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ALFABESP – Associação dos Funcionários Aposentados do Banco do Estado de São Paulo

2.4. ENVELHECIMENTO DO CÉREBRO :

O envelhecimento biológico do cérebro responsável pela perda do intelecto, memória e capacidade criativa, ocorre gradativamente. Existem estudos que comprovam a vulnerabilidade do cérebro implicando no declínio cognitivo e na perda de elementos bioquímicos, que são responsáveis pelos estímulos sensoriais e perceptivos. Apesar das informações sobre o processo de envelhecimento do cérebro, pesquisadores fundamentam as expectativas das pessoas em conservar as faculdades mentais (Lima, 2000, p.41). O médico Chopra, D., especialista em medicina psicossomática, acredita que o processo de envelhecimento pode ser drasticamente reformulado se usarmos a ligação entre mente/corpo: “ Quanto mais o idoso utilizar o cérebro, pensando e criando, será desenvolvido mecanismos importantes para a sua ativação” ( Chopra, 1995, p.292), contradizendo a tese de deterioração do cérebro .O exercício continuado, através da reflexão, capacidade de raciocinar e imaginar, de discernir, faz cair por terra à idéia de que os idosos não são capazes de produzir e desenvolver habilidades para resolver problemas novos. Nosso cérebro armazena experiências , tais como as lembranças antigas : “ memória a longo prazo “, aqueles fatos ocorridos a muitos anos ; “ memórias recentes”, dos acontecimentos a médio prazo e as lembranças de momentos atrás. De acordo com Wilson Jacob Filho – Projeto Envelhecimento Cerebral / USP, toda memória sofre com a ação do tempo e algumas áreas do cérebro envelhecem mais cedo, como o Hipocampo, citado anteriormente, considerada o responsável pelo controle emocional e da memória. O Hipocampo, segundo Jacob, é a porta de entrada para novas informações no nosso cérebro: “ não existe uma perda funcional do cérebro, como existe do pulmão e do coração, caracterizada ou dependente de doenças que precisam ser diagnosticadas e devidamente tratadas”. Para a neurocientista da UFRJ, Suzana Herculano-Houzel, as associações de idéias mais complexas ocorrem só depois dos 40 anos de idade, concluindo que as conexões necessárias no cérebro, para juntar as informações recebidas, são mais eficazes quando o individuo é mais velho. Esta comprovado que o exercício físico e as atividades mentais reduz a morte dos neurônios, fio condutor das

inform

dutivas. Estudos ligados a neuroplasticidade, capacidade que os neurônios tem de formar novas conexões a cada momento (Santos, 2004), demonstram que ao nascer o individuo tem maior quantidade de células nervosas do que utiliza ao longo da vida, e, mais tarde, as perde. Santos, explica que as células que não interessam, se apagam e quando se forma algum tipo de assimilação, de modificação do sistema nervoso, em resposta a determinado estímulo,

ade de respostas, o indivíduo recebe os estímulos de vas possib idades de trabalho, são fundamentadas no processo de reabilitação cognitiva,

ações no cérebro e a deterioração da “substancia negra”. A substancia negra esta situada numa região do cérebro, cujas células produzem uma substancia chamada Dopamina, ligada aos movimentos do paciente e interferem nas funções cognitivas. Portanto, apoiado nestes pressupostos teóricos e alinhados as pesquisas dos neurocientistas, podemos entender que os idosos tem a possibilidade de adquirir novas habilidades e continuar a reproduzir - se socialmente, através de qualquer forma de trabalho que exija a cognição. A (re)socialização , como processo de educação, na qual o idoso tem as condições de (re) construir seus conhecimentos e identificar suas habilidades, comprova que o trabalho é possível, mesmo quando este sofre as interferências da tecnologia. Lima, M.P. sustenta que: “ O desenvolvimento do cérebro é simultaneamente orgânico e social... Hoje é provado que a estimulação social, a convivência em grupos, auxilia a regeneração do cérebro, ainda mais quando ligado ao prazer de viver com outras pessoas” (Lima, 2000, p.75).

A cognição humana depende do encéfalo, segundo Santos (2004), existe uma série de aspectos cognitivos que depende do cerebelo ou do tronco cerebral que não fazem parte do cérebro, por exemplo, as estruturas do cerebelo estão relacionadas com motricidade e equilíbrio, utilizados quando a pessoa escreve, ou executa alguma tarefa que exige o conjunto de todo o movimento. Ao tratar do nosso tema de estudo, das novas possibilidades de trabalho para o idoso, o conjunto destes elementos são importantes, sob o ponto de vista psicossocial, a partir do momento em que a sociedade cobra as qualidades pro

o que se altera é o padrão das conexões e não necessariamente a criação de novas conexões. Sendo assim, considerando que a rede de neurônios se recompõe e reorganiza, viabilizando a diversid

ambiente externo e do próprio organismo, as novas habilidades e/ou as no il

dadas

percepção distorcida da realidade. Para Ballone, G.J., médico psiquiatra, “o equilíbrio psíquico permite a pessoa desenvolver suas potencialidades e, norma ente, estão associadas à satisfação das necessidades humanas básicas, para

o idos nomia Funcional. A capacidade de valer-se de si mesmo,

teratuar com o ambiente e satisfazer suas necessidades (Ballone 2004, p8)”. Rivero, . (Rivero, 2005), especialista em psicologia clinica, mestre em psicologia escolar, cita importância da cognição como sendo “uma complexa coleção de funções mentais que cluem atenção, percepção, compreensão, aprendizagem, memória, resolução de roblemas e raciocínio. Estes atributos mentais permitem que o homem compreenda e elacione-se com o mundo e seus elementos” (Parente; Rick; Herrmann; Douglas; 1996- Retraining Cognition: Techniques and Applications, Aspen Publishers, inc, aryland).Esta definição ajuda a ampliar a discussão da (re) socialização do idoso, poiado nas possibilidades citadas por Chopra e Lima. As condições emocionais do oso interferem no comportamento e influenciam os aspectos somáticos, inclusive o rocesso cognitivo. Riveiro dá ênfase a psicologia cognitiva, preocupado com o ntendimento de como construímos o conhecimento que em seu pressuposto básico, é

dos significados e crenças.

à flexibilidade e plasticidade cerebral. Ao tratar, do idoso no processo de envelhecimento, em relação à plasticidade cerebral, como cita Santos: “o encéfalo, como qualquer outra estrutura do corpo, quanto mais usado for, melhor funcionará. Mas, é preciso fazê-lo da melhor maneira possível. Ele não existe para a pessoa tomar socos na cabeça, mas para ela pensar, raciocinar, escrever, desenhar, pintar. A melhor estimulação que se pode oferecer-lhe é fazer com que trabalhe de forma criativa. O que é repetitivo, monótono, sem graça não estimula o funcionamento do encéfalo. Atividades criativas e com aspecto motivacional intenso preservam, dentro de certos limites, o aparecimento de doenças degenerativas como as demências”. A (re) socialização do idoso é um processo de aprendizado dos novos valores, motivacional e criativo, o qual dependerá muito mais de suas condições emocionais. O idoso deve ser incentivado a enfrentar aquilo que teme pois, normalmente, estes sentimentos são originados de uma lm o, é a chamada Auto in R a in p r M a id p e

O autor integra a visão cognitiva e construtivista (7) (8) de que as emoções não são

fruto apenas de pensamentos e crenças, mas resultam dos processos de inteligência do ser humano ao adaptar-se `a na

mesmo capítulo, foi discutida a George Lukács, em que os home

e, numa nova situação sócio-histórica forç devem dar conta da satisfaçã

possibilidades (Lessa, 2001, p.94 sociedade, atuando sobre a cogn mudanças nas emoções e no co

psicologia cognitiva, baseia-se numa conc culturalmente, interiorizando cult

aberto em troca constante com integrada”.

Apoiado nessas reflexões dos diferentes autores vejo a (re) socialização do idoso, sustentada por uma identidade fortalecida e com auto-estima, além de ser valorizado pela s

tureza e ao seu contexto sócio-cultural. Neste ontologia do ser social, sustentada nas teorias de ns são os únicos que determinam as relações sociais

a os indivíduos às novas respostas que o das novas necessidades a partir das novas -95). Nesta visão, o idoso lida consigo mesmo e com a

ição e (re)significando experiências, possibilitando as mportamento. Segundo Rivero, o olhar sistêmico da epção do homem contextualizando sócio- ura e recriando cultura: “ O homem é um sistema o meio, desenvolvendo-se de maneira

ociedade. O cérebro, embora envelhecido, como toda à parte do corpo, tem suas funções vivas, permitindo que este idoso se reproduza socialmente, desenvolvendo competências e habilidades. Tenho a convicção de que a potencialidade de trabalho para o idoso, ou a sua autonomia funcional, está muito mais em relação a sua percepção, a maneira como ele se vê, a sua auto-estima, do que propriamente os fatores biológicos do envelhecimento.

(7) Construtivismo: “ é a idéia de que nada a rigor, esta pronto, acabado e de que, especificamente, o conhecimento não é dado, em nenhuma instância, como algo terminado. Ele se constitui pela interação do individuo com o meio físico e social, com o simbolismo humano, com o mundo das relações sociais; e se constitui por força de sua ação e não por qualquer dotação prévia na bagagem hereditária ou no meio”. ( Becker, UFRGS 1994).

(8) Teoria do Construtivismo: descreve os diferentes estágios porque passam os indivíduos no processo de aquisição dos conhecimentos, de como se desenvolve a inteligência humana e de como o individuo se torna autônomo. (Zacharias, 2005 ).

Esta concepção vai de encontro aos estudos de Ballone (2004, p.2), ao tratar da psicopatologia da velhice, no que tange a situação existencial do idoso, a partir de três aspectos concretos: saúde mental, percepção do envelhecimento e autonomia funcional.Ballone (2001) cita as investigações do médico psiquiatra César Vásques

Olcese (9), que discute as diferenças entre degeneração mental e percepção do

envelhecimento.A percepção é a manifestação subjetiva das alterações sofridas a nível somático e funcional, atribuídas ao envelhecimento. Isto se expressa numa troca da identidade pessoal, da imagem corporal, na autovalorização, etc. Olcese ( Ballone, 2001, p.3), define a percepção do envelhecimento como a auto-atribuição de traços da velhice, destacando: as alterações na aparência física, que exerce forte influenciam nas mulheres, quanto à aparência externa e, nos homens, quanto à debilidade física; autonomia funcional, em que condições materiais de existência e o suporte familiar são fatores decisivos.

(9) Olcese (Universidad César Vallejo Trujillo – Peru, 2001), aborda o estudo da velhice a partir de três aspectos: saúde mental, percepção do envelhecimento e autonomia funcional.