• Nenhum resultado encontrado

Finalmente, dentro das questões pedagógicas que Showalter levanta, queremos discutir os elementos relacionados ao ensino específico do teatro.

O capítulo de Teaching Literature, voltado a essa questão, começa observando os pontos em comum entre a sala de aula e o teatro:

Teaching drama is also a paradigm for active learning and the reflective teaching of literature, because teaching is itself a dramatic art and it takes place in a dramatic setting. As Kenneth Eble points out, ‘it is commonly forgotten that the classroom offers the rudiments of a stage. In auditoriums, used as classrooms, everything is there, including curtains and lights. There is little to be lost and much to be gained in using the classroom, when appropriate, as theater.’ The professor is also an actor, with teaching assistants as the supporting cast, and students as the audience. The classroom space with its entrances and exits, the teaching hour with its rhythms of exposition and climax, relate to the theater and illuminate the theatrical experience. For the teacher of dramatic literature, the theatrical metaphor is reflected in the structure of the learning

experience; and we waste much of our potential if we do not take advantage of these parallels. (SHOWALTER, 2003, p. 79) 20

A relação entre aula e performance no ensino da literatura dramática começou a ser desenvolvida na década de 1960 por Homer Murph Swander, que divulgou sua teoria através de uma série de workshops. Tal paralelo foi sucessivamente desenvolvido por vários professores universitários durante as décadas seguintes. Entre as muitas formas de relacionar o ensino ao teatro, os professores pesquisados e entrevistados por Showalter revelam as seguintes abordagens:

a) leituras dramáticas de cenas;

b) envolvimento de professores e alunos em interpretações de personagens, estruturas e ações;

c) produções de peças, na íntegra, feitas por estudantes; d) uso de filmes e vídeos;

e) uso de leituras de peças em CDs; f) idas ao teatro;

g) o estudo das várias produções de determinada peça;

h) convites para que atores, dramaturgos ou outras pessoas envolvidas com o universo do teatro façam palestras ou discussões com os alunos.

20 Ensinar drama é também um paradigma para uma aprendizagem ativa e um ensino reflexivo de literatura

porque o próprio ensino já é em si mesmo uma arte dramática. Como Kenneth Eble declara, “geralmente se esquece que as salas de aula oferecem os rudimentos de um palco. Em auditórios usados como sala de aula tudo está lá, incluindo cortinas e luzes. Temos pouco a perder e muito a ganhar em usar a sala de aula, quando apropriado, como teatro.” O professor é também um ator, com assistentes de ensino como grupo de apoio e alunos como a platéia. O espaço da sala de aula como as entradas e saídas, o horário da aula com seu ritmo de exposição e o clímax remetem ao teatro e ilumina a experiência teatral. Para o professor de literatura dramática, a metáfora teatral é refletida na estrutura da experiência de aprendizagem; e perdemos muito de nosso potencial se não aproveitarmos esses paralelos (Tradução da autora).

Tais professores argumentam que trazer a experiência do teatro para a sala de aula — ao invés de apenas se concentrar no estudo do texto e do material teórico — faz com que as aulas se tornem mais estimulantes e interativas.

Um dos professores entrevistados por Showalter, o especialista em Shakespeare Larry Dawson, afirma que as relações entre performance e texto também devem ser estudadas. Isso significa que a isolada consideração, apenas, do material escrito poderá induzir a algumas perdas na trajetória — pois enquanto o texto de ficção pode dimensionar uma série de elementos (estados de espírito dos personagens, por exemplo), o texto teatral, ao contrário, muitas vezes, permite vislumbrar escolhas que serão feitas somente na performance. Por conta disso, o estudo da performance ajuda a elucidar muitas facetas ou possibilidades do texto teatral.

Alguns professores entrevistados por Showalter são ainda mais radicais, afirmando que o texto teatral somente pode ser compreendido através da experiência da performance, colocando os alunos nos papéis de atores, diretores, iluminadores etc.

Entretanto, é preciso que as aulas sejam bem preparadas e tragam o aluno para um posicionamento ativo — pois a mera exibição de uma peça, ou de um vídeo, assim como uma palestra com um dramaturgo, pode simplesmente fazer com que o grupo sinta-se confortável em apenas observar, e não conduzir, juntamente com o professor, uma discussão pertinente ao conteúdo em questão.

Há certamente um contraponto às teorias relatadas anteriormente: alguns professores acreditam que o texto deva ser priorizado em sala:

The performative approach, which emphasizes the dialog in a play, does not, of course, prelude or exclude other ways of teaching at the same time. Many teachers of drama actually prefer to emphasize the reading of plays, which gives value to every detail of the text. Ann Thompson, of King’s College London, is among those who have critiqued the consensus that “the right way to teach Shakespeare was through performance and classroom workshops”, and noted the “almost total absence of literary

theory and cultural politics”. Graham Aitken, who teaches at Chester College in England, argues that “a particular reader will always have an advantage over any theater in the world no matter what the resources of the theater”, because reading offers more imaginative freedom. (SHOWALTER, 2003, p. 86) 21

Documentos relacionados