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2.4.5 – Operacionalização – o Treino para o Jogo – dos momentos de transição

3.8. Justificação do sistema categorial

De acordo com o quadro teórico seguido na revisão bibliográfica e tendo em conta os objectivos a propostos neste trabalho, definiram-se três categorias essenciais:

C1 – Factores de Rendimento no Futebol C2 – Modelo de Jogo

C3 – Transição ataque-defesa

Para além desta divisão principal, a categoria da transição ataque- defesa foi ainda compartimentada em diversas subcategorias. Esta divisão permite assegurar que o conhecimento que colhemos da categoria em questão tem a profundidade e o alcance desejados.

C A M P O M E T O D O L Ó G IC O

Assim, procurar-se-á, de seguida, justificar e enquadrar os conceitos subjacentes às três categorias da análise.

C1 – Factores de Rendimento no Futebol

Queiroz (1986), Pinto (1988), Garganta (1997) e Castelo (2002) avançam com a existência de quatro factores do rendimento principais no futebol – o físico, o técnico, o táctico e o psicológico – teoria que é unanimemente aceite no universo futebolístico.

Tendo em conta o explanado na revisão bibliográfica, considerou-se a dimensão táctica como a supra-dimensão do Futebol, perspectiva suportada por Frade (2006) e Guilherme Oliveira (2004). Assim, o que se procurou identificar nesta categoria é a existência de alguma hierarquização destes factores do rendimento por parte dos treinadores. Isso fará com que se entendam as bases metodológicas de todo o raciocínio dos treinadores, que por sua vez ajudará a perceber melhor algumas respostas seguintes e até ajudar nalguns desvios na condução das entrevistas.

C2 – Modelo de Jogo

Ao relacionar as ideias dos treinadores, a sua comunicação aos jogadores, o tipo de jogadores preferidos, a metodologia de treino utilizada, os padrões de comportamento pretendidos para os jogadores em cada momento de jogo… em tudo isto e muito mais, procurou-se caminhar para o entendimento do Modelo de Jogo em vigor nas equipas.

Desta forma é importante que percebamos que o «jogar» de uma equipa é um processo que se constrói gradualmente. A organização colectiva provém do Modelo de Jogo implantado.

Gaiteiro (2006: 91) classifica-o como uma “manifestação táctica, que se revela numa organização, com determinada densidade de coisas, com determinadas regularidades que fazem com que, tanto a defender como a atacar, se verifique a sinergia colectiva.”

C A M P O M E T O D O L Ó G IC O

Sabemos que uma equipa de futebol, quando organizada, e apesar das inúmeras situações com que os jogadores se deparam no jogo, apresenta algumas regularidades que se constituem como hábitos do seu jogo colectivo. Assim, mesmo no aparente caos organizacional de um jogo de futebol, encontram-se padrões de comportamento expressos pelos jogadores no jogo.

Para Jesualdo Ferreira (2003), actual campeão nacional, o êxito desportivo estará tão próximo quanto melhor uma equipa dominar os princípios de jogo e quanto melhores jogadores tiver (dentro desta perspectiva do domínio dos princípios de jogo).

Esta é, então, considerada uma grande categoria dado que o conceito de Modelo de Jogo assume uma abrangência e uma complexidade de fracções sem par no âmbito do Futebol.

Para que melhor possamos conhecer, articular e explanar as ideias dos treinadores, em particular dentro da temática central deste trabalho – as transições ataque-defesa –, a percepção acerca de pontos-chave do seu Modelo de Jogo é essencial.

Na análise aos dados relativos ao Modelo de Jogo, procurar-se-á entender como os treinadores pretendem colocar a sua equipa a jogar, verificar a existência de princípios de jogo que norteiem cada um dos momentos de jogo, com destaque para a transição ataque-defesa, e testar a harmonia existente entre os princípios dos diferentes momentos de jogo.

C3 – Transição ataque-defesa

SC3.1 – Importância dos momentos de transição SC3.2 – Equilíbrio defensivo em organização ofensiva

SC3.3 – Padrões comportamentais da transição ataque-defesa SC3.4 – Relação com a organização defensiva

SC3.5 – Treino das transições

A terceira e última categoria comporta o tema principal do trabalho, a transição ataque-defesa que, na categoria anterior já se procurou ver integrada num conceito de jogo colectivo.

C A M P O M E T O D O L Ó G IC O

Perante a problemática de focar diversos aspectos relacionados com o tema central viu-se necessidade de sectorizar esta categoria em cinco subcategorias. Considerou-se esta divisão importante para um melhor esclarecimento temático mas no plano prático todas as subcategorias completam-se e relacionam-se.

Nos aspectos relacionados à importância dos momentos de transição (SC3.1) tentou-se diagnosticar se os treinadores valorizam estes momentos e se os consideram importantes para criar desequilíbrios nos adversários e consequentemente chegar ao golo.

Na SC3.2, equilíbrio defensivo em organização ofensiva, percebeu-se se os treinadores estão a contemplar a possível perda de bola a partir do momento em que a recuperam, quantos jogadores por regra entram nesse equilíbrio defensivo, quais são de acordo com os seus postos específicos e se estão posicionados em função do espaço de jogo ou em função do adversário.

Reportando aos padrões comportamentais da transição ataque-defesa (SC3.3), avaliaram-se as fragilidades existentes no momento de perda da posse de bola, o tipo de reacção (individual, grupal ou colectiva) preconizada para esse momento, as variáveis inerentes à zona onde se perdeu a bola, ao adversário e ao período do jogo e o «pormaior» da mudança de atitude.

A identificação com um padrão de jogo defensivo (homem-a-homem, individual ou zonal) foi o aspecto central da relação com a organização defensiva, SC3.4.

Por último, mas não menos importante, “viajamos” para a dimensão do terreno, a operacionalização na SC3.5 – o treino das transições. Neste ponto os treinadores foram questionados sobre a incidência com que treinam as transições em comparação com os momentos de organização defensiva e ofensiva, se reservam algum dia em particular num microciclo normal para o treino destes aspectos, se procuram exercícios integrados com outros momentos de jogo ou se procuram situações mais analíticas e se consideram os comportamentos pretendidos nas transições defensivas mais difíceis de ser assimilados comparativamente com as transições ofensivas.

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