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ENTRE ARTE, EDUCAÇÃO E INSTITUIÇÕES

No documento Ebook Educacao Sociedade (páginas 124-129)

Um dos pontos que podemos destacar é a questão da educação formal e não formal.

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Sendo que a educação formal seria aquela oferecida por uma instituição de ensino: escolas e instituições oficiais; a educação não formal ocorre em espaços não oficiais e busca considerar experiências que não são priorizadas na educação formal:

Em uma visita educativa a uma exposição de um determinado artista, pode acessar diferentes conhecimentos como o conte- údo das obras de arte, a biografia do ar- tista, o contexto das obras de arte, sua produção artística, as técnicas utilizadas, trabalhando interdisciplinarmente e con- vocando a sensorialidade, as diferentes percepções e indagações dos sujeitos, di- mensões nem sempre solicitadas na sa- la-de-aula do ensino formal. (ALENCAR, 2008, p. 30)

A educação não formal é a que ocorre dentro das instituições culturais, desenvol- vida pelos mediadores culturais. O conceito de mediação cultural também nos chama a atenção. Valéria Alencar aponta as dificulda- des de valorização e formação do mediador: luta-se para que a visão de Mediador Cultural como guia em uma exposição seja alterado para sendo um profissional de “mediação”, aquele que está ali não somente para ser

uma ponte entre obra/artista e público, mas sim para instigar, promover, interpre- tar, “estar entre” que não é somente entre dois (obra e espectador), e sim entre muitos (obras, artistas, públicos, diretores, admi- nistradores, organização, etc). Na pesquisa realizada por Alencar, a mesma apresenta um comentário de um mediador cultural:

Expectativa muitas vezes sentida por outros que esta minha visão de Mediação, como vemos neste depoimento de um edu- cador que sente a falta de um reconheci- mento do seu status profissional: lutamos ainda muito para que esta visão estereoti- pada de “monitoria” ou apenas guia, seja quebrada dando-nos os devidos direitos de sermos tratados sim como educadores. (ALENCAR, 2008, p. 44).

Em Artes Visuais: da exposição à sala de aula, Ane Mae Barbosa nos propõe uma re- flexão sobre a importância de ter professo- res orientadores participando ativamente nas escolas, visitando e dialogando com os professores, estabelecendo um vínculo a fim de estimular “[...] a escolha pessoal dos professores por materiais didáticos distri- buídos por centros culturais ou editados por outros meios, e para potencializar a utilização mais produtiva dos recursos das comunidades.” (BARBOSA, 2005, p. 213).

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Curadoria e curadoria educativa são prá- ticas que têm se popularizado na atualidade e têm desempenhado papéis importantes na difusão de arte, por meio de exposições e mostras. Enquanto a atuação do curador é criativa, de ler obras e construir narrativas, o curador educativo pensa em meios que possibilitem a leitura de um público não ha- bituado aos espaços de artes. Ser curador promover sentido, construir laços e conexões entre obra e público, entre arte e experiên- cia. Para Reinaldim, “*…+ o curador produz mediação das obras tanto em relação ao es- paço por elas ocupado quanto ao público da exposição ou proposição, muitas vezes coor- denando e fornecendo os parâmetros para o projeto educativo.” (REINALDIM, 2015, p. 25).

Um dos serviços educativos oferecidos atualmente pelas instituições culturais são as visitas agendadas, que tem um grande papel na formação de um cidadão, não so- mente pelo ganho cognitivo, mas, princi- palmente, pelos ganhos afetivos:

Os ganhos afetivos são aqueles que mais enriquecem a educação em museus e parecem ser os mais possíveis de se re- alizar comparando-se com o ensino es- colar. A motivação para conhecer mais sobre temas tratados e o crescimento

pessoal são exemplos de ganhos afeti- vos. (ALMEIDA, 1997, p. 51).

Em síntese, é importante ressaltar que a finalidade desta vontade de integrar e aproximar os públicos da arte e do museu não é apenas o entendimento de arte em si, mas visa mostrar que desta relação há con- sequências humanizadoras e educativas, como nos diz Ana Mae Barbosa: “O esforço que se emprega para ampliar o contato, o discernimento, o prazer da população com a cultura que a cerca, resulta em benefí- cios sociais como a qualidade das relações humanas e compreensão de si e do outro” (BARBOSA, 2009, p.21).

A curadoria educativa pode trazer para as instituições culturais o cumprimento do papel social que estas instituições pos- suem: educar. Para formar um cidadão consciente e sensível não basta apenas à frequência em escolas, notas e provas ava- liativas, é preciso mecanismos de interação cultural a partir dos quais a arte seja reco- nhecida como uma disciplina importante para a formação de um ser, cidadão. Todos têm o direito de serem educados cultural- mente e cabe às instituições provedoras e expositoras de arte aproximar o mundo es- colar do ambiente museológico.

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REFERÊNCIAS

ALENCAR, Valéria Peixoto de. O mediador cultural: con-

siderações sobre a formação e profissionalização de edu- cadores de museus e exposições de arte. Programa de

Pós- graduação em Artes. Instituto de Artes da UNESP. (Dissertação) Mestrado em Artes. São Paulo, 2008. 97p.

ALMEIDA, Adriana Mortara. Desafios da Relação Museu-escola. In: Revista USP: Comunicação &

Educação. São Paulo, set./dez. 1997. Páginas 50-56.

Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/comue- duc/article/viewFile/36322/3904> Acesso em 25 de maio 2016.

BARBOSA, Ana Mae. et al. Artes Visuais: da exposição à

sala de aula. São Paulo: EDUSP, 2005.

BARBOSA, Ana Mae; Questões da Mediação. In: BAROBOSA, Ana Mae e COUTINHO, Rejane (org.). Arte/

Educação como Mediação Cultural e Social. São Paulo:

Ed. UNESP, 2009.

HOFF, Mônica. Mediação (da arte) e curadoria (educa- tiva) na Bienal do Mercosul, ou a arte onde ela “apa- renteMente” não está. In: Revista Trama Interdisciplinar. Márcia Tiburi (org), v. 4, n. 1 (2013), São Paulo. Disponível em: <http://editorarevistas.mackenzie.br/ index.php/tint/article/view/5543 > Acesso em 20 jun de 2016.

MAGALHÃES, Aline Montenegro Magalhães; RAMOS, Francisco Régis. De objetos a palavras, reflexões so- bre curadoria de exposições em Museus de História. In: Cadernos de diretrizes museológicas 2 : mediação em

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MARTINS, Mirian Celeste (org). Pensar Juntos: media-

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Paulo: Terracota, 2014.

REINALDIM, Ivair. Tópicos sobre curadoria. In: Revista

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RIBEIRO, Maria Isabel Branco. Curadoria e Público. In:

Mídias e artes: os desafios da arte no início do século XXI.

São Paulo: Marco, 2002. p. 155-157.

ZANINI, Walter. Novo comportamento do Museu de Arte Contemporânea. In: RAMOS, Alexandre Dias.

Sobre o ofício do curador. Porto Alegre: Zouk, 2010. p.

59-64.

WENDELL, Ney. Estratégias de Mediação Cultural para

a Formação de Público. Palestra Fundação Cultural do

Estado da Bahia (FUNCEB) em 12 de novembro de 2013, Teatro Castro Alves, em Salvador/BA. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=CloxtP_ 9Zo0 > Acesso em 18 jul de 2016.

A REVOLUÇÃO 4.0:

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