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Enquadramento teórico da problemática de investigação/intervenção

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1 - Investigações e intervenções na área e na problemática de estágio

A fim de orientarmos o nosso trabalho, quer a nível prático como teórico, foi imprescindível procurarmos, lermos e estudarmos livros, obras e teses anteriores à nossa, para, com isso, alicerçarmos a nossa investigação/intervenção com informação que nos fosse útil ao nível do contexto, do público-alvo e de toda a base teórica que sustenta a prática social.

No que concerne às teses, vários foram os bons trabalhos que encontramos na área. No entanto, debruçamo-nos sobre três que nos pareceram mais adequados ao que tínhamos em mente. Dois deles dizem respeito ao trabalho em CD e um ao trabalho desenvolvido no SAD, tendo sido este último elaborado numa perspetiva, meramente, teórica.

Assim, o relatório de estágio intitulado "Dar mais vida à idade: a promoção de um envelhecimento activo", (outubro de 2011, Universidade de Minho), reporta-se a uma intervenção que teve lugar num centro social, na freguesia de Tamel, concelho de Barcelos, tendo como população-alvo os idosos do CD e lar. A sua prática teve como objetivo final " proporcionar actividades baseadas nos pressupostos principais de educação de adultos e as suas vertentes educativas, tendo como intuito e finalidade a promoção de atividades lúdicas e educativas, com vista a favorecer o desenvolvimento pessoal e social do público-alvo, de forma a criar-se comportamentos de participação activa, autonomia e dinamismo" (Mota, 2011, p.2). Para tal, a autora definiu como objetivos gerais: "fomentar a criatividade e imaginação nos idosos; levar os idosos a criarem hábitos alimentares saudáveis; enaltecer as ocupações e passatempos que os idosos mantinham; valorizar os saberes dos idosos; promover o relacionamento interpessoal; dinamizar momentos culturais e religiosos; aliar os saberes tradicionais aos saberes modernos; favorecer a manutenção das suas capacidades cognitivas e intelectuais; favorecer a manutenção das suas capacidades físicas; promover dinâmicas relacionadas com a expressão dramática" (Mota, 2011, pp.24 - 26).

Quanto ao paradigma e metodologia que sustenta o relatório, Mota fala em investigação- ação e metodologia sobretudo qualitativa, apesar da quantitativa também estar presente ao longo da intervenção/investigação. Como resultados, salienta-se o facto das atividades terem sido realizadas com sucesso e o cumprimento dos objetivos delineados.

"Capacitação do idoso para a melhoria da sua qualidade de vida integral: o prazer de viver, relacionando-se com o outro", (fevereiro de 2014, Universidade do Minho) é um relatório sobre um estágio que teve como palco um centro social da Póvoa do Lanhoso, tendo como

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público a população idosa. Segundo a autora, o projeto "foi pensado para proporcionar ao idoso bem-estar físico, psíquico e social, promovendo a sua autoestima, fazendo-o sentir-se parte integrante de uma comunidade ativa e capaz" (Ferreira, 2014, p.1).

A fim de concretizar tal propósito, a autora definiu como objetivos gerais: "proporcionar e capacitar os idosos para uma melhor qualidade de vida; criar entre os idosos um bom relacionamento interpessoal e promover o desenvolvimento integral dos idosos" (Ferreira, 2014, p.12).E, como objetivos específicos, os seguintes:

"estimular competências cognitivas, físicas e sociais; conceber e implementar atividades que vão de encontro às necessidades e interesses dos idosos, estimulando-os a adquirir novas aprendizagens; sensibilizar os idosos para a importância da sua participação ativa nas atividades; assegurar aos idosos condições de bem-estar e o respeito pela dignidade humana; valorizar as capacidades, conhecimentos, competências e cultura dos idosos, aumentando a sua autoestima, autonomia e autoconfiança; proporcionar oportunidades de aquisição de novos conhecimentos, nomeadamente no que respeite à saúde e à doença" (Ferreira, 2014, pp.12 - 13).

Também neste projeto foi utilizada a investigação-ação participativa, sendo a metodologia sobretudo qualitativa, embora a quantitativa estivesse também presente. Quanto aos resultados da investigação/intervenção, a autora fala em mudanças nos comportamentos e atitudes, quer nos idosos, quer nos colaboradores da instituição, como também, nos familiares. Com a implementação do projeto, os colaboradores desenvolveram o seu espírito de equipa e mudaram a sua postura em relação aos idosos. No que respeita aos idosos, estes desenvolveram comportamentos menos preconceituosos, tornaram-se mais ativos e participativos.

Ao contrário das duas anteriores obras, a tese de Mestrado "Serviços de Apoio Domiciliário para idosos no concelho da Covilhã: Percepção de Utentes" (junho de 2009, Universidade da Beira Interior) não é sustentada por atividades realizadas no âmbito de uma instituição. Este trabalho foi desenvolvido, com base em entrevistas semiestruturadas dirigidas a sete idosos do concelho da Covilhã, beneficiários do SAD, quer de entidades públicas, quer privadas, que partiu da seguinte questão: " Os Serviços de Apoio Domiciliário funcionam de

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modo a dar suporte às necessidades básicas quotidianas dos seus utentes idosos, promovendo a autonomia e bem-estar?" (Cardona, 2009, p.1).

A partir desta questão, a autora pretendeu:

I. "Analisar como é que os utentes percepcionam os Serviços de Apoio Domiciliário; II. Estudar de que modo é que o SAD funciona de modo a dar suporte às necessidades

básicas quotidianas dos seus utentes idosos, promovendo a autonomia e bem-estar; III. Averiguar o grau de satisfação dos utentes no respeitante ao SAD do qual usufruem; IV. Estudar o tipo de acompanhamento disponibilizado pelo SAD aos seus utentes;

V. Analisar as concepções dos utentes face aos custos do SAD"(Cardona, 2009, p.34). Este foi, acima de tudo, um estudo qualitativo, que não envolveu manipulação de variáveis nem tratamento experimental.

Assim, no momento das entrevistas, " o entrevistador deve abster-se de comentários e ou insinuações, intervindo de forma aberta, efectuando o número mínimo de questões, promovendo um ambiente agradável de conversação, assegurando a gravação e o registo de dados" (Quivy & Campenhoudt, 2008 cit. in Cardona, 2009, p.33).

Quanto a resultados, dada a natureza deste estudo, que não se baseia na ação, não existem resultados empíricos, no entanto, através dos dados obtidos nas entrevistas, a autora, conseguiu chegar a várias conclusões sobre o grau de satisfação dos utentes com o serviço prestado e encontrar caminhos para melhorar o que está menos bem.

As intervenções/investigações supracitadas, ajudaram-nos a conhecer a área, apresentando-nos bibliografia diversificada e fidedigna, bem como, exemplos práticos para alcançar o objetivo máximo do nosso projeto que será a promoção do envelhecimento ativo em idosos institucionalizados e não institucionalizados. Gostávamos de realçar o facto de ter sido difícil encontrar intervenções em contexto de apoio domiciliário e de que, no número reduzido de teses que encontrámos, o trabalho era sobretudo teórico, debruçando-se sobre questões como a satisfação dos idosos com os serviços prestados ou sobre o que os leva a procurar este tipo de apoio social.

No que respeita ao tipo de ação desenvolvida nos dois primeiros projetos referidos, tal como aconteceu no projeto que aqui damos a conhecer, a educação permanente e ao longo da vida, tal como a intervenção comunitária, foram as grandes linhas que regeram toda a prática, através do auxílio da animação sociocultural.

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2 - Autores e referentes teóricos importantes da problemática de estágio

O trabalho social que se desenvolve, há longa data, em torno do envelhecimento e das questões intrínsecas ao conceito, é vasto e traz consigo vários nomes que ganharam notoriedade pelos benéficos contributos à área.

Nos pontos que se seguem, serão explorados o envelhecimento em geral e, em particular, o envelhecimento ativo, temas fulcrais da problemática de estágio, bem como outros conceitos que dela surgem. Definiremos institucionalização, apresentando vantagens, desvantagens e formas de contornar as desvantagens, surgindo, deste modo, conceitos como, educação permanente, intervenção comunitária e animação sociocultural.

2.1 - Envelhecimento em Portugal

O envelhecimento da sociedade, a nível mundial é uma realidade inquestionável. Muitos são os debates e os estudos que se desenvolvem em torno desta questão e são eles que nos revelam que tal acontece devido à quebra acentuada da taxa de natalidade, bem como ao aumento da longevidade humana ou esperança média de vida. Óscar Ribeiro e Constança Paúl (2011, p.7), apresentam-nos dados específicos: "quem nasceu no Portugal de 1960 podia esperar viver 60,7 anos se fosse homem e 66,4 se fosse mulher, mas, para quem nasce hoje, a esperança média de vida à nascença é de 75,4 anos para os homens e de 82 anos para as mulheres".Isto, muito se deve ao avanço das ciências e dos serviços da saúde, que estão cada vez mais e melhor preparados para dar resposta, quase imediata, às várias enfermidades e complicações que surgem tanto a nível físico como psicológico, no ser humano, prolongando a sua existência. Assim se compreende que Beaty & Wolf (1996, p.3, in Simões, 2006, p.19) subdividam os idosos em 3 categorias, os jovens idosos, dos 65 aos 74 anos; os idosos médios, dos 75 aos 84 anos e os muito idosos, a partir dos 85 anos.

No nosso país, o envelhecimento demográfico é também uma certeza. Nos últimos anos, o número de idosos em Portugal "duplicou, representando actualmente cerca de 16,7% da população total" (Sequeira, 2010, p.3). Segundo projeções do INE (2002) os idosos (pessoas com mais de 65 anos) representarão 32% da população total do país, em 20508.

8 INE 2002, Estudo elaborado pelo Serviço de Estudos sobre a População do Departamento de Estatísticas Censitárias e da População no âmbito da II Assembleia Mundial sobre o Envelhecimento, Madrid 2002.

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As implicações desta realidade já se fazem sentir e, com o passar do tempo, serão ainda mais evidentes. Oliveira (2008, p.19), refere três grandes efeitos do envelhecimento da população, no âmbito social, económico e da saúde. Social, porque cada vez haverá menos jovens em relação ao número de idosos, o que leva a um aumento, significativo, do convívio entre diferentes gerações e, também, porque terão de ser criadas mais infraestruturas de apoio a pessoas mais velhas. A nível económico, porque cada vez haverá mais população inativa em relação ao número de ativos, devido à idade de reforma, sendo as pensões mais um encargo para o Estado e contribuintes. Por fim, a nível de saúde, prevê-se a necessidade de um maior investimento em cuidados e serviços de saúde, bem como em medicamentos e tratamentos. Ainda a este nível, Oliveira diz-nos que as doenças mentais e psicológicas nos cidadãos serão cada vez mais frequentes, tendo em conta que a esperança média de vida tende a aumentar e, por consequência, as patologias degenerativas também.

A fim de dar resposta a algumas exigências desta realidade, o Plano Nacional de Saúde9

(PNS), revisto, alargado e aprovado até 2020, define "como grandes metas a redução para menos de 20% da taxa de mortalidade prematura (abaixo dos 70 anos), o aumento em 30% da esperança de vida saudável aos 65 anos de idade, e ainda a redução dos fatores de risco relacionados com as doenças não transmissíveis, nomeadamente a obesidade infantil e o consumo e exposição ao tabaco"10. O documento prevê um conjunto de orientações para o setor

público, privado e social, com a finalidade de melhorar o nível de saúde da população portuguesa, assegurando a "equidade, qualidade e sustentabilidade do Sistema de Saúde" (ibidem). São quatro os pilares transversais que sustentam o trabalho a desenvolver para alcançar o acima referido, 1) cidadania em saúde, 2) equidade e acesso adequado aos cuidados de saúde, 3) qualidade em saúde e 4) políticas saudáveis.

A par das entidades de saúde, o PNS chama, também, a intervir, as restantes entidades sociais, culturais e económicas. Referindo-nos a entidades sociais, sabemos que estas devem ser promotoras de comportamentos que conduzam às metas de que falamos, através de ações de sensibilização e atividades elaboradas com base na educação para a saúde que Tones e

9 "O Plano Nacional de Saúde (PNS) 2012-2016 constitui um elemento basilar das políticas de saúde em Portugal, traçando o rumo estratégico

para a intervenção no quadro do Sistema de Saúde. Dando cumprimento ao disposto nas Grandes Opções do Plano para 2015 (Proposta de Lei n.º 253/XII), bem como às recomendações do relatório da Organização do Mundial de Saúde-Euro (OMS-Euro) sobre a implementação do PNS, considera-se adequado desenvolver uma revisão da execução do Plano, estendendo-o a 2020. Esta revisão e extensão do PNS a 2020 está alinhada com os princípios e orientações da Estratégia 2020 da OMS para a Região Europeia (aprovada por todos os Estados em setembro de 2013), e tem em consideração as recomendações do relatório de avaliação da implementação do PNS 2012-2016 apresentado em outubro de 2014 pela OMS-Euro, bem como a mais recente evidência disponível, fornecida através Roteiros de Intervenção do PNS elaborados por peritos em diferentes temáticas da saúde" , retirado de http://pns.dgs.pt/files/2015/06/Plano-Nacional-de-Saude-Revisao-e-Extensao-a-2020.pdf, em 22.06.2015

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Tilford (1994, p.11 in Carvalho & Carvalho, 2006, p.21) definiram como “toda a actividade intencional conducente a aprendizagens relacionadas com saúde e doença [...], produzindo mudanças no conhecimento e compreensão e nas formas de pensar. Pode influenciar ou clarificar valores, pode proporcionar mudanças de convicções e atitudes; pode facilitar a aquisição de competências; pode ainda conduzir a mudanças de comportamentos e de estilos de vida”.

Entendendo que estas questões têm elevada pertinência no campo de atuação do educador de adultos, salientamos que elas foram levadas em consideração ao longo da nossa intervenção, quer no decorrer de algumas atividades pensadas para o efeito, quer em situações do quotidiano da instituição.

2.2- Conceito de envelhecimento

A OMS define envelhecimento normal como "as alterações biológicas universais que ocorrem com a idade e que não são afectadas pela doença e pelas influências ambientais" (Organização Mundial de Saúde, 2001).11

O envelhecimento é um processo natural da condição humana, que acarreta mudanças a vários níveis, biológico, fisiológico, social, entre outros. Para Schroots e Birren (1980 in Paúl, 2005, p.275), o envelhecimento tem três componentes: "a) o processo de envelhecimento biológico que resulta da vulnerabilidade crescente e de uma maior probabilidade de morrer, a que se chama senescência, b) um envelhecimento social, relativo aos papéis sociais, apropriado às expectativas da sociedade para este nível etário e c) o envelhecimento psicológico definido pela autorregulação do indivíduo no campo de forças, pelo tomar decisões e opções, adaptando- se ao processo de senescência e envelhecimento".

Tal processo, apesar de ocorrer em todo o ser humano, tem as suas particularidades de pessoa para pessoa e depende de vários fatores. A genética tem muito a ver com o processo de envelhecimento de cada indivíduo, porém, não é a única influência. O estilo de vida que a pessoa teve e tem, quanto à prática de exercício, à alimentação que faz, o (não)consumo de bebidas alcoólicas, tabaco ou outras substâncias nocivas ao organismo humano, entre outros, são também condicionantes do envelhecer. Vieira (2004, p.116) define envelhecimento como um "fenômeno do processo de vida que, assim como a infância, a adolescência e a maturidade,

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é marcado por mudanças biopsicossociais específicas, associadas à passagem do tempo". Sequeira, por seu turno, concorda com Spar e La Rue que associam dois conceitos ao envelhecimento que juntos o definem, por um lado, "a senescência como envelhecimento primário e a senilidade como envelhecimento secundário - sendo o envelhecimento primário caracterizado pelas mudanças corporais da idade e o envelhecimento secundário pelas mudanças que ocorrem com maior frequência, mas que não têm necessariamente que estar presentes...relacionado com as diferenças interindividuais"(cit Spar & La Rue, 2005 in Sequeira, 2010, p.20).

Alguns autores dividem o envelhecimento em envelhecimento normal ou primário e envelhecimento patológico ou secundário. O primeiro diz respeito a mudanças universais, progressivas e irreversíveis que acontecem no ser humano com o acumular dos anos, isto é "tal mudança deve contribuir para a vulnerabilidade do indivíduo à incapacidade e à doença, não havendo possibilidade de a ela se adaptar, ou de a compensar" (Sherman, 2003, p.125, in Simões, 2006, p.32). O segundo é consequência de hábitos de vida pouco saudáveis e enfermidades que aparecem na vida do indivíduo de forma inesperada. Puente (2003), diz-nos que "o envelhecimento patológico representa uma alteração nessa trajetória (de vida), tornando- a instável e menos predizível" (cit Puente, 2003 in Simões, 2006, p.32). Fontaine faz a mesma distinção do envelhecimento, o envelhecimento normal, ao qual atribui o conceito de senescência, e o envelhecimento patológico, ao qual atribuí o conceito de senilidade. Este, remete-nos, ainda, para três tipos de idade, definidos por Birren e Cuningham: "a idade biológica, está ligada ao envelhecimento orgânico", esta está relacionada com a capacidade de autorregulação do indivíduo e com o funcionamento de cada órgão do corpo humano que sofre alterações com a idade. A "idade social refere-se ao papel, aos estatutos e aos hábitos da pessoa, relativamente aos outros membros da sociedade", isto é, a idade em que o individuo sente que está, muito tem a ver com a cultura em que está inserido, a forma como a sociedade o vê e como ele vê a sociedade, como também, a forma como ele sempre viveu em comunidade. Por fim, remete-nos para a "idade psicológica, relativa às competências comportamentais que a pessoa pode mobilizar em resposta às mudanças do ambiente", a memória, a inteligência e a motivação são essenciais a este nível (cit Birren & Cuningham,1985 in Fontaine, 2010, pp.23-25).

Tal como referimos no capítulo anterior, ponto 4, nesta etapa da vida, é frequente que alguns traços da personalidade se intensifiquem, que haja um declínio nas capacidades

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cognitivas e motoras, levando a que os idosos sintam mais dificuldade em se expressar, em executar tarefas do dia a dia, em memorizar, em se concentrar, em realizar movimentos e em adaptar-se, em termos psicológicos, à nova condição. Todas estas consequências levam a olhar o envelhecimento de forma pessimista; porém, este deve também ser visto como algo positivo, na medida em que esta é a idade da sabedoria e o momento propício à reestruturação da forma como se olha o ambiente que nos envolve e o primeiro passo para o envelhecimento ativo, autónomo e participativo. Para Vieira (2004, p.115), "a instância da envelhecência traz a oportunidade de o indivíduo estabelecer uma dimensão mais consciente, crítica e planejada no caminho do envelhecimento bem-sucedido".

2.3 - Envelhecimento ativo

"O envelhecimento ativo constituí, atualmente, um conceito científico complexo, um propósito para a maioria das pessoas e um indiscutível objetivo político. Enquanto modelo central de intervenção nas sociedades ocidentais que enfrentam o fenómeno do envelhecimento demográfico, inclui, na sua génese, premissas clássicas no âmbito da gerontologia, como as relativas à Teoria da Atividade, e preconiza a participação contínua dos mais velhos na sociedade, enfatizando a competência e os conhecimentos deste grupo e o seu potencial enquanto recurso vital para a sociedade" (Ribeiro, 2012, p.34).

Na medida do que foi dito no ponto anterior, a realidade em que se vive chama a atenção para a promoção do envelhecimento ativo, que a OMS definiu como"um processo de optimização das oportunidades para a saúde, participação e segurança, para melhorar a qualidade de vida das pessoas que envelhecem"(Quintela, 2011 in Ribeiro & Paúl, 2011, p.XIV). Neste âmbito, foram ainda definidas três grandes linhas orientadoras para o envelhecimento ativo: participação social, saúde e segurança. Espera-se, assim, que a população idosa seja capaz de intervir/participar, de forma autónoma e ativa, em sociedade, quer em questões sociais, económicas ou culturais e que, seja, ainda, competente no zelo pela sua saúde, prevenindo-se das doenças que são mais comuns nesta etapa da vida, adotando um estilo de vida saudável e, também, segurança, evitando comportamentos de risco que os ponham em situação de perigo.

O envelhecimento ativo é um envelhecimento saudável, participativo e o mais autónomo possível, ocorrendo sempre em sociedade. Este depende de cada sujeito e da dedicação que

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investe neste processo. É um envelhecimento de qualidade, "estendendo-se, para além da saúde, a aspectos socioeconómicos, psicológicos e ambientais" (Ribeiro & Paúl, 2011, p.1).

Paúl (2005, p.276) defende que o envelhecimento ativo implica "autonomia (controlo), independência (nas AVD - Actividades de Vida Diária e nas AIVD - Actividades Instrumentais de Vida Diária), qualidade de vida e expectativa de vida saudável". Existem aspetos de vária ordem (biológica, psicológica, económica, social de saúde e, ainda, em termos de infraestruturas de apoio social) que determinam um envelhecimento ativo.

A fim de encontrar forma de otimizar as capacidades dos idosos para que estes possam usufruir de um envelhecimento com qualidade, várias foram, e continuarão a ser, as áreas do saber que se dedicam a estudar este fenómeno e que mostram, não só a nós, trabalhadores sociais, como também à restante comunidade, como dar um contributo. Constança Paúl, fala- nos da Gerontologia Social, da Psicogerontologia e da Geriatria, como subdisciplinas que trabalham na tentativa de compreender o envelhecimento numa perspetiva holística, beneficiando nós das suas descobertas para construirmos e ajudarmos a construir um caminho

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