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Além da análise de documentos orientadores da proposta, publicados pela mantenedora, e pela interpretação de pesquisas já publicadas sobre o tema do EMP, utilizamos uma fonte de informações importantíssima que é a fala e a visão dos sujeitos reais do processo: gestores implementadores da mantenedora e das escolas (professores e membros

das equipes diretivas). Escolhemos esses sujeitos porque eles estiveram mais envolvidos com as questões e polêmicas centrais no âmbito da implementação da proposta. O relato desses sujeitos constituiu material de grande relevância para compreender fatos que, mais tarde, no desenvolver da implementação, determinaram rumos que consolidaram a ênfase em determinados conceitos e metodologias propostos nos documentos iniciais da proposta. A busca da compreensão dos motivos das decisões tomadas a partir dos embates travados no curso da implementação do EMP. Ao mesclar as análises dos documentos com o material da fala viva coletada através das entrevistas, buscamos proceder ao seguinte sequenciamento metodológico para responder aos objetivos de pesquisa, o que constitui as categorias de análise utilizadas:

A) Caracterização dos fenômenos e ocorrências pesquisados;

B) Desvelamento das bases teóricas (epistemológicas e ideológicas) orientadoras das posições e justificativas;

C) Compreensão dos conceitos empregados e/ou defendidos pelos atores;

D) Interpretação das propostas pedagógicas encontradas;

E) Desvelamento acerca das origens das resistências/acordos dos diferentes atores envolvidos no EMP.

Essas cinco categorias supracitadas foram tomadas para a análise das entrevistas, principalmente. Por meio delas, procuramos agregar as falas dos diferentes sujeitos entrevistados. Essas categorias não eram estanques, fechadas, mas configuraram a proposta pela qual o estudo buscou organizar as falas e seus conteúdos de forma a desvelar as bases teóricas, ideológicas e epistemológicas existentes no material empírico. Tratamos as falas, após a transcrição, enquanto documentos. Assim, do material transcrito, emergegiram novidades. Para as transcrições, usamos o recurso do “Word” e “Media Player”, basicamente.

3.4 TRATAMENTO DOS DADOS

O procedimento de tratamento de dados envolveu a leitura cuidadosa de cada uma das entrevistas transcritas na forma de texto, onde eram apontados os epicentros dos conteúdos

relacionados aos objetivos de pesquisa. Após isso, eram selecionados e recortados trechos da entrevista que foram conformando os núcleos de discussão de cada capítulo e subcapítulo. Em algumas transcrições, suprimimos as palavras repetidas bem como as frases onomatopeicas – para oferecer ao leitor maior objetividade na leitura e adequar-nos à linguagem formal necessária ao texto escrito científico.

As entrevistas foram transcritas literalmente. Por esse motivo, então, suprimimos as frases e palavras repetidas de modo a melhorar a visualização para o leitor e abstração da ideia central do relato utilizado como material empírico.

Além disso, no decorrer da apresentação do material empírico no interior da tese, utilizamos o recurso de contraste negrito para ressaltar as principais frases, ideias e reflexões, sobre as quais dedicamos maiores análises e interpretações e teorizações.

Criamos nomes fictícios para cada um dos participantes de modo a preservar a identidade dos sujeitos de pesquisa. Para gestores/formuladores, utilizamos o prefixo GESTOR, seguido de uma letra qualquer do alfabeto. Os gestores foram denominados assim, para seguir a padronização, embora a sua identidade seja revelada nesse capítulo: GESTORZ e GESTORV. Para os professores das escolas, utilizamos o prefixo PROF, seguido de duas letras quaisquer do alfabeto. Os professores receberam as seguintes referências: PROFRB, PROFJG, PROFAL, PROFMR, sendo que todos atuaram como docentes na implementação do EMP. Os membros das equipes diretivas foram denominados: PROFRJ, PROFAM, PROFRY e PROFMU. As escolas, quando referidas, receberam a nomenclatura de “Nossa Escola”. Esses procedimentos foram adotados para preservar a identidade dos participantes bem como das instituições as quais mantêm vínculos profissionais.

Alguns nomes de colegas dos professores que foram citados ao longo das entrevistas foram substituídos, também, por nomes fictícios para ocultar a identificação e a relação à determinada instituição escolar.

O total de tempo de gravação dos diálogos das entrevistas foi de dezessete horas, vinte e cinco minutos e vinte segundos (17:25:20)5

. As entrevistas transcritas na forma de texto totalizaram 205 páginas (Fonte: Times New Roman, espaçamento simples).

A média de tempo despendido para a transcrição foi de quatro (4) horas de atividades de transcrição para cada uma (1) hora de gravação. Então, multiplicamos por quatro o tempo de gravação, totalizando: 69:41:20.

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As entrevistas tiveram a seguinte duração: PROFAL, 01:29:34; PROFRJ, 01:06:44; PROFJG, 03:29:12; PROFMR, 01:31:28; PROFRY, 01:24:17; PROFRB, 01:25:54; PROFMA, 01:19:59; PROFAM, 01:05:21; GESTORZ, 01:41:45; GESTORV, 02:50:58. Num total de 17:25:20 de duração.

O trabalho de tratamento dos dados é uma tarefa extremamente árdua. Deve ser realizada com cuidado, pois permite a seleção adequada dos dados necessários para discussão dos objetivos da pesquisa. Com isso, abstraímos do material empírico toda sua riqueza, exaurindo, ao máximo, a sua capacidade de revelação da realidade pesquisada.

O valor heurístico e a significação do documento dependem fundamentalmente da qualidade e acuidade da leitura e do esforço interpretativo do pesquisador. Da mesma forma, a análise do material empírico derivado das entrevistas também dependeu do tratamento conferido e da qualidade e da dedicação no esforço de compreensão do curso dos pensamentos que envolveram os relatos acerca da formulação e implantação do EMP.

A ardorosa e entusiástica busca para tornar explícitos os meandros e mistérios das escolhas e dos caminhos que a política do EMP tomou foi o que moveu a vontade de realizar esta pesquisa. Assim, através das entrevistas, coletamos dados acerca do processo de formulação e implementação do EMP, por parte dos formuladores/implementadores e também compreendemos, através da fala dos professores/implementadores, o processo de implementação da política em detalhes particulares de quatro escolas com perfis distintos de Porto Alegre. Estas regiões foram escolhidas por mantermos ainda contato com pessoas que eram dirigentes à época, o que facilitou o contato para agendar entrevistas e fazer a pesquisa de campo.

Sumariamente, apresentando as etapas percorridas. Tivemos os seguintes procedimentos:

a) A escolha das instituições a serem tomadas como campo de estudo;

b) O consentimento legal dos sujeitos escolares (professores) para participarem como voluntários na pesquisa, fornecendo entrevistas que foram realizadas dentro das escolas escolhidas (os termos de consentimento foram assinados e arquivados sob os cuidados do pesquisador), obedecendo às normas vigentes do comitê de ética de pesquisa científica com humanos da instituição e a boa relação entre pesquisador e pesquisado (necessária aos padrões internacionais de produção de conhecimento científico honesta e legalmente produzidas); c) A ampliação das ações de revisão teórica, englobando as pesquisas realizadas e divulgadas entre a comunidade acadêmica sobre a temática da pesquisa;

d) A discussão entre o pesquisador e a orientadora sobre os referenciais teóricos principais, orientadores da coleta e foco das interpelações nas entrevistas, e sobre o subsidiador conceitual das análises;

e) A construção dos questionários para a realização das entrevistas semiestruturadas com os diferentes sujeitos pesquisados por segmentos6;

f) O ensaio reflexivo sobre o modo de condução das entrevistas com a orientadora, visando estabelecer medidas possíveis para adequar a demanda investigativa, previamente planejada, com a estrutura de coleta eticamente orientada e teoricamente necessária, a ser desenvolvida

in loco para melhor se enquadrar, mediante procedimentos de ajuste aparentemente

espontâneos para os sujeitos pesquisados, mas conscientemente previstos pelo pesquisador, às linhas reflexivas e discursivas próprias e características da empiria programada, porém não controlada, que afloram nos momentos de coleta de dados. Ou seja, a forma de condução das entrevistas para aproveitar e captar ao máximo a riqueza dos depoimentos e das elaborações de cada sujeito de pesquisa;

g) O agendamento e a aplicação das entrevistas desenvolvidas e gravadas pelo docente pesquisador;

h) A transcrição textual, do material empírico registrado na forma de áudio;

i) As interpretações preliminares sobre o material parcial coletado, adequação e ajustamento dos procedimentos metodológicos na condução das demais entrevistas de modo a aperfeiçoar a coleta;

j) A análise pormenorizada, caso a caso, das falas dos sujeitos pesquisados e das interlocuções ocorridas nos diálogos fomentados durante as entrevistas;

k) O cruzamento dos dados coletados conforme os objetivos de pesquisa;

l) O cruzamento das concepções educacionais, políticas, epistemológicas e ideológicas advindas dos sujeitos investigados, via fundamentos provenientes do referencial teórico adotado na pesquisa;

m) A construção de categorias de análise, exposição dos dados e discussão a partir da riqueza e pluralidade do material empírico obtido, bem como dos objetivos específicos da pesquisa.

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