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3 AUTONOMIA DO PROFESSOR E ELABORAÇÃO DO

5.5 Contexto de pesquisa

5.5.1 Escolas

5.5.1.2 Escola B

A Escola B também está situada na periferia da região oeste do município, próxima à Escola A, distantes uma da outra por cerca de 2km. Ela também é uma escola estadual e atende ao Ensino Fundamental, Médio e EJA. Atualmente, são 68 professores e dezesseis funcionários para atender 1032 alunos. Dos 68 professores, há uma professora de Espanhol para todas as turmas.

O bairro da Escola B foi planejado para receber famílias de baixa renda e, por isso, desde a sua fundação, conta com infraestrutura mínima para atender seus moradores. De acordo a Prefeitura Municipal, em 2015, habitam o bairro 11.456 pessoas. Com relação às atividades dos moradores, 30% são aposentados, 22% são autônomos, 20% são empregados com carteira assinada, 9% são funcionários públicos, 6% são pensionistas, 4% são do lar, 3% são empregados sem carteira assinada, 3% são desocupados, 2% são militares e 1% outros (RUBIN, 2013).

Um levantamento feito pela direção da escola concluiu que os alunos do terceiro ano não dão continuidade aos seus estudos, pois a maioria se direciona ao mercado de trabalho, consoante ao estudo de Rubin (2013), que também constatou que a maior parte da população do bairro é composta por trabalhadores do setor

terciário22. No ano de 2014, doze alunos prestaram vestibular em diferentes

universidades e faculdades da cidade, sendo que nove deles foram aprovados. Esse número, embora pareça tímido, representa um orgulho para escola. De acordo com o diretor, isso é resultado de um trabalho conjunto entre os envolvidos na comunidade escolar (professores, funcionários, alunos, pais de alunos e comerciantes que colaboram com as melhorias na infraestrutura).

Os maiores problemas da comunidade escolar, de acordo com o Projeto Político Pedagógico (2013), são: desemprego, desajustamento social, baixo índice de escolaridade alcançado e carência de valores éticos e morais.

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Quanto ao PNLD, a coordenação da escola B explica que participa do programa, mas não recebe qualquer tipo de fiscalização, quanto ao uso dos exemplares, do Governo Federal. Na escola, não são todos os professores que utilizam o LD, a exemplo da professora Regina. O diretor declarou que, como professor de Língua Portuguesa, não imagina seu trabalho sem o aporte do LD, entretanto, deixa os professores livres nesse sentido. A professora Regina, segundo afirma, não utiliza o LD, pois não acha que os conteúdos estejam de acordo com a realidade dos alunos, assim, prefere preparar seu próprio MD. Na sequência, o Quadro 9 apresenta o comparativo entre as duas escolas para melhor visualização dos dados contextuais até o momento.

Quadro 9 - Dados das Escolas A e B

Escola A - Prof.ª Camila Escola B – Prof.ª Regina Alunos atendidos Ensino Fundamental,

médio e EJA. Ensino Fundamental, Médio e EJA. Quantidade de alunos atendidos. 390 1032 Número de professores 43 68 Professor de ELE 1 1 Número de funcionários 10 16

Localização Região oeste. Região oeste.

Situação social do bairro

Bairro oriundo de invasão de moradores de Santa

Maria e municípios

vizinhos.

Bairro planejado e

financiado pelo Governo Federal para famílias de baixa renda.

Número de moradores 12.722. 11. 456

Atividade profissional dos moradores

Maioria está em atividades informais.

Maioria é de operários.

O que faz a maioria dos jovens ao completar o Ensino Médio

Não há notícia de que

algum deles continue

estudando, alguns deles entram para o crime. Às vezes, ex-alunos tentam invadir a escola.

Alguns seguem estudando. Em 2014, dos 12 que

prestaram vestibular, 9

foram aprovados. Porém, a

maioria passa para o

mercado de trabalho no bairro ou no centro da cidade.

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Problemas da comunidade

-Falta de estrutura das famílias;

-Analfabetismo;

-Alunos desinteressados e indisciplinados;

-Alunos sem perspectiva de futuro.

-Desajustamento social;

-Baixo índice de

escolaridade;

-Carência de valores éticos e morais.

Uso do LD do PNLD na disciplina de ELE

Sim. Não.

Fonte: Elaborado pela autora.

Estabelecendo-se uma comparação entre a realidade social das duas escolas localizadas na mesma região da cidade, muito próximas geograficamente entre si, nota-se que existem semelhanças e diferenças em ambos os contextos escolares. A Escola A é originária de uma invasão de terras do governo, por pessoas que não tinham moradia. Em função disso, não houve implementação prévia de infraestrutura básica para receber esses moradores. No entanto, com o passar do tempo, as casas passaram a contar com abastecimento de água e luz, e algumas ruas ganharam calçamento, o que possibilitou o acesso aos serviços de transporte e telefonia públicos. O bairro conta atualmente com supermercado e alguns comércios menores no mesmo ramo, além de pizzaria, bares, salão de beleza, loja de material de construção, oficinas mecânicas e pequenos comércios (a maioria funciona nas próprias casas dos moradores). Em função de a maioria dos moradores atuar na informalidade, constitui-se como uma comunidade de menor poder aquisitivo, e o grau de escolaridade das pessoas é baixo.

Já a Escola B foi criada para atender famílias com baixa renda – ainda assim, em melhores condições socioeconômicas do que as do bairro da Escola A – em um bairro planejado. Esse bairro conta, desde a sua instalação, com uma infraestrutura mínima de água, luz, telefone público, transporte público, escolas. Isso evoluiu bastante com o passar do tempo e, atualmente, possui posto de saúde, mais escolas, área de lazer, supermercados, restaurantes, academias de ginástica, centro comercial, bancos, agência dos correios, agência lotérica, enfim, tudo o que pode ser encontrado no centro da cidade. Além disso, a renda dos moradores desse bairro tem se mantido praticamente equivalente no decorrer dos anos.

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Observa-se uma divergência na proporção do quadro de funcionários e professores em relação à quantidade de alunos atendidos nas duas escolas. Na Escola B, são atendidos mais do que o dobro do número de alunos da escola A, apesar de a escola B, que acolhe 1032 alunos, contar com apenas vinte e cinco professores e seis funcionários a mais do que a escola A, que atende 390 estudantes. Pode-se inferir, dessa forma, que a professora de Língua Espanhola da Escola B, Regina, atende mais alunos do que a professora Camila, da Escola A.

Outra diferença entre ambas refere-se ao uso do LD enviado pelo PNLD. A professora Camila (Escola A) optou pela utilização do LD, enquanto a professora Regina (Escola B) não utiliza o livro recebido.

Os pontos convergentes centram-se nos fatos de serem ambas escolas públicas estaduais, que oferecem Ensino Fundamental, Médio e EJA e cujas professoras de ELE são as únicas encarregadas de todos os alunos do Ensino Fundamental (3º e 4º ciclos), Ensino Médio e EJA.

Ainda, a população dos bairros em número de habitantes é semelhante, 12.722 na Escola A e 11.456 na Escola B. Os problemas da comunidade apontados pela direção e/ou projeto pedagógico da escola são parecidos: falta de estrutura das famílias na Escola A; desajustamento social e carência de valores éticos e morais na Escola B; Analfabetismo na Escola A e baixo índice de escolaridade na Escola B.

Em sua estrutura física, a Escola B possui quinze salas de aula, biblioteca, sala multimídia e sala de apoio à educação, que é utilizada pelos professores em projetos que funcionam em turnos alternados aos das aulas, para dar suporte aos alunos com problemas de aprendizagem. A direção explicou que, para tanto, há uma equipe de professores responsável. Há também uma sala de informática funcionando, e todos os professores estão capacitados para usá-la. Assim, não há necessidade de um professor ficar exclusivamente responsável pela sala equipada. De acordo com a direção, os professores utilizam muito esse recurso em seu planejamento, sendo que a professora de Espanhol, Regina, é uma das que a utiliza com frequência.

Para a prática de esportes, a Escola B conta um ginásio coberto, uma sala para aulas teóricas e uma sala para guardar os materiais utilizados, ou seja, uma realidade de estrutura diferente da Escola A. Com relação ao espaço físico, o diretor informou também que a escola dispõe de um departamento tradicionalista. Embora a

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escola esteja cercada de muros e haja um funcionário responsável por controlar o acesso de todos por um portão eletrônico, não existe, segundo a direção, problemas de violência e indisciplina, ao contrário das invasões ocasionais ocorridas na Escola A.

Por fim, a direção da Escola B declara ter orgulho pelo quadro de professores, funcionários e pela comunidade, acredita que o esforço conjunto assegura o sucesso da escola, além de buscar parcerias com a comunidade para melhorar o espaço físico e tornar o ambiente mais propício a uma educação de qualidade. Nas visitas à instituição, foi possível perceber que há sempre mães e pais de alunos no pátio da escola, ocupando os espaços e convivendo no ambiente escolar.

Quadro 10 - Estrutura das escolas

Escola A – Prof.ª Camila Escola B- Prof.ª Regina

Salas de aulas 8 15

Biblioteca Sim Sim

Sala de informática Sim Sim

Sala de multimídia Não Sim

Sala de apoio à educação do turno inverso Não Sim Sala de apoio à educação física

Não 1 para aulas teóricas.

1 para guardar materiais. Ginásio coberto para

prática de esportes Não Sim Departamento tradicionalista Não Sim Muros de proteção e portão eletrônico. Sim Sim

Fonte: Elaborado pela autora.