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Entrevista semiestruturada com o sujeito da pesquisa

Para a realização da entrevista, inicialmente conversei com a professora, que, gentilmente aceitou participar. Agendei com ela no CEI “Estelinha”. Cheguei um pouco antes de ela iniciar seu trabalho para que pudemos conversar. A professora estava tranquila e tudo correu bem. Todas as respostas foram transcritas da forma como a docente respondeu. Seguem as perguntas e suas respectivas respostas. Optamos por deixar a entrevista no corpo do texto, uma vez que a professora foi sucinta em suas respostas.

1. Qual a sua área de formação inicial? Há quanto tempo você atua no Magistério? E na Educação Infantil? Qual a sua idade?

Fiz um curso técnico, antigo Cefam, concluído em 2001. Atuo na área desde 2006, sempre na Educação Infantil, pois descobri que me identificava muito com as crianças que estão nessa etapa da educação. Tenho 37 anos de idade. 2. Após sua formação inicial, houve investimentos em outros cursos de nível superior, como outra Graduação, Pós-graduação Lato Sensu ou Pós-Graduação Stricto Sensu, Cursos de Extensão ou outros? Quais? Você cursou Pedagogia?

Sim, tenho uma licenciatura plena em Biologia e uma Pós-graduação lato sensu em Educação Ambiental. Eu tinha muito interesse nessas áreas a princípio, porém gostei de atuar na Educação Infantil e estou com os pequenos até hoje. Optei por não cursar Pedagogia porque o curso realizado no Cefam me habilitou para trabalhar na Educação Infantil. Acredito que

aprendi bastante no curso do Cefam e ele foi essencial para a minha prática diária. Ao término do curso senti algumas inseguranças, o que acredito ser normal, porém estava ciente que ainda teria muito a aprender com a prática diária, mas me senti apta para trabalhar na Educação Infantil. Quando comecei a atuar, percebi que, diariamente estava aprendendo com as crianças. Da mesma forma que eu oferecia algo, igualmente recebia deles uma nova possibilidade, pois quando parece que já aprendemos tudo, aparece uma situação ou algo novo, então, precisamos nos readequar, reciclar e estar sempre disponível. Já tive interesse em realizar outras especializações voltadas para a Educação Infantil, por ser minha área de atuação, mas até o momento não foi possível.

3. Como a Literatura pode contribuir para crianças na faixa etária de 0 a 3 anos?

Ela contribui para a formação do hábito de leitura da criança, no desenvolvimento da fala, atenção e da imaginação.

4. Quais são os gêneros textuais que você utiliza no contexto da creche? Os gêneros que eu utilizo são: Contos, Fábulas, Lendas e Poesias.

5. Nos horários de Formação Continuada, a Literatura se faz presente? Discute-se como trabalhar os diferentes gêneros textuais com os pequenos?

Tivemos momentos para indicar livros que o CEI poderia receber de um programa do governo federal (se não me engano, PNLD). Na Educação Infantil, indicamos livros para ler para bebês e crianças pequenas. Nos horários de PEA, houve poucos momentos para discussão sobre Literatura com os pequenos.

6. Como e com qual frequência você trabalha a Literatura com as crianças?

Pelo menos uma vez por semana, sempre na “roda de história”, no tapete. Nas brincadeiras de faz de conta às vezes alguns livros ficam expostos, com o intuito de despertar o interesse, caso alguma criança queira ler. As crianças podem escolher o livro que quiserem e vão trocando de livro entre elas, se for preciso eu faço intervenção. Após a leitura de histórias, eu sempre disponibilizo vários livros para as crianças, porque elas gostam de ler, observar as ilustrações, incluindo o livro que acabou de ser lido que é sempre acolhido por elas.

7. As crianças pedem para contar histórias? Quais?

Sim, geralmente aquelas que já foram contadas pela professora e que eles já conhecem, despertam muito interesse. Mas também pedem alguns clássicos mais conhecidos por eles, como: Os três porquinhos, Lelé da Cuca, Douglas quer um abraço, O bebê maluquinho, Eu já sei contar: figuras geométricas, O sapo Bocarrão, entre outros. As crianças também gostam de histórias em que nos livros tem figuras de personagens como a de animais, bichinhos. Gostam de figuras de um modo geral e de narrativas com textos divertidos.

8. Qual é a sua dinâmica para trabalhar a Literatura com as crianças? Temos uma música que chama a turma para a contação de história, canto sempre com eles antes do início da história (“E agora minha gente, a história vai começar”...) e todos se sentam no tapete. Gosto das crianças juntinhas enquanto conto, e no decorrer da narrativa, vou fazendo alguns barulhinhos

ou gestos para parecer que saiu da história. Acho interessante ir mudando a voz à medida que os personagens vão surgindo. As crianças gostam, acho que isso faz parecer que a história é mais real. Após a leitura, quando pedem e/ou quando acho preciso, conto novamente. Depois conversamos sobre a história contada, sobre o tema, personagens etc. Lembramos dos cuidados que devemos ter com os livros, como não rasgar, não jogar, não colocar na boca; finalmente, coloco sobre o tapete “o livro do dia” e outros exemplares, para que todos escolham livremente qual leitura vão fazer. Às vezes nos organizamos para que a criança que demonstrar interesse por alguma leitura possa ler para todos os colegas da sala. A criança faz a leitura ao seu modo, mas quando isso acontece é muito bom, porque mostra o interesse da criança logo cedo pelo livro.

9. Como é o acervo de livros da creche? Como foi construído?

Cada sala tem o seu acervo, formado por livros de programas de incentivo à leitura do governo federal. Outras obras são adquiridas pelas professoras de modo pessoal. Quando as professoras adquirem um livro novo, muitas vezes uma indica um livro para a outra, ou acontece empréstimo de livros entre elas. Essa troca é muito positiva, visto que é possível ter um leque maior de leituras.

10. Os familiares participam das leituras com as crianças? Como? Na nossa sala, este ano não.

As perguntas seguintes foram realizadas posteriormente ao questionário acima.

11. Nos dias em que estive no CEI para as observações notei que a escolha dos livros foi feita por você. Por quê?

Normalmente, deixo as crianças escolherem os livros para a leitura do dia, mas nos dias em que aconteceram as observações, achei que seria interessante escolher os livros de Literatura infantil que tivessem uma linguagem simples, mais voltada para as crianças daquela faixa etária. Dessa forma, estimularia a criatividade e a imaginação dos pequenos. Também fiz a escolha por causa das imagens, por despertar muito a atenção das crianças. Ao escolher os livros ao invés de deixar as crianças fazerem essa escolha, não foi com a intenção de tirar a autonomia delas, porque costumo deixar que os pequenos escolham as leituras; contudo, a escolha deu-se porque naqueles dias achei que seria interessante que eu fizesse, em virtude de suas observações como pesquisadora. Em momentos dirigidos, a escolha da Literatura deve ser feita pelo profissional, pois existe um objetivo pedagógico envolvido.

12. Os gêneros que trabalha são os Contos, Fábulas, Lendas e Poesias, porém nos dias em que estive no CEI, você fez a leitura de livros de Literatura infantil que eram mais voltados para as histórias, não necessariamente histórias já conhecidas e consagradas. Por quê?

Eu gosto bastante de histórias de todos os gêneros. Sei que essas narrativas mexem muito com a imaginação, atenção e nos mostra várias possibilidades, seja nas conversas ou até mesmo com atividades que podem ser desenvolvidas posteriormente com as crianças. Contudo, já havia lido os livros que foram escolhidos, e por conhecer a minha turminha, acreditei que eles gostariam. As histórias tinham relação com aquilo que eles gostavam, pois os textos eram de narrativas divertidas e tinham muitas figuras bonitas e de cores fortes. Dessa forma, sei que despertaria o interesse deles, proporcionando várias conversas no decorrer das leituras, e, geralmente,

quando a história terminava, eles pediam para eu ler novamente; eles sempre fazem isso de pedir outra vez.

13. Na sua opinião, a Literatura deve ser trabalhada com ou sem finalidade pedagógica?

Acredito que existem as duas possibilidades quando trabalhamos a Literatura em sala. A Literatura, para mim, é um encantamento, e ela pode aproximar o mundinho das crianças com a realidade, pode despertar um monte de sensações em quem está lendo e/ou ouvindo. Pode despertar conversas muito interessantes e muitas perguntas podem surgir, ou pode ser que também não surjam perguntas e eles só ouçam. A Literatura pode ser oferecida apenas pelo prazer de contar e saber que as crianças vão gostar de ouvir; nesse caso, não precisa de nenhum objetivo pedagógico envolvido, é o prazer em ouvir por si só. Isso já é muito bom. Contudo, também acredito que a Literatura pode ser oferecida com finalidade pedagógica, pois, através do texto, podemos trabalhar conteúdos importantes, como, por exemplo: valores morais, éticos, situações de forma geral que envolvem a vida das crianças e muito mais. Os textos literários possibilitam isso, podemos trabalhar muitas coisas, por isso, devemos aproveitar essas oportunidades. Muitas vezes é mais interessante apresentar uma narrativa e depois conversar com as crianças do que ficar falando de um determinado assunto que para eles pode parecer chato. Então, acho que a Literatura pode ser trabalhada apenas por seu caráter lúdico e pela arte que ela oferece e/ou pode ser oferecida por motivos didáticos.