Superior de todo o

Estado, como pode ser lido na comunicação enviada pelo Secretário Executivo da ACAFE, Fernando Fernandes de Aquino, a Santo Rosseto em 17 de setembro de 1987.

A regionalização do ensino em Santa Catarina alcançada através do sistema Fundacional, é a nosso ver um excepcional instrumento para a criação em cada região, de um núcleo de resgate da memória cultural. A cultura catarinense é por demais rica para ser estudada como todo. Pensamos que ela precisa ser resgatada e estudada a nível regional e, que a melhor forma de conseguir-se este intento, é estimular as Fundações Educacionais no sentido que cada uma delas crie um pequeno embrião voltado ao resgate da memória da cultura de sua região176.

Neste ofício em que dava notícia da estruturação de um programa de “Assessoria de Apoio Cultural177”, a ACAFE assume como uma de suas políticas internas a experiência que, no CEOM, já estava sendo pensada e viabilizada havia algum tempo. Tanto que na continuação da mensagem é feita ressalva de que o sucesso de experiências, nesse sentido, só seria alcançado se obedecidas três premissas: “disposição da Fundação Educacional de efetivamente engajar-se no processo, disponibilidade de recursos humanos na Fundação ou fora dela para assumir a execução de projetos específicos e disponibilidade de recursos para financiar projetos178”. No tocante ao financiamento, a sugestão dada era fazer uso da Lei Sarney que, à época, apresentava-se como importante alternativa. Coisa que o CEOM já vinha estudando e, inclusive, indicando para responsáveis por projetos municipais também havia algum tempo, ainda que sua viabilização estivesse condicionada ao interesse das empresas em aderir à modalidade. Assim, na compreensão da ACAFE, era necessário debater os seguintes aspectos, para os quais se solicitava o comparecimento da professora Elizabeth Botan na sede da Instituição: “o interesse das Fundações em participar do projeto, a sensibilidade da comunidade em aplicar incentivos fiscais em projetos culturais, os segmentos culturais que deveriam merecer prioridade e a

176 Ofício enviado por Fernandes de Aquino, Secretário Executivo da ACAFE, a

Santo Rosseto em 17 de setembro de 1987.

177 Idem. 178 Idem.

metodologia a ser adotada na estruturação do programa179”. Essa espécie de anterioridade do CEOM em relação a muitas das políticas relativas à preservação cultural180 no Estado se mostra em vários

momentos e analisaremos, ao longo deste trabalho, alguns deles. 1.8 “RESGATE” DOS ACERVOS PÚBLICOS DOS MUNICÍPIOS X “RESGATE” DOS EXCLUÍDOS; A ADEQUAÇÃO DISCURSIVA

O interesse da FUNDESTE em promover um projeto com características de acervo documental, não só era evidente como estava materializado em planejamento desde, pelo menos, 1985. Onde estavam delineados de igual modo segmentos culturais, metodologia e estratégias mediante as quais se pensava a institucionalização do mesmo. Pontos que, ainda que definidos de modo claro, mostrarão uma tendência a ser adequados, dependendo dos interlocutores ou do período. Especificamente falando dos elementos culturais a serem priorizados, o projeto do CEOM em suas primeiras correspondências aos municípios, é apresentado como sendo basicamente uma proposta de “resgate” da “história política” desses municípios. O que gradativamente vai sendo alterado para um “resgate” de personagens considerados negligenciados por uma história “tradicional”, ainda que essa mudança jamais tenha sido tão clara nas correspondências envidas aos prefeitos municipais, por exemplo, como o é no texto do próprio projeto do CEOM ou nos seus Cadernos publicados. Esta postura com relação ao meio de apresentação da proposta não se dá sem razões. Há muito da necessidade de adequação de um discurso que visa integrar a sociedade como um todo sem abrir mão de uma postura engajada e intervencionista, e que precisa lidar ainda com as resistências comuns a uma proposta de mediação histórica e memorial como a que o CEOM se propunha. Nesse sentido, procuramos neste momento, atentar para as “influências181” postuladas pelas

179 Idem.

180 Nesse sentido queremos nos referir a atividades que demonstram uma preocu-

pação em preservar manifestações culturais manifestada seja em trabalhos de ar- queologia, seja nas ligadas a constituição de espaços museológicos, de arquivos ou mesmo na execução de atividades ligadas a história oral e sua ideia de salva- mento de memórias.

181 A opção pelo termo influência se dá, nesse sentido, pela necessidade de de-

monstrar o alinhamento daquilo que se vinha praticando no Brasil com as discus- sões de entidades internacionais como a UNESCO. Não esquecemos, porém, das advertências feitas acerca da ideia de influência que pode direcionar o entendi- mento para uma noção de unilateralidade ou nas palavras de Michel Foucault de

discussões internacionais acerca de questões como “cultura” e inserção de sujeitos. Os exemplos de valorização e “resgate” de personagens não “tradicionais” vinham ocupando grande espaço nos projetos de instituições de renome e importância mundial. No caso, políticas como a desenvolvida pela UNESCO182 e que neste período chegava, de modo

formal, ao conhecimento da FUNDESTE.

O Arquivo Nacional do Rio de Janeiro foi convidado pela Unesco para coordenar, no Brasil, o Projeto “Guia Brasileiro de Fontes para a História da África, da Escravidão Negra e do Negro na Sociedade Atual”, que faz parte de um projeto mais amplo desenvolvido pela própria UNESCO e pelo Conselho Internacional de Arquivos desde 1959, chamado “Guia de Fontes para a História das Nações”. O trabalho tem caráter nacional, devendo abranger todas as instituições que custodiem acervos documentais sediados nas capitais dos estados, sejam elas de direito público ou privado. O Arquivo Público do Estado de SC. foi convocado para ser o articulador a nível estadual dos trabalhos do referido guia, desta forma vem convidar a V. Sa. a integrar-se nesta importantíssima tarefa de resgate das fontes catarinenses sobre o tema. Estamos enviando modelos para cadastro dos pesquisadores da temática em questão e para cadastro dos acervos existentes nas instituições de sua região tais como o próprio arquivo, cúrias, irmandades, cartórios, ordens, etc. Solicitamos ainda seu empenho em levantar a existência de grupos organizados interessados no papel do negro

“causalidade simples”. FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2008. p. 8.

182 A esse respeito convém destacar a obra de: MAIO, Marcos Chor. O projeto Unesco e a agenda das Ciências Sociais no Brasil dos anos 40 e 50. Rev. bras.

Ci. Soc. vol.14 n.41 São Paulo Oct. 1999. Disponível online em: http://www.sci- elo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69091999000300009. No ar- tigo, o autor trata do projeto patronicinado pela unesco nos anos de 1951 e 1952 e que visava o desenvolvimento de pequisas sobre as relações sociais no Brasil. Esses estudos que tiveram como palco regiões como o Nordeste e o Sudeste ti- nham, segundo o autor, o objetivo de “apresentar ao mundo os detalhes de uma experiência no campo das interações raciais julgada, na época, singular e bem- sucedida, tanto interna quanto externamente”. (p. 01).

na sociedade atual e cadastrá-los enviando-nos as informações tais como, nome da entidade, de seu presidente, suas principais atividades e se possuem alguma trabalho publicado183.

O projeto liderado pela UNESCO desde o final da década de 1950 buscava, por meio de auxílio do Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, mapear a situação brasileira. Política esta que, em caráter extensivo, acabou por espraiar-se em escala estadual e regional. Deste modo, o convite feito à FUNDESTE para participar do projeto, mais do que evidenciar as temáticas mundiais em alta no campo cultural, demonstrava que a recente experiência de “resgate” no Oeste Catarinense já gozava de relativo reconhecimento em âmbito Estadual. No transcorrer do ano de 1987 uma série de atividades, como temos destacado, contribuiu para que a atuação do CEOM deixasse de se dar em caráter de projeto e se constituísse em experiência reconhecida e respeitada no tocante às questões que envolviam a cultura regional e a sua “preservação”. No segundo semestre do referido ano essas ações estiveram a cargo de Ilda Ana Brisot184, que passou a desempenhar um papel decisivo no sentido de viabilizar o projeto, seja no que concernia ao contato com os municípios e seus representantes, seja nas ações de intercambio e de parcerias com outras instituições de ensino e de fomento à cultura e de suporte à organização e manutenção de arquivos e museus. É dentro desta perspectiva que se dá a sua participação185 na Oficina Básica de

Museologia, realizada em Laguna nos meses de setembro e outubro de

183 Ofício enviado ao CEOM por Iaponan Soares de Araújo, Diretor do Arquivo

Público do Estado de Santa Catarina em 19 de maio de 1987.

184 Ilda Ana Brisot, foi a primeira Coordenadora do CEOM a desenvolver essa

atividade de modo formal. Esteve a frente do Órgão de 1987 a 1989. Sua atuação nesta primeira fase de existência do CEOM, segundo detalham os documentos foi bastante expressiva a ponto de sua saída em meio a um processo polêmico, render a Santo Rosseto, diretor da Fundeste e responsável pelo CEOM à época, pesadas críticas. Pouco se sabe acerca de sua atuação antes de assumir este cargo, mas durante seus trabalhos como Coordenadora do CEOM, Ilda participou de uma série de ofinas e cursos de capacitação nas áreas da arquivologia e da muse- ologia, fazendo com que sua figura acabasse por se confundir com a própria ins-