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CAPÍTULO 4 – MATERIAIS E MÉTODOS

5.1 ESCALA DE TRABALHO E VARIÁVEIS

O trabalho aqui apresentado valeu-se das recomendações de Serrano & Ruiz-Flaño (2007), Hjort & Louto (2010) e Pellitero (2012) para determinação da escala de trabalho, e dos trabalhos de Manosso (2012) e Pereira (2014) para a determinação da variáveis utilizadas no cálculo do índice de geodiversidade.

A escala de trabalho adotada seguiu a disponibilidade das bases cartográficas da região de estudo, de forma a abranger todo o Anticlinal de Mariana. Sendo assim, escolheu-se a escala 1:50.000 para todas as variáveis. A padronização da escala de trabalho foi importante para que não houvesse conflitos no cruzamento dos dados.

A região de estudo possui área de aproximadamente 235km2, e, no caso do cálculo de

geodiversidade pelo cruzamento de imagens raster, foi determinado o tamanho de células de 30 x 30 metros, respeitando a escala inicial do mapeamento, possibilitando precisão, qualidade e confiabilidade dos dados.

As classes e variáveis utilizadas foram selecionadas de acordo com a disponibilidade do banco de dados, da geomorfologia natural e antrópica, bem como o contexto regional.

No caso das variáveis Litologia, Unidades Geológicas e Idade Geológicas (figuras 5.1, figuras 5.3, figuras 5.3 respectivamente) os mapas mostram as distribuições das características especificas de cada caso no recorte da área de estudo. O mapa de Densidade de Lineamentos, figura 5.4, mostra a alta concentração destes lineamentos na porção sudoeste e nordeste, regiões dos flancos do anticlinal de Mariana; além da alta concentração também na porção nordeste na região que separa o domínio Quadrilátero Ferrífero dos Planaltos Dissecados.

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Figura 5.1 - Mapa da variável Litologia do Anticlinal de Mariana. (ver tabela 4.1, pág 30 para referências das siglas)Fonte: CODEMIG (2010).

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Figura 5.3 - Mapa da variável Idades Geológicas do Anticlinal de Mariana. Fonte: CODEMIG (2010)

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Para confeccionar o mapa das Unidades Geomorfológicas do Anticlinal de Mariana, foram estudados os mapas de: declividade, orientação das vertentes, rugosidade, tipos de drenagens e densidade de drenagens.

O mapa de declividade, figura 5.5, mostra a predominância dos relevos ondulados e fortemente ondulados na maior parte da região, sendo a exceção a porção nordeste, em que há o relevo suavemente ondulado em maior distribuição. No mapa de orientação das vertentes, figura 5.6, é possível observar que existe um controle estrutural na orientaçãodas encostas, sendo reconhecidas áreas com diferentes características. O flanco sul do Anticlinal de Marina (Serra de Ouro Preto) aparece com as vertentes com caimento para sul, sudeste e sudoeste, enquanto o flanco nordeste (Serra de Antônio Pereira) tem as vertentes com orientação para norte e nordeste. No núcleo do anticlinal há a indicação que as vertentes estão predominantemente orientadas para noroeste, seguindo a direção do vale do Rio das Velhas. O mapa de rugosidade, figura 5.7, mostra que existe um padrão de maior rugosidade nas regiões dos flancos e da zona de charneira do anticlinal, enquanto valores intermediários de rugosidade se propagam pelo vale do Rio das Velhas e as regiões com os menores valores são aquela relacionadas aos planaltos dissecados.

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Figura 5.6 - Mapa da variável Orientação das Vertentes do Anticlinal de Mariana. Fonte: SRTM.

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Na figura 5.8, mapa de densidade de drenagens, há altas taxas de densidade de grenagens na região noroeste da área, justamente no vale onde nasce o Rio das Velhas. Os valores intermediarios e baixos de densidade de drenagens estão distribuidos de forma irregular na região, mostrando o controle estrutural no relevo.

Figura 5.8 - Mapa da variável Densidade de Drenagens do Anticlinal de Mariana. Fonte: SRTM.

A partir dos mapas gerados e seguindo os critérios de classificação das unidades propostos por Souza et al. (2005) e Oliveira (2010) para a região, foram determinadas oito unidades geomorfológicas (figura 5.9) para o Anticlinal de Mariana (Nascimento & Castro 2016):

1) Topo de morros: São topos em cristas com altitudes variando entre 1300m até 1560m. 2) Escarpas: elevações alongadas com vertentes íngremes e côncavas e alta densidade de canais.

3) Relevo ondulado: desníveis dos topos para os vales são menores que aqueles registrados na Escarpas com alta densidade de canais.

4) Encosta do Rio das Velhas: encostas com altitudes entre 1000m e 1100m. 5) Vale do Rio das Velhas: baixa densidade de drenagem com relevo suavemente ondulado; corresponde a cabeceira do Rio das Velhas.

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7) Morros com topos arredondados, vertentes convexas e baixa densidade de canais; 8) Relevo Suave-Ondulado: baixa declividade com elevações típicas do Planalto Dissecado, formando mares de morros, com vertentes mais suaves que as unidades anteriores;

Figura 5.9 - Mapa da variável Unidades Geomorfológicas do Anticlinal de Mariana.

O mapa de Feições Antropogênicas, figura 5.10, foi criado a partir da observação de imagens de satélite e através das visitas de campo das feições geradas pelos processos minerários durante os últimos séculos na região. Foram indicados desmontes gerados pelos pela extração de ouro, bauxita, quartzito e topázio imperial ao longo de toda a borda do anticlinal.

O minério e o teor influenciam diretamente na proporção de estéril a ser produzido, gerando uma relação entre os escombros e rejeitos e a substância lavrada. No Anticlinal de Mariana há registros de ciclos de mineração de ouro, topázio imperial, bauxita e quartzito, sendo que a proporção entre o volume de material movimentado e a substância minerada nos dois primeiros bens minerais é maior do que a dos dois últimos. A relação é da ordem de poucas dezenas de gramas por tonelada removida para o ouro e topázio enquanto que para a bauxita e o quartzito, os valores giram em torno de meia tonelada da substância por tonelada removida.

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As geoformas e as intervenções na paisagem na região foram geradas pela urbanização associada a mineração, a medida em que se aumentava as necessidades de ocupação, tanto da sociedade civil quanto do estado, representados pela estrutura administrativa e policial da Coroa.

Na região estudada existem tanto formas positivas quanto formas negativas. Os processos de extração de ouro em aluviões, por exemplo, produziu formas de acumulação e escavação, enquanto aqueles empregados nas serras (aberturas de galerias, minerações a céu aberto), devido à maior declividade, tendeu a produzir um maior número de formas de escavação, mesmo havendo acúmulos de material encontradas na serra. (Paula 2013)

A escala de trabalho limitou a classificação das formas antropogênicas de acordo com sua natureza (positivas ou negativas). Foram, então, classificadas de acordo com o bem mineral extraído destas formas.

Figura 5.10 - Mapa da variável Formas Antropogênicas do Anticlinal de Mariana.

O mapa de distribuição das ocorrências minerais, figura 5.11, foi gerado a partir de dados pontuais destas ocorrências. Foi criado um polígono com o raio de 30m, tamanho das células unitárias, para que não haja nenhum subestimação dessa classe no cruzamento de dados para o cálculo do índice de geodiversidade da região.

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Figura 5.11 - Mapa da variável Ocorrências Minerais do Anticlinal de Mariana. Fonte: CPRM.

Ainda no decorrer do trabalho, com o objetivo de complementar as informações geomorfologicas da região, foi realizado o mapa de elevação, figura 5.12A, da área de estudo. A maior elevação é de 1560m, na Serra de Ouro Preto e menor elevação 690m, ocorrente na região norte do municipio de Mariana. A partir do mapa de elevação do terreno foram gerados três perfis.

Figura 5.12 - (A) Mapa de elevação do terreno. (B) Perfil longitudinal A-B. (C) Perfil longitudinal C-D. (D) Perfil longitudinal E-F (Serra de Ouro Preto e Serra de Antônio Pereira).

O perfil A-B (figura 5.12B), com direção sudeste-noroeste, reflete que o Anticlinal é do tipo “esvaziado”, ou seja, o núcleo foi erodido (Vale do Rio das Velhas) enquanto os flancos foram

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preservados e mantêm as cotas mais altas da região. A figura 5.12C é um perfil gerado na direção noroeste-sudeste, passando pela zona de charneira do Anticlinal de Mariana e chegando ao relevo característico de planaltos, com altitudes inferiores a 1000m. Por fim, o perfil E-F da figura 5.12D mostra a Serra de Antônio Pereira (flanco nordeste) separando os domínios Vale do rio das Velhas e dos Morros com Topos Arredondados.