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10. Projeto I Desnutrição do Idoso

10.2. Envelhecimento e necessidades nutricionais

Com o avançar da idade, há uma diminuição dos mecanismos de ingestão, digestão, absorção, transporte e excreção de substâncias. Nesta faixa etária, as necessidades energéticas podem diminuir devido ao decréscimo da atividade física e à redução da massa muscular, contudo as necessidades em micronutrientes (vitaminas e minerais) sofrem um aumento [34].

A Desnutrição pode ser definida como um excesso, défice ou desequilíbrio de nutrientes e energia. A desnutrição pode ser devida a uma diminuição da ingestão alimentar, ao aumento das perdas nutricionais, à alteração do metabolismo dos nutrientes ou ao aumento das necessidades nutricionais. Um estado nutricional inadequado contribui significativamente para o aumento da mortalidade, agravamento do prognóstico de doenças agudas e aumento do número de hospitalizações e institucionalizações [34].

As alterações fisiológicas decorrentes do processo de envelhecimento têm um impacto direto nas necessidades nutricionais [39], tal como representado na Tabela 3.

Tabela 3 - Alterações fisiológicas decorrentes do processo de envelhecimento e consequente impacto nas necessidades nutricionais [39].

Alterações fisiológicas Impacto nas necessidades nutricionais

Diminuição da massa muscular Diminuição das necessidades energéticas Diminuição da densidade óssea Aumento das necessidades em cálcio e vitamina D Diminuição da função do Sistema

Imunitário

Aumento das necessidades em vitamina B6, vitamina E e zinco

Diminuição da produção de colecalciferol Aumento das necessidades em vitamina D Diminuição da biodisponibilidade de

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Para além dos fatores fisiológicos, outros podem influenciar a inadequação nutricional na população idosa [40], estando estes esquematizados na Tabela 4.

Tabela 4 - Fatores que influenciam a inadequação nutricional na população idosa [40].

Fatores psicológicos Ansiedade e depressão Solidão e isolamento Luto Fatores patológicos Dentição Problemas de deglutição Doenças Medicamentos

Fatores sociológicos Incapacidade para comprar e confecionar alimentos

Falta de interação com pessoas à hora da refeição

Segundo dados do Projeto Nutrition Up 65 [41], a prevalência da população idosa desnutrida ou em risco de desnutrição em 2015/16 era de 16,1%. Relativamente à hidratação, 11,6% encontravam-se pouco hidratados, não consumindo água ou outros líquidos em quantidades suficientes. Os resultados demonstram também que 85% dos idosos consomem sal em excesso e que 7 em cada 10 apresenta deficiência em Vitamina D. A situação agrava quando a população idosa é institucionalizada sendo que, em Portugal, estima-se que 43,5% dos idosos residentes em lares encontram-se desnutridos ou em risco de desnutrição, Isto deve-se essencialmente ao facto de os idosos institucionalizados serem mais velhos, se encontrarem mais dependentes e apresentarem sinais de depressão e à falta de um acompanhamento individualizado [42].

A alimentação de um idoso deve ser semelhante à de um adulto sendo que a principal diferença encontra-se no aumento das necessidades proteicas e no aumento das

necessidades em alguns micronutrientes, como o cálcio e a vitamina D.

Exemplificando, enquanto um adulto saudável de 70 kg precisa de ingerir 70 g de proteína por dia, esta quantidade sobe para 88 g quando nos referimos a um idoso de 70 kg. Um défice proteico compromete a cicatrização de lesões, compromete o sistema imunitário e conduz à diminuição da massa muscular, o que pode resultar em quedas e fraturas.Já a vitamina D auxilia a absorção de cálcio no organismo sendo que, para pessoas com idade superior a 70 anos, a dose diária recomendada é de 20 μg. Uma alimentação desadequada, a escassa exposição solar e o declínio de vitamina D pela pele são as principais causas de défice de vitamina D nos idosos. Por fim, o cálcio é responsável pela manutenção da

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estrutura óssea e por múltiplas funções metabólicas estando a sua deficiência associada a osteoporose e a um maior risco de fraturas [37].

A restrição do sal comprovou ser eficaz na redução do risco de hipertensão, uma das patologias mais prevalentes na população idosa portuguesa. Por outro lado, a restrição de produtos açucarados e gorduras saturadas e o incentivo ao consumo de produtos de origem vegetal e de fibras têm impacto na doença cardiovascular, diabetes e cancro, patologias muito prevalentes nos idosos [42]. A Direção-Geral da Saúde elaborou uma proposta de elaboração das ementas destinadas aos idosos [42], defendendo que estas devem:

 Promover um consumo adequado de hortofrutícolas.

 Apresentar um valor energético ajustado às necessidades do idoso.

 Preferir cozinhados mais saudáveis, como os cozidos e grelhados, e evitar os menos saudáveis, como os fritos e refogados.

 Incluir 5 a 6 refeições diárias, distribuindo o valor energético de forma adequada.  Promover a ingestão de líquidos, preferencialmente água.

 Evitar gorduras de origem animal e preferir gorduras de origem vegetal.  Evitar sal, condimentos fortes e bebidas alcoólicas.

 Ser atrativas e de fácil mastigação.

Na determinação do estado nutricional do idoso, é frequente recorrer ao Índice de Massa Corporal (IMC) já que este é um indicador simples que utiliza apenas o peso e a altura para avaliar a composição corporal. O IMC é obtido pela seguinte fórmula:

IMC = 𝑃𝑒𝑠𝑜 (𝐾𝑔) 𝐴𝑙𝑡𝑢𝑟𝑎2

Contudo, é importante ter em atenção que os cut-offs utilizados para os idosos são diferentes daqueles que são utilizados para a população adulta [37, 43]. Os indicadores que devem ser utilizados para os séniores estão indicados na Tabela 5 [37].

Tabela 5 - Classificação do IMC para a população idosa [37].

Classificação IMC Desnutrição < 22 Risco de desnutrição 22 – 23,9 Eutrofia 24 – 26,9 Pré-obesidade Homens: 27-30 Mulheres: 27-32 Obesidade Homens: > 30 Mulheres: > 32

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Quando a alimentação praticada pelos idosos não é suficiente para suprimir as suas necessidades energéticas e as necessidades em micronutrientes, é necessário iniciar uma suplementação, tendo sido já demonstrado que os suplementos nutricionais previnem e corrigem a desnutrição nos séniores [37].

A FHC tem disponíveis os suplementos nutricionais da Nestlé Health Science®, sendo que estes podem ser divididos em [37]:

 Suplementos hiperproteicos – aportam quantidades elevadas de proteínas de alto valor nutricional bem como energia, vitaminas e minerais.

 Suplementos hipercalóricos – contêm um elevado aporte calórico num volume reduzido, sendo ricos em glúcidos e lípidos.

 Suplementos hiperproteicos e hipercalóricos – aportam elevadas quantidades de proteínas de alto valor nutricional e um elevado aporte calórico num volume reduzido.

Estes suplementos podem estar indicados em indivíduos notoriamente emagrecidos, com queixas de falta de apetite e cansaço ou que apresentem patologias que influenciam o seu estado nutricional [37].

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