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9.2 ENTREVISTAS DA SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE SÃO PAULO

08 – ESTUDO DE CASO MUNICÍPIO DE CAMPINAS

9.2 ENTREVISTAS DA SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE SÃO PAULO

É importante ressaltar que o sistema de agendamento nas unidades básicas de saúde de São Paulo é considerado um sub-sistema dentro de um sistema de informação mais abrangente que envolve a informatização dos cadastros de profissionais e usuários, os processos envolvendo o atendimento desde o nível básico, o atendimento de nível médio (especialidades) e o atendimento de alta complexidade (hospitais); além de incorporar os processos de gestão, regulação, auditoria, vigilância epidemiológica e faturamento (MEDEIROS e CORRAL, 2006). Outro aspecto importante a ressaltar é que o SIGA - Sistema de Informação para a Gestão do Atendimento em Saúde – utiliza algumas ferramentas software livre, como é o caso do JBOSS, um servidor de aplicação baseado e implementado na linguagem de programação Java. O sistema operacional utilizado nos computadores thinclients nas unidades básicas de saúde é o

Freedows, uma distribuição GNU/Linux desenvolvida e adaptada para utilização no

SIGA. Em outras palavras, o SIGA não é um sistema de informação em saúde com licença livre, apenas utiliza algumas ferramentas livres.

9.2.1 - EDUCAÇÃO

O primeiro critério utilizado para a análise foi a educação. A seguir alguns exemplos:

“Uma unidade de saúde que quer utilizar o software não precisa pedir licença para ninguém e nem pagar a mais por isso, é só fazer o treinamento, dar login e senha.” (entrevistado 2)

“eu acho que faltam informações sobre software livre para poder avaliar quais são as desvantagens. Tem, com certeza, essa vantagem, essa coisa prática que a gente vivencia. Talvez, a questão dos recursos humanos, mão-de-obra especializada para suporte e

manutenção mas eu acho não é uma desvantagem do software livre, porque outros sistemas proprietários também exigem uma qualificação de mão-de-obra, então eu

acho que não é específico do software livre. “ (entrevistado 2)

“ Sim, para marcamos uma consulta abrimos várias páginas, para o funcionário que

“Sim, recebi treinamento através da PRODAM, é uma pena, porque são muitos para

serem treinados, poucas vagas e poucos computadores, por isso alguns acabam

dividindo o mesmo computador e fica difícil de se concentrar.” (entrevistado 3)

“ ...quando o funcionário está bem treinado ele agenda rapidinho, mas como a gente

ainda tem funcionário que tem dificuldade, então passou a demorar, ser mais demorado.” (entrevistado 3)

“... o funcionário que está na fase de aprenderainda, porque a maioria que a gente tem

eles ainda se perdem um pouco, eles estão agendando daqui a pouco eles se perdem e voltam para o início.” (entrevistado 3)

“ ...Eu fui assim: um treinamento para aprender o sistema da farmácia, mas foi tudo

assim entrando no sistema, não foi falado o que é isso, se falou eu sinceramente não recordo agora não.” (entrevistado 3)

“...nós tivemos o treinamento com o estagiário de informática daqui da UBSe também

do AMA que passou pra gente o treinamento.” (entrevistado 4)

“Tem, mas sem o software é o seguinte: como o software é livre para gente tá usando(?), ele (pausa), a gente faz o cadastramento, o agendamento, a gente trabalha através de um menu da própria página da Prefeitura. Então, o que está acontecendo? O pessoal n ão

está sabendo definir o que é software livre ou não. Porque através de uma página ou o

Internet Explorer pode abrir no Windows mesmo ou no Linux mesmo, então eles não estão sabendo definir né? Porque, porque eles entram no sistema, clica no menu e abre a página, entendeu? Então é só isso, não tem mais nenhum outro programa, pacote na máquina. Então por isso eles não estão sabendo definir sobre a melhora do software livre, se seria melhor ou se não. “ (entrevistado 4)

“ ... porque é o caso do agendamento, pode até demorar um pouquinho mais, aí no caso,

tem profissional que não está empenhado, não com o sistema, mas com a máquina mesmo, com a informática.” (entrevistado 4)

Observaram-se nas frases sobre o critério educação algumas questões importantes. A primeira é o caráter estratégico da educação e da formação contínua no desempenho ou ainda na falta de desempenho, na qualidade ou na falta de qualidade dos serviços realizados. Os entrevistados expressam o papel essencial da formação para o conhecimento das atividades realizadas. Falam também da dificuldade na realização das tarefas em função da incipiente formação recebida. Percebe-se a falta de um programa de alfabetização digital que permita aos trabalhadores das unidades básicas de saúde compreenderem com mais alcance e profundidade, as tarefas e as diversas dimensões que envolvem a utilização dos computadores, os softwares e o sistema de informação e comunicação no cotidiano dos serviços públicos de saúde (FREIRE, 1987; WESTBERG e MILLER 1999; YASNOFF e col., 2001; MCDONALD e col. 2003; BUSANICHE, 2003; SKIBA, 2005).

9.2.2 - CUSTOS

Estão apresentados alguns trechos das entrevistas que mencionam os custos dos softwares:

“ O outro motivo para escolher o software livre foi pelas questões dos custos, obviamente você tem um servidor hoje de aplicação com JBOSS, sistema operacional linux, é muito mais barato do que você ter uma outra opção. Então, o custo sim foi um motivador. Usar software livre também, na ponta, numa distribuição linux do freedows, que é a nossa aplicação que roda nos thinclients nas unidades foi uma opção também pelas questões econômicas já que o volume em São Paulo é muito grande. Então, se você pensar na licença de software para 5.000 computadores faz muita diferença de ser software livre...” (entrevistado 1)

“então, outro grande motivo foi a questão dos custos,você tem uma aplicação de larga escala para você ter redução de custos tanto na (?) do servidor, para os sistemas operacionais do servidor como na fonte(?)” (entrevistado 1)

“... No caso as vantagens eu já coloquei, que era a questão do custo e a liberdade de

poder mexer no sistema e não depender de um fornecedor e assim por diante.” (entrevistado 1)

“Ah, assim, que a gente acredita que o software livre ele pode, realmente, ter a

possibilidade de racionalizar os custos públicos...” (entrevistado 1)

“ Uma unidade de saúde que queira utilizar o software não precisa pedir licença para

ninguém e nem pagar a mais por isso,é só fazer o treinamento, dar login e senha.” (entrevistado 2)

Nos exemplos sobre o critério dos custos do software para o gestor público de saúde, evidencia-se a opção de utilizar o software livre como parte do Sistema de informação de agendamento de consultas médicas – SIGA, com o claro objetivo de economizar recursos financeiros. Essa opção demonstra que o município de São Paulo, que opera com grande quantidade de computadores, o software livre apresenta vantagens significativas, dado que oferece custos muito inferiores em relação ao

software proprietário. É importante ressaltar que os custos inferiores do software livre

GNU/Linux e com o servidor de aplicação JBOSS, também um software livre, ambos essenciais para qualquer sistema de informação. Para o caso de São Paulo, que conta com um número expressivo de computadores, aproximadamente 5000, segundo o entrevistado, o software livre viabilizou a implementação do sistema de informação de agendamento.

9.2.3 - ESCALABILIDADE

Nesta seção serão apresentados alguns exemplos envolvendo o critério escalabilidade:

“ Hoje, nós temos 372 unidades básicas de saúde informatizadas, destas 100% usam o módulo do cartão nacional de saúde e cerca de 60% usam o módulo da agenda local.

Ainda quase 100% utilizam o SIGA para agendar nos ambulatórios de especialidades do município que também usam o SIGA, isso que é o que a gente chama de agenda

regulável. Então nós temos esses 372 mais 21 ambulatórios de especialidades usando o sistema nos moldes do agendamento. (entrevistado 1)

“ Hoje nós temos, distribuídos em todas as unidades, a média mais ou menos de 8

thinclients, que é a nossa plataforma preferencial por unidade, então dá uma média de uns 3.500 thinclients mais então uns 1.000 e poucos Pentium 4, então ela chega a quase 5.000 computadores nessa rede usando o sistema de agendamento.” (entrevistado 1)

“ Nós estamos usando o Linux na versão Freedows(?), e somente o Linux, não tem o Open Office e os terminais são considerados terminal burro, né?” (entrevistado 4) “ No caso do Freedows é o Mozilla Firefox” (entrevistado 4)

“ ...e só comentando sobre o software livre, a gente vai receber mais 8 terminais depois de informatizar. Então, se cada unidade do AMA, quando estiver informatizado vai ser bem útil o software livre...” (entrevistado 4)

Nos trechos citados percebe-se a complexidade da rede de computadores do sistema de agendamento do município de São Paulo. O município utiliza computadores

um computador-servidor para o seu funcionamento. Portanto, são computadores muito simples, sem disco rígido, com memória suficiente para execução do sistema de agendamento de consultas. Para funcionar dependem também de um sistema operacional, que no caso é software livre, adaptado para computadores com essas características especiais. Além dos thinclients, a Secretaria Municipal de Saúde possui computadores com maior capacidade e autonomia de processamento que também utilizam sistema operacional livre para operar o sistema de agendamento. É possível observar a variabilidade de computadores utilizados pelo gestor municipal em São Paulo e a necessidade de versatilidade dos softwares para colocar em funcionamento um sistema de informação em saúde. Como é relatado nas entrevistas o software livre é utilizado em diferentes configurações de computadores permitindo além de economia de custos, padronização, replicabilidade e eficácia na operação do sistema de informação de agendamento de consultas de São Paulo.

9.2.4 - SEGURANÇA

O tema segurança não foi abordado por nenhum dos entrevistados do município de São Paulo.

9.2.5 - PRIVACIDADE

O tema privacidade não foi abordado por nenhum dos entrevistados do município de São Paulo.