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Capítulo IV – Fundamentação Metodológica da Investigação

3. Técnicas de Investigação

3.2 Entrevista Semi-estruturada

A entrevista, assentando em conversas intencionais, deve ser pensada e estruturada pelo investigador, que neste caso assume também o papel de entrevistador. O principal objetivo que este deve ter em mente é a obtenção de informação relevante para a sua investigação/estudo. Corroborando esta perspetiva Erasmie & Lima (1989, p.85) consideram que através da entrevista podemos “obter informações sobre crenças, opiniões, atitudes, comportamentos do entrevistado

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relativamente a certas questões ou matérias”. Além destas perspetivas Tuckman (2002, p.517) realça que

“as respostas de cada uma das pessoas vão reflectir as suas percepções e interesses. Dado que as pessoas diferentes têm também diferentes perspectivas, pode emergir assim um quadro razoavelmente representativo da ocorrência ou ausência do fenómeno e, desse modo, propiciar-nos uma base para a sua interpretação”.

Nesta medida, indo ao encontro da afirmação de Yin (2005, p.116) a entrevista pode ser então “uma das mais importantes fontes de informação para um estudo de caso”. No entender da autora, Judith Bell (1997, p.118) “A grande vantagem da entrevista é a sua adaptabilidade. Um entrevistador habilidoso consegue explorar determinadas ideias, testar respostas, investigar motivos e sentimentos, coisa que o inquérito nunca poderá fazer”.

Porém, apesar de ser uma técnica através da qual o investigador pode adquirir “informações privilegiadas”, o processo de interação entre o entrevistado e entrevistador nem sempre é fácil. O entrevistador assume um papel fulcral, uma vez que, este tem de conduzir a entrevista de forma natural, permitindo que o entrevistado se sinta à vontade para falar livremente, expondo a sua opinião sem reservas. De acordo com a perspetiva de Quivy & Campenhoudt (2005, p.192) importa ainda realçar que o entrevistador deve assumir uma postura “continuamente atento, de modo a que as suas intervenções tragam elementos de análise tão fecundos quanto possível.”

Segundo Bogdan e Bicklen (1994, p.135) esta técnica está organizada em dois tipos de entrevistas, a estruturada e não estruturada. Referimo-nos a entrevistas estruturadas quando estas seguem um esquema rígido, que foi realizado antecipadamente. Neste caso o entrevistador apenas reproduz integralmente o guião, sem margem para improvisos ou colocação de outras questões. Além disso, neste tipo de entrevista, tendo esta um caráter fechado nas questões, à partida as respostas também o serão, conduzindo assim para uma estandardização de respostas. No que diz respeito às entrevistas não estruturadas, contrariamente às estruturadas, o entrevistador tem mais alguma liberdade na condução da sua entrevista, isto é, nesta o entrevistador orienta a entrevista como achar mais conveniente tendo em conta o decorrer da entrevista. As questões neste caso são geralmente apresentadas com uma construção mais aberta, o que permite ao entrevistado a possibilidade de explorar as questões e exprimir a sua opinião e posição livremente.

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Além desta perspetiva dos dois tipos de entrevistas Wragg (1984) acrescenta uma nova forma de entrevista. Este propõe três tipos de entrevistas: as estruturadas, as semi-estruturadas e as não estruturadas. Para este autor as entrevistas estruturadas são semelhantes à técnica de inquérito por questionário, ou seja, detêm um guião definido, tal como Bogdan e Bicklen (1994) o explicitaram anteriormente. No que diz respeito à entrevista não estruturada, para este autor (Wragg, 1984) pode ser designada de entrevista em profundidade, uma vez que o entrevistador conduz a entrevista de forma a permitir grande liberdade aos entrevistados. A novidade proposta por este autor são as entrevistas semi-estruturadas, que oferecem uma maior extensão nas respostas dos entrevistados. Porém, geralmente esta detém um guião não fechado e rígido antecipadamente preparado com questões que coloca a todos os entrevistados.

No decorrer desta investigação o tipo de entrevista que realizamos tem assim uma orientação semi-estruturada, pois estas permitem a possibilidade da construção de um guião, com perguntas- guia, de ordem variável, havendo a possibilidade de a qualquer momento se colocar novas questões, permitindo aos entrevistados falar abertamente sobre os temas (Quivy & Campenhoudt, 2005).

Estas entrevistas foram realizadas a três dos membros30 do Conselho Municipal de Educação, podendo contribuir para uma melhor compreensão da realidade, no sentido de perceber se o que está expresso nos documentos analisados se verifica. A compreensão mais aprofundada das relações entre o município e os agrupamentos de escolas.

Importa salientar que apesar das diversas tentativas de contacto e de algumas respostas positivas foram apenas realizadas três entrevistas. No início deste processo todos os diretores dos agrupamentos de escolas se mostraram disponíveis para contribuir para esta investigação. Porém à medida que o processo foi evoluindo e quando nos sentimos preparados para a realização destas entrevistas, em meados do mês de abril maio, com um conhecimento mais aprofundado desta realidade, acabamos por sentir alguma dificuldade. Procuramos não nos centrarmos em apenas nos diretores ou em alguns elementos do CME de “Amadia”, enviamos email a quase todos os representantes. No entanto, foram poucas as respostas que obtivermos Tivemos ainda a amabilidade de um dos representantes entrevistados se disponibilizar para falar com colegas que também era parte integrante deste CME, de forma a ter a oportunidade de ter um estudo mais rico, mas acabou por não se concretizar.

Apesar destas tentativas foram apenas três representantes entrevistados entre os meses junho e julho de 2018. Estes representam de entidades/organismos diferentes, isto é, o RP1 é Vice-

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Presidente da Federação de Associação de Pais, o RP2 é Vice-Presidente da Câmara de “Amadia”, bem como Vereador da Educação e por delegação do Presidente da Câmara é este que preside as reuniões do CME, por último, o RP3 é o Subdiretor ou Diretor Adjunto de um dos Agrupamento de Escolas.