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deixar de ordenar a redução do montante da dívida consolidada, nos prazos estabelecidos em lei, quando o montante ultrapassar o valor resultante da aplicação do limite máximo fixado pelo Senado Federal; (grifos

No documento Jurisdição Constitucional e Democracia (páginas 131-138)

DA (IN) CONSTITUCIONALIDADE DO DESMEMBRAMENTO DA SANÇÃO APLICADA NO CASO DO IMPEACHMENT DA EX-PRESIDENTE DILMA

I- Autorizar por dois terços dos seus membros, a instauração de processo contra o presidente da República e Vice-presidente.

5- deixar de ordenar a redução do montante da dívida consolidada, nos prazos estabelecidos em lei, quando o montante ultrapassar o valor resultante da aplicação do limite máximo fixado pelo Senado Federal; (grifos

da autora)

6- ordenar ou autorizar a abertura de crédito em desacordo com os limites estabelecidos pelo Senado Federal, sem fundamento na lei orçamentária ou na de crédito adicional ou com inobservância de prescrição legal;(grifos da autora).

governo, por não conseguir alcançar determinada meta e com a elevação de despesas propôs, a alteração da referida lei (art.210), que agora determinava que o superávit

fosse de R$ 49 bilhões. Portanto, embora editados sem observar os requisitos legais à época de sua publicação, no final do exercício passam a estar de acordo com as metas posteriormente fixadas. Ao realizar tais manobras teria sido burlada a Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei nº 101/2000) (art.1, §1)11, por ignorar a transparência aos gastos públicos. Percebe-se então que, a sua única finalidade governamental era afastar a ilegalidade dos decretos.

O rito procedimental do impedimento é especificado por Pedro Canário (2016), indicando que a sessão iniciou-se na Câmara dos Deputados, no dia 9 de agosto de 2016, e foi encerrada na madrugada do dia 10 de agosto, com 59 votos favoráveis e 21 contrários, autorizando-se a abertura do processo de impeachment e, posteriormente, afastando Dilma Rousseff do mandato presidencial, por cento e oitenta dias até o julgamento final, pelo Senado Federal. Durante o período, assumiu interinamente, o vice-presidente, Michel Temer.

Em seguida, o Senado Federal colheu provas, fez as perícias necessárias e permitidas em lei, ouviu testemunhas de acusação e defesa elaborando assim sua decisão final. No dia 31 de agosto de 2016, após seis dias de julgamento, o Senado Federal decidiu definitivamente a cassação do mandato presidencial, por 61 votos favoráveis e 20 contrários. O processo encerrou-se em 31 de agosto de 2016, contando ao todo 273 dias. (BRASIL, SENADO FEDERAL, 2016, pp. 6-7).

Fernando Gonzaga e Renato Nascimento (2016) explanam que o julgamento foi feito pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Ricardo Lewandowski, ao conduzir o processo, acolheu um requerimento de destaque por votação em separado apresentado pela bancada

10Art. 2o A aprovação do Projeto de Lei Orçamentária de 2015 e a execução da referida Lei deverão ser compatíveis com a obtenção de resultado primário deficitário, para o setor público consolidado não financeiro, de R$ 48.908.400.000,00 (quarenta e oito bilhões, novecentos e oito milhões e quatrocentos mil reais), sendo déficit primário de R$ 51.824.400.000,00 (cinquenta e um bilhões, oitocentos e vinte e quatro milhões e quatrocentos mil reais) para os Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social e de R$ 0,00 (zero real) para o Programa de Dispêndios Globais, conforme demonstrado no Anexo de Metas Fiscais constante do Anexo IV. (Redação dada pela Lei n º 13.199, de 2015)

11Art.1o Esta Lei Complementar estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, com amparo no Capítulo II do Título VI da Constituição.

§ 1o A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições no que tange a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar.

do PT, tendo com base os artigos 31212 e os seguintes do Regimento Interno do Senado Federal, esses que tratam do procedimento a ser adotado. Sendo assim, dividiu-o em duas sessões:

a) a primeira que tratou exclusivamente sobre a perda do mandato, ao passo que;

b) a segunda analisou apenas a mantença dos direitos políticos, devendo ficar inelegível por oito anos para exercer toda e qualquer função pública eletiva ou de nomeação. Pelo quórum exigido pela Constituição Federal, de dois terços, não foi possível a sua inabilitação, pois apenas 42 senadores votaram favoravelmente para tanto, eram imprescindíveis 54 votos favoráveis.

Ocorre que o Texto Constitucional em vigor, em seu art.52, determina: Compete privativamente ao Senado Federal:

I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles; II- processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade;

[...]

Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal Federal, limitando-se a condenação, que somente será proferida por dois terços dos votos do Senado Federal,à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis. (grifos da autora)

Verifica-se que a competência do Senado Federal, no que se refere à condenação está absolutamente limitada à Carta Magna. Contudo, ao ter feito um Destaque para Votação em Separado (DVS), é possível identificar que o processamento atribuído foi de maneira antagônica, sobre o que afirma Roberto Wanderley Nogueira (2016) “O propósito de fazer pouco caso da Constituição Federal e, portanto, induzir a impunidade, é a raiz de todas as mazelas do Brasil”.

Seguindo, ainda, a dogmática- constitucional, a Lei de Responsabilidade (Lei nº 1079/50) expressa em seus artigos:

Art. 33. No caso de condenação, o Senado por iniciativa do presidente fixará o prazo de inabilitação do condenado para o exercício de qualquer função pública; e no caso de haver crime comum deliberará ainda sobre se o Presidente o deverá submeter à justiça ordinária, independentemente da ação de qualquer interessado. Art. 34. Proferida a sentença condenatória, o acusado estará, ipso facto destituído do cargo. (grifos da autora).

12Art. 312. O destaque de partes de qualquer proposição, bem como de emenda do grupo a que pertencer, pode

ser concedido, mediante deliberação do Plenário, a requerimento de qualquer Senador, para: I - constituir projeto autônomo, salvo quando a disposição a destacar seja de projeto da Câmara;

II - votação em separado;

O Brasil adota o Estado Democrático de Direito, conforme preleciona Marcelo Galuppo (2016, p. 21) que representa o governo da lei e submissão ao direito positivo, no qual o poder do representante do povo deve ser plenamente regrado e limitado pela lei, com base no princípio da legalidade, expresso no art. 3713 da CF/88. Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2014, pp. 65-68) disserta sobre o princípio da supremacia do interesse público e afirma que todas as normas de direito público têm a função específica de resguardar o interesse público, pois, a defesa do bem- comum, seria o próprio fim estatal. Desta maneira, a conduta do agente público deve ser unicamente a prevalência da coisa pública, satisfazendo assim a vontade do povo, que representa o motivo pelo qual foi eleito.

Diante das razões expostas, que levaram à destituição do cargo da ex-presidente, ao ter praticado as “pedaladas fiscais” e a ilegalidade nos decretos, porventura, deduz-se que em diversos momentos, durante a gestão presidencial, Dilma Rousseff agiu sem honestidade, celeridade e economicidade.

Possivelmente houve no processo de impedimento uma contradição lógico-jurídica, pois existe um silogismo jurídico, a subsunção do fato –impeachment- à norma - cassação do condenado pela prática de atos infracionários e atentatórios à Lei Maior, e juntamente a inabilitação por oito anos para exercer função pública-.

No próximo tópico, serão apresentadas as técnicas hermenêuticas que se relacionam à questão ora debatida.

2 O Impeachment sob uma Abordagem Hermenêutica

Para compreender a contradição lógico-jurídica proferida pelo ministro Ricardo Lewandowski, Dimitri Dimolus (2013, p.122) define o “silogismo” com uma palavra de origem grega, derivada de um raciocínio geral, que permite deduzir uma conclusão a partir de determinadas premissas. A priori, é fundamentada pela subsunção, que torna possível conhecer se determinada norma jurídica deve ser aplicável a certa situação.

Valendo-se do caso examinado, pode-se analisar os seguintes pontos:

1) Aquele que comete crimes de responsabilidade deve ser destituído do cargo e consequentemente inabilitado para exercer função política durante os oito anos seguintes ao cometimento do crime, (norma);

2) Dilma Rousseff era detentora do poder político;

13Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência [...] (grifos da autora).

3) Restou constatado que Dilma Rousseff praticou crimes de responsabilidade.

Para a devida aplicação da norma jurídica, há necessidade de uma atividade intelectual para lhe atribuir sentido, significado e autonomia ao método e ao objeto. Barroso (2015, p. 304) salienta que essa atividade se dá por meio da hermenêutica jurídica, que procura legitimar, racionalizar e controlar a interpretação jurídica, a fim de assimilar a conduta humana e a realização de resultados devidos.

Por seu turno, Fábio Alexandre Coelho (2013, pp. 18-19) classifica a hermenêutica em: a) Formal, quando a técnica e os mecanismos utilizados para interpretar a lei decorrem de

preceitos puramente legais, a subsunção do fato (premissa menor) à norma jurídica (premissa maior), colocando o intérprete e aplicador (julgador) em posição secundária, por está condicionado a identificar a vontade legal. Preservando assim, o princípio da Separação dos Poderes;

b) Material, considera a interpretação de lei acerca da tridimensionalidade14 do Direito, em que

o espírito da lei decorre do fato e dos valores atribuídos em sociedade, dando ao intérprete uma margem de discricionariedade para adequar à norma jurídica aplicável e a realidade econômica, política e social.

Com base nos estudos de Friedrich Carl Von Savigny (apud COELHO, p.25) a doutrina elenca quatro tipos de interpretação: gramatical, histórica, teleológica e lógico-sistemática.

Por ser um país de tradição eminentemente romano-germânica, a principal fonte de interpretação no Brasil são as normas jurídicas escritas, ou seja, o direito positivado. Neste aspecto, enquadra-se então a interpretação gramatical, por buscar o sentido literal da norma jurídica, apresenta Ricardo Soares, 2013, p. 31.

O método gramatical é essencial e indispensável para compreender o caráter dogmático da lei, exceto se houver o abandono da norma jurídica, pois requer a análise das palavras e expressões empregadas, para estabelecer quais as possibilidades de interpretação extraídas do texto apreciado.

João Baptista Herkenhooff (apud COELHO, 2014, p.26) tece considerações relevantes sobre este tema, aduzindo que o método “estabelece o sentido objetivo da lei com base em sua letra, no valor das palavras, no exame da linguagem dos textos, na consideração dos significados técnicos dos termos”.

Segundo o entendimento de Chiara da Silva (2014), o método histórico leva o intérprete a compreender o momento em que determinada lei sobreveio e os fatores que a deram origem, para ser introduzida no ordenamento jurídico vigente e atingir os resultados pretendidos pelo legislador.

14Tridimensionalidade do direito é as dimensões do estudo do direito sob três primas: considera o direito como reflexo de um ambiente cultural de determinado lugar (o fato), a relevância que determinado fato produz no mundo jurídico (o valor) e as soluções dos problemas devem ser condizentes como o ordenamento jurídico vigente (a norma);(DIMOULUS,2012,pp. 44-48).

Portanto, requer que seja levado em consideração os ideais e sentimentos do tempo de efetuação de lei.

No que tange ao método teleológico, Arley de Sousa e Erick Pereira (2015) exibem que, este método procura identificar a causa, o motivo e a legítima finalidade para edição da norma jurídica, tendo como base que o Direito existe para tutelar interesses difusos e coletivos. Com a edição da Lei de Responsabilidade (Lei nº 1.079/1950), é notório que a intenção do legislador é punir aqueles que desfrutam e se beneficiam ilicitamente das regalias advindas da atuação em nome do Poder Público.

Por fim, o método lógico-sistemático, estudado por Tércio Sampaio Ferraz Júnior (2012, pp. 256- 260) define o ordenamento jurídico como um todo, ou seja, que as normas jurídicas são compatíveis entre si, a fim de evitar contradições e alcançar o equilíbrio de interesses e valores cogitados, decorrentes de raciocínios lógicos da atuação humana para que se tenha uma interpretação adequada, coincidindo-se com Princípio da Unidade Normativa defendido por Gisela Ramos (2012, p.133).

Neste panorama, a Constituição Federal de 1988 encontra-se no topo da pirâmide de Kans Kelsen, por ser o fundamento das demais normas. Ao interpretar a referida lei que trata do instituto impeachment, é necessário que se faça um estudo e uma aplicação lógico-formal da vontade do legislador, de forma a se chegar ao resultado por ele pretendido. Ou seja, quem detém o poder político e pratica condutas tipificadas na lei, agindo de má-fé, deve ter seu mandato cassado e ser impedido de exercer direitos políticos durante 08 (oito) anos.

Diante dos pontos apresentados, pela interpretação literal do estabelecido na Constituição Federal de 1988, a então presidente deveria ter seu mandato presidencial cassado, concomitantemente à perda de seus direitos políticos, restando inabilitada para exercer cargo público durante o período estipulado na Carta Constitucional (08 anos).

Frente a tal panorama, será tratado no tópico III a possível consequência oriunda da decisão, adotada neste momento histórico, pelo ministro Ricardo Lewandowski ao concluir o processo de impeachment.

3 Impeachment e Precedentes em Relação ao Desmembramento da Sanção

O ministro, Ricardo Lewandowski, que conduziu o processo de impeachmentda ex- presidente Dilma Rousseff ao dividí-lo em duas sessões, culminando a perda do mandato presidencial, entretanto, não designou a perda dos direitos políticos para exercer função pública. Ao proceder deste modo, torna bastante curioso, evidenciar, se essa decisão origina precedentes para casos futuros com fundamentação semelhante.

O art. 92615 do CPC trata dos precedentes como se fosse sinônimo de jurisprudência e de súmula, sendo, de máxima tal expor as diferenças existentes entre elas. Embora, neste caso em estudo não se trate de uma decisão judicial. A informação foi trazida apenas para elucidação. Na acepção de Luiz Marinoni, Sérgio Arenhart e Daniel Mitidero (2015, pp. 609-613) conceituam, jurisprudência como a prática reiterada de decisões judiciais no mesmo sentido acerca de uma mesma matéria, proferida pelas Cortes para solução do caso concreto, gerando a uniformidade do direito. Ao passo que, súmula é a materialização da jurisprudência, o Tribunal ao reconhecer determinado entendimento majoritário tem o dever de criar um enunciado, sendo reconhecida como guia para administrar a justiça bem como para a sociedade civil.

Desde meados de 1960, de acordo com Eduardo Talamini (2016) já existia o chamado hoje de “precedente”, porém, sem essa nomenclatura formal. Considerando os entendimentos do Supremo Tribunal Federal (STF) em controle de constitucionalidade com eficácia erga omnes e força vinculante. Porém, com a entrada em vigor do Novo Código de Processo Civil (lei nº 13.105/2015), essa nomenclatura foi concretizada.

Na lição de Daniel Amorim Assunção Neves (2016, p. 1297) precedente é:

Qualquer julgamento que venha a ser utilizado como fundamento de um outro julgamento que venha a ser posteriormente proferido. Dessa forma, sempre que um órgão jurisdicional se valer de uma decisão previamente proferida para fundamentar sua decisão, empregando-a como base de tal julgamento, a decisão anteriormente prolatada será considerada um precedente.

Faz-se necessário, explanar que no caso ora analisado a Constituição Federal de 1988, em seu art.52, impõe ao Órgão Legislativo, o Senado Federal, papel exclusivamente de julgador no processo de impeachment. Este que, convocou para si a guarda e defesa da Carta Magna com a principal finalidade de eliminar as irregularidades, abusos ou omissões cometidos pelo dirigente público. E ainda, em caráter temporário impedir que o mesmo possa reinvestir do cargo.

Em tema de precedente vale salientar que, conforme Daniel Amorim Assunção Neves (2016, p. 1298) que não é toda decisão proferida pelo tribunal que será um precedente. Uma decisão que não transcender o caso concreto nunca será utilizada como razão de decidir outro

15 Art.926 CPC. Os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente. (grifos da autora)

§ 1o Na forma estabelecida e segundo os pressupostos fixados no regimento interno, os tribunais editarão enunciados de súmula correspondentes a sua jurisprudência dominante.

§ 2o Ao editar enunciados de súmula, os tribunais devem ater-se às circunstâncias fáticas dos precedentes que motivaram sua criação.

julgamento. Como também, uma decisão que se vale de um precedente como razão de decidir naturalmente. Bem como, as decisões que se limitam a aplicar a lei ao caso concreto.

Fredie Didier, Paula Braga e Rafael Oliveira (2016, p. 455) analisam que o precedente é composto pelas “a) circunstâncias de fato que embasam a controvérsia, b) tese ou princípio jurídico assentado na motivação (ratio decidendi) do provimento decisório; c) argumentação jurídica em torno da questão.”

Explicitam, além disso, (2016, pp.465-466) que ratio decidendi é o fundamento normativo, a essência da decisão, sem a qual seria impossível e inexeqüível ao magistrado fundamentar o caso concreto e exarar uma regra específica, a sentença. Que encontra base no dispositivo legal e dele deriva é o que dispõe o art.97, IX 16da CF/88. A partir dela é que decorrerá os efeitos do precedente.

Para Luiz Guilherme Marinoni (2013, pp. 219-230) a ratio decidendi não se confunde com o dispositivo e nem com a fundamentação, mas sim, é constituído a partir de ambos. Com isso, o significado de um precedente está na sua fundamentação, e que, por isso, não basta verificar somente o dispositivo. A decisão deve ser respeitada pelo jurisdicionados como também pelos magistrados.

Para garantir segurança jurídica, estabilidade ao jurisdicionado e o tratamento igualitário nas decisões judiciais Fredie Didier, Paula Braga e Rafael Oliveira (2016, pp. 481-483) com base no art.5, XXXVI17, da CF/88 asseguram que, situações consolidadas no passado devem

ser respeitadas no presente e no futuro.

Entende que o indivíduo termina por pautar sua conduta em um comportado adotado por outro, no caso em exame seria o comportado do Estado, manifestado no plenário do Senado Federal, como fundamento de tal conduta. Em razão de o legislador brasileiro assegurar certa previsibilidade quanto à atuação do Estado-juiz.

No caso do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff que manteve os seus direitos políticos é possível o julgamento ser usado como precedente?

16Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios:

[...]

IX- todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões,

No documento Jurisdição Constitucional e Democracia (páginas 131-138)

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