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Ensinando e aprendendo italiano nas extensões universitárias

1 ONDE TUDO COMEÇA

2 ENSINANDO E APRENDENDO ITALIANO

2.2. Ensinando e aprendendo italiano no Brasil

2.2.2. Ensinando e aprendendo italiano nas extensões universitárias

As oportunidades de aprender línguas nos centros de línguas das universidades são entendidas como suplementares à oferta de LE, no sentido de que outras línguas, além daquelas incluídas na rede escolar, possam ser aprendidas. Foi em 1931, com o decreto do “Estatuto da Universidade Brasileira”, que nasceu o compromisso social da universidade com a comunidade, quando foram delineadas as chamadas atividades de extensão. Segundo Cunha (1986, p. 204), a primeira instituição a oferecer experiências de extensão universitária no Brasil foi a Universidade de São Paulo. Ainda nos dias de hoje, o conceito de extensão universitária vigente é o mesmo produzido no I Encontro Nacional de Pró-Reitores de Extensão das universidades brasileiras, ocorrido em 1987, que diz:

A Extensão Universitária é o processo educativo, cultural e científico que articula o ensino e a pesquisa de forma indissociável e viabiliza a relação transformadora entre a universidade e a sociedade. A Extensão é uma via de mão dupla, com trânsito assegurado à comunidade acadêmica, que encontrará, na sociedade, a oportunidade de elaboração da práxis de um conhecimento acadêmico. No retorno à universidade, docentes e discentes trarão um aprendizado que, submetido à reflexão teórica será acrescido àquele conhecimento. Este fluxo, que estabelece a troca de saberes sistematizados – acadêmico e popular, terá como consequência: a produção de conhecimento resultante do confronto com a realidade brasileira e regional; a democratização do conhecimento acadêmico e a participação efetiva da comunidade na atuação da universidade. Além de instrumentalizadora deste processo dialético de teoria/prática, a Extensão é um trabalho interdisciplinar que favorece a visão integrada do social

(PNExt, 2000/2001).

Isso quer dizer que além dos cursos de graduação e pós-graduação, as IES podem oferecer à comunidade em geral, constituindo-se em uma prestação de serviços que se configuram como programas que envolvem ensino e pesquisa, projetos de caráter educativo,

social, cultural, científico e tecnológico, eventos (como congressos, seminários, debates), atendimento jurídico, consultas médicas, clínicas psicológicas à comunidade, além de diferentes cursos, como os de línguas.

O PNExt (2011) apresenta o conceito de extensão universitária, compreendendo-a como um processo educativo, cultural e científico que associa o ensino à pesquisa, bem como faculta a relação transformadora entre a universidade e a sociedade. Em seu artigo 3º, o proferido documento descreve as diretrizes da extensão universitária, a saber:

I – inserção da dimensão acadêmica da extensão na formação dos estudantes e na construção do conhecimento;

II – engajamento da universidade com a sociedade, mediado por uma relação bidirecional de mútuo desenvolvimento;

III – criação de estrutura de financiamento pública e transparente para a extensão universitária;

IV – relação autônoma e crítico-propositiva da extensão com as políticas públicas, por meio de programas estruturantes capazes de gerar

desenvolvimento social;

V – comprometimento da universidade com os espaços geográficos nos quais atua por meio da extensão;

VI – organização de universidades em consórcios e redes para atuação regionalizada em locais prioritários;

VII – ampliação do espaço acadêmico da extensão e dos seus realizadores (PNExt, 2011, p. 1, grifo meu).

Atualmente, muitas universidades brasileiras ofertam como extensão universitária cursos de línguas à comunidade, visando a promover a relação da universidade com a sociedade e, sobretudo, desenvolver projetos de pesquisa, bem como propiciar aos estudantes dos cursos de Letras, nesse caso específico, professores de línguas em formação, um espaço de conhecimento e desenvolvimento da prática pedagógica.

Na Universidade Federal do Pará (UFPR), por exemplo, uma unidade do Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes (SCHLA), criada em 1995, segundo informações do próprio site, “é um espaço destinado à formação profissional e continuada para os alunos da graduação do Curso de Letras da UFPR” (CELIN, 2015)32.

32 Informações disponíveis em: <http://www.ceLIn.ufpr.br/index.php/o-ceLIn/historia>. Acesso em: 17 de abril de 2015.

Em 2012, nasceu o Núcleo Permanente de Extensão em Letras (NUPEL) da Universidade Federal da Bahia (UFBA), que além de oferecer cursos de diversos idiomas – italiano, inglês, alemão, LIBRAS, francês, grego, latim –, entre outras atividades, foi instituído com o propósito de articular pesquisa e ensino. Para tanto, promove – com a participação e contribuição dos docentes do curso de Letras da UFBA que exercem no NUPEL o papel de orientadores pedagógicos – diversos seminários e oficinas voltados para a formação de professores de escolas da educação básica (setor público e setor privado) e de ex- alunos dos cursos de Letras e dos próprios professores em formação, que são estudantes dos cursos de graduação e pós-graduação em Letras da UFBA.

A seguir, após a realização de uma pesquisa em sites e em trabalhos acadêmicos, apresento um quadro que sintetiza alguns cursos de extensão e as suas respectivas universidades públicas que ofertam o ensino da LI em território brasileiro. Vale ressaltar que, na maioria dessas instituições, os professores são alunos dos cursos de Letras e, naturalmente, professores de línguas em formação. As instituições de ensino superior sinalizadas a seguir com asterisco, correspondem às universidades nas quais não existem cursos de licenciatura em língua italiana, logo os professores não se configuram como docentes de italiano do curso de Letras em formação.

Quadro 2 – Cursos de extensão que ofertam o ensino do italiano

UNIVERSIDADES CURSOS DE EXTENSÃO

Universidade Federal do Paraná Centro de Línguas e Interculturalidade (CELIN)

Universidade Federal de Santa Catarina Cursos Extracurriculares de Línguas da UFSC Núcleo de Estudos da Terceira Idade (NETI) Universidade Federal do Rio Grande do

Sul

Núcleo de Ensino de Línguas em Extensão (NELE)

Universidade Estadual do Oeste do Paraná

Curso de Línguas do Programa de Ensino de Línguas (PEL)

Universidade Federal de São Paulo Serviço de Cultura e Extensão Universitária (SCE)

Universidade de Campinas* Centro de Ensino de Línguas (CEL) Universidade Federal do Rio de Janeiro Centro de Línguas Aberto à Comunidade

(CLAC)

Universidade Federal Fluminense Programa de Línguas Estrangeiras Modernas (PROLEM)

Universidade Estadual do Rio de Janeiro Línguas para a Comunidade (LICOM) Universidade Federal de Minas Gerais Cursos de Línguas Clássicas e Modernas

(CENEX)

Universidade Federal do Espírito Santo Centro de Línguas para a Comunidade (CLC) Universidade Federal de Goiás* Centro de Línguas (CL)

Universidade de Brasília* UnB idiomas

Universidade Federal da Bahia Núcleo Permanente de Extensão em Letras (NUPEL)

Universidade Estadual da Bahia* Núcleo de Estudos Italianos (Nesti) Universidade Federal do Pernambuco* Núcleo de Línguas e Culturas

Universidade do Estado do Amazonas Escola de Idiomas da Escola Superior de Tecnologia

Universidade Federal do Ceará Casa de Cultura Italiana

Universidade Estadual do Ceará Núcleo de Línguas Estrangeiras (NLE) Universidade Federal do Rio Grande do

Norte*

Instituto Ágora

Fonte: A própria autora.