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3.1. Várias vozes: entrevistas feitas na Universidade de São Paulo

3.1.1. Vozes docentes

Com o intuito de delinear um perfil do curso de Inglês na USP, no primeiro semestre de 2004, foram entrevistados os sete professores de literatura da área de Inglês do Departamento de Letras Modernas da Universidade de São Paulo. São eles: Marcos César de Paula Soares, Maria Sílvia Betti, Sandra Guardini T. Vasconcelos, Laura Zuntini Izarra, Munira Hamud Mutran, Maria Elisa Burgos P. da S. Cevasco e John Milton. É importante realçar que foram feitas as mesmas perguntas a todos.

Primeiramente, foi pedido que falassem um pouco sobre cada disciplina que ministram no curso de graduação. Em seguida, fez-se uma pergunta sobre quais eram os procedimentos didáticos preferidos de cada um, ou seja, se aula expositiva, seminário ou uma combinação dos dois. Depois, foi-lhes explicado que o ensino de Shakespeare nas universidades públicas brasileiras parece poder ser resumido da seguinte maneira: em algumas universidades, sua obra é estudada em disciplinas optativas, sendo que, na maioria dos casos, o dramaturgo é estudado com os demais autores do século XVI e, em apenas poucos casos, Shakespeare deixa de ser estudado no curso de graduação. Diante desse quadro, foi perguntado por que, na Universidade de São Paulo, Shakespeare é estudado em uma disciplina obrigatória. Em seguida, os professores foram indagados sobre a importância de se ensinar Shakespeare nas universidades brasileiras e sobre o que eles apontariam como motivo para esse ensino. Para finalizar, a última pergunta foi sobre haver ou não diferença entre o ensino de um texto dramático e o ensino de outros textos.

As entrevistas foram todas gravadas e transcritas. Os pontos principais serão relatados e alguns serão discutidos a seguir. É importante mencionar que,

neste texto, os depoimentos dos professores aparecem na ordem em que estes foram entrevistados.

O primeiro entrevistado foi o professor Marcos Soares (2004), que leciona as disciplinas “Introdução à Prosa”, “Literatura e Cinema” e “Introdução à Poesia” no curso de graduação. Sobre seus procedimentos didáticos em sala de aula, o professor Marcos Soares explica que para cada aula é exigido um pequeno essay contendo o assunto a ser discutido naquele dia. Ele não adota a prova nem o seminário como procedimento metodológico. A avaliação é feita através dos essays entregues, de forma contínua. Porém, a finalidade do essay não é a nota, mas sim preparar os alunos para a aula, ou seja, obrigá-los a pensar sobre determinado assunto.

Segundo o professor Marcos Soares (2004), os alunos gostam de sua metodologia, pois há uma grande demanda para as disciplinas que ele leciona.39

Uma experiência um pouco parecida com essa foi a que tive com a turma de Literatura Inglesa I, na graduação do curso de Letras da Universidade Federal de Viçosa. Distribuí algumas questões sobre Otelo para que os alunos respondessem e entregassem no próximo encontro. Na aula seguinte, resolvi discutir as questões em sala e recolher o material escrito para correção. Durante a discussão, houve bastante participação dos alunos, e, no momento em que fiz uma avaliação do curso, soube que os alunos aprovaram essa abordagem, pois apresentavam mais desenvoltura ao se expressarem oralmente em inglês, uma vez que haviam trabalhado as questões anteriormente em casa.

39 É interessante lembrar que esse procedimento é parecido com o adotado pela professora Sandra de

Almeida, em um curso de pós-graduação da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais sobre ficção de Literaturas em Língua Inglesa ministrado em 1996. Ela estipulava a leitura de um romance por semana e sobre cada um deles o aluno deveria escrever um pequeno texto. Durante a aula, eram lidos e discutidos os textos, atividades que se configuravam como uma forma de se conseguir a total participação e envolvimento da turma, além, é claro, de um melhor desempenho. Parece ser bastante interessante aplicar essa metodologia também na graduação.

O professor Marcos Soares (2004) relata que permite o uso da língua portuguesa em sala de aula por seus alunos, apesar de ele mesmo falar somente em inglês. Segundo o professor, se o nível de conhecimentos da língua inglesa não for suficiente para que os alunos entendam as peças de Shakespeare, o texto deve ser dado em português. É importante que o professor leve em consideração o conhecimento do aluno, pois, até para os falantes nativos, as peças shakespearianas são difíceis, reforça o professor.

O entrevistado ainda enfatiza que, como a carga de leitura do curso é muito grande, os alunos confessam que só fazem os trabalhos e as leituras pedidos pelos professores que “pegam no pé”. Porém, ele diz ser rígido também com as avaliações. Infelizmente, parece que a cultura do “pegar no pé” funciona e, muitas vezes, é positiva. Será que nosso aluno não precisa ser mais responsável pelo seu próprio aprendizado?

O professor Marcos Soares já ministrou um curso de pós-graduação sobre Orson Welles, no qual abordava, entre outras, três adaptações da obra shakespeariana. Quanto à leitura das peças de Shakespeare, os alunos de pós- graduação, segundo ele, devem “se virar” sozinhos, mas os de graduação já precisam de mais auxílio, como o uso de edições bilíngües e um maior direcionamento do professor. Para Marcos Soares (2004), sem ajuda, o aluno “vai acabar achando Shakespeare um ‘baita de um chato’”, e nunca mais vai querer estudá-lo, lê-lo ou assistir a um espetáculo. Ele considera ser fundamental criar o interesse do aluno para o estudo do assunto desejado, e, quando o professor consegue isso, já pode considerar-se bem-sucedido.

O professor Marcos Soares também denuncia que, apesar de o curso de Letras-Inglês da USP ser, supostamente, privilegiado em relação a outros cursos de Letras de outras instituições de ensino do País — por partir do pressuposto que seus alunos ingressantes já sabem a língua inglesa —, isso, na realidade, não acontece. Ele estima que na USP 50% dos alunos sabem bem a língua inglesa,

aproximadamente 20% tentam entender as aulas e 30% (sic) não sabem nem mesmo os rudimentos da língua, como a conjugação do verbo to be.

Perguntado por que Shakespeare é disciplina obrigatória na USP, ele elenca quatro fatores: a falta de optativas, o mercado de trabalho, a expectativa dos alunos e a importância do autor para o cenário intelectual de língua inglesa.

Tendo experiências em faculdades particulares de São Paulo, o professor Marcos Soares menciona que em algumas delas onde já lecionou Shakespeare a realidade é bem diferente da observada na USP. Ele conta que, certa vez, o nível de conhecimento da língua inglesa era tão fraco em uma universidade, que os alunos não conseguiam ler nem mesmo uma versão simplificada, sendo preciso, então, que ele pedisse a leitura da obra em português. Eliminada, dessa forma, a barreira da língua, os alunos puderam apreciar o texto shakespeariano e ainda tiveram a chance de assistir a uma encenação da peça estudada. Realmente, a linguagem de Shakespeare pode amedrontar qualquer aluno e, por sua vez, muitos professores. Acredito que a arte shakespeariana não deve ficar confinada às dificuldades lingüísticas.40

O professor Marcos Soares relata outra experiência com Shakespeare, mas, nesse caso, com a poesia. Foi na em “Introdução à Poesia”, em que se estudava da poesia medieval a John Donne. Essa disciplina se desenvolve da seguinte forma: um mês de poesia medieval, um longo período para os sonetos de Shakespeare e um mês para John Donne. Segundo o professor, os alunos gostam muito dos sonetos, que geralmente são dados com uma versão de algum tradutor, o que facilita e motiva bastante a leitura.

É interessante citar as opiniões do professor Marcos Soares sobre Shakespeare:

Eu acho que as pessoas pensam que Shakespeare resume uma experiência histórica e teatral que tem um impacto decisivo para o que acontece depois dele. [...] Brecht escreveu muito sobre Shakespeare no teatro... E há conexões muito interessantes entre a revolução que Brecht fez e o que ele aprendeu com Shakespeare... E pensar, por exemplo, como que um cara superpolitizado, como o Welles, decidiu, de repente, que ia fazer um monte de Shakespeare, porque ele fez tanto no teatro quanto no cinema [...] (SOARES, 2004)

O professor Marcos Soares enfatiza que, quando ministra aulas de Shakespeare, gosta muito de discutir quais são as condições históricas que possibilitam que um produto de arte altamente sofisticado possa quebrar barreiras de classe.

Enquanto algumas universidades enfatizam o ensino de Shakespeare, outras não dão muito espaço para ele em seu currículo. Para o professor Marcos Soares, esse fato depende muito da proposta da universidade. Como a USP propõe uma formação humanística ampla, Shakespeare se torna uma figura central. “Tem que ter o Shakespeare” (SOARES, 2004).

A professora Maria Sílvia Betti (2004) leciona, no curso de graduação, as disciplinas “Movimentos do Teatro” e “Tópicos do Teatro” e, esporadicamente, intercalada a essas “Movimentos da Poesia” e “Tópicos da Poesia”.

Todos os cursos que eu dou, tanto de uma disciplina como de outra, em algum momento os alunos têm que fazer um trabalho que consiste numa análise de um espetáculo. Eu não trabalho só com análise de texto dramatúrgico. Eu trabalho também com a análise de espetáculos. (BETTI, 2004)

A metodologia da professora Maria Sílvia Betti, na graduação, desenvolve- se da seguinte maneira: no começo da aula, ela expõe o assunto e, nos últimos 20 minutos, os alunos se reúnem em grupos, que variam de tamanho de acordo com a classe. Os grupos têm de formular questões sobre o que foi discutido, e cada grupo precisa apresentar suas questões ao final da aula. No início da aula seguinte, a professora trabalha as questões apresentadas no encontro anterior, o

que faz com que haja uma interação com os alunos. Dessa forma, percebem-se, com facilidade, quais os alunos que não leram o texto. Para uma maior interação, algumas vezes, as questões são trocadas.

Eu não falo aluno tal, grupo tal perguntou x e y. Algumas vezes, eu troco as perguntas que outras pessoas de outros grupos formularam. Então, essa é a fórmula que eu tenho sentido que tem funcionado um pouco mais para, enfim, descentralizar, para a gente não reproduzir na aula uma estrutura de poder que é viciada e que a gente realmente sabe, que a gente trabalha com uma estrutura arcaica. (BETTI, 2004)

Essa estratégia descrita pela professora Maria Sílvia parece promover um ensino mais centrado no estudante e, sendo assim, mais de acordo com os ensinamentos freireanos.

Para ela, os alunos já entram na universidade com a cabeça “completamente burocratizada”, preocupados em cursar muitos créditos, o que os leva a montar “horários absurdos”. Há alunos que se matriculam em um número excessivo de créditos, ultrapassando seu limite físico e psicológico, pois, além desses encargos, também têm que resolver dificuldades financeiras e problemas relacionados ao emprego. Outros saem correndo da aula porque também têm que lecionar, enquanto muitos chegam atrasados para a aula na faculdade. Há, ainda, aqueles que estudam à noite e vão à aula sem ter conseguido ao menos fazer um lanche antes. A professora Maria Sílvia Betti também acredita que há pouco espaço para discutir como essas questões afetam os alunos: “tudo o que se discute quando a gente tem reunião são os critérios da Capes, a avaliação, o ponto, a produtividade etc. Então, eu sempre tentei lidar com isso dessa forma (tentando uma abordagem mais interativa)” (BETTI, 2004).

Ela acredita que sua abordagem tem sido bem aceita e que nenhum aluno tem saído de suas aulas com a idéia de que perdeu tempo, de que saiu como entrou. “Eu já tive depoimentos de alunos que disseram que gostavam da minha matéria, mas que não iriam dar aula disso” (BETTI, 2004). De forma geral, o que

ela percebe é que o aluno tem cultivado a idéia de que precisa se preparar para o mercado de trabalho, mesmo entendendo o valor do conhecimento que lhe é passado. Essa perspectiva é uma das que a professora Maria Sílvia Betti procura desmitificar: “Como você sabe que não vai dar aula disso? Por que você acha que não vai dar aula disso?” (BETTI, 2004). Por outro lado, ela tenta desmitificar, também, a questão de como o aluno se vê — ele se vê como uma pessoa ou como um profissional no mercado?

Novamente a professora mostra-se preocupada com questões mais amplas em relação ao processo ensino-aprendizagem, solidarizando-se com muitos dos problemas que os alunos enfrentam e enfrentarão futuramente.

Segundo ela, enquanto em outras áreas há pessoas estudando porque estão apaixonadas pelo que fazem, no inglês, não há pessoas fazendo o curso porque estão apaixonadas pela literatura norte-americana ou pelo teatro inglês. No entanto, o professor John Milton declara não concordar com essa opinião. Para ele, ainda há gente muito interessada na área.41

Então, essa é uma questão que precisa, eu acho, ser discutida com os alunos, reavaliada de uma maneira crítica. Quer dizer: “o que é que a gente está fazendo aqui? A gente está qualificando gente para o mercado? Ou a gente está qualificando pessoas, ou colocando elementos para que as pessoas pensem, discutam intensamente?” (BETTI, 2004)

A professora aborda questões bastante pertinentes à nossa realidade educacional. O modelo de educação liberal, conforme ainda afirma, está sendo ameaçado. A educação, como sabemos, está cada vez mais voltada para o mercado. Não é a toa que a professora parece um pouco pessimista quanto às possibilidades de driblar o sistema neoliberal.

Para Maria Sílvia Betti, Shakespeare é uma disciplina obrigatória na USP não só porque há uma expectativa por parte dos alunos de inglês: “geralmente, as pessoas nunca viram, nunca estudaram, nunca leram, mas querem” (BETTI, 2004). Por outro lado, em outras universidades, ensinar Shakespeare poderá ser importante se isso fizer sentido dentro de uma proposta.

Eu acho que é importante ensinar Shakespeare. Eu acho que é importante ensinar um caminho de pensamento com o qual Shakespeare pode ser um elemento extremamente rico, importante, interessante. [...] Shakespeare deve ser discutido assim como Brecht deve ser discutido. Assim como o Vianinha deve ser discutido. A gente deve discutir Shakespeare shakespearianamente, porque a relação que Shakespeare tinha com os materiais à sua volta era uma relação muito viva. E ele fazia com que as coisas tivessem sentido. (BETTI, 2004)

Algumas vezes, o drama fica em segundo plano nos cursos de Letras. Quanto a isso, ela afirma: “Se nos baseamos numa concepção de literatura sempre originária da poética de Aristóteles, que enxerga três gêneros — o lírico, o épico e o dramático —, eu não vejo por que devemos eleger dois gêneros e delegar um terceiro a uma outra área” (BETTI, 2004).

A perspectiva com a qual a professora Maria Sílvia Betti trabalha é a de nunca discutir teatro como literatura, ou seja, a relação do texto literário com o seu leitor é diferente daquela que ele estabelece com o texto de ficção ou de poesia.

Acho que nenhum dramaturgo escreve uma peça para ficar no fundo da gaveta ou para ser publicada em livro. Quer dizer, a publicação é um instrumento. Mas ela não completa o ciclo comunicativo para o qual aquele trabalho foi desenvolvido. Por outro lado, o texto teatral não está pronto. Ele tem mil lacunas. Ele não te dá todos os elementos. Ele não tem um narrador te pegando pela mão e dizendo o que a personagem estava sentindo, estava pensando. Ele não diz que aquele ambiente é assim ou assado... que a cor do cabelo da personagem é essa ou aquela. Pode dizer ou não, mas geralmente ele deixa muitos buracos na composição daquilo que ele apresenta. E eu acho que essa incompletude do texto teatral faz parte, a natureza do texto teatral é essa [...] E eu acho que uma das funções de quem trabalha com texto teatral não é só de treinar o leitor para esse ato de leitura, mas é de treinar o leitor para depois fazer uma ponte entre esse texto e a encenação. (BETTI, 2004)

Para ela, não há desculpas para não se freqüentar teatro estando em São Paulo. Na cidade, há centenas de espetáculos no circuito de casas de cultura, bibliotecas públicas e centros culturais com preços simbólicos ou mesmo com entrada franca. Ela acha que a relação do texto teatral com a encenação é imprescindível e, por isso, quando ministra a disciplina “Movimentos do Teatro”, seus alunos devem fazer uma análise de um espetáculo valendo nota. Eles devem assistir ao espetáculo, analisar e apresentar os resultados.

A professora Sandra Vasconcelos (2004) geralmente leciona no curso de graduação as disciplinas “Introdução à Prosa”, do primeiro semestre em inglês, “Leituras do Cânone I” (uma parte do curso), “Leituras do Cânone II” e “Tópicos do Romance”. É importante lembrar que suas disciplinas tratam, somente, de romance e conto. Ela enfatiza que não trabalha com seminário, porque sua experiência com essa metodologia sempre foi muito ruim. É importante ressaltar que, com exceção de uma professora, todos os outros entrevistados não gostam de seminários. Sua aula expositiva é diferente, pois é construída a partir das contribuições dos alunos, com muita conversa e perguntas. Em geral, ela tenta fazer com que eles falem sobre as suas experiências de leitura, desenvolvendo, a partir daí, sua aula. Essa metodologia funciona, às vezes. Em outras, não, principalmente quando os alunos não lêem o texto, confessa.

Uma experiência interessante narrada pela professora Sandra Vasconcelos, também mencionada por um aluno entrevistado no primeiro semestre de 2003, quando estava sendo discutida a metodologia no ensino de Shakespeare, é talvez o que possa ser chamado de uma alternativa ao tradicional seminário. Nas palavras da professora:

Agora, uma experiência superlegal que eu fiz nos Tópicos do Romance e que eu acho que dá para fazer, porque eles são alunos mais experientes, porque estão em geral terminando o curso, já fizeram outras disciplinas,

estão mais maduros. Ah... foi propor uma atividade em grupo. (VASCONCELOS, 2004)

Os alunos já tinham um tema para pesquisar. Então, eles precisavam apresentá-lo para os colegas de uma forma que não fosse seminário. Eles gostaram muito da experiência, segundo a professora Sandra Vasconcelos e os próprios estudantes.

Essa professora realça que só usa essa abordagem na disciplina “Tópicos do Romance”, pois o curso é mais fechado, ou seja, é construído sob um tema. Ela cita o exemplo do curso “Tópicos sobre o Gótico”, que foi “um sucesso”, pois os alunos apresentaram uma peça teatral, trabalharam o gótico no cinema, em Hollywood, entre outros temas. Um dos grupos produziu um vídeo, enquanto outro produziu um pôster. Até teatro de marionetes foi apresentado, além de história em quadrinhos e ainda um site sobre o romance inglês do século XIX. “Eles inventaram milhões de coisas”, diz ela.

A finalidade da proposta é que o produto final seja resultado de uma pesquisa que o grupo faça e que ele encontre uma forma de apresentá-lo.

E aí fica uma coisa bem mais interessante porque tem a participação deles. A classe que está assistindo tem o interesse. E tem também o conteúdo que é sempre um conteúdo que eles estão socializando com o resto do grupo. Tem funcionado bem. (VASCONCELOS, 2004)

Essa proposta parece proporcionar interesse e participação direta dos alunos, o que naturalmente irá refletir na boa performance dos mesmos. Como já pude constatar através de experiência própria, a maioria dos alunos aprecia um bom desafio.

Perguntada sobre o porquê de Shakespeare ser o tema de uma disciplina obrigatória na USP, Sandra Vasconcelos responde que ela e os outros professores do departamento acham que os alunos da graduação devem “passar por alguns autores. Devem passar pelos clássicos”. Para ela, a leitura dos clássicos é a leitura

sobre a qual se constrói alguma coisa. Como se pode discutir o teatro inglês, ou o teatro de língua inglesa, sem ter estudado Shakespeare? De certa forma, foi um pouco essa questão que orientou a opção de estrutura de curso que a área de inglês escolheu, segundo ela. “Porque eu sei, a gente tem consciência de que ele é um curso diferente, ele está estruturado de maneira diferente de vários cursos de graduação em inglês no país” (VASCONCELOS, 2004).

Realmente, o curso de inglês da USP, como o professor Marcos Soares (2004) disse, “para o bem ou para o mal, é diferente”. Essa é uma das razões pelas quais escolhi retratar mais detalhadamente esse curso e também explica a existência de uma aura em relação a essa instituição.

A professora Sandra Vasconcelos pensa que o aluno não deve sair da universidade sem ter lido determinados autores. Para ela, é possível discutir se é

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