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Ações OLP

3.4 A ESCOLA E A TURMA

A escola em que a professora Cris atuou no ano de 2012 integra a rede estadual de ensino de Santa Catarina e está localizada no município de São José, próximo da capital, Florianópolis (SC). A Escola Alvorada atende ao público da educação básica, do ensino fundamental ao médio, nos turnos matutino e vespertino.

Pelas informações presentes no Programa Político-Pedagógico (PPP) da Escola Alvorada, cuja última versão foi discutida no ano de 2012, as concepções que orientam as ações desenvolvidas na escola amparam-se na legislação nacional elaborada para a educação – a Lei 9394 de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996 e os PCN (1997; 1998). No que concerne às orientações estaduais, a Escola Alvorada apresenta em seu PPP as orientações presentes na Lei Complementar nº170/98, que dispõe sobre o sistema estadual de educação do estado de Santa Catarina e a PCSC (2005). Tendo como base o Parecer nº 461/98/CEE, que unifica as grades curriculares do ensino fundamental e ensino médio para as escolas da rede pública estadual, a Escola Alvorada estabelece o total de quatro aulas semanais de LP nas turmas do 6º ano a 8ª série do ensino fundamental (Anexo 2).

Dentre as turmas sob a responsabilidade da professora Cris, optamos pela única de 6º ano, a turma 61. A escolha ocorreu por

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A Escola Alvorada passa pelo processo de transição das séries escolares para

anos escolares, conforme preconizado pela Lei 11.274 de 06 de fevereiro de

2006, que vem sendo inserida gradualmente nas escolas. Por isso diz-se que atende a turmas do 1º ao 6º ano, 7ª e 8ª séries e ensino médio.

indicação da professora, e por considerarmos que o grupo de alunos desse nível passa por uma etapa de mudanças no percurso escolar, qual seja, das séries iniciais do ensino fundamental, em que as diferentes áreas do conhecimento são, geralmente, trabalhadas por um único professor(a), um pedagogo(a)40, para os anos finais do ensino fundamental, etapa do percurso escolar em que o ensino das diferentes áreas é realizado por professores específicos para cada disciplina. Entendemos, portanto, que o sentido dessas disciplinas constitui uma realidade que se apresenta como campo fecundo para a análise da inserção de uma proposta diferenciada de trabalho.

As quatro aulas semanais de Língua Portuguesa na turma 61 são realizadas em três diferentes dias da semana – uma aula na terça-feira, uma na quarta-feira e duas na quinta-feira41. O acompanhamento da prática pedagógica da professora Cris na turma 61 se deu por meio da observação e registro das aulas de Língua Portuguesa no período compreendido entre os dias 12 de junho de 2012 e 29 de agosto de 2012, totalizando 33 aulas. Destas, a professora destinou 29 aulas para o trabalho com a metodologia da OLP.

Após o início das oficinas de produção textual nas aulas, houve duas pausas no desenvolvimento do programa. A primeira ocorreu devido ao período de férias escolares de julho. O recesso escolar teve início no dia 13 de julho com retorno no dia 30 do mesmo mês. Após o retorno, no dia em que haveria duas aulas (a 22ª e a 23ª das 33 acompanhadas), a professora teve uma indisposição que a impossibilitou de ministrar essas aulas. Nesse dia os alunos ficaram na quadra praticando esportes. As oficinas de texto alusivas ao programa OLP estenderam-se até a 31ª aula sem mais interrupções. O acompanhamento das aulas ocorreu até a aula 33ª, pois, mesmo já tendo sido encerradas as atividades propostas pela metodologia do programa OLP para o trabalho com o gênero poema, procuramos observar o encaminhamento das atividades da professora após a realização das oficinas, objetivando entender o que ocorre na passagem de uma atividade a outra e como ocorre essa passagem, ou seja, entre o exercício docente no

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Nos anos iniciais do ensino fundamental, além do professor (a) regente da turma, há também a presença de professores de Educação Física e Língua Estrangeira.

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Na Escola Alvorada, nos dias úteis da semana, são ministradas cinco aulas, cada uma com duração de 45 minutos, com exceção de terça-feira, dia em que, por conta da inserção da aula de Ensino Religioso, os estudantes têm seis aulas com duração de 40 minutos cada uma.

desenvolvimento das atividades da proposta da OLP e as outras atividades ministradas nas aulas da professora Cris, em seu próprio processo de aprendizagem que a metodologia proposta pelo programa OLP demanda.

3.5 A INTERAÇÃO ENTRE OS SUJEITOS NO AMBIENTE DA

PESQUISA DE CAMPO

Durante o período de observação da prática pedagógica buscamos interferir o mínimo possível no andamento das aulas. Tal atitude fundamenta-se no pressuposto de que a interferência de terceiros na realidade pesquisada altera o contexto e as interações que ali se realizam, pois, conforme aponta Bakhtin (2011, p. 329), “o interpretador é parte do enunciado a ser interpretado, do texto (ou melhor, dos enunciados, do diálogo entre estes), entra nele como um novo participante”. Dessa forma, podemos dizer que as interações registradas nas aulas, em certa medida, foram também determinadas pela nossa presença nesse ambiente.

Nossa inserção na turma efetivou-se por intermédio da professora, que informou previamente aos alunos da presença de uma pesquisadora na classe e do objetivo dessa presença naquele contexto. No primeiro dia de observação houve a retomada do informe, relembrando-os que passaríamos um tempo acompanhando as aulas de Língua Portuguesa. A professora, após expor aos alunos os objetivos da pesquisa, solicitou que fizéssemos uma apresentação sobre a motivação da presença, a qual foi feita em breve conversa em que procuramos ressaltar que a dinâmica da sala de aula não seria modificada, buscando com isso deixá-los à vontade para agirem naturalmente no decorrer da observação. Os alunos mostraram-se animados e prestativos desde o primeiro dia, o que possibilitou um envolvimento afetivo entre nós que, com o passar das aulas, foi se tornando mais intenso.

O relacionamento mais aproximado com os alunos ocorria nos momentos destinados às aulas ou nos períodos de intervalo, quando estes vinham conversar. Durante as aulas, quando a professora estava ocupada, alguns estudantes nos procuravam para mostrar seus trabalhos ou tirar dúvidas sobre o que estava sendo ensinado. Procuramos nessas situações interferir o mínimo possível na realização das propostas da professora, respondendo de forma sucinta às dúvidas apresentadas pelos alunos. Em alguns momentos destinados a dinâmicas organizadas pela professora, prática bastante utilizada por ela, após convite para

participar, a interação com os alunos ficava ainda mais intensa e mais direta.