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Escola de Gestores: o curso na ótica do professor

No documento Gestores RELATO experiência (páginas 127-143)

Celso Vallin

Como foi atuar como professor no curso Escola de Gestores do MEC?

Lecionar ou participar de cursos de formação para gestores escolares cujas escolas estejam situadas próximas ao local onde o professor vive e conhece já é uma situação desafiadora. Isso porque o trabalho do gestor escolar é bastante complexo e delicado. Dessa forma, organizar um ambiente de aprendizagem para esses gestores escolares requer que se saia do trivial. Propostas simples, como as que apresentam informações, dão explicações, propõem a exercitação de procedimentos e memorização, não satisfazem. No curso piloto Escola de Gestores, o desafio foi maior porque envolveu gestores escolares de dez Estados brasileiros. Cada professor, ao atender 40 gestores de um dado Estado, com escolas da capital e do interior, escolas da rede estadual e municipal, precisava primeiramente ter um

mínimo conhecimento sobre a cultura local, seu jeito de viver e de fazer a escola. A proposta pedagógica do curso era a mesma para os dez Estados. Isso fez aumentar a necessidade de o curso ser verdadeiramente dialógico para atender a tais características tão diversas a partir de uma única proposta pedagógica. As propostas apresentadas, e a maneira como foram desenvolvidas, tinham de ser, com mais razão ainda, propostas abertas, no sentido de poder acolher o que cada um trazia em sua experiência anterior, em seu jeito de ser diretor de uma escola. O saber das pessoas, que ali se colocavam como alunos, precisava ser apresentado, ouvido, sentido e considerado. O professor, nos momentos iniciais do curso, precisava se colocar muito mais sensível, muito mais aberto, para apreender essa realidade e poder partir dela com os gestores escolares.

Mas essa abertura e sensibilidade eram ao mesmo tempo contrapostas pela necessidade de conduzir uma intencionalidade dada pelos objetivos da formação. O curso e o professor não podem só criar o ambiente de troca de experiências. Devem também confrontar as teorias e os saberes trazidos (na proposta pedagógica) com as experiências apresentadas pelos alunos, e desenvolver as atividades de modo que os cursistas-gestores também confrontem teoria e prática, suas e dos colegas de curso, apropriando-se verdadeiramente das teorias trazidas, e não somente dizendo que as viram e ouviram e que por isso as conhecem. Qual o significado da expressão “dar aulas” para uma pedagogia atual? Fernando Almeida, um dos consultores do curso, questiona e responde. O professor não pode se colocar como mero observador. Ele não é apenas um “facilitador”:

Facilitar é, na verdade, baratear o trabalho intelectual de aprender o que é complexo, que exige presença contínua, compreensão dos processos internos do aprendiz, provocação, desequilíbrio, colocação de novas questões e de conteúdos inacessíveis espontaneamente pelos alunos, etc.

Ora, esse trabalho não é “facilitador”. Pode-se chamá-lo de provocador, estimulador, organizador, encantador, articulador, tudo isso é tarefa nobre e nada fácil. Nem para ele [professor] nem para o aluno. (Almeida, 2006, p. 84)

Os desafios que se apresentavam eram estes: conhecer a cultura local, a situação em que viviam as escolas e os cursistas-gestores de um dado Estado brasileiro, e ajudá-los a fazer a ponte entre o conteúdo da proposta do curso e a situação encontrada.

Como se espera que seja um curso a distância usando um ambiente de apoio pela Internet?

Usar um ambiente de apoio ao curso na Internet cria uma série de dificuldades, porque ainda hoje o uso desses ambientes não é comum a todas as pessoas nos mais variados lugares. No curso Escola de Gestores, muitos gestores escolares não sabiam manejar o mouse e não apresentavam quase nenhuma habilidade no uso do computador. Mas, apesar de parecer desaconselhável usar o computador e a Internet como apoio em uma situação como essa, os resultados foram muito bons. O ambiente usado na Internet, o e-ProInfo, assim como outros ambientes de apoio a cursos, permitem às pessoas e ao curso certos registros e certas leituras que provocam muito mais reflexão e facilitam muito mais a troca de experiências do que aconteceria em um curso com simples aulas presenciais. Além disso, os gestores viam essa fragilidade, de não saberem usar o computador nos dias de hoje, como um desafio a

ao curso, acabou se tornando uma energia a mais para as pessoas se entusiasmarem e crescerem. O uso das tecnologias de informação e comunicação (TICs) foi um fator a mais de crescimento dessas pessoas. Nesse sentido, para poder usar o computador e aquele ambiente na Internet como forma de apoio ao curso, em um universo em que muitas pessoas não tinham nenhuma experiência anterior, a participação dos assistentes foi decisiva, importantíssima. Os assistentes eram pessoas que viviam na região em que o curso se desenvolveu, trabalhavam nos NTEs1 municipais e

estaduais e puderam, durante o curso, fazer vários atendimentos presenciais, conforme a necessidade e possibilidade dos cursistas-gestores. Sempre que eles precisavam, podiam contar com o apoio dos assistentes, que de forma presencial os atendiam e os auxiliavam no uso do computador.

O uso do ambiente de apoio e-ProInfo mostrou bons resultados pela comunicação por meio de registros escritos. O diálogo deu-se com a criação de registros escritos e com o compartilhamento desses registros entre cursistas-gestores e professores que foram se conhecendo cada vez mais e melhor. Assim, professores e alunos, juntos, foram estudando a realidade das escolas, seus problemas e soluções.

1 Núcleo de Tecnologia Educacional (NTE) criado a partir da parceria do Programa Nacional de

Informática na Educação (Proinfo) da Seed, do MEC. Os NTEs são unidades descentralizadas, nas quais atuam professores multiplicadores, encarregados de preparar educadores para o uso pedagógico das TICs, assessorar as escolas nos aspectos técnicos e pedagógicos envolvidos no uso das TICs e capacitar alunos para auxiliar na manutenção de equipamentos e softwares

Cada um expressava suas idéias por meio de registros escritos que eram disponibilizados para todo o grupo no ambiente de apoio ao curso pela Internet.

O registro escrito tem um caráter diferente da conversa falada. Ao se colocarem para escrever sobre seus problemas na escola e sobre a maneira como os enfrentaram, as pessoas passam logo nesse primeiro momento por um processo de reflexão. A escrita, a criação do texto que terá esse uso social exige momentos de introspecção que proporcionam a reflexão sobre a realidade que se deseja descrever. A construção do texto é diferente da construção da conversa falada e faz com que as pessoas organizem o pensamento de forma mais aprofundada, recolham as informações disponíveis retidas na memória e ordenem essas informações para a construção do texto. São textos pequenos – que vão se tornando complexos no decorrer do curso – e que vão compondo o relato da pessoa para os colegas de curso e para os professores a respeito de sua realidade. Assim, no primeiro momento, o gestor-aluno escreve seu depoimento solitariamente.

O gestor-aluno, dando-se à introspecção e à reflexão individual, analisa sua situação. A proposta do curso já previa iniciar os trabalhos por essa reflexão individual. As atividades iniciais propostas desafiavam o gestor-aluno que, por isso, embarcou nessa introspecção e reflexão individual ao ter de contar para seus colegas e professores alguns aspectos de sua realidade.

Os cursistas-gestores também liam relatos de colegas. Desse modo, começava a haver a interação entre colegas de turma, e a reflexão que começara individual

passava a ser coletiva. O relato de uns influenciava na reflexão de outros, que produziam novos relatos e novas reflexões.

O uso do computador e do ambiente e-ProInfo para apoiar o curso não se tratava simplesmente de um modernismo. Ele trouxe para o curso e para a dinâmica pedagógica elementos diferentes daqueles que existiriam se o curso fosse somente presencial.

Também nos cursos presenciais podem ser propostas atividades de troca de textos escritos. O efeito pode ser parecido, mas o computador mostra-se melhor para esse tipo de atividade por diversos motivos. Primeiro, porque oferece a plasticidade da edição eletrônica, que ajuda a formular e reformular o texto. Depois, porque recebe, arquiva e organiza os relatos, para estarem disponíveis a todos, serem lidos e relidos. Há também a vantagem de que pela Internet existe uma liberação dos limites de tempo e espaço. Cada um pode usar o momento e o local que desejar, dentro da complicada dinâmica da vida contemporânea. O curso não acontece online como muitos dizem. As comunicações não são simultâneas, mas ficam disponíveis para todos, para cada um no seu tempo, no lugar em que estiver. Outras análises sobre os efeitos do diálogo com texto escrito podem ser vistas em Vallin (2004, p. 177).

que, primeiramente, o professor desenvolvesse alguns laços de confiança com os assistentes. Antes do curso, o professor não conhecia os quatro assistentes. Nunca haviam trabalhado juntos. Por isso, foi necessária uma dedicação, principalmente nos momentos primeiros do curso, para escutar e compreender essas pessoas e ao mesmo tempo, ao trabalharem juntos no desenvolvimento das propostas do curso, construir e reforçar esses laços de confiança e de grupo. Somente com essa confiança e sentido de grupo seria possível fazer um bom trabalho conjunto. De certa forma, o professor precisava dedicar metade dos seus esforços e cuidados no estabelecimento de relações com os assistentes, restando somente a outra metade para a relação direta com os cursistas-gestores.

2 Professores-assistentes eram professores que trabalhavam no NTE local. No caso do Piauí,

dois assistentes trabalhavam no NTE estadual e dois no municipal, ambos na capital. Muitos cursistas-gestores também moravam em Teresina, e outros precisavam viajar até 150 km para ter ajuda presencial. Os assistentes também atendiam os gestores-cursistas comunicando- se pelo ambiente e-ProInfo, por e-mail e por telefone.

Como articular o trabalho de professor a distância, com o trabalho e orientação de uma equipe de quatro assistentes pertencentes à estrutura local dos Estados e dos municípios?

Este era outro desafio: a integração do trabalho do professor com o dosquatro professores-assistentes,2 formando uma verdadeira equipe de formação. Isso requereu

Os assistentes tinham experiência e habilidade no uso do ambiente de apoio pela Internet, o que foi fundamental. Pelo depoimento dos cursistas-gestores:

[...] os professores [...] além de ensinarem eles dão oportunidades aos alunos de aprenderem; de pensar, adotando uma postura mediadora que favoreça a problematização dos conteúdos, o confronto de idéias, o diálogo enriquecedor como estratégias metodológicas. Além disso, comprometem-se com o sucesso e não com o fracasso dos alunos.

Como estabelecer relações de confiança com cursistas-gestores tão distantes (fisicamente) e com tanta dificuldade para lidar com as TICs?

Essas relações de confiança eram necessárias e foram estabelecidas logo no primeiro momento. Para isso, o curso, que contava com cinco módulos, teve o Havia quatro assistentes, e cada um atendia preferencialmente a dez dos cursistas-gestores (ver figura a seguir). Eles ficavam mais próximos dos alunos. Assim, o cuidado que o professor tinha na relação com os assistentes revertia em favor do trabalho deles com seus cursistas-gestores. Essa é uma relação que nem sempre é bem conhecida. Muitas vezes não está claro que o professor deve dedicar metade do seu cuidado na orientação, na leitura e no diálogo diretamente com os alunos, e a outra metade na orientação dos assistentes, no acompanhamento do seu trabalho, na animação e também na orientação sobre como eles devem trabalhar as propostas pedagógicas do curso e como devem tratar os cursistas-gestores. Os resultados foram positivos. Depoimentos constantes dos cursistas-gestores diziam a importância do ânimo trazido pela participação paciente e inclusiva dos assistentes, e que sem isso eles teriam desistido do curso.

primeiro, terceiro e quinto módulos desenvolvidos no presencial. Os módulos dois e quatro foram a distância. Mas todos os cinco módulos eram apoiados pelo uso do computador e pelo ambiente e-ProInfo. Os módulos presenciais foram bem aproveitados no sentido de ganhar confiança, não só em relação à pessoa do professor, mas também na proposta do curso que o professor trazia, e a confiança dos gestores neles mesmos, criando condições para que eles conseguissem ter êxito na realização das propostas apresentadas.

Figura 1 – Relação entre 1 professor, 4 assistentes e 40 cursistas-gestores

PROFESSOR

O que os cursistas-gestores tinham a dizer?

O curso propunha que os cursistas-gestores usassem os “Indicadores de Qualidade na Educação”, o Indique,3 e que, conforme aqueles critérios, em conjunto

com a comunidade escolar (professores, alunos, pais, funcionários), identificassem os problemas ou desafios mais urgentes de cada unidade escolar. Depois, com um plano de ação, desenvolvessem na prática ações que colaborariam para a melhoria dos aspectos apontados como problemáticos. As escolas conheciam e usavam o Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE).4 Assim, alguns dos gestores mostraram

resistência em usar uma metodologia nova. Como um dos conteúdos que desenvolvíamos no curso era a gestão democrática, por coerência, nós também permitimos que alguns gestores usassem o PDE no lugar dos indicadores propostos pelo curso Escola de Gestores. Isso trouxe resultados interessantes. Os gestores que usaram o Indique puderam compará-lo com o PDE e apontaram que o Indique

3 Indique – O objetivo principal dos Indicadores da Qualidade na Educação é o engajamento da

própria comunidade escolar na luta pela melhoria da qualidade da escola. Na forma de um

manual, os Indicadores permitem que os participantes da comunidade avaliem a escola, identificando seus pontos fortes e fracos. Os indicadores são sinais de qualidade, que orientam a reflexão da comunidade sobre a escola. Veja mais em: http://www.acaoeducativa.org.br/ indicadores/

4 PDE – O Fundescola estimula a elaboração do Plano de Desenvolvimento da Escola. Ao

elaborar o PDE, a escola realiza um diagnóstico de sua situação, identificando, a partir dessa análise, seus valores e definindo sua visão de futuro e missão, bem como traçando objetivos, estratégias, metas e planos de ação a serem alcançados em longo, médio e curto prazos, respectivamente. Veja mais em http://www.fnde.gov.br/home/index.jsp?arquivo=/ fundescola/fundescola.html

era mais simples e objetivo, e que com ele puderam cumprir um ciclo mais dinâmico e rápido de diagnóstico e intervenção, o que foi bastante pedagógico para a comunidade escolar. Em dois meses, foi possível mobilizar a comunidade, realizar reuniões para chegar aos problemas e prioridades, estabelecer plano de ação e colocá-lo em prática. Os diretores escolares relataram que suas comunidades se sentiram animadas com a melhoria e a participação efetiva nos destinos da escola. Já os diretores que preferiram manter o PDE, ao lerem os depoimentos dos colegas e saberem de seus bons resultados, puderam fazer comparações e saíram do curso dispostos a conhecer melhor o Indique. Os objetivos do curso foram então alcançados nos dois casos, e também o trato pedagógico-democrático foi respeitado.

Encontramos em muitos casos entre os cursistas-gestores uma carência de infra-estrutura tecnológica muito grande. Alguns gestores, antes de iniciar o curso, tinham recebido a promessa de que poderiam usar o computador da prefeitura de suas cidades. Relataram que havia um único computador na cidade e que esse era usado por vários secretários e outras pessoas da prefeitura. Depois, durante o curso, acabaram preferindo ir à capital (mais de cem quilômetros em alguns casos) para usar o computador, porque o da prefeitura era muito disputado, e porque na capital contariam com a presença e ajuda dos assistentes do curso. Em sua rotina semanal de diretores, já era costume viajarem à capital para resolução e encaminhamento de outras demandas. Dessa forma, aproveitavam para também participar do curso. Nesse caso, a participação do gestor-aluno no ambiente e-ProInfo dava-se uma vez por semana, quando ele ia à capital.

No depoimento dos próprios cursistas-gestores:

Melhoramos a metodologia do trabalho em equipe. / Aprendemos a trabalhar de forma conjunta no ambiente escolar. / A comunidade e o Conselho Escolar já estão mais envolvidos. / Foi um desafio pesado. Internet para mim era coisa de outro mundo. Agora acho que não saberei viver sem pelo menos um pouco de acesso ao computador. / A nossa escola depois do estudo do Indique parece que acordou. / Esse curso nos oportunizou sistematizar um trabalho coletivo diante da comunidade escolar como um todo. Antes a nossa escola já trabalhava com a coletividade, mas o Escola de Gestores veio dar mais vida ao nosso trabalho. / O texto de Naura Syria C. Ferreira, Gestão Democrática da Educação... nos deu um embasamento bem mais seguro sobre a participação da sociedade nas decisões políticas em que são inseridas. O professor tem o papel importante na gestão democrática motivando a importância do planejamento participativo. / O que mais achei interessante foi o antes e o depois do curso. Antes eu achava que já estava “pronto” para exercer uma gestão democrática plena, hoje, com uma nova visão, vejo que ainda tenho muito a aprender e a fazer. / O meu desenvolvimento no curso Escola de Gestores está sendo espetacular, estou me sentindo além das minhas expectativas. Estou gostando muito de todo o desenrolar do curso, a minha mente está mais aberta em relação a muitas coisas que acontecem na escola, que antes me sentia perdida sem saber como resolver, mas agora está tudo mais fácil. Vendo também as experiências dos colegas cursistas percebo que tudo pode ser possível, basta que você tenha interesse e responsabilidade. Desde já agradeço a todos vocês professores pelo empenho com os cursistas e a paciência que tiveram principalmente no início do curso, período em que eu estava “voando” em muitos sentidos, no que diz respeito ao desenvolvimento com sucesso de uma escola. (Diário de Bordo, e-ProInfo, turma do Piauí do Escola de Gestores, 2005)

Os cursistas-gestores perceberam, por meio do curso, que era possível ter um diálogo próximo, mesmo entre pessoas fisicamente distantes e mesmo dispensando a reunião presencial, que requer que todos estejam com disponibilidade de agenda em um mesmo momento e local. Assim, mostraram o desejo de que a relação entre eles e os gestores dos sistemas de ensino e o pessoal de suporte da Secretaria de Educação (pedagógico ou administrativo) fosse também mais próxima. Desejavam o estar junto virtual (Prado, Valente, 2002) praticado nesse curso. Essa proximidade expressa era no sentido de poderem expor seus desafios e dificuldades

e desenhar soluções em conjunto, com acompanhamento próximo e estreito. Mostraram-se bastante ressentidos com o isolamento em que desenvolviam seu trabalho de gestor escolar.

Acreditamos que os gestores que trabalham nos sistemas de ensino também podem aprender a usar as TICs para apoiar e estreitar as relações entre eles e os gestores escolares, bem como entre os próprios gestores escolares. Isso representaria um enorme ganho para a educação. A distância atual deve-se à aparente dificuldade das pessoas de encontrarem-se pessoalmente com regularidade. Essa relação pode ser melhorada se houver, além de momentos presenciais de troca de experiências e de construção conjunta, o uso de sistemas de apoio à comunicação pedagógica a distância pela Internet. Durante o curso, os gestores vivenciaram a possibilidade de uma educação continuada que lhes permitia mostrar sua identidade, sua situação, seus problemas, para elaborarem conhecimento em conjunto a partir da troca de experiências, de suas vivências e de suas situações cotidianas. Eles gostaram disso. Gostaram de ser sujeito, porque levaram sua participação para a construção do conhecimento. Gostaram de estar participando de uma teoria que era ligada à prática, de uma sistematização teórica que dava conta dos problemas cotidianos que eles estavam vivendo e dos problemas mais urgentes que eles tinham nas escolas.

Para finalizar, é natural que se pergunte: o que é necessário para que os gestores escolares possam continuar seus estudos dessa maneira, participando de uma construção de conhecimento conjunta com apoio das TICs e contando com uma

orientação organizadora? O que será necessário para que estejam próximos uns dos outros e de todos os agentes da organização dos sistemas de ensino?

Um fator evidente é a melhoria da infra-estrutura tecnológica de apoio à comunicação e registro. Hoje não são necessários grandes recursos para isso. Mas não bastaria a infra-estrutura tecnológica. É preciso que as pessoas da organização dos sistemas de ensino (suporte pedagógico e administrativo) municipal e/ou estadual aprendam a explorar essas possibilidades de interação e construção conjunta, tanto no presencial como a distância, tanto na conversa falada como no diálogo por meio de mensagens escritas. É preciso que aprendam a explorar as possibilidades das TICs na educação continuada. No curso piloto Escola de Gestores, foi formada e utilizada uma rede colaborativa, como aponta Amaral ao falar de outro curso. Para

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