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Capítulo I Enquadramento Contextual do Estágio

1. Integração no contexto de estágio

2.3 Recursos

2.3.3 Recursos humanos

Para assegurar o bom funcionamento de todo o trabalho, existe uma vasta equipa técnica.

Na creche, a equipa de trabalho é constituída por 3 educadoras de infância, 3 auxiliares de ação educativa e 1 trabalhadora auxiliar. A equipa pedagógica do jardim-de-infância é constituída por 3 educadoras de infância e 3 auxiliares de ação educativa. Quanto ao A.T.L., este é assegurado por 2 professores.

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O CD engloba várias auxiliares de ação direta, sendo que uma cuida a parte da animação sociocultural, uma trabalhadora auxiliar e uma assistente social. Do SAD fazem parte duas equipas compostas, cada uma, por duas auxiliares de ação direta e a mesma assistente social do CD a coordenar as mesmas.

A equipa técnica do GAAS e GIP, por seu turno, é constituída por 1 técnico superior de serviço social, 1 técnico superior de educação social e 3 auxiliares de ação direta.

Quer para a valência de CD, quer para o SAD, creche, jardim-de-infância e ATL, trabalham 1cozinheiro e 3 auxiliares de cozinha.

Há, ainda, uma rede de voluntários para atividades religiosas, 1 médica voluntária, 1 dietista, 1 psicóloga e 1 terapeuta da fala.

Por fim, referentemente, ao lar Alcides Felgueiras, os recursos humanos englobam 1 assistente social, várias auxiliares de ação direta e trabalhadores auxiliares, cozinheira e ajudantes de cozinha, 1 psicóloga, 2 enfermeiros e 1 animadora sociocultural3.

Os serviços acima referidos estão, todos eles, a ser coordenados por uma diretora técnica, um diretor administrativo e uma diretora de serviços gerais.

3 - Caraterização do público - alvo

As respostas sociais de CD e SAD, abarcam, em conjunto, 55 pessoas. Inicialmente, o projeto foi construído com 18delas, sendo que 10 respeitavam ao CD e os 8 restantes faziam parte do SAD. Os demais utentes destas valências, devido a algumas condicionantes a nível de personalidade e patologias severas, que determinam o seu estado físico e mental, não seriam incluídos na população-alvo do projeto. Porém, importa dizer, quanto à população do CD, que todos foram convidados a participar em grande parte das atividades. No entanto, por motivos intrínsecos a esta faixa etária -- falecimento, internamento de longa duração, doença prolongada - - ou por opção de se excluir do grupo, por parte dos próprios idosos a meio da implementação do projeto ou mesmo antes desta começar, houve necessidade de reconstruir o grupo de trabalho. Estas alterações ocorreram, essencialmente, no grupo do SAD, pois, houve quem alegasse que ainda se sentia demasiado autónomo para fazer parte de um projeto desta natureza, outros que adoeceram inviabilizando a participação no projeto e, ainda, um terceiro

3Não foi fácil caraterizar a valência Lar quanto aos recursos humanos existentes pois, dada a fase inicial em que se encontrava a sua atividade, o

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Sexo dos Utentes

Mulheres Homens Totalpessoas: 14

elemento, que faria parte do projeto em conjunto com a esposa, raramente o encontrávamos em casa. Quanto ao público do CD, houve uma morte e foi incorporado um novo elemento que ingressou na instituição no final do mês de janeiro.

Assim, a partir do mês acima referido, o nosso grupo de trabalho passou a ser constituído por 4 idosos do SAD e 10 do CD. Sendo que, no apoio domiciliário colaboraram 3 mulheres e 1 homem e no centro de dia, 5 homens e 5 mulheres.

Deste modo, o público-alvo passou a englobar indivíduos com idades compreendidas entre os 50 e os 87 anos, nele existindo 8 do sexo feminino e 6 do sexo masculino. Apesar de algum deste público nunca ter exercido qualquer atividade laboral, a sua maioria desempenhou funções na agricultura, cutelaria, indústria têxtil, serviços de limpeza, serviços de tecedeira e auxiliares de ação educativa.

No que respeita à alfabetização, aferiu-se que parte do público-alvo é analfabeto, sabendo escrever, em alguns casos, apenas o nome. Parte da população alfabetizada, encontra- se a regredir nessa aprendizagem, sendo que, muitos deles já lêem e escrevem com muita dificuldade.

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Constatamos assim, estar perante analfabetismo funcional e analfabetismo regressivo. O analfabetismo funcional é entendido pela UNESCO, para além do não saber ler, escrever e contar, como “a incapacidade para dominar as competências e os meios necessários à inserção profissional, à vida social e familiar e à participação activa na vida da sociedade e, isso, não obstante os saberes culturais herdados da tradição e da experiência”4. Por sua vez, o

analfabetismo regressivo, pode ser observado em cidadãos que frequentaram a escola, ou tiveram, no passado, contacto com alguma outra via de ensino, aprendendo a ler, escrever e contar, mas que não efetivaram, verdadeiramente, essa aprendizagem e com o passar do tempo foram perdendo esses conhecimentos.

Relativamente, às condicionantes do dia a dia do público-alvo, verificou-se que eram várias as dependências mentais e físicas que dificultavam a autonomia deste. As patologias iam

4 UNESCO, Quarta Conferência Internacional da UNESCO sobre a Educação de Adultos - Recomendações, Lisboa, Ministério da educação e Cultura, Direcção-Geral da educação de Adultos, Pensar Educação Nº 14, 1986, pp: 45

Grau de Alfabetização da População - Alvo

Centro de Dia Serviço de Apoio ao Domicílio

Alfabetizados 5 3

Analfabetos 5 1

Total 10 4

Tabela 1 - Número de Alfabetizados e Não Alfabetizado

3 2 3 6 14

50 aos

60 60 aos70 70 aos80 80 aos90 Total

Idades dos Utentes do SAD e

Centro de Dia

Idades dos Utentes do SAD e Centro de Dia

5

2 1 2 1 1 2

Profissões dos Utentes

Profissões dos

Utentes

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desde simples dificuldades auditivas e visuais, diabetes, hipertensão, obesidade, esquizofrenia, epilepsia, insuficiências respiratórias e cardíacas, Alzheimer, a demências pós-AVC e depressão. Estas condicionavam a vida dos idosos ao nível mental, desde estados de ânimo inconstantes, confusão, falta de lucidez, atrofio cognitivo e, também, a nível físico - dificuldade na locomoção de forma autónoma e em efetuar autocuidados básicos da vida diária.

Quanto ao grau de dependência, a instituição não tinha por norma aplicar um instrumento de avaliação, embora existam escalas5 (Índice de Barthel e Escala de Lawton e

Brody) para apurar o grau de autonomia/dependência, sendo que, a classificação utilizada varia de independente, dependente a muito dependente. Assim, de acordo com as técnicas da instituição, sabemos que, a nível de locomoção e de autocuidados, grande parte destes utentes apresentava independência e dependência moderada. Muitos eram os que se moviam sem qualquer apoio humano ou material, embora alguns necessitassem de cadeiras de rodas, andarilhos, bengalas ou do apoio humano.

O motivo que levou a maioria dos idosos a ingressar no centro dia foi a solidão que os acompanhava em casa pois, todos vivem sozinhos ou com os filhos, estes que devido às

5 Ver anexo 3.

Doenças da População-Alvo N.º de Utentes Demências pós- AVC 4

Diabetes 8

Hipertensão 3

Obesidade 2

Doença de Crohn 1

Dificuldades auditivas e visuais severas 2

Esquizofrenia 1 Epilepsia 1 Doença cardíaca 3 Défice cognitivo 4 Alzheimer 1 Depressão 1

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profissões não tinham outra solução se não encaminhá-los para esta resposta social. Se não fosse deste modo, ficariam sozinhos em casa, faltando-lhes quem lhes fizesse companhia, quem lhes administrasse a medicação, tratasse da higiene pessoal e da alimentação, esta que, para doentes hipertensos e diabéticos, por exemplo, tem de ser controlada ao máximo.

No que concerne à nossa perceção sobre a amostra de população do CD, a fase de diagnóstico - que na nossa opinião se encontra diluída ao longo de toda a intervenção - foi crucial. A observação direta, participante e não participante; as conversas, formais e informais; a entrevista semiestruturada e a análise dos vários documentos acerca dos idosos, aliados, foram de grande valia para percebermos quem, realmente, tínhamos em mãos. Manias, gostos, preferências, aptidões, crenças, hábitos, pequenos traços da personalidade de cada um, saltaram à vista dos nossos olhos e só assim chegamos junto deles e em conjunto delineamos o caminho a seguir.

Percebemos que grande parte dos momentos, que deviam ser de convívio na sala de estar, eram passados em silêncio, a ver televisão ou a jogar às cartas -- "jogo de homens" --, diziam as senhoras, tendência que conseguimos modificar. Todos os dias havia uma atividade proposta pelo centro e, era nesses momentos que eles se revelavam, conversando, mostrando agrado ou desagrado pelo que faziam. Havia quem se negasse a fazer as atividades e só depois de algum tempo de motivação queria participar. A principal razão que davam para se recusar era não saber ler nem escrever, para os idosos ser analfabeto é sinónimo de não poder participar em nada que não fosse o ofício que aprenderam durante a vida e onde sempre trabalharam. Contornar este obstáculo foi um dos principais objetivos do projeto que construímos, quisemos que eles se sentissem capazes apesar das dificuldades.

A população do SAD apresenta caraterísticas um pouco mais complexas. São pessoas com alguma dependência física e que apresentam doenças e mazelas típicas desta faixa etária. No entanto, são indivíduos que se sentem mais autónomos, negando a institucionalização, com necessidades físicas, intelectuais e cognitivas, bastante acentuadas. Ainda que sozinhas em casa o dia inteiro, apesar de muitos terem uma boa retaguarda familiar, mas que por motivos profissionais está ausente durante o dia. O ceio familiar e a harmonia e equilíbrio que este traz ao indivíduo idoso é da maior importância, "não há qualquer dúvida de que a permanência do idoso no seu meio familiar e social, em constante interação com as pessoas que lhe são próximas, é considerado o lugar ideal para qualquer pessoa que atinja a velhice". (cit.

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Pimentel,2001, in Gonçalves, 2013, p.20) Será, portanto, uma das funções desta valência, retardar a institucionalização.

4 - Problemática da intervenção/investigação e sua relevância

O envelhecimento é um processo natural da condição humana, que acarreta mudanças a vários níveis, biológicos, fisiológicos, sociais, entre outros. Tal processo, apesar de ocorrer em todo o ser humano, tem as suas particularidades de pessoa para pessoa e depende de vários fatores. A genética tem muito a ver com o processo de envelhecimento de cada individuo, porém, não é o único fator que o influencia. O estilo de vida que a pessoa teve e tem, quanto à prática de exercício, à alimentação que faz, o (não)consumo de bebidas alcoólicas, tabaco ou outras substâncias nocivas ao organismo humano, entre outros, são também condicionantes do envelhecer.

Nesta etapa da vida, é frequente que alguns traços da personalidade se intensifiquem, que haja um declínio nas capacidades cognitivas e motoras, levando a que os idosos sintam mais dificuldade em se expressar, em executar tarefas do dia a dia, em memorizar, em se concentrar, em realizar movimentos e em adaptar-se, em termos psicológicos, à nova condição. É comum que, na terceira e quarta idade, comecem, ainda, a aparecer ou a acentuar-se algumas patologias inerentes ao avançar da idade, o que faz com que muitas destas pessoas deixem de ser plenamente autónomas e passem a necessitar de assistência para realizar pequenas tarefas. Todas estas consequências levam a olhar o envelhecimento de forma pessimista e intimidante; porém, este deve também ser visto como algo positivo.

Esta é a idade da sabedoria e o momento propício à reestruturação da forma como se olha o ambiente que nos envolve e o primeiro passo para o envelhecimento ativo, autónomo e participativo.

Nesta medida, a realidade em que se vive chama a atenção para a promoção do envelhecimento ativo, que a Organização Mundial de Saúde definiu como, "um processo de optimização das oportunidades para a saúde, participação e segurança, para melhorar a qualidade de vida das pessoas que envelhecem" (cit. Quintela, 2011 in Ribeiro & Paúl, 2011, p. XIV).

O envelhecimento ativo é um envelhecimento saudável, participativo e o mais autónomo possível, ocorrendo sempre em sociedade. Este depende de cada sujeito e da dedicação que

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investe neste processo. É um envelhecimento de qualidade, "estendendo-se, para além da saúde, a aspectos socioeconómicos, psicológicos e ambientais"(Ribeiro & Paúl, 2011, p.1).

Para que tal seja possível, foi e é necessário criar programas e infraestruturas que respondam às necessidades da população idosa. Em resposta a isto, surge a Gerontologia Educativa, um ramo da Gerontologia que se centra "na análise das mudanças psicossociais, afectivas e cognitivas que ocorrem nas últimas fases do ciclo vital, para a partir daí poder potenciar os aspectos positivos dessas mudanças e mesmo se possível diminuir os seus efeitos negativos "(cit. Requejo & Cabral, 2007 in Jacob & Fernandes, 2011, p.23).

A Educação de Adultos e a Intervenção Comunitária surgem também, como importantes âncoras deste projeto. Para Antunes, partindo da ideia de " educação de adultos entendida como processo de enriquecimento integral de todas as dimensões do ser humano, a intervenção comunitária define-se, também ela, no essencial, pela sua aposta no desenvolvimento de pessoas e comunidades, constituindo-se de projectos, cuja finalidade é a transformação progressiva de formas de vida mais deficitárias" (Antunes, 2007, p.12).

Também, a Educação Permanente e ao Longo da Vida, teve um lugar de destaque, assente na ideia de que a aprendizagem não se esgota com a idade e de que aprendemos durante toda a vida -- desde o nascimento à morte -- a UNESCO entende que esta engloba " a educação formal e a educação permanente, a educação não - formal e toda a gama de possibilidades de aprendizagem informal e ocasional existente numa sociedade" (cit. UNESCO, 1997, p.9 in Antunes, 2007, p.19)

Os conceitos e linhas orientadoras que até aqui propusemos estão contemplados no plano de estudos do Mestrado em Educação, área de especialização em Educação de Adultos e Intervenção Comunitária. São objetivos deste, "1) fornecer um quadro teórico-conceptual operacionalizado ao nível dos princípios, dos modelos e das manifestações temporais da educação de adultos e intervenção comunitária; 2) proporcionar o conhecimento de um conjunto de métodos, técnicas e estratégias aplicáveis no campo da educação de adultos e intervenção comunitária; 3) possibilitar uma adaptação operatória às exigências de mediação e avaliação em contextos profissionais de educação de adultos e intervenção comunitária; 4) dinamizar processos de aplicação prática dos conhecimentos adquiridos em situações concretas de educação de adultos, animação e intervenção comunitária; e 5) desenvolver competências de investigação no âmbito da educação de adultos e intervenção comunitária" 6.

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Seguindo esta linha, foi objetivo desta intervenção, desenvolver um trabalho de transformação e recriação dos idosos e da comunidade onde estão inseridos, com vista a reconhecer e potenciar as capacidades adquiridas nas diferentes fases da vida, de modo a tornar o idoso mais ativo e envolvido na gestão de si próprio e no que o rodeia.

Olhando os idosos institucionalizados, em concreto, estes que muitas vezes são os que se encontram em maior situação de dependência, tanto física como emocional, concordamos que, também nestes ambientes - lares, centros de dia, centros de convívio - e, numa perspetiva, talvez mais ambiciosa, também no serviço de apoio domiciliário, é necessária a criação de grupos de trabalho e de condições físicas e materiais que promovam o envelhecimento ativo a partir de programas educativos.

Neste sentido, foi propósito deste projeto criar condições favoráveis e promotoras de tais exigências. Ambicionou-se promover o envelhecimento ativo, combatendo o isolamento e a exclusão social, incentivando a criação de laços afetivos, proporcionando momentos de partilha e desenvolvimento de competências, interesses e capacidades, atendendo às peculiaridades de cada utente. Pretendeu-se, ainda, criar um ambiente de participação ativa, de modo a, por um lado, transformar a imagem depreciativa que existe em torno das instituições que apoiam os idosos, a qual apresenta este tipo de organizações como locais que acolhem pessoas inúteis, que funcionam como albergue antes do falecimento, e a, por outro lado, mudar a visão da própria velhice como o desvanecer da vida, o ruir do ser humano enquanto cidadão ativo e o momento em que a pessoa se torna desnecessária. Segundo Jacob, "uma das primeiras funções do animador é fazer com que alguns dos idosos não se auto-excluam de viver, devido às ideias pré-concebidas de que já não prestam para nada e que apenas lhes resta a morte"(Jacob, 2007, p.35).

5 - Diagnóstico7

Para que este estágio faça sentido, tanto para quem o construiu, desde a estagiária ao público-alvo, como para a instituição, foi necessário envolvermo-nos, de forma total, nas rotinas desta comunidade, a fim de fazer um diagnóstico das carências que esta população apresenta, dos interesses que cada um dos idosos demonstrou ter e que contribuiu para o sucesso do desenvolvimento das atividades propostas, bem como para alcançar os objetivos a que todos nos

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propusemos. Assim, esta foi a fase em que se analisou o ponto em que os intervenientes do processo estavam e se definiu o ponto ao qual queríamos que eles chegassem. Para tal, foi necessário conhecer as caraterísticas da população, do corpo profissional que compõe a instituição e, ainda, os meios físicos de que dispúnhamos. Como refere Isabel Guerra, "o diagnóstico deve considerar os diferentes actores envolvidos num projecto, as suas necessidades específicas e as suas particularidades de funcionamento" (Guerra, 2002, p.134).

Nesta medida, primeiramente, recorremos à observação direta de toda a rotina que envolve o CD, desde a chegada dos utentes à instituição até ao momento em que vão para as suas casas. O mesmo aconteceu no SAD: inicialmente, houve acompanhamento das equipas a casa dos utentes para conhecer o trabalho desenvolvido, através da observação direta e, mais tarde, deu-se início às visitas a fim de propor a participação neste projeto e de conhecer com mais pormenor este público e as suas necessidades.

Os primeiros dias, nas duas valências, foram de observação direta e participante (esta esteve presente ao longo de toda a investigação/diagnóstico de necessidades) e conversas informais, quer com o público, quer com as técnicas e auxiliares da instituição, com o intuito de saber como é organizado o quotidiano da organização, que tipo de atividades são realizadas, qual o contacto entre instituição e famílias e, também, para conhecer algumas particularidades de cada cidadão. Assistimos e participamos, efetivamente, na higiene pessoal dos idosos, na sua alimentação, na administração da medicação e controlo do açúcar no sangue, bem como, da tensão arterial. Conhecimentos que consideramos uma mais valia do tempo de estágio. Esta foi a forma que encontramos de conhecer ao pormenor a especificidade de cada indivíduo e o contexto de intervenção social.

Numa segunda fase, deu-se início à consulta e análise documentais dos planos individuais de cada utente, dos relatórios de apoio psicossocial, bem como das fichas clínicas, (voltando a todos eles durante toda a intervenção, sempre que necessário), com a finalidade de conhecer ao pormenor cada um deles a nível sociodemográfico, bem como as patologias que apresentavam a nível físico e psicológico.

Além das muitas conversas informais que tiveram lugar em momentos de convívio e que deram a conhecer muitos dos interesses dos idosos, os seus hábitos, gostos, vontades, receios, foi, também, pertinente realizar uma entrevista semiestruturada a cada utente, complementando a informação já recolhida e criando, assim, um momento de entreajuda (estagiária - público) no qual os intervenientes usufruíssem de um fio condutor que permitisse chegar, em conjunto, às

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reais necessidades/gostos, aos aspetos a melhorar, ao tipo de atividades que seria de maior interesse desenvolver, ao nível de satisfação com o serviço prestado, proporcionando-lhes um momento de maior abertura.

Da utilização desta diversidade de métodos e técnicas de recolha de dados, surgiram as informações fulcrais que nos permitiram começar a desenhar o nosso projeto. Assim, através dos planos individuais soubemos qual a percentagem de analfabetismo e que tipo de analfabetismo apresentavam, o que originou a implementação de atividades de aproximação à leitura e à escrita. A partir da observação direta e participante constatamos que alguns utentes com dificuldades de locomoção, principalmente utentes que sofreram um AVC, sentiam medo ao caminhar, movendo-se apenas com cadeira de rodas, daqui tendo surgido o diagnóstico sobre a necessidade de intervir com atividade física que estimulasse estes utentes a se moverem sem ajuda ou apenas com auxilio de uma bengala, a fim de terem mais autonomia, de combaterem a perda de movimentos e de estimularem o desenvolvimento motor.

Dos relatórios de apoio psicossocial e das fichas clínicas dos utentes, podemos retirar informações como a necessidade de estimulação cognitiva em alguns utentes que apresentam perda de memória e demência, também através destas fontes de informação, podemos perceber quais as doenças que afetam os utentes e a partir daí desenvolver sessões de esclarecimento sobre cuidados a ter na sua presença.

Da realização da entrevista semiestruturada resultaram, sobretudo, informações quanto

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