• Nenhum resultado encontrado

Luana M Wedekin

No documento Ebook Educacao Sociedade (páginas 59-62)

5. Universidade do Estado de Santa Catarina – Centro de Artes – Departamento de Design – Brasil.

E-mail: wedekinluana@gmail.com. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2454-6134

PE NS AM EN TO P OR I MA GE NS N A P ES QU IS A E M G RA DU AÇ ÃO E M A RT ES V IS UA IS Luan a M . W ed ek in

RESUMO

A pesquisa em arte no Brasil já é um campo sedimentado e sua prática é parte das diretrizes curriculares para a formação em Artes Visuais. Este artigo promove uma reflexão sobre a especificidade da pesquisa em arte, no que tange aqui a dois aspectos principais: o uso da imagem e a exploração de um “pensamento por imagens”. O uso da imagem na pesquisa em arte é pratica- mente obrigatório, contudo, é necessário ter consciência de que diferentes formas de uso implicam em escolhas epistemológicas específicas. Aqui ressalta-se a sobredeter- minação das imagens e sua irredutibilidade, como praticadas por Aby Warburg no “Atlas Mnemosyne”. A partir da análise desta obra, Georges Didi-Huberman cunhou o conceito de “pensamento por imagens”, no qual de- monstra como as montagens de imagens do “Atlas” revelam a “estrutura visual” do pen- samento de Warburg. Apresenta-se também o uso de imagens no “Museu Imaginário” de André Malraux, enfatizando a autonomia das imagens e os diálogos que travam en- tre si. Por fim, discorre-se sobre a realiza- ção de Mapas Mentais, um método de gerar e organizar ideias estruturado num todo com a combinação de palavras e imagens,

Luana M. Wedekin

inspirado em Leonardo da Vinci. Conclui- se com a análise de três Mapas Mentais de projetos de pesquisa para Trabalho de Conclusão de Curso de estudantes da gra- duação em Artes Visuais da UNESP, campus de Bauru, destacando o método como for- ma de promover o “pensamento por ima- gens” na pesquisa em arte.

Palavras-chave: “pensamento por ima- gens”; pesquisa em arte; Mapa Mental; uso da imagem na pesquisa em arte.

ABSTRACT

Art research in Brazil is already a settled field and its practice is part of the curric- ular guidelines for a graduation in Visual Arts. This article reflects on the specificity of art research, focusing in the use of image and the exploration of a “thought by imag- es”. Using image is practically obligatory in Art Research, however, it is necessary to be aware of the specific epistemological choices that it implies. The emphasis here relies on the overdetermination of the im- ages and their irreducibility, as practiced by Aby Warburg in the “Atlas Mnemosyne”. From the analysis of this work, Georges Didi-Huberman developed the concept of

PE NS AM EN TO P OR I MA GE NS N A P ES QU IS A E M G RA DU AÇ ÃO E M A RT ES V IS UA IS Luan a M . W ed ek in

“thought by images”. He affirms that the montage of images in the “Atlas” reveals a “visual structure” of Warburg thought. We also present the use of images in the “Imaginary Museum” of André Malraux, highlighting the images autonomy and the dialogues they have with each other. Finally, we introduce the use of Mind Maps, a method inspired by Leonardo da Vinci, where we can generate and plan ideas in a structure that combines images and words. We conclude with an analysis of three Mind Maps based on research projects for the final written paper at the Undergraduate Course in Visual Arts of UNESP, Campus of Bauru, where we highlight the “thought by images” in Art Research.

Keywords: “Thought by images”; Art Research; Mind Maps; Image using in Art Research.

O que meus olhos viram foi simultâneo: o que transcreverei, sucessivo, porque a linguagem o é. (BORGES, 2008, p. 148)

INTRODUÇÃO

A epígrafe acima pertence ao conto “O Aleph”, do escritor argentino Jorge Luis Borges (1899-1986). Nesta ficção, Borges

narra a experiência de ver o “Aleph”. Não há explicação possível para o “Aleph”, pois se trata de vivenciar o infinito, e, portanto, o inefável. Apesar desta impossibilidade, Borges lança o leitor na experiência do nar- rador. De certa forma, o inefável é colocado em palavras. Mas, como aponta a epígrafe, não há como expressar em linguagem line- ar aquela experiência que foi vista e que se caracteriza pela simultaneidade. Pode-se aproximar esta citação de Borges com a dificuldade do trabalho de escrever sobre a imagem na arte. Quando esta é tratada em sua potência, sempre resta algo de ine- fável, pois é de sua natureza não se deixar definir e esgotar por palavras. Contudo, falar sobre a imagem, refletir sobre ela, é tarefa fundamental da pesquisa em arte. É necessário, portanto, desenvolver a ha- bilidade de discorrer sobre a imagem sem esvaziá-la.

Este artigo é fruto das minhas inquie- tações como pesquisadora no campo da história e teoria da arte e como professo- ra responsável da disciplina de Projetos em Artes Visuais na graduação em Artes Visuais da UNESP – Campus de Bauru, a qual prepara os estudantes para a elabo- ração do projeto do Trabalho de Conclusão de Curso. O objetivo deste artigo é ressaltar

PE NS AM EN TO P OR I MA GE NS N A P ES QU IS A E M G RA DU AÇ ÃO E M A RT ES V IS UA IS Luan a M . W ed ek in

a especificidade da pesquisa em arte6, no-

tadamente no que tange ao uso de imagens e no exercício e reconhecimento de um “pensamento por imagens” para a pesqui- sa em arte. Para esta reflexão, recorre-se à pesquisa bibliográfica sobre a pesquisa em arte, concentrando-se muito especialmen- te nas abordagens sobre a imagem basea- das no trabalho do historiador da cultura alemão Aby Warburg (1866-1929) e do his- toriador da arte contemporâneo Georges Didi-Huberman; discorre-se sobre o uso das reproduções de obras de artes como fatores que transformaram a pesquisa em arte a partir de André Malraux e o conceito de “Museu Imaginário”; reforça-se a ideia de “pensar desenhando” em Leonardo da Vinci, para, por fim, refletir sobre Mapas Mentais realizados por estudantes de gra- duação em Artes Visuais como parte do processo de pensar o projeto de pesqui- sa a ser desenvolvido como Trabalho de Conclusão.

No documento Ebook Educacao Sociedade (páginas 59-62)