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Do Equilíbrio Reflexivo Restrito e Amplo

No documento U MAT EORIA DAJ USTIÇA E OL (páginas 44-47)

2.3 D O I NTUICIONISMO

2.3.1 Do Equilíbrio Reflexivo Restrito e Amplo

Para explicar o equilíbrio reflexivo, RAWLS parte da ideia na noção

de pessoas livres e iguais, que faz em uso da razão e têm senso de justiça, que é a sensibilidade moral das pessoas, envolvendo as faculdades da razão, da imaginação e julgamentos. Daí decorre o que RAWLS denomina de juízos

refletidos, que sequer são influenciados por influências distorcidas, que se constituem em juízos feitos com hesitação, nos quais tenhamos pouca confiança. De mesma forma, deve-se deixar de lado aqueles juízos emitidos quando estamos aborrecidos, ou quando estamos dispostos a ganhar a qualquer preço. São juízos, segundo RAWLS, errôneos ou influenciados por uma atenção

excessiva em relação aos nossos próprios interesses. As influências distorcidas são aquelas que prejudicam os juízos ponderados, necessários para a emissão do senso de justiça, pois todo juízo deve ser emitido tendo por escopo uma decisão correta, ou pelo menos que não se tenha o desejo de evitar uma decisão correta. Portanto, juízos em que se pode fazer um julgamento correto, podendo haver alguns juízos de pontos pacíficos que não carecem reconsideração, ou seja, juízos aceitos sem a possibilidade de voltar atrás, como o exemplo citado por RAWLS de LINCOLN que disse: ³6HDHVFUDYLGmRQmRpFRQGHQiYHOQDGDp FRQGHQiYHO´ A teoria da justiça considera todos os juízos possíveis, seja qual

for seu nível de generalidade, podendo ser um juízo específico ou uma convicção geral de alto nível. Mas como em nossa mente pode haver juízos conflitantes, é preciso que sejam revistos para que se atinja o objetivo prático de se obter um acordo razoável no tocante à justiça pública.

Para RAWLS ocorre o equilíbrio reflexivo restrito, diverso do

reflexivo amplo, quando a pessoa não leva em conta as revisões necessárias para o restante de sua concepção, isto é, não considera outras concepções distintas de justiça e nem a força dos vários argumentos que sustentam essas concepções.

RAWLS aponta a solução do equilíbrio reflexivo amplo e geral, isto é,

um juízo reflexivo pleno, ainda no caso de uma pessoa, que é alcançado quando alguém considerou cuidadosamente outras concepções de justiça política encontradas em nossa tradição filosófica, incluindo visões críticas do próprio conceito de justiça, não deixou de sopesar a força das diversas razões filosóficas e não-filosóficas que as sustentam. Assim, o equilíbrio é amplo, por ser originário da reflexão ampla e abrangente, pois considerou as várias opiniões que o precederam. Portanto, em uma sociedade bem-ordenada, todos os cidadãos possuem suas pretensões decorrentes de um juízo reflexivo pleno. Para a concepção rawlsiana, em uma sociedade bem-ordenada é importante a existência do equilíbrio ponderado, ou seja, do equilíbrio reflexivo amplo (reflective equilibrium), que é o equilíbrio atingido pela reflexão entre todos os julgamentos, principalmente sopesando os princípios de justiça inerentes a cada pessoa. É o equilíbrio ponderado que segundo RAWLS, é o equilíbrio

ponderado que se trata de um equilíbrio reflexivo amplo, pois, segundo ele, nossos princípios e opiniões coincidem e é reflexivo ³SRUTXH VDEHPRV FRP

TXDLV SULQFtSLRV QRVVRV MXOJDPHQWRV VH FRQIRUPDP´ Ou seja, a justiça como

equidade se embasa em premissas nesse equilíbrio reflexivo, que não é necessariamente estável. ³(VWiVXMHLWRDVHUSHUWXUEDGRSRURXWUo exame das

FRQGLo}HVSDUWLFXODUHVTXHSRGHPUHYLVDUQRVVRVMXOJDPHQWRV´.35 O exame das

condições poderá ensejar a revisão de nossos juízos, mas, pelo juízo reflexivo,

será possível a manutenção da posição contratual original, procurando-se fazer o possível para justificar, de forma coerente, nossas convicções acerca da justiça social. Assim, a concepção da justiça social se mantém estável, decorrente da posição original. É, sem dúvida, a convicção devidamente apurada, ³FRPR VHQGR R UHVXOWDGR GHVVH WLSR GH Uoteiro hipotético de

UHIOH[mR´36

É exatamente o equilíbrio reflexivo que passa a representar, em última análise, o liberalismo rawlsiano, pois ³UHSUHVHQWDDWHQWDWLYDGHFRPR

dar um único sistema, tanto os pressupostos filosóficos razoáveis impostos aos prLQFtSLRV TXDQWR RV QRVVRV MXt]RV SRQGHUDGRV VREUH MXVWLoD´, embora,

segundo a concepção do equilíbrio refletido, a concepção de justiça possa ser deduzida de premissas axiomáticas ou de pressupostos aos seus princípios, mas, ao contrário, sua justificação é um problema da corroboração mútua de muitas considerações, do ajuste de todas as partes numa única visão coerente. Daí emerge o sistema cooperativo do qual decorre o liberalismo rawlsiano.

O equilíbrio reflexivo é o atingido pela reflexão entre nossos julgamentos bem sopesados em consonância com nossos princípios de justiça. É que se estampa em TJ,

Por meio desses avanços e recuos, suponho que acabaremos encontrando a configuração da situação inicial que ao mesmo tempo expresse preposições razoáveis e produza princípios que combinem com nossas convicções devidamente apuradas.37

Na teoria da justiça como equidade, o equilíbrio reflexivo pleno caracteriza-se por seu objetivo prático e por ser uma reflexão racional. Satisfaz a necessidade de uma base para a justificação pública em questões de justiça

36 RAWLS, John. TJ, nova tradução baseada na edição americana revista pelos autos, de Jussara Simões, com

revisão da Tradução de Álvaro de Vita. São Paulo: Martins Fontes, 2008, p. 23-25.

política. É acima de tudo coerente, isto é, em todas suas convicções refletidas apresenta coerência. RAWLS admite esta coerência, mas não só se deve levar

ainda em conta a existência de outras abrangentes que passam a fazer parte de um consenso sobreposto.

No documento U MAT EORIA DAJ USTIÇA E OL (páginas 44-47)