orçamentários, por ultrapassarem e vilipendiarem os limites do razoável, as fronteiras do bom-senso e até políticas públicas legisladas, são plenamente sindicáveis pelo Judiciário, não compondo, em absoluto, a esfera da discricionariedade do Administrador, nem indicando rompimento do princípio da separação dos Poderes. 6. ‘A realização dos Direitos Fundamentais não é opção do governante, não é resultado de um juízo discricionário nem pode ser encarada como tema que depende unicamente da vontade política. Aqueles direitos que estão intimamente ligados à dignidade humana não podem ser limitados em razão da escassez quando esta é fruto das escolhas do administrador’.(REsp. nº1.185.474/SC, rel. Ministro Humberto Martins, DJe de 29/04/2010).
Encerrando, é perceptível que a decisão judicial que obriga o ente estatal ao cumprimento da ordem, a fim de conceder ao indivíduo o acesso ao recurso que beneficiará a saúde, não se caracteriza como uma intervenção de um poder em outro. Pois conforme mencionado, o judiciário apenas atesta o dever de o Poder executivo prestar uma obrigação a favor do necessitado. Com isso, tratar que constitui uma ilimitação também é um equívoco, pois conforme já explicitado, esta ação não se configura como uma intervenção do poder judiciário.
Conclusão
O presente estudo não teve por objetivo esgotar a matéria, tendo em vista ser uma gama de conteúdo incapaz de ser exposta em um estudo científico, mas o traço delineado na pesquisa, atesta que a judicialização da saúde é uma consequência da falta de estrutura, investimento e a má prestação deste direito constitucional, com isso, a provocação judiciária acaba sendo um meio para lograr no objetivo fim, de acesso ao recurso garantidor da saúde. Mas por outro lado, é perceptível que em um sistema de freios e contrapesos, a harmonia entre estes é mais do que necessária para um bom funcionamento da máquina estatal, sendo assim, um diálogo entre o judiciário e o executivo é um dos meios passíveis de proporcionar melhoras de interesse coletivo a esta garantia tão importante. E uma forma concreta de ofertar resultados seria, uma sugestão criada pelo Desembargador do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, Renato Dresch, que versa sobre a criação de Núcleos de Apoios Técnicos (NATs), a fim de criar o diálogo entre os juízes e os gestores de saúde, pois, pelo fato do magistrado não ter ciência de quais são as dificuldades existentes que impedem a devida prestação, esta interação seria um meio de diminuir o gasto da judicialização e dar credibilidade e racionalidade do sistema.
Por fim, conclui-se que há diversos modos de reduzir os gastos dos entes federativos, um deles já foi mencionado no parágrafo anterior, mas o que é válido destacar é que, para a máquina estatal funcionar conforme a normativa positivada na Constituição Federal, a preocupação não deve estar meramente na política, mas sim nos servidores públicos, em sentido lato senso, se atentarem que em um Estado Democrático de Direito como o nosso, o detentor, destinatário, merecedor, é o povo, onde deve-se enaltecer o interesse coletivo e ofuscar o interesse individual que é visualizado por parte dos gestores públicos e também de alguns servidores públicos, destaca-se, este tratamento a estes indivíduos que compõem a máquina pública não é absoluto, pois é sabido que há muitos servidores preparados e que desenvolvem fielmente suas atividades, contribuindo para um Estado melhor, mas há também outra parcela de servidores que afundam este país, e o mais prejudicado é quem paga a conta deste país, o povo.
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