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Escarpas Serranas de Relevo Dissecado em Embasamento Cristalino com Savana-

4 UNIDADES LITOESTRATIGRÁFICAS E GEOMORFOLÓGICAS DA SERRA DE

7.2.2 Caracterização dos Sistemas Geoambientais da Serra de Martins

7.2.2.3 Escarpas Serranas de Relevo Dissecado em Embasamento Cristalino com Savana-

A Classe de Fácie Escarpas Serranas de Relevo Movimentado em Embasamento Cristalino com Savana-Estépica Florestada sobre Neossolos Litólicos foi definida pelo agrupamento dos pontos de controle 6, 27, 34, 35, 62, 63, 64, 67, 68, 84, 103, 104, 105, com uma extensão de 122 Km², sendo, portanto, a fácie de maior abrangência.

Esta Classe de Fácie desponta em meio às superfícies rebaixadas retocadas ou degradadas da Depressão Sertaneja. Tendo em vista as condições geomorfológicas de maiores altitudes, defende-se que, nas porções mais elevadas desta fácie, é possível evidenciar um clima mais ameno que o evidenciado na região Semiárida.

O substrato rochoso dessa fácie é constituído por rochas cristalinas do Pré-Cambriano, destacando a predominância da Unidade Litoestratigráfica Suíte Poço da Cruz, e uma pequena ocorrência na porção Sudoeste da Unidade Litoestratigráfica Itaporanga. Estas se constituem como os principais substratos dos sedimentos da Formação Serra do Martins.

Os Ortognaisses da Suíte Poço da Cruz são graníticos a granodioríticos, ricos em quartzo, feldspato e biotita, e apresentam-se como moderada a intensamente fraturada, como resultado da atuação da Zona de Cisalhamento Portalegre. Já a Unidade Litoestratigráfica Suíte Itaporanga compõe-se de dioritos, granodioritos, granitos e monzonitos, ricas em minerais de quartzo, feldspato, mica, biotita e plagioclásio. Esta Unidade apresenta-se no contexto pouco a moderadamente fraturado, ressaltando-se, ainda, a resistência apresentada pelos principais minerais constituintes das rochas, frente à ação do intemperismo físico- químico. O grau de cisalhamento/fratura evidenciado na Classe de Fácie interfere diretamente no padrão de drenagem do tipo Dendrítico.

Ao destacar a composição mineralógica das rochas descritas, é importante enfatizar também a baixa porosidade que apresentam, oscilando entre 0 a 15% em virtude do sistema hidrogeológico do tipo fissural. Assim, tendo em vista a baixa capacidade de absorção de água por parte das rochas, é fato que o principal destino para as águas pluviais nesta fácie é o escoamento superficial.

Essa litologia influencia um modelado de relevo com posição definida nas Encostas Serranas com altitudes mínimas de 300 e máximas de 690 metros, cujas principais características residem nas formas convexas e declividades acentuadas oscilando entre íngremes e escarpadas, mas nunca inferiores a 20º, podendo atingir até 60º. No entanto, salienta-se que as Escarpas Serranas localizadas nas porções Noroeste, Norte, Nordeste e

Leste da fácie apresentam as maiores cotas altimétricas e maiores declividades, enquanto as situadas nas porções Sul, Sudoeste e Oeste apresentam menores cotas altimétricas e menores declividades. Além das Escarpas Serranas, destaca-se a ocorrência de colinas dissecadas, morros baixos, degraus e rebordos erosivos na porção Sudeste da fácie, com cotas hipsométricas entre 318 e 426 metros e declividade oscilando de 3º a 25º.

As características climáticas, geológicas e ainda geomorfológicas dessa Classe de Fácie acarretam dinamismo para a mesma, atribuindo-lhe toda uma particularidade para as vertentes, admitindo-se uma constante evolução através do retrabalhamento das formas. Nesse processo, destaca-se a importância que as águas pluviais desempenham através do escoamento superficial, transformando-se num poderoso agente erosivo. O ângulo de inclinação das vertentes nesta fácie acarreta elevada velocidade do escoamento superficial, podendo assim arrastar uma grande quantidade de detritos por força gravitacional para as fácies situadas nas áreas rebaixadas. Com efeito, afere-se que uma das principais características dessa fácie são os constantes movimentos de massa. Por essa razão, é comum ao longo dessa fácie a presença de seixos de diferentes tamanhos, a depender da energia local, provenientes principalmente do capeamento sedimentar da Formação Serra de Martins. Esses movimentos trazem o entendimento de que a área é transmissora de matéria e energia para as fácies situadas a montante.

A combinação dos elementos acima interfere diretamente nos solos locais, definidos como Neossolos Litólicos. Apresentam textura média, definida como franco arenosa, acentuando a hipótese de que na área houve a primazia do intemperismo físico sobre o químico, fazendo admitir a hipótese da formação de solos autóctones, formados por materiais da suíte Poço da Cruz e, portanto, do embasamento Cristalino. Já, quando se analisa o fato de a fácie situada em terrenos com elevadas cotas altimétricas, acentuadas declividades e constante atuação da gravidade, admite-se também a possibilidade da formação de solos formados a partir do material carreado, sendo assim definidos como alóctones.

O pH apresenta variação de 5,22 a 7,04, considerados, segundo Alvarez et al. (1999), como de acidez média a alcalinos fracos, respectivamente. Já com relação à CTC, os valores situam-se entre 5,00 cmolc.dm-3 e 10,76 cmolc.dm-3, considerados como bom e muito bom, de

acordo com Alvarez et al. (1999). Esses valores são bastante satisfatórios, não só para retenção de cátions, mas também de nutrientes e água disponíveis para as plantas.

Apesar das dificuldades de acesso à Classe de Fácie, tendo em vista as elevadas declividades, evidenciam-se nesta fácie, alguns distritos rurais importantes no contexto do

município de Martins, caso da comunidade Serra Nova, situada na porção extremo Leste da fácie.

As condições físicas ressaltadas ao longo da discussão, a destacar, prioritariamente, as declividades, dificultam o desenvolvimento de algumas atividades agrícolas e pecuárias. No entanto, os solos locais, Neossolos Litólicos, apesar de rasos, pedregosos e rochosos, com pouca capacidade de armazenamento de água, apresentam elevada fertilidade natural, tendo em vista serem formados a partir de rochas básicas. Nesse sentido, é comum encontrar na Classe de Fácie, áreas destinadas para práticas agropecuárias, mesmo que de forma incipiente, restrita a pequenos lotes. Importante destacar, na agricultura temporária, o cultivo de feijão e milho e, na agricultura permanente, a produção de frutas, principalmente o caju.

A vegetação presente nesta Classe de Fácie se comporta como o resultado da combinação dos aspectos climáticos, das características litológicas, das formas de relevo e também das condicionantes pedológicas. Contextualiza-se a partir de subgrupo de formação vegetal estruturado em dois estratos, sendo um superior, com predominância de espécies periodicamente decíduas e mais ou menos adensadas por grossos troncos em geral, profusamente esgalhados e espinhosos ou aculeados; e um estrato inferior gramíneo-lenhoso, geralmente descontínuo e de pouca expressão fisionômica, definido por Savana-Estépica Florestada. São exemplos desse tipo de vegetação Myracrodruon urundeuva Allemão, Aspidosperma acanthocarpum Markgr., Combretum glaucocarpum Mart. e Psidium guajava L.

Na classe de cobertura da terra referente aos corpos d’água, a Classe de Fácie está inserida na bacia hidrográfica Apodi-Mossoró. Destaca-se a ocorrência de alguns açudes de pequena dimensão, como açude Pé de Serra e Açude Dona Chiquinha. Outra especificidade desta fácie é de que as rochas, apesar da baixa porosidade primária, fazem aflorar na superfície do terreno um lençol subterrâneo, dando origem à nascente de importantes rios e riachos, como exemplo, Rio Furaboca e Riacho dos Picos. Estes são riachos secundários da Bacia Hidrográfia Apodi-Mossoró. Importante frisar a importância da cobertura vegetal nesta fácie, a fim de garantir a manutenção desses cursos d’água.

Em virtude das condições naturais da Classe de Fácie, destacando a supressão vegetal e ainda a alta susceptibilidade natural dos Neossolos Litólicos à erosão, é bastante presente na fácie a ocorrência de áreas com solo exposto, constituindo-se como uma grande fragilidade ambiental. Com efeito, sugere-se que esta fácie seja utilizada para preservação ambiental.

Na figura 43, é possível vislumbrar diversos ambientes característicos da Classe de Fácie Escarpas Serranas de Relevo Dissecado em Embasamento Cristalino com Savana- Estépica Florestada sobre Neossolos Litólicos.

Figura 73: Ambientes da fácie Escarpas Serranas de Relevo Movimentado em Embasamento Cristalino com Savana-Estépica Florestada sobre Neossolos Litólicos

7.2.2.4 Superfícies Tabulares com Relevo Plano em Embasamento Sedimentar com Floresta