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Escarpas Serranas com Relevo Suave Ondulado em Embasamento Cristalino com

4 UNIDADES LITOESTRATIGRÁFICAS E GEOMORFOLÓGICAS DA SERRA DE

7.2.2 Caracterização dos Sistemas Geoambientais da Serra de Martins

7.2.2.5 Escarpas Serranas com Relevo Suave Ondulado em Embasamento Cristalino com

A Classe de Fácies Escarpas Serranas com Relevo Suave Ondulado em Embasamento Cristalino com Savana-Estépica Florestada em Luvissolos definiu-se pelo agrupamento dos seguintes pontos de controle: 36, 37, 38, 39, 40, 41, 57, 69, 70, 88, 89, 90, 100, 101 e 102. Ocupa uma área de 49 Km².

A ocorrência desta fácie se dá na porção Central, alargando-se na porção Centro-Oeste da área de estudo. Caracteriza-se de forma bem semelhante à fácie Escarpas Serranas de Relevo Movimentado em Embasamento Cristalino com Savana-Estépica Florestada sobre Neossolos Litólicos, porém com algumas particularidades.

As formas de relevo elevadas desta Classe de Fácies propiciam uma continuidade das características climáticas evidenciadas nas fácies localizadas em porções superiores a esta. Com efeito, defende-se que os elementos climáticos se definem a partir de temperatura média de 23º C e precipitações pluviométricas médias de 1230 mm.

O substrato rochoso dessa fácie é constituído predominantemente por rochas cristalinas do Pré-Cambriano da Unidade Litoestratigráfica Suíte Itaporanga, composta por dioritos, granodioritos, granitos e monzonitos. Salienta-se, nessa unidade, os frequentes afloramentos com exposição de rochas, ocasionados pela constante ação erosiva.

A composição mineralógica dessas rochas é abundante em minerais como o quartzo, feldspato, mica, biotita e plagioclásio. A Unidade Litoestratigráfica é pouco a moderadamente fraturada, resultando no padrão de Drenagem predominante do tipo Dendrítico.

A mineralogia das rochas influencia também na baixa porosidade primária, entre 0 e 15%, e sistema hidrogeológico do tipo fissural, refletindo em pequenas parcelas de infiltração das águas pluviais. Nesse sentido, é indiscutível que o principal destino das águas provindas das chuvas seja o escoamento superficial.

As formas de relevo influenciadas pelas condições geológicas e climáticas são definidas como Encostas Serranas e se definem em modelado com cotas altimétricas entre 450 e 690 metros, posicionando-se entre a Meia Encosta e a Encosta Superior. Apresenta modestas declividades, com ângulo de inclinação entre 8 a 20º, o que caracteriza a Classe de Fácies como inclinada, com formas côncavas. O fato desta Classe de Fácies apresentar relevo suave ondulado gera uma especificidade bem interessante, pois em algumas porções é possível identificar áreas bem próximas de serem consideradas aplainadas, em virtude das baixas declividades.

As rochas ricas em biotitas e as formas suave onduladas da Classe de Fácies constituem as condições necessárias para a formação dos solos predominantes na área, os Luvissolos. Apresentam textura média, definida como franco arenosa. Trazendo a discussão quanto à contribuição do material originário, é possível admitir que estes solos foram formados localmente a partir das rochas da Unidade Litoestratigráfica Suíte Itaporanga, sendo assim autóctones, ou podem ainda ter sofrido influência do material sedimentar, carreado das porções mais elevadas da área de estudo, sendo, portanto, alóctones. Durante o processo pedogenético nesta Classe de Fácies, prevalece o intemperismo físico ao intemperismo químico.

O pH apresentou variação de acidez média a alcalinos fracos. Essa tendência à acidez pode estar relacionada aos processos de intemperismo e a intensão lixiviação de bases. Apesar de situados em áreas de encostas, onde naturalmente os solos tendem a serem distróficos, tendo em vista as taxas de erosão superiores às taxas de formação do solo, o relevo suave ondulado propiciou menores taxas de erosão, garantindo os valores de CTC evidenciados, considerados como bom e muito bom, variando de 5,00 cmolc.dm-3 e 10,76 cmolc.dm-3.

As formas suave onduladas características desta Classe de Fácies propiciaram a ocupação e fixação de vários aglomerados humanos tanto rurais quanto urbanos. Destacando a priori que, em suas porções mais aplainadas situa-se a mancha urbana de Serrinha dos Pintos, cidade que apresenta aproximadamente 2.404 habitantes.

Identifica-se também a ocorrência de diversos aglomerados rurais, lembrando que na zona rural do município residem aproximadamente 2.136 habitantes, número considerado alto quando analisamos as novas configurações de formação do espaço geográfico, com maior tendência das concentrações nas sedes municipais. Dentre os aglomerados rurais, destacam-se as comunidades Lajes I e II e Boa vista, e os sítios Sampaio, Velho e Lagoinha. Em virtude da constituição litológica, é possível e bastante comum a ocorrência de reservatórios nessas comunidades rurais.

Tendo em vista o fato de o município ter um viés rural ainda muito marcante é possível denotar que a economia é baseada nas atividades agropecuárias. Salienta-se que os Luvissolos, apesar de rasos ou pouco profundos, são ricos em bases, permitindo o desenvolvimento de tais atividades. Na agricultura temporária, predomina o cultivo da mandioca, feijão e milho em escala mais reduzida e na agricultura permanente prevalecem as áreas cultivadas com a fruticultura e o agave. A pecuária também exerce forte influência na economia do município, sendo desenvolvida em todas as áreas da Classe de Fácies.

A vegetação característica desta Classe de Fácies é a Savana-Estépica Florestada, caracterizada por espécies de caráter decidual em determinados períodos do ano, compostas por elevado porte e troncos grossos. São espécies comuns: Aspidosperma acanthocarpum Markgr., Taccarum peregrinum (Schott) Engl., Combretum leprosum Mart., Encholirium spectabile Mart. ex Schult. & Schult.f., Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong., Indigofera suffruticosa Mill., Libidibia férrea, Turnera subulata Sm. e Lantana camara L.

Com relação aos corpos d’água, a Classe de Fácies está inserida na bacia hidrográfica Apodi-Mossoró. Exercem bastante influência na área os riachos secundários, como exemplo, os riachos da Impertinência e Pedra do Navio. Conforme citado anteriormente, a litologia desta Classe de Fácies permite o acúmulo de água em superfície, alimentado pelo escoamento superficial. Assim, existe uma abundância de açudes com pequena capacidade de acumulação, destacando os açudes do Camarão, das Lajes e da Boa Vista.

Numa primeira aproximação, esta Classe de Fácies constitui uma área que se assemelha bastante com a fácie Superfícies Tabulares com Relevo Plano em Embasamento Sedimentar com Floresta Estacional Semidecidual sobre Latossolos Amarelos Distróficos, principalmente pelo fato da proximidade geográfica e pelo fato da sede municipal estar localizada em uma área relativamente plana. No entanto, ao analisarmos as características dos elementos constituintes, percebe-se tratar de uma Classe de Fácies completamente diferente, com elementos específicos, assim como as interações entre estes. Entretanto, revela uma área de grandes afloramentos rochosos, que se constitui em grande potencial para a prática do turismo, sendo necessário investimento por parte do poder público local, para criação do sítio turístico paisagístico e divulgação do mesmo.

As principais limitações desta fácie remetem-se à susceptibilidade natural apresentada pelos Luvissolos aos processos erosivos, sugerindo, para mitigação, práticas de controle à erosão, principalmente a preservação da vegetação natural.

As imagens da Classe de Fácies Escarpas Serranas com Relevo Suave Ondulado em Embasamento Cristalino com Savana-Estépica Florestada em Luvissolos podem ser vislumbradas na figura 45.

Figura45: Escarpas Serranas com Relevo Suave Ondulado em Embasamento Cristalino com Savana-Estépica Florestada em Luvissolos

7.2.2.6 Escarpas Erosivas de Relevo Dissecado em Embasamento Cristalino e Capeamento