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Vantagens do procedimento arbitral em relação ao Poder Judiciário

No documento Jurisdição Constitucional e Democracia (páginas 155-160)

NECESSIDADE E POSSIBILIDADE DA ARBITRAGEM NOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS DE INFRAESTRUTURA

9. Vantagens do procedimento arbitral em relação ao Poder Judiciário

A rapidez sem duvida é uma das principais e mais importantes vantagens da arbitragem frente ao poder judiciário, que devido a grande demanda se torna de grande morosidade em seus processos, vale ressaltar que no processo arbitral não há recursos enquanto no processo judicial grande parte de decisões é cabível de recursos o que prolonga por anos a execução da sentença, o que pode ocasionar frustração em ganhar a lide e não ver o cumprimento de sentença se realizar no tempo esperado.

Neste sentido, Viola argumenta que:

A sentença arbitral deve ser proferida dentro de 6 meses, caso não haja previsão de prazo pelas partes (podendo a sentença ser proferida muito antes disso,

diferentemente da Justiça Estadual que, no mais célere dos processos, a estimativa de solução é de 03 (três) anos.

O que demostra claramente a vantagem desse método nos contratos administrativos da Administração Pública que à luz do princípio da eficácia e do propor interesse público tem na arbitragem a possiblidade de dirimir controvérsias com maior celeridade alcançando sua finalidade.

A especialização é outro diferencial da arbitragem, o arbitro na maioria das vezes é especialista na área, as partes quando escolhem a câmara arbitral tem no arbitro o próprio perito dos possíveis processos, que diminui tempo e recursos, espera-se que o arbitro conheça determinada matéria e julgue de forma que produza decisões apropriadas para os casos apresentados. (Viola, 2014)

Com relação aos custos no procedimento arbitral frente ao judiciário, uma das maiores recusas da cláusula arbitral é com relação aos altos valores desse procedimento, mas uma breve

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análise em comparativo aos custos da arbitragem e aos do judiciário demostra que, em relação ao tempo gasto no procedimento arbitral que é em torno de 14 meses, em comparação ao judiciário é muito maior, o procedimento pela via judicial dura em média de três a sete anos no mínimo:

Em pesquisa realizada pelo Comitê Brasileiro de Arbitragem, 60% dos entrevistados ressaltaram como principal desvantagem da arbitragem perante o Judiciário os altos custos da arbitragem, que envolvem: a escolha de uma instituição (câmara arbitral para administrar o caso), árbitros – que não precisam ser juízes ou ter formação jurídica, podem ser especialistas no assunto que o caso envolve – e custos com a apresentação do caso como traduções, impressões, transporte, hospedagem e advogados. (2014).

O argumento é que pela via judicial não se teria os custos citados, porém em diversos casos se faz necessário perito uma vez que o juiz pode não conhecer determinado assunto, os honorários sucumbências e o tempo elevam esses custos.

Neste sentido Migalhas expõe que:

O comparativo realizado pelo advogado para ações de R$ 100 mil aponta R$ 13.500,00 de custos administrativos com arbitragem e R$ 3.076,95 na Justiça comum – sendo 14 meses para solução na justiça privada e sete anos no Judiciário. E o valor nem contempla os valores gastos com acompanhamento mensal de advogados, evidentemente menor na arbitragem, por envolver uma solução mais rápida. Para ações de R$ 1 milhão, a arbitragem custaria a partir de R$ 50.480,00 e no Judiciário, R$ 30.076,95. Já para ações de R$ 10 milhões, a arbitragem custaria a partir de R$ 79.460,00 e no Judiciário, R$ 114.296,95. (2014)

Demonstrando que o procedimento arbitral é mais vantajoso, por ser mais rápido, por ser contemplado por soluções mais satisfatórias quando a decisão é de um especialista da matéria em questão, e quando se trata de tempo quanto mais morosidade numa litigância judicial mais o custo se eleva, no que tange os contratos administrativos essas vantagens são de suma importância por se tratar dos interesses públicos.

Conclusão

De acordo com que foi abordado no presente estudo, foi superado diversos questionamentos e objeções com relação à utilização da arbitragem pela Administração Pública, uma vez que existe expressa previsão legal para o Poder Público usar o procedimento arbitral, claro que mesmo com toda evolução da legislação, da doutrina e da jurisprudência ainda há muito que se aprimorar, o uso cada vez maior desse procedimento pela Administração Pública demanda um maior aprofundamento nos estudos com relação à arbitragem e seus procedimentos pelo ente público.

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É cada vez maior a preferência da arbitragem nos contratos no âmbito do direito de infraestrutura o que deve ser aplicado com mais continuidade pela Administração Pública, porque várias são as vantagens da utilização do método arbitral.

A arbitragem atua hoje como um meio adequado de resolução de controvérsia eficaz, até mesmo completando questões de possíveis conflitos de contratos administrativos, de forma que é necessário uma flexibilização pelos juristas, deixando o conservadorismo do direito administrativo do século XIX para se alcançar a real finalidade que é uma maior celeridade nos procedimentos, menores custo ao erário que a morosidade trás com os litígios que perduram por décadas em um judiciário congestionado, que por diversas vezes não alcança o mérito em suas decisões por faltar do magistrado o conhecimento específico que pede a demanda, de modo que à utilização da arbitragem nos contratos administrativos principalmente nos de infraestrutura pode contribuir para tutela do interesse público, garantindo a segurança jurídica em conjunto com a celeridade processual, contribuindo de forma positiva para o ente público, a Lei 13.129/2015 solidifica a possiblidade e demostra que o legislador encontrou essa real necessidade do método arbitral nos contratos firmado entre a Administração Pública de forma a abolir possíveis dúvidas a respeito da sua aplicação.

O Novo Código de Processo Civil neste contexto também consagra e supri as lacunas que havia com relação à legitimidade da aplicação da arbitragem pelo órgão público, a arbitragem, portanto, representa um método já preferencial nas resoluções de controvérsias no âmbito do direto de infraestrutura que tende a ser crescente na Administração Pública, alguns questionamentos foram superados, porém as discussões a respeito da utilização do método arbitral são vastas, o objetivo não era esgotar o tema, mas contribuir para um debate de alguns dos pontos relevantes em discurso.

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Referências

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No documento Jurisdição Constitucional e Democracia (páginas 155-160)

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