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1.1 CONTEXTO E PROBLEMA DE PESQUISA

1.1.2 Ensino médio, o gargalo da educação no Brasil

4 Programme for International Student Assessment (Pisa) é uma iniciativa de avaliação comparada de conhecimentos de leitura, matemática e ciências, aplicada a estudantes com 15 anos de idade. O programa é desenvolvido e coordenado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). No Brasil, o Pisa é coordenado pelo Inep. Fonte: http://portal.inep.gov.br/pisa-programa- internacional-de-avaliacao-de-alunos. Os dados apresentados são do PISA de 2012, o último exame realizado foi em 2015, do qual os resultados sairão, provavelmente, no segundo semestre de 2016.

Os alicerces da qualidade no Ensino Superior (ES) são construídos desde a Educação Básica, ou seja, a qualidade da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e do Ensino Médio é diretamente proporcional à qualidade da educação superior, tanto em termos de conteúdo quanto de ética e de responsabilidade.

O baixo número de graduados no Brasil está relacionado, entre outros fatores, com a carência de infraestrutura e o número de matrículas no ensino médio, que pode ser apontado como o gargalo do sistema educacional brasileiro. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) indicavam que em 2014, 82,6% dos jovens entre 15 e 17 anos de idade estavam nas escolas, entretanto, apenas 61,1% desses estudantes estavam matriculados no ensino médio na idade correta (Figura 1). Isso significa que 21,5% das pessoas desta faixa etária ainda cursam o ensino fundamental e mais de 17% já abandonaram seus estudos, vide Figura 1 (IBGE, 2014)

Figura 1 - Porcentagem de jovens de 15 a 17 anos matriculados no Ensino Médio

Fonte: IBGE/Pnad. Elaboração por Todos Pela Educação

A Figura 2 apresenta a porcentagem de jovens de 15 a 17 anos na escola, pode-se observar que existe uma defasagem perceptível em relação ao nível educacional cursado. Segundo estudo realizado pelo IBGE-PNAD, aproximadamente 1,6 milhão de pessoas de 15 a 17 anos que deveriam estar cursando o Ensino Médio, estão fora escola.

Figura 2 - Porcentagem de jovens de 15 a 17 anos na escola

Fonte: IBGE/Pnad. Elaboração por Todos Pela Educação

Outro grande problema na educação brasileira é a elitização do ensino superior, apesar do número pequeno de alunos cursando o ensino básico na rede privada, 16,46%, esses representam a maioria nas universidades públicas (INEP/MEC, 2013b). Em 2015, por exemplo, os aprovados para ingressarem na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), vindos das escolas privadas, representaram 56,54% enquanto a representação dos estudantes do ensino público é apenas de 43,46% (COPERVE, 2015).

As desigualdades no acesso ao ES, relacionada aos jovens oriundos da escola pública, deve-se, em parte, a pouca atenção dada à qualidade da Educação Básica, a falta de investimentos na educação, as desigualdades educacionais entre as classes sociais e a seletividade nas formas de ingresso que dificultam o acesso a este nível de ensino, trazendo grandes desafios para os dias atuais.

A partir de dados da “Pesquisa de Orçamentos Familiares” do IBGE é possível deduzir que quanto maior o nível educacional da pessoa de referência, maior será o peso dos gastos com cursos regulares da educação básica no total de suas despesas com serviços de educação, isto é, os alunos cujas famílias podem arcar com os custos da escola na rede privada acabam tendo mais chances de ingressar nas melhores universidades, que são em geral públicas e gratuitas (RIBEIRO, 2011).

Uma das consequências desta cisão entre Ensino Superior e Educação Básica pública é o baixo número de matriculas, a reprovação continuada e o alto índice de evasão nos cursos de graduação.

Conforme os dados do Censo da Educação Superior, apesar do crescimento dos últimos anos do número de matriculas no ES, os números de concluintes continuam baixos. O ano de 2013 obteve um incremento de 3,6% em relação ao ano anterior das matriculas em cursos de

graduação, entretanto, o número de concluinte caiu 5,9% no mesmo período (INEP/MEC, 2013b). Em 2014, o incremento nas matriculas subiu 6,7% em relação a 2013, e o número de concluinte voltou a crescer com um percentual de 3,5%, porém continuou abaixo do número de concluintes de 2012 (Tabela 1) (INEP/MEC, 2014a).

Tabela 1 - Número de matriculas, Ingressantes e Concluintes no ensino superior em cursos de graduação dos últimos três anos

Matriculas Ingressantes Concluintes

2012 7.037.688 2.747.089 1.050.413

2013 7.305.977 2.742.950 991.010

2014 7.828.013 3.110.848 1.027.092

Fonte: Censo da Educação Superior - 2014

Como demonstrado no Tabela 2, elaborada a partir dos dados do Censo da Educação Superior de 2013 (INEP/MEC, 2013b), o número de concluintes em relação aos ingressantes não passa de 50% em todas as áreas.

Tabela 2 - Número de Matriculas, Ingressantes e Concluintes para cada 10.000 habitantes no Ensino Superior por área em 2013

Área Geral do Curso Matrículas Ingressantes Concluintes Ciências sociais, negócios e direito 147,20 56,40 21,80

Educação 68,20 23,30 10,00

Saúde e bem estar social 49,00 17,00 7,00

Engenharia, produção e construção 50,60 20,00 4,00 Ciências, matemática e computação 22,00 8,80 2,70

Agricultura e veterinária 8,90 2,80 1,00

Humanidades e artes 8,10 3,20 1,40

Serviços 8,30 4,20 1,40

Fonte: Censo da Educação Superior - 2013

Ao observar os números das áreas STEM, “Engenharia, produção e construção” e “Ciências, matemática e computação”, percebe-se que a situação fica ainda pior. Nas engenharias apenas 20% dos estudantes chegam ao final, e em “Ciências, matemática e computação”, um pouco mais de 30% dos alunos consegue concluir seus estudos.

Nesse sentido, as repetências sucessivas nos primeiros semestres se constituem em fator expressivo motivador da evasão. Um caso típico são as disciplinas de Física A e Calculo I, na primeira fase do curso de Engenharia de Computação da UFSC em Araranguá, que apresentaram média de reprovação até 2012 de 53,2% e 65,5% respectivamente.

Nesse contexto, apresenta-se como imprescindível investir em novas metodologias de ensino e de aprendizagem na Educação, tanto Básica como Superior, a integração das TIC, proporcionando novas possibilidades de implementação de conteúdos digitais. Estas ações refletirão uma melhor qualidade formativa no Ensino Superior, além, de motivar mais estudantes a ingressarem nas carreiras das áreas das engenharias e tecnologia. (SILVA, 2013).

1.1.3 A necessidade de ambientes mais atrativos para o ensino e a