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Complexo de Treinos do Vitória Sport Clube, 16/10/2009

Fernando Festa (FF) – Dentro dos factores de rendimento (físicos, tácticos, técnicos e psicológicos), existe algum preponderante na sua metodologia de treino?

Paulo Sérgio (PS) – Na minha ideia não faz sentido hierarquizar a importância de cada um dos componentes, atribuo a mesma importância a cada um deles.

FF – No treino estes factores são contemplados de uma forma integrada ou prefere separar cada componente?

PS – A exigência da competição é integrada em cada movimento executado logo faz todo o sentido que seja treinado dessa mesma forma, integrada. Apenas desintegro os factores de rendimento para proceder a algumas avaliações.

FF – O que entende por Modelo de Jogo? O que é para si jogar bem?

PS – O Modelo de Jogo é o todo, engloba o sistema ou sistemas tácticos, princípios e sub-principios ofensivos e defensivos, modelo de treino (exercício) e até o modelo de jogador a escolher (sempre que possível).

No treino por vezes sectorizamos para chegar ao todo. penso que quando fazemos trabalho por sectores devemos integrar depois para que faça sentido e verificar o produto final.

Atacar com organização (equilíbrio, com coberturas) permite-nos estar melhor preparados para defender no momento de perda da posse de bola e vice-versa

A N E X O S

(defender com boa organização permite uma mais facilitada saída para acções ofensivas)

FF – “As situações de risco/golo ocorrem, maioritariamente em situações de transição.” Comente a expressão?

PS – Eu concordo com esta perspectiva uma vez que no momento em que acontece uma transição ofensiva está associado uma menor organização do adversário, que se encontrava em posse e com a equipa projectada em amplitude e profundidade de posicionamento. Assim, as equipas tentam tirar partido destes mesmos momentos assim que recuperamos a posse (através de contra ataques e/ou ataques rápidos) devido ao espaço que dispomos.

FF – Atacar e, em simultâneo, contemplar uma possível perda de bola é para si preparar uma melhor transição defensiva ou não confiar nas acções dos jogadores a nível ofensivo?

PS – É preparar as melhores condições para que se não conseguirmos avançar termos condições para tirar a bola dessa mesma zona, e se a perdermos poder pressionar para a recuperar imediatamente.

FF – E quantos jogadores são necessários para efectuar esse equilíbrio?

Isto é… quantos jogadores, apesar de terem funções no ataque da equipa, não podem incorrer em movimentos muito adiantados para não deixar a equipa descompensada atrás?

PS – Um médio de cobertura e três defesas

FF: Os jogadores que fazem esse equilíbrio são sempre os mesmos? Como os posiciona?

A N E X O S

PS – O médio pode variar se estiver a jogar com dois médios de cobertura e. O defesa lateral fica o do lado contrário do corredor em que estou a atacar e os centrais ficam sempre.

FF – A forma como eles estão organizados nos equilíbrios é importante. A eficácia dos equilíbrios não está dependente da forma como defendem (zona, individual ou homem-a-homem)?

PS – O método defensivo praticado tem influência na qualidade dos equilíbrios. As tarefas a desempenhar devem estar associadas a um espaço, a um tempo e não a uma pessoa, qualquer atleta deve saber reagir consoante o tempo e o espaço em que se encontra.

FF – Mourinho refere que “uma equipa com uma filosofia muito ofensiva deve ser ainda mais forte na transição defensiva, caso contrário, pode ter muitos problemas defensivos.” Concorda?

PS – Sim, concordo com a afirmação de Mourinho, inteiramente.

FF – Quais são os comportamentos que pretende quando a sua equipa perde a posse de bola? (Transição Alta, Pressão Imediata ou recuo? Individual, por Grupos ou sectores, Colectiva?)

PS – Devemos também estar preparados para reagir rapidamente, sabendo recuar, fazendo contenção no portador da bola, no fundo não nos deixarmos eliminar condicionando a manobra ofensiva do adversário até podermos recuperar a posse.

FF – A transição é diversa em função da zona de perda da posse de bola, do adversário ou do momento do jogo?

A N E X O S

PS – A transição é diversa em função do que foi a decisão do adversário no primeiro momento assim que passou a ter a bola.

FF – E em função do local onde a equipa perdeu a bola? Os comportamentos pretendidos são os mesmos se perderem a bola no terço de terreno mais adiantado e no terço de terreno mais recuado, por exemplo? E em função do momento do jogo? Esses comportamentos também não variam se estiverem a ganhar ou a perder um jogo?

PS – É obvio que esses factores influenciam, há que saber reagir a cada momento do jogo quer táctica quer estrategicamente.

FF – Um outro aspecto que diversos autores classificam como fundamental é a «mudança de atitude» nestes momentos de alternância da posse de bola. Qual é a sua opinião?

PS – Se não houver esse click deixa de fazer sentido falar em transição.

FF – “Com a defesa ao homem a eficácia das transições está comprometida porque o posicionamento dos jogadores não será o ideal porque estará condicionado pelo adversário.” Comente esta frase.

PS – Concordo inteiramente com esta citação.

FF – Não pensa que, por mais que se preocupe com o equilíbrio defensivo quando ataca, se quando a sua equipa perder a posse de bola for defender homem-a-homem, esse equilíbrio fica comprometido?

PS – Penso que o método defensivo referido é o que menor equilíbrio nos permite porque o nosso posicionamento depende daquele que o adversário adopte.

A N E X O S

FF – Os padrões comportamentais que pretende no momento de transição ataque-defesa têm relação com a forma como pretende jogar em organização defensiva?

PS – Logicamente eles têm que estar relacionados. Mas considero que é possível de realizar uma transição com tentativa de pressão alta que se for falhada, tens que saber recuar fazendo contenção, temporizar para que a equipa se reagrupe organizando-se defensivamente em bloco baixo.

FF – O treino é um processo de ensino-aprendizagem entre equipa técnica e jogadores. Os comportamentos a tomar nas transições têm particular foco nos seus treinos?

PS – Sim. Como tudo o resto, eu só treino o que acontece ou penso que acontece em jogo.

FF – Um treinador referiu que muitos treinadores treinam organização ofensiva e organização defensiva mas quase não treinam transições, daí a maior desorganização das equipas nestes momentos. Concorda?

PS – Talvez concorde, mas mesmo treinadas serão sempre um momento crítico.

FF – As transições são operacionalizadas em algum dia em especial?

PS – Operacionalizamos nos treinos de organização táctica com incidência na velocidade.

FF – Isso, reportando-nos a um microciclo normal (domingo – domingo), acontece a que dia da semana?

A N E X O S

FF – O treino específico dos comportamentos ligados às transições é interligado com a organização ofensiva ou prefere uma forma mais analítica? Explique.

PS – Sempre integrado ou seja na forma que nos aparece em competição.

FF – Alguns treinadores afirmam ser mais difícil treinar a transição ataque- defesa pelo facto dos jogadores gostarem mais de trabalhar quando têm a bola e por isso a mudança de atitude não é, de uma forma natural, tão rápida como na transição defesa-ataque. Qual é a sua opinião?

PS – Concordo, apesar de por vezes na transição ofensiva logo após a recuperação da bola, haver jogadores que a primeira ideia seja jogar seguro sem que tenha detectado uma excelente possibilidade de sair para o ataque. Na transição defensiva temos que estar super concentrados para estimularmos esse comportamento até que se torne uma boa rotina.

FF – Complementando a questão anterior pensa que o momento de perda da posse de bola se trata de um momento essencial para se defender bem e, como tal, carece de ser treinado insistentemente?

PS – Sim. Quando detemos a posse de bola, avançar pelos corredores laterais até à zona de finalização parece-me o mais seguro. Servirmo-nos do corredor central para mudar o ângulo de ataque e finalizar ou preparar a finalização. O perigo maior adjacente às perdas de bola verifica-se quando estas acontecem em transição ou em zona proibida (corredor central baixo).

A N E X O S

Anexo 5