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7 ANEXOS

7.5 Entrevistas orais

7.5.1 Seu C. – Homem – 76 anos

Eu nasci em Araucária, no dia 15 de janeiro de 1938. (...)434 O ginásio eu fiz em Curitiba, no Colégio Iguaçu e o curso técnico em contabilidade também no Colégio Iguaçu. Não conclui o curso de ciências políticas. Em Monte Alegre foi o meu primeiro emprego. Foi e ali permaneci por 35 anos.

Em Monte Alegre já residia uma irmã minha, aliás, uma irmã e um irmão, e eu vim passar umas férias aqui e fiquei gostando. E quando era pra eu retornar, depois de acabada as férias, o meu cunhado me convidou pra ver se eu queria trabalhar aqui em Monte Alegre. Teria uma vaga no hospital, na Organização Montealegrense de Saúde. E como eu tava me formando em técnico em contabilidade, eu aceitei a vaga justamente pra técnico em contabilidade. Foi assim que eu vim pra Telêmaco. Pra Monte Alegre, depois Telêmaco.

Onde eu trabalhava era uma organização médico-hospitalar-farmacêutica. Então eu fiquei responsável pela parte contábil e depois quando eu passei para a ORMASA mesmo, que era a cabeça das três firmas, aí assumi mais a parte de finanças: fui gerente financeiro da firma. Ali eu trabalhei de 1958, começo de 58, até... 35 anos eu fiquei ali, até me aposentar.

Bem, Monte Alegre começou... Começou a desenvolver Monte Alegre... era Cidade Nova... Começou a ser criada Cidade Nova e segundo a gente conhece a história, essa parte de Cidade Nova pertencia a um dos membros da Klabin, que era o Horácio Klabin, sócio também da empresa. Aí, parece que repartiram: Horácio Klabin ficou com a parte de Cidade Nova e aí começou a cidade. Os moradores de Harmonia, de Monte Alegre, que eram funcionários da Klabin. Como tava crescendo muito o número de funcionários, entenderam que precisava diminuir um pouco a população lá. Então começaram a vender lotes aqui, o Horácio Klabin vendia os lotes, e a Klabin dava o material: casas pra desmontar e montar aqui. E aí foi crescendo Cidade Nova e o tempo desenvolvendo naturalmente como foi, se criou a mentalidade de que deveria se tornar município. E foi quando começou a luta aqui pelo município. Eu sei muito pouco da história antes dos Klabin. (...) Eu conheço a história através de livros. Tem livros como o da dona Hellê, que ela escreveu, e tem o livro também... Eu até tenho esses livros, o do Ribas de Carvalho, que escreveu do começo, do André Coraiola...

Eu gostava muito de ler o jornal O Tibagi. Inclusive, às vezes colaborava publicando algumas colunas. E quando eu cheguei aqui eu me envolvi muito na questão do esporte

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também, do rádio. E O Tibagi nós éramos parceiros, a Rádio Monte Alegre e o jornal O Tibagi. Lia muito O Tibagi, gostava de O Tibagi e lamentei profundamente quando acabou o jornal O Tibagi. Ter um jornal em Monte Alegre era de suma importância, primeiro porque divulgava nossa ci... Divulgava Monte Alegre, não era cidade ainda. Divulgava, levando para todo o Paraná – porque não, né? – o que acontecia por aqui. E era também um meio de... Da família ficar conhecendo um pouco mais entre si, entre os moradores, sabendo as notícias. Às vezes, sem saber, ia conhecendo através do jornal O Tibagi. Achei fundamental e sempre achei que a imprensa é fundamental, né? De modo geral, eu sempre gostei de ler o jornal todo. Modéstia à parte, mas eu gosto muito de ler! Eu gosto muito, eu gostava de ler. Mas como eu estava muito envolvido com esporte, a página de esporte era a que mais me chamava atenção. Então, eu lia tudo, mas me dedicava mais à parte de esportes.

Eu percebia em grande parte dos meus amigos e familiares o hábito da leitura do jornal O Tibagi. Inclusive os meus colegas de rádio também, tudo gostava de ler o jornal também. Até servia o jornal O Tibagi pra programas de informações na rádio na época. Muitas notícias eram tiradas do jornal O Tibagi pra lá. As pessoas da comunidade liam bastante o jornal. Era um jornal que tinha... Era lido. Tinha bastante leitores. Era um jornal que era aguardado com expectativa assim... O dia da chegada dela pra gente poder ler.

Eu me lembro que a coluna da dona Hellê era muito lida. Tinha a do João Marenda, que era um dos encarregados, o gerente do jornal, também tinha a coluna dele. Outras partes também compunham o jornal, mas realmente essa dona Hellê eram matérias, as colunas dela, os artigos dela eram muito lidos.

Eu não lembro de matérias no jornal que falavam da história de Monte Alegre. Bom... No jornal publicavam alguns artigos da dona Hellê sobre isso, né? Mas eram também alguns artigos assim dela, né? Sobre a história de Monte Alegre, sobre como começou, etc.

7.5.2 Seu I. – Homem – 78 anos

Eu nasci em 04 de 02 de 36, em Espírito Santo de Dourado (MG). O meu (...) era lavrador e minha mãe (...) era do lar. Meus pais não tinham estudo. O meu pai era analfabeto de tudo. Eu tirei o primário completo, sabe? Nós não viemos pra Monte Alegre direto. Primeiro nós viemos pra Siqueira Campos e depois pra Ibaiti e depois pra Telêmaco Borba. Meu sogro tinha conhecimento já com algumas pessoas daqui e ele indicou pra nós vir arrumar serviço aí. Isso foi no ano de 57. Eu trabalhei... Eu fui encarregado de turma na fabricação de cloro, cloro e soda. Trabalhei 26 anos, até me aposentar.

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O que eu sei sobre a história daqui é que quando nóis chegamo aqui pertencia à Comarca de Tibagi. E eu... Muitas vezes tive que... Pra... Pra arrumar documento assim tive que ir em Tibagi. E depois a história de Telêmaco Borba começou com o jornal “O Tibagi”, com... Difícil... A turma de... O Coronel Telêmaco Borba era o fundador disso aqui, né? E ele teve, quando começou aqui... Picadas assim... Já tinha aqui em Telêmaco Borba. Então foi o começo da história de Telêmaco Borba sobre a função desse Telêmaco. Eu nunca ouvi falar que tinha índio por aqui. Quando eu cheguei aqui já não tinha mais... Pode ter aqui na Serra do Cadeado, mas aqui em Telêmaco Borba não.

Muito vago assim eu lia a história... A história no jornal “O Tibagi”. Era distribuído de graça na Klabin e eu pegava. Todo o dia, quando a gente saía da Fábrica, que chegava o dia deles entregar o jornal, aparecia na portaria o cara distribuindo o jornal. Eu levava pra casa. Algumas vez eu li, outras não. De quando eu li, gostava sempre do... De esporte, né? Falavam bem do esporte no tempo que tinha o C.A.M.A., né? E então falava do esporte. Mas eu li por... Por... Por assim... Por... Não se... Não era vício meu, mas tinha muita gente que lia, né? Pois era importante porque trazia a história de Telêmaco Borba, né? Completo. E eu sempre li, mas por esporte. Eu lembro de uma coisa: sempre tinha a história... A história ali, mas eu num... Num... Nunca cheguei a ler. Não tinha o hábito de ler.

7.5.3 Seu J. – Homem – 79 anos

Eu nasci em Ribeirão Vermelho do Sul, Estado de São Paulo, no dia 31 de agosto de 1935. Meu pai, ofício de carpinteiro (...). Minha mãe, doméstica, costureira profissional (...).Meus pais eram pessoas bem simples, bem... Sem uma formação. Naquele tempo não existia as facilidades que existem hoje da escolaridade. Eles tinham o primário, né? E ficou por ali. Mas minha mãe sempre foi uma mulher muito inteligente, muito dedicada, e meu pai, apesar de trabalhar no serviço rude, de carpinteiro, era um cidadão consciente, honesto e muito dedicado à família. E a escola da vida que ele teve, só faltou ele receber o diploma. Foi uma criatura maravilhosa! Sobre a minha escolaridade, no tempo da minha adolescência eu morei aqui em Monte Alegre, desde 1942, e não havia facilidade de estudo. Por exemplo, se eu precisasse depois da... De conclusão do primário precisasse ir para uma cidade, aonde pudesse cursar o Colegial – que na época era muito importante –, era muito difícil porque tinham despesas bastante grandes e meus pais não tinham posses. Infelizmente eu não consegui, eu não pude estudar mais do que simplesmente o primário. Mas é a história do meu

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pai: se a vida que eu tenho me desse diploma, eu estaria diplomado, porque graças a Deus tenho a escola da vida.

A minha carreira profissional começou em tempo bem recentes à minha adolescência, porque naquele tempo poderia... As pessoas podiam trabalhar. Hoje não, porque tem uma data limite que não pode trabalhar – o que a gente lamenta bastante, por isso que tem bastante bandido, bastante marginais por aí. Eu, então, fiquei somente na parte do colegial e fui trabalhar, como todo mundo da época, na Klabin. Meu primeiro emprego foi na gráfica da Klabin, quando tinha... 17 anos? Dezessete anos. Eu trabalhava no jornal O Tibagi. Eu entrei na gráfica como contínuo, na época eles falavam que os jovens que iam trabalhar na Klabin, menor idade, eram contínuos. Então, eu fui trabalhar na gráfica. Fazia a limpeza da gráfica e no dia de circulação do jornal O Tibagi eu entregava de porta em porta o jornal O Tibagi. Mas muito curioso, como sempre fui, eu fui me dedicando, junto com os amigos de trabalho, e em cada setor da gráfica eu sempre estava presente e consegui bastante conhecimento e acabei saindo de lá como impressor do jornal. Então, a minha dedicação ao trabalho foi coisa assim... Marcante, né? E depois da gráfica eu fui trabalhar na indústria, lá embaixo, na Fábrica. Fiquei ali até... Meus dezoito anos, depois fui para o exército. Eu optei pelo tiro de guerra na cidade de Itararé, que é vizinha da minha cidade de nascimento, né? Fiz o tiro de guerra. Voltando de lá, é... Fui pra Klabin – que eu estava de licença –, trabalhei mais uma temporada e me deu na cabeça de procurar outros caminhos, fora de Telêmaco... De Monte Alegre, e fui pra Mogi das Cruzes, aonde morava um tio meu. Lá fiquei um ano... Um ano e meio, até que recebi a notícia de falecimento do meu pai. Daí eu voltei pra cá, pra dar suporte à minha família, e fui trabalhar na... Na... Farmácia, inclusive na farmácia aonde um cunhado do Seu C. era o gerente, (...). E fiquei trabalhando ali mais dois anos. Eu sempre estive envolvido com rádio e quando eu trabalhava na farmácia, eu fazia free lance na rádio. E sempre adorei, porque quando moleque eu fazia animação de programa de auditório nos áureos tempos da Rádio Sociedade Monte Alegre, do saudoso professor (...). E eu tinha, eu e mais dois amigos, um trio, chamado (...), e a gente cantava todos os domingos (...). E, de repente, minha voz ficou oitavada, quando naquela fase da adolescência, e eu não alcançava mais as notas pra fazer a parceria de voz com os outros dois companheiros. Então, deixei de cantar. E o professor(...) me via ali acabrunhado do ladinho, porque sempre estava presente, e me chamou um dia lá: “Ei, cara, eu estou notando que você poderá me ajudar aqui no palco”. Eu disse: “Eu não sei como ajudar no palco. Fazer o que?” Ele disse: “Você vai... Eu vou fazer a parte de animação e você vai anunciar o nome de cada participante, dar o nome da música que ele vai cantar e o

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tom para o conjunto regional que vai acompanhar o candidato”. E fui... Primeira vez, primeiro domingo, segundo domingo, terceiro domingo, no quarto domingo, no ensaio – que eu direcionava o ensaio juntamente com as crianças – ele disse: “Se prepare que amanhã o programa é por tua conta!”. Responsabilidade. Bom, encarei aquilo com a maior expectativa e me dei bem graças a Deus. Fui aprovado e então eu passava a animar o programa (...) todos os domingos. E... voltei então. Continuei trabalhando na farmácia, até que eu recebi um convite do novo diretor da rádio, que... Saudosa memória, (...), irmão da Dona E.435, que me via ali também envolvido no programa de auditório, me chamou: “Você não quer participar do quadro de funcionários da rádio?”. Eu disse: “Eu não, eu não posso, tenho compromisso”. “Você faz o seguinte: vai fazer free lance. Vai um determinado horário, depois do teu expediente você faz então um determinado horário na rádio. Topa?”. “Topo”. E então comecei a trabalhar ali. De repente, ele me chamou: “Olha, agora já venceu a oportunidade do teste. Você pede a conta lá da farmácia, vem trabalhar definitivamente aqui. Você vai ser o programador da rádio e responsável por este programa, este programa e este programa”. Mais uma vez, muito entusiasmado, aceitei a ideia. Bom... Fiquei ali na rádio... Acho que uns três anos... É. Uns três anos... Depois é que eu fui pra Mogi das Cruzes, né? E quando meu pai faleceu, depois de dois anos, eu voltei pra cá pra dar suporte à minha família. Nesta fase de transição, que a minha mãe e meus irmãos... Eu assumi a responsabilidade da família. E o... Doutor... É... Não me recordo agora o nome dele, que era diretor da ORMASA... Doutor Paulo Rios Fernandes, que era o diretor da ORMASA, me deu oportunidade e o emprego na farmácia. E então eu encarei ali na farmácia. Daí depois é que eu fui pra rádio, né? E na rádio fiquei. Trabalhei na rádio 19 anos. A rádio mudou-se pra Cidade Nova, né? Depois desta fase eu me casei, construí minha casinha na Avenida (...) defronte ao (...) hoje, né? E... Trabalhei esse tempo todo na rádio. Até que apareceu uma oportunidade, caída do céu, de uma torrefação de café, uma indústria de torrefação de café. Eu, muito corajoso, analisei todos os detalhes e “dá pra encarar”, né? Minha esposa (...) ajudou bastante também, deu apoio, deu suporte. E nós compramos a torrefação. E eu, então, dividia o meu tempo entre a torrefação e continuava como subgerente da rádio, que nesta época o Doutor (...) era diretor, mas ele deixava tudo por minha conta. Eu é que fazia os contatos comerciais, eu é que mexia... Fatura, enfim, era o tipo de pessoa curinga pra ele, né? (...) Então a minha vida profissional prendeu- se nisto aí, né? Fiquei na torrefação de café 18 anos. Por circunstâncias e normas do IBC, que

435 Seu J. faz referência a outra colaboradora já entrevistada, a Dona E. Como ainda não foi assinado por ela o documento que permite a utilização de seu depoimento para fins científicos, esta entrevista não consta neste material de qualificação. Outras três entrevistas já foram realizadas e pelo mesmo motivo não serão aqui problematizadas.

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era o Instituto Brasileiro do Café, eu fui obrigado a optar: ou ficaria em Telêmaco Borba ou entraria numa empresa que estava sendo fundada em Londrina, aonde se formou uma cooperativa de 69 torradores de café, pra formar um grupo grande e forte. E eu entrei na COTAN. Inclusive, tem uma marca que me envaidece muito, que é marca nacional hoje da indústria que existe ainda em Rolândia: “Café (...)”. Era minha marca, nasceu aqui e eu tenho orgulho desta marca ser escolhida pra ser a marca nacional da empresa. E fiquei em Londrina dois anos e meio. Não deu certo que... Aconteceram diversos fatores, de abuso de poder econômico, de abuso de alguns companheiros e acabaram colocando em situação financeira um pouco suspeita e eu havia alertado, porque fazia parte da diretoria, porque a minha cota que era de 780 sacas de café/mês, que eu produzia, eu então era um dos associados com o maior número de cotas individualmente, então eu fazia parte da diretoria. E eu então alertei os companheiros de que nós estávamos extrapolando os limites que nós tínhamos e que dava dúvidas com relação ao futuro. Não sei se eu tava antevendo o que que aconteceu, mas dali uns oito meses aconteceu aquela geada forte que dizimou todo o cafezal do Norte do Paraná. Então, os estoques de café que a gente tinha diminuiu violentamente, em até 80%, e a gente não conseguia comprar café mais a preço de mercado, ficou tudo no câmbio negro. E eu, então, fui convocado, como os demais, pra injetar um pouco mais de capital pra que tivesse suporte para a compra de café, para que... O nosso crédito, inclusive, diminuiu, porque a oferta e a procura faz com que isso aconteça. Eu então... “Não, eu não vou colocar nenhum tostão a mais aí, eu não vou fazer sacrifício nenhum. A minha parte está à venda!”. Então, foi um tumulto violento entre os companheiros porque não queriam que eu deixasse, mas eu expus os motivos, né? “Eu não quero arriscar mais nada, vocês querem arriscar tudo, então, fiquem aí”. E teve um cidadão de Mandaguari e... Que era sócio também, que tinha torrefação, que tinha... É... 380 sacas de cotas. E ele perguntou: “Tu queres quanto pela tua parte?” Eu disse: “Bom, não vou dizer pra você quanto que eu quero agora, mas se você tem interesse, então vamos sentar pra conversar”. Ah, então foi aquele tumulto porque ninguém esperava que fosse aparecer alguém na hora e que quisesse comprar minha cota! Muito bem. Saímos dali e fomos pro hotel e esboçamos lá um planejamento de quanto é que eu queria e de quanto seria a entrada e acabamos fechando o negócio. E eu peguei o dinheiro e tinha um pouco de dinheiro ainda da minha parte pra receber da firma e a firma tinha comprado café americano e o café americano tinha um setor de frios e embutidos: mortadela, salsicha, presunto... E eu estava por dentro também daquilo ali, porque fui gerente durante seis meses, e então eu conhecia um pouco da... Daquela área, né? Então propus de comprar pelo valor que

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eu tinha pra receber da COTAN e comprar aquele equipamento. Comprei o equipamento, mudei o equipamento para uma... Uma estrutura que eu construí com câmara fria, com estufas, etc. e tal, e passamos pra lá. Lá eu não tive muita sorte, porque quando eu atingi o ponto X do meu projeto... Eu tinha 22 vendedores de frios, que vendiam no Norte do Paraná todo. Então estava exatamente na ponta daquilo que eu havia planejado. Aí então aconteceu que o... O Garrastazu Médici, que era o Presidente da República na época, cancelou o abate de gado no Brasil. Era só carne importada. Com isso aí houve uma dificuldade grande, porque industrializar carne natural, virgem é uma coisa e industrializar carne frigorificada é bem mais difícil. Dá pra fazer, mas tem uma série de detalhes que tem que ser observado. O que aconteceu? Eu tive dificuldade de conseguir comprar. Outros frigoríficos matavam o gado em regiões não apropriadas. Matavam suínos também. Então, se sustentando. E eu não consegui. Aconteceu que eu quase fui à falência. Até que apareceu um cidadão interessado, que ele já vendia frios do Estado de São Paulo e tinha um entreposto de vendas lá em Londrina. Como as minhas instalações eram muito boas, com câmaras frigoríficas, tudo certinho, ele se interessou, porque assim ele podia conservar os produtos que ele vendia em condições de mercado tranquilas. Daí, vendi pra ele e vim pra Telêmaco Borba novamente. Fui administrar um posto de gasolina de um amigo meu. Ali fiquei dois anos. Depois disso eu inventei de partir para o comércio. Daí a minha mãe tinha um... Tinha a casinha que a gente construiu no começo da minha vida, né? Ali na frente do (...). E eu, então, me instalei ali com uma loja de caça e pesca e artigos para presente. E ficou na história também o nome da loja: (...). Não sei se você tem lembrança, mas você é aqui de Telêmaco Borba... Mas já faz bastante tempo. (...) E fiquei ali (...) é... Quatro, cinco... Quatro ou cinco anos. Dali eu... Vendi a minha parte ali pro meu cunhado e vim trabalhar com a marcenaria que eu tinha aqui no fundo do quintal. Daqui eu fui pro Distrito Industrial, montei uma serraria, né? Arrumei um sócio. De repente não dei mais certo, o sócio comprou a minha parte; eu vendi pra ele. E nesse espaço de tempo veio a política. (...) Tive uma sorte muito grande porque montei uma estrutura de marketing político e que deu certo. Eles [os candidatos para quem trabalhou] fizeram uma votação extraordinária! Como eu estava já dentro do esquema, eu fui convidado a ser o Secretário de