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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.2 PROJETO CATADOR DAS ÁGUAS – UMA ALTERNATIVA PARA

5.2.1 ENTREVISTA COM O SECRETARIO MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE

SÓLIDOS E EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESCOLAS RIBEIRINHAS DE ABAETETUBA-PA.

A entrevista foi realizada no prédio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMEIA), onde o Sr. Jairo compartilhou informações de grande relevância e interesse para a pesquisa. O mesmo deixou claro que sua função na secretaria era o de executar e fazer executar todos os atos necessários à proteção, conservação e recuperação do meio ambiente do município, nesse sentido uma das prioridades da secretaria é o de desenvolver projetos voltados para a resolução do problema do acúmulo dos resíduos sólidos no município, principalmente nas ilhas de Abaetetuba. Nessa ocasião soube-se da existência de um projeto chamado ―Catador das Águas‖, que consiste na coleta seletiva de resíduos sólidos em algumas comunidades ribeirinhas do município, onde é realizado o processo de prensagem e reciclagem do material.

O objetivo desse projeto, segundo o secretário, é de contribuir para a preservação do meio ambiente ribeirinho, minimizando o despejo inadequado dos resíduos sólidos nas comunidades e ajudar na renda extra dos cooperados. A sede do projeto está localizada no Rio Urubueua Cabeceiras (Figuras 23 e 24), onde o material é coletado em bares e sedes dançante, mediante autorização para o funcionamento dos mesmos, e em seguida é realizada uma triagem do material (Figura 29) pelos 16 cooperados que fazem parte do projeto, já capacitados para o trabalho, após os resíduos são destinados à unidade de triagem de materiais

recicláveis do município de Abaetetuba, onde é feita a prensagem e posteriormente levados a Belém para a comercialização.

De acordo com as informações do secretário, o projeto ainda está em fase inicial e atende somente 13 comunidades que formam o polo, mas o objetivo é chegar a todas as outras, nesse caso nas 59 comunidades que formam a chamada região das ilhas. No que se refere à coleta do lixo domiciliar, ela abrange as áreas urbana e rural do município, nesse último caso as localizadas nos ramais, somando um total de 50 comunidades.

Sobre a existência de algum departamento na SEMEIA que trata da EA o secretário afirmou que o Departamento de Educação Ambiental (DEA) está responsável por este setor. Ele informou ainda que através de projetos como Ciclo de Palestras do DEA, Projeto Sorria Beja, Projeto de Arborização da cidade, Programa Educação Ambiental nas escolas, em parceria com a ONG Rádio Margarida, Projeto Caminho Florido, foram 40 escolas do centro da cidade que conheceram sobre o tema.

Sobre o fato de existir projetos de EA voltados especificamente para alunos de escolas ribeirinhas do município, soube-se que através do programa ―Ciclo de Palestras‖ realizado pelo chefe de departamento ambiental do SEMEIA, foram realizadas em 2017 palestras em 14 ilhas do município sobre o tema Educação Ambiental. Além disso, o projeto ―Catador das Águas‖ tem como uma de suas metas, trabalhar a EA com as famílias e alunos das comunidades através do manejo adequado dos resíduos sólidos e a coleta seletiva dos mesmos. De acordo com o Sr. Jairo ainda não houve nenhuma capacitação específica em EA para os professores da rede municipal, pois a secretaria de educação sinalizou com a possibilidade de realizar um treinamento sobre o tema, porém o curso ainda não ocorreu, assim como a distribuição de kits de educação ambiental. Desse modo podemos depreender que não há material didático específico para trabalhar a EA nas escolas ribeirinhas do município, pois o DEA possui somente material das palestras.

Considerando as respostas do secretário, no que se refere ao problema do resíduo sólido acumulado na região das ilhas de Abaetetuba, apesar de existir um projeto voltado a reutilização dos mesmos através da coleta seletiva em determinados pontos de incidência de maior acúmulo desse material, como as sedes dançantes, notamos que apenas algumas comunidades são comtempladas com essa ação, somente 13 delas. O município é composto de 72 ilhas, mais de 50% dessas comunidades ficam desassistidas desse projeto, isso quer dizer que os problemas continuam a existir na maioria delas. Apesar de o secretário afirmar que as demais serão comtempladas, esse é um processo gradativo, pois desde o seu planejamento até a execução nas primeiras comunidades passaram-se dois anos.

Outra questão a ser analisada é que a coleta domiciliar do lixo não beneficia as ilhas, que também fazem parte do quadro rural do município, somente os ramais e o centro urbano desfrutam do serviço. O entrevistado comenta que o projeto ―Catador das Águas‖ pode ser entendido com esse mesmo propósito, porém no contexto de seus objetivos centrais não serão todos os resíduos sólidos utilizados para a reciclagem, pois na triagem da sede da AMUCA, os resíduos que serão encaminhados para a reciclagem são selecionados, os demais deverão ter o mesmo destino o qual já conhecemos. Recentemente os moradores ribeirinhos fizeram protesto contra o acúmulo de lixo nas ilhas pedindo providências do poder público, eles levaram sacolas de lixo e despejaram em frente à prefeitura em sinal de seu descontentamento (Figuras 30 e 31).

No que se refere à Educação Ambiental nas comunidades, percebe-se que, as palestras e projetos voltados para o tema abrangeram 14 ilhas e isso já faz algum tempo: em 2017, o que nos faz refletir que as demais localidades praticamente desconhecem ou conhecem pouco sobre esse tema. Nas três comunidades selecionadas para a pesquisa, a maioria dos alunos e das famílias que participaram da pesquisa informou que houve pouca ou nenhuma palestra sobre esse tema no lugar onde mora, a atenção maior da aplicação da EA é mais para trabalhada nas escolas das áreas urbanas.

Apesar de a palestra ser presidida por técnicos representantes da SEMEIA, através do DEA, acredita-se que os professores deveriam ser os primeiros a serem capacitados pelo seu convívio diário com os alunos, segundo a lei municipal de meio ambiente no Título VI art. 77º e 78º. Os que vivem e presenciam a realidade ribeirinha diariamente deveriam ser prioritários na capacitação, já que os alunos das ilhas apresentam características peculiares. O secretário não forneceu previsão de quando haveria essa capacitação, nem da produção de material específico de Educação Ambiental para as populações ribeirinhas adequadas a sua realidade local, também não há previsão de quando haverá visitas de representantes do DEA nas demais localidades.

Figura 29 – Traigem dos resíduos sólidos. Fonte: SEMEIA 2017.

Figura 30 – Protesto dos ribeirinhos contra o acúmulo de lixo nas ilhas.

Fonte: SEMEIA 2018.

Figura 31 – Lixo despejado em frente a prefeitura. Fonte: próprio da autora.

5.3 CONTEXTO

SOCIOECONÔMICO

DAS

COMUNIDADES