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Relatórios de Estágio realizado na Farmácia Holon e no Hospital de Magalhães Lemos, E.P.E.

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(1)

RELA

T Ó RI O

D E EST Á GI O

M

2016- 17

REALIZADO NO ÂMBITO DO MESTRADO INTEGRADO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

Farmácia Holon Covilhã

(2)

ii

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Holon Covilhã

Março de 2017 a julho de 2017

Mariana Isabel Brás Antunes

Orientador: Dr. Pedro Diamantino

______________________________

Tutor FFUP: Prof. Doutora Susana Casal

______________________________

(3)

iii

Declaração de Integridade

Eu, Mariana Isabel Brás Antunes, abaixo assinado, nº 201205391, aluno do

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da

Universidade do Porto, declaro ter atuado com absoluta integridade na elaboração

deste documento.

Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (ato pelo qual um indivíduo,

mesmo por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou

partes dele). Mais declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores

pertencentes a outros autores foram referenciadas ou redigidas com novas

palavras, tendo neste caso colocado a citação da fonte bibliográfica.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ____ de __________________

de ______

(4)

iv

Agradecimentos

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a todos os professores, funcionários e estudantes da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto. Durante estes 5 anos, tornei-me numa pessoa melhor por causa de vocês por isso obrigada por me ajudarem a crescer.

Agradeço profundamente à Farmácia Holon Covilhã, nomeadamente ao Dr. Pedro Diamantino e ao Dr. Pedro Afonso, por me darem a oportunidade de estagiar neste local de aprendizagem e crescimento constante. Não posso deixar de agradecer também à Dra. Ana Oliveira, à Dra. Carina Monteiro, ao Dr. Eugénio Gonçalves, ao Dr. Jacinto Campos, à Dra. Joana Ferreira, à Dra. Madalena Oliveira, à Dra. Mafalda Silva, à Dra. Patrícia Amaral, à Dra. Patrícia Pais, à Dra. Rita Cruz e à Dra. Sara Meirinho. Obrigada por todas as dúvidas tiradas, amizades criadas e sorrisos partilhados.

Agradeço à Comissão de Estágios toda a disponibilidade demonstrada durante estes meses, em particular à professora doutora Susana Casal por toda a orientação e ajuda durante o estágio e durante a execução do relatório.

Um grande obrigado às pessoas que esta faculdade me deu e que levo comigo para a vida. Obrigada por todos os momentos e por terem vivido comigo todas as vitórias e derrotas.

Aos meus pais, ao meu irmão e à minha avó, porque sem eles nada disto seria possível.

E porque “quem passa por nós não vai só, não nos deixa sós. Deixa um pouco de si, leva um pouco de nós”, a todos os que fizeram parte do meu percurso,

Muito obrigada!

(5)

v

Resumo

O Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas visa formar um profissional de saúde especialista do medicamento. Durante o curso, são dadas aos alunos algumas ferramentas necessárias à prática da atividade farmacêutica, contudo é no Estágio Curricular que se adquirem todas as competências que dizem respeito ao aconselhamento sobre o uso dos medicamentos, ao apoio e comunicação com os utentes e à contribuição para a melhoria da saúde pública. É no Estágio que os conhecimentos científicos se convertem em ações que melhoram a qualidade de vida das pessoas.

O presente relatório retrata as atividades desenvolvidas durante o meu Estágio Curricular em Farmácia Comunitária. Este decorreu na Farmácia Holon Covilhã e teve a duração de 4 meses e meio. O relatório encontra-se dividido em duas partes.

Na primeira parte do relatório é feita uma descrição da farmácia e são relatadas as atividades desenvolvidas no estágio no que diz respeito aos serviços prestados, à gestão em farmácia, à dispensa de medicamentos e outros produtos de saúde e às ações de educação para a saúde na comunidade.

A segunda parte do relatório visa apresentar os temas que desenvolvi e que considerei de relevância para a farmácia e para os seus utentes: 1) Desnutrição no Idoso, 2) Protocolos de Aconselhamento em Dermofarmácia e Cosmética e 3) Uso Responsável do Medicamento.

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vi

Índice

Agradecimentos... iv

Resumo ... v

Lista de Abreviaturas ... viii

Índice de Tabelas ... ix

Índice de Anexos ... x

Parte A – Descrição das atividades desenvolvidas no estágio ... 1

1. Introdução... 1

2. Caracterização da Farmácia Holon Covilhã ... 2

2.1. Localização e horário de funcionamento ... 2

2.2. Recursos humanos ... 2

2.3. Instalações e equipamentos... 3

2.4. Serviços prestados ... 3

3. Fontes de informação ... 6

4. Gestão em farmácia comunitária ... 6

4.1. Sistema informático ... 6

4.2. Encomendas a distribuidores grossistas ... 7

4.3. Encomendas a laboratórios... 7

4.4. Receção de encomendas e marcação de preços ... 8

4.5. Armazenamento dos produtos ... 9

4.6. Gestão de devoluções ... 10

4.7. Controlo de prazos de validade ... 11

5. Dispensa de medicamentos ... 11

5.1. Dispensa de medicamentos sujeitos a receita médica ... 11

5.2. Dispensa de medicamentos não sujeitos a receita médica ... 16

5.3. Dispensa de medicamentos e produtos manipulados ... 17

5.4. Dispensa de outros produtos de saúde ... 17

5.4.1. Produtos cosméticos e de higiene corporal e produtos de puericultura ... 17

5.4.2. Medicamentos e outros produtos de uso veterinário ... 18

5.4.3. Dispositivos médicos ... 18

5.4.4. Suplementos alimentares ... 18

(7)

vii

6. Ações na comunidade e educação para a saúde ... 19

7. Lar da Santa Casa da Misericórdia da Covilhã ... 20

8. Sistema de Gestão da Qualidade ... 20

9. Formação complementar ... 21

Parte B – Projetos desenvolvidos ... 22

10. Projeto I - Desnutrição do Idoso ... 22

10.1. Contextualização ... 22

10.2. Envelhecimento e necessidades nutricionais ... 23

10.3. Intervenção ... 26

10.4. Considerações finais ... 28

11. Projeto II – Dermofarmácia e Cosmética: Protocolos de Aconselhamento ... 29

11.1. Contextualização ... 29

11.2. Intervenção ... 29

11.3. Considerações finais ... 30

12. Projeto III – Uso Responsável do Medicamento ... 31

12.1. Contextualização ... 31 12.2. Intervenção ... 31 12.3. Considerações finais ... 36 13. Conclusão reflexiva ... 37 Referências ... 38 Anexos ... 42

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Lista de Abreviaturas

F – Farmacêutico/a

FHC – Farmácia Holon Covilhã IMC – Índice de Massa Corporal

MSRM – Medicamentos Sujeitos a Receita Médica MNSRM – Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica PCHC – Produtos Cosméticos e de Higiene Corporal PRM – Problemas Relacionados com Medicamentos PVP – Preço de Venda ao Público

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Índice de Tabelas

Tabela 1 - Cronograma das atividades desenvolvidas durante o estágio. ... 1

Tabela 2 - Descrição das atividades de educação para a saúde na comunidade. ... 19

Tabela 3 - Alterações fisiológicas decorrentes do processo de envelhecimento e consequente impacto nas necessidades nutricionais [39]. ... 23

Tabela 4 - Fatores que influenciam a inadequação nutricional na população idosa [40]. ... 24

Tabela 5 - Classificação do IMC para a população idosa [37]. ... 25

(10)

x

Índice de Anexos

Anexo 1: Zona de atendimento da Farmácia Holon Covilhã. ... 42

Anexo 2: Exemplo de uma pillpack – Serviço de Preparação Individualizada da Medicação (PIM). ... 43

Anexo 3: Protocolos para determinação de parâmetros bioquímicos no aparelho Callegari CR3000®. ... 45

Anexo 4: Exemplo de um mapa posológico e respetiva gaveta de medicação de um utente do Lar da Santa Casa da Misericórdia da Covilhã. ... 46

Anexo 5: Sessão de esclarecimento acerca da Desnutrição no Idoso no Centro de Ativ’Idades da Covilhã. ... 48

Anexo 6: Apresentação de suporte à palestra acerca da Desnutrição no Idoso. ... 49

Anexo 7: Questionário MNA. ... 59

Anexo 8: Prova dos suplementos Meritene e Resource da Nestlé Health Science®. ... 60

Anexo 9: Panfleto informativo – Como comer no envelhecer. ... 61

Anexo 10: Panfleto informativo – Desnutrição no Idoso. ... 62

Anexo 11: Formação acerca da Desnutrição no Idoso destinada à formação da equipa da FHC.64 Anexo 12: Manual “Dermofarmácia e Cosmética – Protocolos de Aconselhamento”. ... 76

Anexo 13: Publicações feitas no facebook da FHC (imagem e respetiva descrição) no âmbito do Projeto “Uso Responsável do Medicamento”. ... 139

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1

Parte A – Descrição das atividades desenvolvidas no estágio

1.

Introdução

Em 2016, e segundo a Ordem dos Farmacêuticos [1], 58% dos farmacêuticos exerciam a sua atividade em Farmácia Comunitária (FC). É em FC que o farmacêutico contribui de uma forma mais direta para a melhoria da saúde pública pois é em FC que o farmacêutico presta esclarecimentos acerca da utilização dos medicamentos, sensibiliza para a adoção de estilos de vida saudáveis e promove o uso racional do medicamento numa base diária e de total disponibilidade. Sendo assim, não é difícil perceber a grande importância que o Estágio Curricular em FC tem na formação do futuro farmacêutico. Estando ciente disso, escolhi a Farmácia Holon Covilhã (FHC) como local de estágio pois um estágio extracurricular prévio permitiu-me saber que esta é uma Farmácia com uma abordagem orientada para o utente, que pratica atendimentos personalizados e que tem atividades constantes de promoção de saúde e melhoria da qualidade de vida. Para além disso, sabia que os profissionais de saúde eram extremamente competentes e que a faixa etária dos utentes era bastante variada.

O cronograma das atividades desenvolvidas por mim durante o estágio encontra-se representado na Tabela 1. O estágio teve a duração de 4 meses e meio e decorreu sob orientação do Dr. Pedro Diamantino, farmacêutico e responsável pela liderança e recursos humanos da FHC.

Tabela 1 - Cronograma das atividades desenvolvidas durante o estágio.

Atividades desenvolvidas

Meses de Estágio

Março Abril Maio Junho Julho Receção e armazenamento de encomendas

Controlo de prazos de validade Gestão de devoluções

Serviços Farmacêuticos Atendimento

Ações na comunidade e educação para a saúde Formações

Projeto I - Desnutrição no Idoso

Projeto II – Dermofarmácia e Cosmética: Protocolos de Aconselhamento

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2

2.

Caracterização da Farmácia Holon Covilhã

A FHC pertence ao Grupo Holon, uma rede nacional de farmácias que, apesar de partilharem a mesma marca e imagem, são independentes e autónomas. A FHC partilha a gerência com a Farmácia Pedroso, localizada no centro histórico da Covilhã, e com a Farmácia Diamantino, que se encontra no Fundão.

2.1. Localização e horário de funcionamento

A FHC localiza-se na Alameda Pêro da Covilhã nº31, no rés-do-chão de um prédio habitacional. A sua proximidade ao Hospital Pêro da Covilhã, principal elemento do Centro Hospitalar Cova da Beira, ao Centro de Saúde da Covilhã e a diversos espaços comerciais traduz-se na presença de um público bastante diversificado. Para além disso, a FHC encontra-se junto de uma paragem de autocarros e possui um parque de estacionamento, o que facilita o acesso à farmácia. Esta apresenta um horário alargado, encontrando-se aberta ao público das 08:00 às 24:00, todos os dias do ano. Em dias de serviço permanente, está aberta durante 24 horas.

2.2. Recursos humanos

A Direção Técnica (DT) encontra-se a cargo do Dr. Jacinto Campos, sendo este o responsável por planear, dirigir, executar e coordenar todos os atos farmacêuticos praticados na farmácia. É também responsável por assegurar a implementação do Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ), gerir reclamações e relacionar com entidades externas.

A FHC é constituída por 10 farmacêuticos e 2 técnicos de farmácia e encontra-se organizada por departamentos, nomeadamente:

Departamento de Marketing e Comunicação e Departamento de Produtos Holon, assegurados pela Dra. Mafalda Silva, farmacêutica (F), e pela Dra. Carina Monteiro,

técnica de farmácia (TF).

 Departamento de Projetos e Serviços, constituído pela Dra. Patrícia Pais (F) e Dra. Joana Ferreira (F).

 Departamento de Intervenção Farmacêutica, representado pela Dra. Sara Meirinho (F) e Dra. Madalena Oliveira (F).

 Departamento de Atendimento, entregue ao Dr. Jacinto Campos e à Dra. Patrícia Pais.

 Departamento do Portefólio, delegado ao Dr. Eugénio Gonçalves (TF) e à Dra. Mafalda Silva.

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3

 Departamento da Qualidade, gerido pelo Dr. Jacinto Campos e pela Dra. Patrícia Amaral.

A delegação de tarefas por departamentos permite uma melhor organização por parte da equipa, sendo esta também constituída pelo Dr. Pedro Afonso (F), Dr. Pedro Diamantino e Dra. Rita Cruz (F).

2.3. Instalações e equipamentos

Tal como estabelecido pelo Decreto‐Lei n.º 307/2007, de 31 de Agosto [2], a FHC possui instalações que garantem a segurança dos medicamentos e, por outro lado, a acessibilidade e privacidade dos utentes.

O aspeto exterior da farmácia é facilmente visível e identificável, possuindo uma fachada principal de cor roxa com a identificação da farmácia e uma cruz verde luminosa. O horário de funcionamento, a direção técnica e a informação das farmácias em serviço permanente encontram-se expostos na porta da farmácia. Possui ainda um postigo que comunica com o exterior destinado aos atendimentos noturnos nos dias em que a farmácia se encontra de serviço permanente.

A farmácia possui uma zona de atendimento ao público de 160 m2, que inclui 6 balcões de atendimento, um deles sentado. No Anexo 1 encontram-se duas fotografias da área de atendimento da FHC. O posto de atendimento 1 destina-se a utentes com dificuldades motoras, grávidas ou utentes que necessitem de um maior acompanhamento farmacêutico e que, por isso, requerem atendimentos mais demorados.

A FHC possui ainda um gabinete para prestação de serviços farmacêuticos, dois gabinetes para prestação de outros serviços, laboratório, vestiários, casa de banho para os funcionários, casa de banho para os utentes, escritório, zona destinada a formações, zona de receção de encomendas e armazém. Possui também uma zona de 10 m2 onde está inserido o sistema de armazenamento e distribuição automático Rowa Vmax®, um dispositivo que permite economizar espaço e tempo, reduzindo o tempo gasto no armazenamento e aumentando o tempo prestado nos atendimentos.

2.4. Serviços prestados

A

FHC disponibiliza diversos serviços de cuidados farmacêuticos e serviços com outros profissionais de saúde que visam integrar o utente como um todo e melhorar a sua qualidade de vida, nomeadamente:

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4

Serviço de nutrição: destina-se a tratar e prevenir doenças relacionadas com a

alimentação, sendo um serviço de aconselhamento e reeducação alimentar assegurado pela nutricionista Daniela Pires.

Preparação individualizada da medicação (PIM): é um serviço indicado para

todas as pessoas que sintam dificuldade em gerir a sua medicação. A medicação é embalada semanalmente numa pillpack, uma embalagem descartável e selada. Para além de garantir a segurança, estabilidade e eficácia dos medicamentos, este serviço garante que o utente toma o medicamento certo no dia e hora certos. Numa primeira fase é feita uma consulta farmacêutica de modo a serem recolhidos dados pessoais dos utentes, dados referentes ao seu esquema terapêutico e recolha dos seus medicamentos.

Na FHC são 5 os utentes que recorrem a este serviço, sendo este um serviço semanal (que apresenta o custo de 5,00€), mensal (15,00€), trimestral (39,00€) ou anual (140€). Durante o estágio, tive a possibilidade de participar na preparação de algumas pillpacks, encontrando-se no Anexo 2 um exemplo de uma já preparada.

Administração de vacinas: destina-se a utentes que possuem uma prescrição de

uma vacina não incluída no plano nacional de vacinação, sendo a administração feita por farmacêuticos certificados para administração de vacinas e medicamentos injetáveis.

Consulta farmacêutica: pretende ajudar os utentes a controlar as suas doenças,

sendo feito um acompanhamento do doente através de visitas à farmácia. Neste serviço é feita a identificação e resolução de problemas relacionados com medicamentos (PRM).

Programa de cessação tabágica: é indicado para todos os fumadores que

pretendem deixar de fumar. O fumador é avaliado e é delineado um programa de acompanhamento personalizado. Este serviço é da responsabilidade do Departamento de Intervenção Farmacêutica e assenta numa abordagem programada ao longo de vários meses, incluindo intervenções comportamentais e farmacológicas.

Aconselhamento ao viajante: pretende ajudar os utentes na preparação de

viagens. Para isso, são recolhidos dados acerca do local e do viajante e é feito um aconselhamento personalizado e a indicação de quais os medicamentos e produtos de saúde a levar.

Respirar melhor: tem como objetivo aumentar a qualidade de vida de pessoas que

apresentam queixas respiratórias. Envolve uma avaliação da função respiratória e a identificação e resolução de PRM.

Serviço do pé diabético: destina-se a evitar feridas e consequentes amputações

em doentes diabéticos, sendo feita a avaliação do pé, corte de unhas e ensino de cuidados dos pés. O serviço é prestado pelo enfermeiro Lionel Monteiro.

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5

Serviço de podologia: é indicado para pessoas que necessitem de cuidados

podológicos, nomeadamente para pessoas que possuam unhas encravadas, micoses, calosidades, pé plano ou verrugas. O serviço é assegurado pela podologista Vera Couto.

Serviço de dermofarmácia: possibilita o diagnóstico de problemas dermatológicos

e inclui o aconselhamento dos produtos mais indicados à situação, estando o serviço a cargo da farmacêutica Jéssica Santos.

Valormed®: A FHC possui um contentor Valormed® onde os utentes podem depositar os medicamentos fora do prazo e os materiais utilizados no acondicionamento e embalagem dos medicamentos.

Check-saúde: permite monitorizar a saúde dos utentes e inclui a determinação de

vários parâmetros, nomeadamente do índice de massa corporal (IMC), pressão arterial (PA), glicemia capilar, colesterol total, triglicéridos e ácido úrico.

A determinação destes parâmetros físicos (PA, peso, altura e IMC) e bioquímicos (glicemia, colesterol, triglicéridos e ácido úrico) permite fazer um seguimento do utente e detetar precocemente algumas alterações, sendo um serviço de grande valor acrescentado prestado pelos farmacêuticos. Na FHC, o serviço Check-saúde é bastante procurado e foi o serviço farmacêutico mais prestado por mim durante o estágio.

A farmácia possui uma balança que fornece o peso, altura, índice de massa corporal

e índice de massa gorda. Quase diariamente surgiam utentes a querer saber estes

valores e todas as vezes interpretei com eles os resultados obtidos, sugerindo alterações no estilo de vida (nomeadamente através do exercício físico e da alimentação) que lhes permitissem alcançar o resultado desejável. Em certas situações, e quando achei que a pessoa precisasse de um melhor acompanhamento, sugeri a marcação de uma consulta de nutrição.

No gabinete de serviços farmacêuticos, procedi à medição da PA com um tensiómetro digital e automático. Por diversas vezes, pessoas chegaram à farmácia com queixas de tonturas, calor e má-disposição e em alguns destes casos foram detetadas situações de hipotensão. Contudo, era mais frequente detetar situações de hipertensão nos utentes, mesmo em doentes medicados com anti hipertensores. Em todas as situações expliquei aos utentes o significado dos valores obtidos de pressão sistólica e diastólica e expliquei quais as medidas a tomar, nomeadamente a redução do consumo de sal, a prática de exercício físico, a ingestão de água e a importância da toma da medicação [3]. Em alguns casos, foi necessário fazer reencaminhamento ao médico.

A determinação da glicemia, ácido úrico e do perfil lipídico é feita no aparelho Callegari CR3000®. Este baseia-se na Lei de Lambert-Beer e apresenta inúmeras vantagens, nomeadamente a sua alta precisão, o facto de ser possível realizar 3 testes em

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6

simultâneo, requerer apenas 10 μL de sangue capilar e os resultados demorarem apenas alguns minutos [4]. Os procedimentos para a execução dos testes e os valores de referência encontram-se no Anexo 3. A determinação do colesterol total trata-se do teste bioquímico mais solicitado pelos utentes, tendo detetado várias situações em que este se encontrava acima do valor de referência de 190 mg/dL. Nesses casos, recomendei a adoção de um estilo de vida saudável, nomeadamente através de uma dieta variada, rica em legumes, leguminosas e frutas e pobre em gorduras, e da prática regular de exercício físico [5]. Em algumas situações, em que os valores se encontravam extremamente elevados, procedi ao reencaminhamento médico.

Após cada medição, é fornecido um cartão ao utente com o registo dos resultados obtidos. Para além disso, estes são registados na ficha do utente no Sifarma 2000®, sendo já inúmeros os utentes com acompanhamento na FHC.

3.

Fontes de informação

A FHC tem à disposição dos seus funcionários algumas fontes informativas, como o Manual de Boas Práticas Farmacêuticas para a Farmácia Comunitária, o Índice Nacional Terapêutico e a Farmacopeia Portuguesa. Para além disso, durante o estágio tive acesso às circulares normativas da ANF (Associação Nacional das Farmácias). Na FHC é também frequente recorrer ao Resumo das Características do Medicamento e ao Infomed, uma base de dados de medicamentos online criada pelo INFARMED (Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P.). Contudo, o Sifarma 2000® é a fonte informativa mais utilizada devido ao rápido acesso à informação acerca dos medicamentos, nomeadamente indicações terapêuticas, posologias e contraindicações.

4.

Gestão em farmácia comunitária

4.1. Sistema informático

A FHC utiliza como software o Sifarma 2000®, sistema informático desenvolvido pela

Glintt®. Este software possibilita a gestão do produto desde a sua entrada na farmácia até

à sua saída, permitindo o controlo dos stocks e a gestão dos prazos de validade. Possui também as vantagens de fazer a leitura de receitas médicas eletrónicas, de permitir o acompanhamento dos utentes através do registo do seu histórico e de detetar contraindicações e interações medicamentosas [6].

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7

4.2. Encomendas a distribuidores grossistas

A FHC obtém a maioria dos seus produtos através de distribuidores grossistas. Os principais distribuidores da FHC são a Alliance Healthcare (AH) e a OCP Portugal. A escolha dos fornecedores é feita com base na qualidade do serviço prestado, disponibilidade dos produtos e condições comerciais estabelecidas.

De segunda a sexta-feira a FHC recebe três encomendas da AH (10h00, 16h00 e 19h15) e duas da OCP (05h40 e 15h15). Já aos sábados, domingos e feriados são recebidas duas encomendas da AH (10h00 e 14h30) e duas da OCP (uma às 05h40 e outra durante a tarde). As encomendas podem ser geradas de várias formas:

 Encomendas diárias – são efetuadas com base nos stocks máximo e mínimo definidos previamente no Sifarma 2000® para cada produto. Assim, sempre que é atingido o ponto de encomenda, ou seja, quando o stock de um produto atinge o stock mínimo definido para o mesmo, o número de unidades necessárias para atingir o stock máximo é transferido automaticamente para a encomenda diária. Esta encomenda é depois verificada e enviada ao respetivo fornecedor, estando também definido previamente para cada produto qual é o armazém que possibilita uma melhor condição na compra do mesmo.

 Encomendas instantâneas via Sifarma 2000® - são efetuadas sempre que é

necessário encomendar à AH um produto que não consta no stock habitual da farmácia. Estas encomendas correspondem geralmente a reservas dos utentes.  Encomendas via gadget – são encomendas efetuadas num software específico da

OCP. O gadget permite assim consultar a disponibilidade dos produtos e encomendar os mesmos.

Encomendas manuais – são geralmente geradas quando o contacto com o

fornecedor é feito via telefone, já que desta forma a encomenda não fica registada informaticamente.

4.3. Encomendas a laboratórios

A FHC solicita com alguma periodicidade produtos diretamente a laboratórios, como é o caso dos laboratórios PHYTO®, LIERAC®, Pierre Fabre®, Nestlé®, Bene Farmacêutica®, entre outros.

Estas encomendas apresentam algumas vantagens para a FHC, nomeadamente o facto de não incluírem uma margem de lucro para o distribuidor grossista. Para além disso, como são encomendas em que são solicitadas grandes quantidades de produtos, as condições comerciais são também mais favoráveis. Como desvantagem, é possível

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8

apontar o tempo de entrega da encomenda, que geralmente é mais longo do que aquele praticado pelos distribuidores grossistas.

4.4. Receção de encomendas e marcação de preços

A receção de encomendas foi das primeiras atividades desenvolvidas por mim durante o estágio. Esta tarefa é de extrema importância pois permite contactar com os produtos que diariamente chegam à farmácia e porque é um passo essencial na gestão dos produtos armazenados na farmácia.

As encomendas chegam em contentores apropriados e todas são acompanhadas de uma fatura em duplicado, que possui a identificação do fornecedor, número da fatura, identificação dos produtos, número de unidades, valor total a faturar, valor total de Imposto de Valor Acrescentado (IVA), Preço de Venda ao Armazenista (PVA), Preço de Venda à Farmácia (PVF), Preço de Venda ao Público (PVP) e descontos ou bonificações.

A receção de encomendas é feita no Sifarma 2000®, devendo ser selecionada qual a encomenda que se pretende rececionar no menu “Receção de Encomendas”. De seguida procede-se à indicação do número da fatura da encomenda e do valor total a faturar no software. Posto isto, são registados os Códigos Nacionais de Prescrição (CNP) dos produtos da encomenda, manualmente ou através do leitor de código de barras. Para cada produto é confirmado o estado de conservação, o prazo de validade e o PVF. Para os produtos com PVP indicado na cartonagem, é necessário confirmar se este corresponde ao PVP indicado pelo sistema informático. Caso isso não aconteça, é necessário verificar se há stock desse produto. Se não houver, atualiza-se o PVP no sistema informático. Se existir, é preciso garantir que os produtos com PVP mais antigo são vendidos primeiro e só depois deve ser feita a atualização do PVP.

Após leitura de todos os produtos, verifica-se que o número de unidades rececionadas corresponde ao número de unidades faturadas e que o valor a faturar apresentado pelo Sifarma 2000® corresponde ao valor a faturar presente na fatura. Quando se termina a receção da encomenda, os stocks dos produtos rececionados são atualizados.

Os medicamentos com substâncias psicotrópicas e estupefacientes são sujeitos a um estreito controlo de stocks, razão pela qual juntamente com a fatura é enviado um documento de requisição destes medicamentos. Este documento é enviado em duplicado e vem assinado pelo fornecedor, sendo depois assinado pelo Diretor Técnico ou Farmacêutico Substituto. Este enviará um exemplar de volta ao fornecedor, ficando um exemplar na posse do requisitante e outro na do fornecedor, sendo que estes devem

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conservar a requisição durante 3 anos [7]. No caso da AH, estes documentos são enviados todos juntos no final de cada mês e não individualmente com cada encomenda.

É também durante a receção das encomendas que se define o PVP de produtos de venda livre, sendo este calculado segundo a seguinte fórmula:

PVP = PVF + Margem de comercialização + IVA

Por vezes, para além do PVF, considera-se também a competitividade do mercado e o número de vendas do produto de modo a definir o PVP.

Após receção da encomenda é necessário proceder à marcação de preços já que, segundo a Lei nº25/2011, de 16 de junho [8], é obrigatório indicar o PVP na rotulagem dos medicamentos. Assim, para os produtos de venda livre, cujo PVP é definido pela farmácia, procede-se à impressão de etiquetas que são depois coladas nos produtos. A colagem das etiquetas deve ter alguns aspetos em consideração, nomeadamente o facto de não poder ocultar o prazo de validade, o lote ou outras informações relevantes.

4.5. Armazenamento dos produtos

A maior parte dos medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM) encontra-se armazenada dentro do robot Rowa Vmax®. No momento de armazenamento, é necessário introduzir o prazo de validade já que posteriormente os produtos serão dispensados pelo dispositivo segundo o método FEFO (first expire, first out) e FIFO (first in, first out). Dentro do robot os produtos são armazenados de modo a privilegiar a velocidade no momento da dispensa, isto é, os produtos com maior rotatividade são armazenados mais próximo das saídas. Este dispositivo permite rentabilizar o espaço, controlar stocks e prazos de validade e simplificar o processo de dispensa, reduzindo a ocorrência de erros e aumentando a rapidez dos atendimentos.

Na zona de receção de encomendas encontra-se um frigorífico, onde são armazenadas determinadas vacinas, insulinas, enzimas utilizadas na determinação de parâmetros bioquímicos pelo aparelho Callegari CR3000® e todos os medicamentos que necessitem de ser conservados a uma temperatura entre 2-8ºC.

Os medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) encontram-se maioritariamente expostos atrás dos balcões do atendimento. Aqueles que não se encontram expostos encontram-se armazenados no Rowa Vmax® ou numa zona de armazenamento onde são colocados produtos em excesso, isto é, produtos cujo stock é demasiado elevado.

Na zona de atendimento os produtos de venda livre mais requisitados são dispostos em lineares, organizados por categorias, nomeadamente dermocosmética, bebé e mamã,

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ortopedia, dispositivos médicos, entre outros. Existe também um linear de destaques, onde são dispostos os produtos sazonais ou as campanhas promocionais.

De modo a garantir a correta conservação dos medicamentos, as Boas Práticas Farmacêuticas para a Farmácia Comunitária [9] referem que as farmácias devem estar contempladas com equipamentos que permitam a monitorização da temperatura e humidade. No caso da FHC, este controlo é feito com termohigrómetros g-log, sistemas de monitorização e registo de temperatura e humidade sem fios desenvolvidos pela Glintt®. O sistema possui 4 sondas colocadas na zona pública, armazém, robot e frigorífico que registam várias vezes ao dia as condições de temperatura e humidade. Semanalmente é retirada uma listagem em gráfico dos valores registados e são verificados eventuais desvios aos valores estipulados. No caso de os desvios serem significativos, devem ser devidamente justificados e as causas devem ser identificadas e corrigidas. As sondas são sujeitas a rotações por vários locais dentro de cada área da farmácia, isto é, são avaliadas várias prateleiras do frigorífico e vários locais da zona de armazenagem, procedendo-se ao registo dos locais a que se referem as leituras [10].

4.6. Gestão de devoluções

Há certas situações em que se torna necessário proceder à devolução de medicamentos e outros produtos de saúde, nomeadamente quando as embalagens se encontram danificadas, quando o prazo de validade do produto expirou, quando os produtos não foram encomendados mas foram debitados ou quando o INFARMED emite circulares de suspensão da comercialização de um produto.

Para proceder à devolução de um produto, procede-se à criação de uma nota de devolução no menu “Gestão de Devoluções” do Sifarma 2000®, sendo necessário identificar o fornecedor, indicar os produtos a devolver e as respetivas quantidades, o motivo de devolução e o documento de origem, isto é, a fatura onde os produtos foram faturados. A nota de devolução é impressa em triplicado, sendo rubricada, datada e carimbada. Quando o fornecedor recolhe a nota de devolução e os respetivos produtos, rubrica e carimba o triplicado da nota de devolução, que é guardado na farmácia a aguardar regularização da devolução, e leva consigo o original e duplicado.

As notas de devolução podem ou não ser aceites, sendo que a regularização ocorre no menu “Regularização de Devoluções” do Sifarma 2000®. Se a regularização não é aceite, deve ser indicado o motivo da não-aceitação e o produto deve ser depositado no VALORMED®. Se aceite, a regularização é feita através de uma nota de crédito ou através da troca por outros produtos.

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11

4.7. Controlo de prazos de validade

O controlo dos prazos de validade dos produtos é feito mensalmente. O Sifarma 2000® permite retirar uma lista dos produtos cujo prazo de validade caduca nos próximos 3 meses, designada por “Lista de Controlo de Prazos de Validade”. Estes prazos são conferidos manualmente e no caso do prazo de validade ter sido introduzido incorretamente no momento da receção das encomendas este é corrigido no sistema informático. Caso o prazo de validade caduque em 3 meses, o produto é colocado de parte e, no caso de não ser vendido dentro do limite de prazo de validade, é feita uma nota de devolução em que o motivo desta será “Prazo de Validade”.

5.

Dispensa de medicamentos

A dispensa de medicamentos é o ato em que o farmacêutico cede medicamentos ou substâncias medicamentosas aos utentes, podendo este ato ser feito perante uma prescrição médica, em regime de automedicação ou por indicação farmacêutica [9]. Durante a dispensa, o farmacêutico deve avaliar a medicação dispensada com o objetivo de proteger o doente de potenciais resultados negativos associados à medicação. Assim, o farmacêutico deve identificar e avaliar possíveis problemas relacionados com a medicação (PRM) [9].

Durante os meus atendimentos, detetei alguns erros e ideias erradas acerca do uso de alguns medicamentos, razão pela qual decidi desenvolver um projeto no âmbito do uso responsável do medicamento (Projeto III).

5.1. Dispensa de medicamentos sujeitos a receita médica

Designam-se por medicamentos sujeitos a receita médica aqueles que possam constituir um risco caso sejam utilizados sem vigilância médica, que sejam utilizados para fins diferentes daquele a que se destinam, que contenham substâncias com efeitos secundários que devem ser aprofundados ou que sejam administrados por via parentérica [11].

A dispensa de MSRM decorre na FHC de acordo com as Boas Práticas Farmacêuticas [9]:

1. Receção da prescrição e confirmação da sua validade e autenticidade – identificação do utente, médico e entidade responsável pelo pagamento, verificação da autenticidade e validade, interpretação do tratamento e das intenções do prescritor e identificação do medicamento.

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2. Avaliação farmacoterapêutica da prescrição – necessidade do medicamento, adequação ao utente (contraindicações, interações, alergias, etc.) e adequação da posologia (dose, frequência e duração do tratamento).

3. Identificação e resolução de PRM.

4. Entrega do medicamento ou produto prescrito.

5. Informação ao utente acerca do tratamento – comunicação oral e colagem de etiquetas de posologia nas embalagens dos medicamentos.

6. Oferta de outros serviços farmacêuticos.

A lei [9] prevê situações de cedência de urgência de MSRM. Esta cedência de urgência consiste na disponibilização de MSRM a um utente sem prescrição médica. Estas situações pressupõem o conhecimento prévio do perfil farmacoterapêutico do utente e todas devem ficar devidamente documentadas.

5.1.1. Prescrição médica

A receita médica é prescrita pela indicação da Denominação Comum Internacional (DCI), dosagem, forma farmacêutica, apresentação, tamanho da embalagem e posologia [12].

Podem ser encontrados 3 tipos de prescrição médica [12, 13]:

 Receitas manuais – prescritas excecionalmente por uma das seguintes exceções legais: falência do sistema informático, inadaptação do prescritor, prescrição ao domicílio ou prescrição máxima de 40 receitas por mês. Para que este tipo de prescrição seja validada, deve conter a identificação do prescritor e local de prescrição, a exceção legal e os dados do utente. A receita manual é válida pelo prazo de 30 dias após a data da sua emissão. Não pode conter rasuras ou caligrafias diferentes nem podem ser utilizadas canetas diferentes.

 Receita eletrónica em papel (materializada) – podem ser renováveis (tratamentos curtos) ou renováveis até 3 vias (tratamentos continuados). Tal como nas receitas manuais, podem ser prescritos até 4 produtos de saúde distintos, havendo um limite de 4 embalagens, num máximo de 2 embalagens por cada medicamento.

 Receita eletrónica em papel (desmaterializada) – estas receitas são enviadas para o telemóvel ou e-mail do utente e indicam o número da receita, código de dispensa e código de direito de opção. Estas receitas apresentam a vantagem de o prescritor poder prescrever um número ilimitado de diferentes produtos, estando no entanto limitados a 2 unidades de cada produto ou a 6 unidades se se tratar de um tratamento continuado e prolongado. Para além disso, possibilitam que o utente levante a medicação à medida que vai precisando dela, o que não acontece nos

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13

outros tipos de receitas. Contudo, estas receitas apresentam como desvantagem a grande dependência do sistema informático, ficando o farmacêutico incapaz de saber quais os medicamentos que constam na receita no caso de uma falha informática. Para além disso, a ausência de validade na mensagem ou no e-mail faz com que muitos utentes deixem que esta seja ultrapassada. Por esta razão, procedia à impressão do documento de medicamentos por dispensar sempre que uma destas receitas me era apresentada.

A partir de 1 de abril de 2016 tornou-se obrigatória a prescrição exclusiva através de receita eletrónica desmaterializada em todo o Serviço Nacional de Saúde [14] contudo durante o estágio procedi à dispensa de MSRM através dos 3 tipos de prescrição.

Os medicamentos podem ser prescritos por nome comercial se não existir medicamento genérico similar comparticipado ou se existir uma justificação técnica por parte do prescritor [12]:

Exceção a) – medicamentos com margem ou índice terapêutico estreito. Esta exceção é apenas permitida para os medicamentos identificados pelo INFARMED, I.P.

Exceção b) – reação adversa prévia.

Exceção c) – continuidade de tratamento superior a 28 dias. Neste caso o utente pode optar por medicamentos equivalentes ao que foi prescrito, desde que sejam de preço inferior.

5.1.2. Dispensa de psicotrópicos e estupefacientes

Designam-se por medicamentos psicotrópicos e estupefacientes todos aqueles que possuem substâncias que constam no Decreto-Lei nº15/93, de 22 de janeiro [15].

Devido ao tráfico ilícito destas substâncias e ao risco de dependência, estes medicamentos são sujeitos a um maior controlo pelo que têm que ser prescritos isoladamente, ou seja, a receita médica não pode conter outros medicamentos. É também obrigatória a apresentação do cartão de identificação pelo adquirente.

É feito um registo no Sifarma 2000® dos dados do médico prescritor (nome), dados do utente (nome e morada) e dados do adquirente (nome, morada, número de identificação pessoal, data de nascimento e validade do cartão de identificação). Após a dispensa, é emitido um talão que comprova a dispensa do medicamento, sendo este guardado na farmácia por ordem de emissão durante 3 anos [12].

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14

5.1.3. Sistema de preços de referência

A prescrição por DCI é obrigatória para os medicamentos que contêm substâncias ativas para as quis existam medicamentos genéricos autorizados. No ato da dispensa, o farmacêutico deve informar o utente da existência de medicamentos genéricos, isto é, medicamentos com a mesma substância ativa, forma farmacêutica, apresentação e dosagem, ou seja, pertencentes ao mesmo grupo homogéneo do medicamento de marca. A farmácia deve ter disponíveis no mínimo três de entre os cinco com preço mais baixo de cada grupo homogéneo e o utente tem direito a optar por qualquer medicamento genérico, exceto se só existir o de marca ou se o médico prescritor colocar uma justificação técnica (exceção A, B ou C), como referido anteriormente [16].

Para cada grupo homogéneo encontra-se definido um valor máximo (preço de referência) de comparticipação, ficando o utente responsável por pagar a diferença entre o preço de referência e o PVP. O preço de referência para cada grupo homogéneo corresponde à média dos cinco PVP mais baixos praticados no mercado. A formação de grupos homogéneos e a atribuição de preços de referência é elaborada trimestralmente enquanto os PVP são atualizados mensalmente [17].

5.1.4. Sistemas de comparticipação

A comparticipação de medicamentos pelo Serviço Nacional de Saúde pode ser feita através de um regime geral ou de um regime especial [12]:

 Regime geral de comparticipação – o Estado paga uma percentagem do PVP de acordo com os seguintes escalões, estabelecidos de acordo com a sua classificação farmacoterapêutica [18]:

Escalão A – 90% de comparticipação, aplicado a medicamentos usados em afeções oculares, medicamentos antineoplásicos e imunomoduladores, etc.

Escalão B – 69% de comparticipação, estabelecido em medicamentos anti-infeciosos, do Sistema Nervoso Central, do aparelho cardiovascular, etc.

Escalão C – 37% de comparticipação, que inclui medicamentos do aparelho geniturinário, locomotor, medicação antialérgica, etc.

Escalão D – 15% de comparticipação, onde se encontram, por exemplo, os novos medicamentos.

 Regime especial de comparticipação – A comparticipação pode ser feita em função de:

Beneficiários – A comparticipação é acrescida de 5% (escalão A) ou 15% (escalões B, C e D) para os pensionistas. Pode ainda ser de 95% para todos os escalões nos

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15

medicamentos com PVP igual ou inferior ao 5º preço mais baixo do seu grupo homogéneo. Este regime pode ser beneficiado por pensionistas com rendimento anual total igual ou inferior a 14 vezes a retribuição mínima mensal [19].

Patologias – As condições de acesso por parte dos doentes com determinadas patologias são definidas por despacho do membro do governo responsável pela área da saúde. Algumas patologias abrangidas por este regime são o lúpus, hemofilia, Alzheimer, dor oncológica, artrite reumatoide e psoríase.

Os produtos destinados ao autocontrolo da diabetes mellitus encontram-se também abrangidos por um regime de comparticipação do Estado. Esta comparticipação é de 85% do PVP nas tiras-teste e de 100% nas agulhas, seringas e lancetas. Já os produtos dietéticos com carácter terapêutico são comparticipados em 100% desde que prescritos em determinados locais [12]. O Serviço Nacional de Saúde (SNS) determina também a comparticipação em 100% do PVP de dispositivos médicos para doentes ostomizados e para doentes com incontinência ou retenção urinária [20]. Também as câmaras expansoras são comparticipadas, correspondendo esta a 80% do PVP, não podendo exceder os 28€ e sendo limitada a uma câmara expansora por utente [21].

Existem outros regimes de subsistemas de saúde criados por entidades privadas que permitem que o utente beneficie da comparticipação do SNS e da comparticipação desse subsistema. Exemplos destes regimes são o Serviço de Assistência Médico-Social (SAMS) do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas, Medis®, Multicare® ou EDP-Sa Vida®.

5.1.5. Conferência de receituário e faturação

Inicialmente, as receitas médicas são organizadas em lote, sendo que cada lote contém no máximo 30 receitas. Estas são agrupadas de acordo com o organismo a que pertencem, como o 01 (SNS), 48 (pensionistas) ou 99 (receitas eletrónicas materializadas). De forma a reduzir o número de documentos não conformes, todas as receitas são verificadas 2 vezes antes do fecho do lote. Assim, confere-se a validade da receita, a assinatura do médico, se a medicação dispensada foi a correta e se a comparticipação foi feita de forma correta [22].

Os lotes são ordenados por ordem crescente do número sequencial que lhes foi atribuído. Sempre que um lote é validado, é impresso o verbete de identificação do lote, que discrimina o valor total das receitas, o valor da comparticipação e o valor pago pelos utentes [22].

De modo a receber o pagamento da comparticipação, a Farmácia deve enviar ao Centro de Conferência de Faturas (CCF) os seguintes documentos [23]:

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16

 As receitas médicas manuais ou materializadas onde estão prescritos os medicamentos comparticipados pelo SNS, com impressão no verso da receita dos elementos definidos (identificação da farmácia, data da dispensa, PVP de cada medicamento, comparticipação do estado, encargo para o utente, código dos medicamentos em caracteres e códigos de barra e informação relativa ao exercício de direito de opção). As receitas devem também conter a assinatura do responsável pela dispensa, carimbo da farmácia e assinatura do utente. [22].

 A informação de dispensa de prescrições desmaterializadas.

 A fatura eletrónica mensal correspondente ao valor de comparticipação dos medicamentos dispensados.

 As notas de débito ou notas de crédito no caso de retificação de não conformidades em faturas emitidas anteriormente.

Os documentos devem ser entregues no CCF até ao 10º dia do mês seguinte, em invólucros com uma etiqueta identificativa da farmácia e do número de volumes face ao número total de volumes enviados [22, 23]. Já o receituário comparticipado por organismos complementares é enviado à Associação Nacional das Farmácias (ANF).

Na ausência de inconformidades, o envio destes documentos garante o pagamento da comparticipação dos medicamentos à farmácia. Contudo, no processo de conferência podem ser identificados erros ou diferenças, sendo atribuído um código identificativo da incorreção e uma breve descrição da mesma. Os documentos que possam ser corrigidos são devolvidos à Farmácia e, após correção dos erros, podem ser novamente submetidos [22].

5.2. Dispensa de medicamentos não sujeitos a receita médica

Os medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) são aqueles que não apresentam qualquer condição exigida para serem classificados como MSRM [11]. Estes medicamentos são solicitados em regime de automedicação ou por indicação farmacêutica [9]:

 Automedicação – o tratamento medicamentoso surge por iniciativa própria do utente. Nestas situações, é importante que o farmacêutico oriente a utilização do medicamento solicitado, devendo inicialmente avaliar a necessidade do mesmo. O problema de saúde do utente deve ser analisado, devendo o utente ser questionado acerca do seu problema, sintomas, outros problemas de saúde e medicação habitual.

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 Indicação farmacêutica – o farmacêutico é responsável por selecionar um MNRSM com o objetivo de aliviar ou resolver um problema de saúde ou um sintoma menor.

Verifica-se uma grande sazonalidade nos transtornos menores de saúde que são alvo de indicação farmacêutica sendo que, durante o meu estágio, os MNSRM mais cedidos por mim foram analgésicos e antipiréticos, medicamentos para as picadas de insetos, para os vómitos e enjoo do movimento, para pernas pesadas e cansadas e para o tratamento de micoses.

5.3. Dispensa de medicamentos e produtos manipulados

Define-se por medicamento manipulado qualquer produto dispensado sob responsabilidade de um farmacêutico, seja segundo receita médica ou segundo indicações de uma farmacopeia ou de um formulário [24].

A produção de medicamentos manipulados é feita de forma centralizada na Farmácia Diamantino, permitindo à FHC economizar recursos e matérias-primas. Como consequência, enquanto estagiária não tive oportunidade de preparar nenhum medicamento manipulado. Para além disso, não procedi à dispensa de nenhum destes produtos, tendo sido possível concluir que estes medicamentos são poucas vezes prescritos, o que se deve em grande parte às formulações disponibilizadas pela indústria farmacêutica.

5.4. Dispensa de outros produtos de saúde

5.4.1. Produtos cosméticos e de higiene corporal e produtos de puericultura

Designam-se por produtos cosméticos e de higiene corporal (PCHC) todas as substâncias que se destinam a ser postas em contacto com a superfície do corpo humano e que tenham a finalidade de limpar, perfumar ou modificar o seu aspeto ou de proteger, manter em bom estado ou corrigir os odores corporais [25].

A FHC apresenta 5 lineares dedicados à dermocosmética, 3 dedicados aos cuidados

capilares, 1 relativo à sexualidade, 2 dedicados à higiene oral e 8 destinados ao bebé e mamã, tratando-se de uma farmácia com uma grande variedade de PCHC.

No que diz respeito aos cuidados cosméticos, a FHC trabalha com as marcas A-Derma®, Ducray®, Eucerin®, Avene®, Lierac®, Caudalie® e Filorga®. Nos cuidados capilares, predominam as marcas Rene Furterer® e Phyto® e na sexualidade trabalha predominantemente com as marcas Durex®, Lactacyd® e Saugella®. Quando à higiene oral, são frequentemente solicitadas pastas e escovas de dentes ou colutórios, tendo a farmácia

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ao dispor os produtos das marcas Eludril®, Elgydium®, Corega®, entre outros. A zona de puericultura apresenta papas e leites das marcas Aptamil®, Nutribén® e Nestlé® e outros produtos relacionados com a higiene do bebé e com a amamentação das marcas Mustela®, Uriage®, Medela® e Avent®.

Os poucos conhecimentos nesta área e a grande diversidade de produtos apresentada pela FHC foram os motivos que me fizeram desenvolver um projeto (Projeto II) no âmbito dos PCHC, sendo que este consistiu num manual de aconselhamento de produtos da área da dermofarmácia e cosmética, tendo sido abordados vários temas frequentemente apresentados pelos utentes.

5.4.2. Medicamentos e outros produtos de uso veterinário

A legislação define medicamentos veterinários como todas as substâncias com propriedades curativas ou preventivas de doenças ou dos seus sintomas em animais ou que sejam administradas com o objetivo de estabelecer um diagnóstico ou de restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas [26].

Na FHC os produtos de uso veterinário mais solicitados são os desparasitantes internos e externos bem como produtos destinados à contraceção e higiene dos animais.

5.4.3. Dispositivos médicos

Um dispositivo médico é qualquer aparelho, equipamento, material ou artigo usado com os seguintes objetivos [27]:

 Diagnóstico, prevenção, controlo, tratamento ou atenuação de uma doença ou deficiência.

 Estudo, substituição ou alteração da anatomia ou de processos fisiológicos.  Controlo da conceção.

Na FHC destacam-se as seringas, câmaras expansoras, meias de descanso e compressão, produtos de ortopedia e produtos destinados ao controlo da diabetes mellitus.

5.4.4. Suplementos alimentares

Os suplementos alimentares destinam-se a complementar e/ou suplementar um regime alimentar normal, constituindo fontes concentradas de determinadas substâncias nutrientes, como vitaminas, minerais, fibras ou aminoácidos [28].

Os utentes da FHC reconhecem os benefícios destes produtos de saúde, sendo frequente requisitarem suplementos de magnésio (HolonPlus Magnésio® (Grupo Holon), Magnesona® (Laboratórios Vitória), Magnesiocard® (TECNIMEDE), etc.), suplementos

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para a saúde dos ossos e articulações (HolonProtect Artro® (Grupo Holon)) e suplementos revitalizantes e energéticos (Guronsan® (Jaba Recordati), Gerovital® (EMS), Bioritmo® (Medinfar)).

Na dispensa destes produtos, dei informações acerca da toma diária recomendada e alertei para o facto de estes produtos não serem substitutos de um regime alimentar variado.

5.4.5. Medicamentos homeopáticos

Designam-se por medicamentos homeopáticos aqueles que são obtidos a partir de substâncias stock ou matérias-primas homeopáticas [29]. A FHC tem disponíveis alguns produtos que são por vezes solicitados pelos utentes, como o Oscilococcinum® e Sédatif PC® dos laboratórios Boiron®.

6.

Ações na comunidade e educação para a saúde

A FHC reconhece a importância que os farmacêuticos têm na promoção de estilos de vida saudáveis, na deteção precoce de algumas patologias e na promoção e educação para a saúde. Neste âmbito, tive a oportunidade de participar em inúmeras atividades destinadas à comunidade, descritas na Tabela 2.

Tabela 2 - Descrição das atividades de educação para a saúde na comunidade.

Atividade Data Local Descrição

Projeto “As Farmácias Holon vão às escolas!”

18 de abril

Centro de Ativ’Idades da

Covilhã

Palestra sobre a importância de praticar uma alimentação saudável e sobre os

cuidados de higiene oral

Feira da Saúde 22 de

abril

Serra Shopping

Rastreio de podologia, nutrição, rigidez arterial, risco cardiovascular e diabetes

Caminhada Holon pela Saúde

23 de

Abril Covilhã

Caminhada de 10 km pela cidade da Covilhã Avaliação do risco cardiovascular 25 e 29 de maio Farmácia Holon Covilhã

Rastreio do risco cardiovascular (medição da tensão arterial e colesterol

total)

Feira da Saúde 28 de

maio

Bouça, Covilhã

Rastreio de podologia, nutrição, risco cardiovascular e diabetes Projeto “Proteção Verão 2017 – Salve a sua pele” 28 de junho Centro de Ativ’Idades da Covilhã

Sensibilização para a importância da proteção solar

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Em colaboração com os Departamentos de Marketing e de Projetos e Serviços, estive envolvida no planeamento, divulgação e preparação das atividades, desempenhando diversas tarefas que me eram delegadas. Por vezes a minha intervenção foi apenas a nível logístico, como na caminhada, em que procedi à distribuição dos kits e acompanhei os participantes ao longo da mesma, e por outras ocasiões foi mais ativa, como na medição de parâmetros bioquímicos nos rastreios e interpretação dos resultados obtidos com o utente.

7.

Lar da Santa Casa da Misericórdia da Covilhã

A FHC disponibiliza semanalmente um farmacêutico ao Lar da Santa Casa da Misericórdia (LSCM) da Covilhã. Este presta auxílio na preparação da medicação em colaboração com os serviços de enfermagem. O pedido dos medicamentos e de outros produtos de saúde é feito perante receita médica e todos os utentes possuem uma ficha no Sifarma 2000® para seguimento farmacoterapêutico e para creditação dos produtos. Todos os produtos que saem da FHC com destino ao LSCM saem com uma etiqueta que se destina à identificação do utente ao qual os mesmos se destinam. Cada utente possui uma gaveta onde são armazenados os seus medicamentos e um mapa posológico (Anexo

4) do seu perfil farmacoterapêutico.

A preparação da medicação é feita semanalmente, às terças-feiras, para todos os utentes. Cada utente possui um módulo que se encontra dividido por dias da semana e por tomas (jejum, pequeno-almoço, almoço, lanche, jantar e deitar) (Anexo 4). Este sistema garante que a medicação é dada ao utente certo na hora certa, evitando erros de troca de medicação.

Durante o estágio tive oportunidade de participar na preparação da medicação dos utentes do lar. As múltiplas comorbilidades que derivam do processo de envelhecimento levam à necessidade de recorrer a múltiplos fármacos, razão pela qual a grande maioria destes utentes são polimedicados. Tornou-se, assim, ainda mais evidente para mim a importância que o farmacêutico tem na identificação de reações adversas medicamentosas, no estudo de possíveis interações e na deteção e resolução de PRM.

8.

Sistema de Gestão da Qualidade

Desde 2016 que a FHC tem implementado um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) que se aplica a todas as atividades que desenvolve, nomeadamente dispensa de medicamentos e outros produtos de saúde, aconselhamento e intervenção farmacêutica, prestação de serviços na área da saúde e projetos na comunidade. O SGQ tem como

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21

objetivo garantir o cumprimento da legislação aplicável, Norma ISSO 9001:2015 e das Boas Práticas de Farmácia [10].

A informação do SGQ inclui o Manual da Qualidade (documento onde é descrito o sistema e onde são identificados e descritos os procedimentos), os impressos e a documentação externa (como as Boas Práticas de Farmácia e toda a legislação e regulamentação em vigor) [10].

A Política de Qualidade (PQ) das Farmácias Holon tem como objetivo “melhorar continuamente a qualidade de prestação de serviços e cuidados de saúde e melhorar o desempenho das suas equipas (…) com a missão e estratégia de construir uma marca de farmácia diferenciada e assente num serviço de excelência” [10]. A PQ destina-se assim a melhorar continuamente o SGQ, a cumprir os requisitos legais aplicáveis, a adequar as infraestruturas de acordo com as necessidades, a adequar os serviços às necessidades do cliente e a estabelecer protocolos nas diferentes áreas de atuação do farmacêutico [10]. Anualmente a FHC é alvo de uma auditoria interna e no caso de serem detetadas não conformidades ou oportunidades de melhoria são desencadeadas ações corretivas. As ações corretivas pretendem eliminar as causas que deram origem à não conformidade, ou seja, não se trata de resolver a não conformidade mas sim se evitar que esta volte a ocorrer. Devem também ser registadas todas as não conformidades referentes aos fornecedores, como atrasos na prestação de serviços ou troca de produtos. É também feita uma avaliação da satisfação dos clientes, que permite monitorizar a satisfação das necessidades e expetativas do cliente relativamente aos serviços prestados pela farmácia [10].

O SGQ é gerido pelo Diretor Técnico sendo este o responsável pela melhoria contínua (auditoria, registo e tratamento de não conformidades e avaliação da satisfação do cliente), pelo controlo de equipamentos e infraestruturas e pelo controlo documental relativamente a todos os processos que ocorrem na farmácia [10].

9.

Formação complementar

Segundo o Código Deontológico da Ordem dos Farmacêuticos, o farmacêutico deve manter atualizadas as suas capacidades técnicas e científicas de modo a melhorar e aperfeiçoar constantemente a sua atividade [30].

No dia 4 de abril tive a oportunidade de assistir a uma formação promovida pelos laboratórios Pierre Fabre® que consistiu na apresentação de novos produtos lançados no ano de 2017 das marcas Avene®, Elancyl® e Ducray®. De forma a combater a carência de formações no interior do país, tomei a iniciativa de me inscrever na Academia Omega-Pharma®, tendo frequentado formações online sobre gripe e constipação, tosse, dores

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22

musculares, pediculose, entre outros. Para além disso o acesso aos protocolos de aconselhamento das Farmácias Holon foram essenciais na minha formação durante o estágio, já que estes abordam diversos temas (como a acne, alopécia, ansiedade, herpes labial, obstipação, etc) de uma forma bastante completa, dando indicações de quais as questões a colocar ao utente, quais os critérios de reencaminhamento ao médico e quais os tratamentos (farmacológico e não farmacológico) que devem ser aconselhados.

Parte B – Projetos desenvolvidos

10.

Projeto I - Desnutrição do Idoso

10.1. Contextualização

O aumento da esperança média de vida e as baixas taxas de fecundidade resultantes do adiamento da maternidade devido à crise económica têm como consequência o envelhecimento da população, que se traduz no decréscimo da população jovem (dos 0 aos 14 anos) e da população em idade ativa (dos 15 aos 64 anos) em detrimento do aumento da população idosa (acima dos 65 anos) [31]. As previsões da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que, em 2025 e só na Europa, o número de pessoas com idade superior a 80 anos aumente de 21,4 para 35,7 milhões. Já em 2050 é esperado que mais do que uma em cinco pessoas tenha idade superior a 65 anos [32]. Sendo assim, qualquer investimento feito na promoção do envelhecimento saudável tem consequências económicas significativas a longo prazo já que, quanto mais saudável for a população, menores serão os encargos económicos futuros com os cuidados de saúde [33].

O processo de Envelhecimento é um processo universal, progressivo e inevitável que ocorre desde o nascimento do indivíduo e que se caracteriza por alterações biológicas, psicológicas e sociais. A nível biológico, ocorrem um conjunto de alterações orgânicas, morfológicas e funcionais que resultam na perda da capacidade funcional dos órgãos e dos sistemas, verificando-se um aumento do risco de desenvolver comorbilidades e um aumento da probabilidade de falecimento [34, 35]. O envelhecimento não deve ser entendido como um problema, sendo uma parte natural do ciclo da vida. Assim, é desejável que constitua uma oportunidade para viver de forma saudável e autónoma o maior tempo possível [34]. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define Envelhecimento Ativo como o “processo de otimização das oportunidades para a saúde, participação e segurança para melhorar a qualidade de vida das pessoas que envelhecem” [32]. O Envelhecimento Ativo baseia-se assim na promoção da saúde, na perfeita integração do idoso na sociedade e na diminuição do risco de doença ou incapacidade e defende que, quanto mais tempo o idoso permanecer com saúde, sem incapacidade e com produtividade, melhor será a sua

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23

qualidade de vida, maior será a sua contribuição para a sociedade e, provavelmente, menores serão os custos a nível de serviços sociais e de saúde [35, 36].

O estado nutricional é um dos maiores determinantes de um envelhecimento ativo com sucesso já que uma nutrição desadequada no sénior conduz à diminuição da qualidade de vida, ao aumento do isolamento, ao agravamento de doenças crónicas e ao aumento da mortalidade [37]. Assim, a promoção de hábitos alimentares saudáveis e da prática regular de exercício físico têm o potencial de reduzir substancialmente a evolução das doenças e de melhorar a qualidade de vida já que uma grande parte das doenças crónicas que afetam os idosos podem ser evitadas ou melhoradas através da alimentação, proporcionando assim um envelhecimento ativo e saudável [38].

10.2. Envelhecimento e necessidades nutricionais

Com o avançar da idade, há uma diminuição dos mecanismos de ingestão, digestão, absorção, transporte e excreção de substâncias. Nesta faixa etária, as necessidades energéticas podem diminuir devido ao decréscimo da atividade física e à redução da massa muscular, contudo as necessidades em micronutrientes (vitaminas e minerais) sofrem um aumento [34].

A Desnutrição pode ser definida como um excesso, défice ou desequilíbrio de nutrientes e energia. A desnutrição pode ser devida a uma diminuição da ingestão alimentar, ao aumento das perdas nutricionais, à alteração do metabolismo dos nutrientes ou ao aumento das necessidades nutricionais. Um estado nutricional inadequado contribui significativamente para o aumento da mortalidade, agravamento do prognóstico de doenças agudas e aumento do número de hospitalizações e institucionalizações [34].

As alterações fisiológicas decorrentes do processo de envelhecimento têm um impacto direto nas necessidades nutricionais [39], tal como representado na Tabela 3.

Tabela 3 - Alterações fisiológicas decorrentes do processo de envelhecimento e consequente impacto nas necessidades nutricionais [39].

Alterações fisiológicas Impacto nas necessidades nutricionais

Diminuição da massa muscular Diminuição das necessidades energéticas Diminuição da densidade óssea Aumento das necessidades em cálcio e vitamina D Diminuição da função do Sistema

Imunitário

Aumento das necessidades em vitamina B6, vitamina E e zinco

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