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Apesar de parecer um tema ainda muito recente, a questão ambiental vem sendo investigada e discutido há tempos por especialistas. No entanto, por serem, em sua maioria, ambientalistas, esses especialistas sempre sofreram muitos preconceitos perante a sociedade. Muitas vezes chamados de chatos ou extremistas, os defensores da conservação da natureza sofreram inúmeras críticas e enfrentaram diversos obstáculos.

Com o aumento drástico de desastres naturais e de fenômenos totalmente fora de controle, causados direta ou indiretamente por ações destrutivas do ser humano, - baseado no modelo neoliberalista vigente - principalmente a partir da década de 1990, começaram a surgir novas reflexões sobre estas ações do homem junto à natureza, que passaram a ameaçar a existência da nossa e de diversas outras espécies.

Ao contrário do que vem ocorrendo, devemos lembrar do seguinte:

“A perspectiva ambiental consiste num modo de ver o mundo em que se evidenciam as inter-relações e a interdependência dos diversos elementos na constituição e manutenção da vida. Em termos de educação, essa perspectiva contribui para evidenciar a necessidade de um trabalho vinculado aos princípios da dignidade do ser humano, da participação, da co-responsabilidade, da solidariedade e da eqüidade”. (PCN, 2000, p.19).

Por ser um assunto cada vez mais discutido nos mais diversos setores da sociedade, houve, sim, uma preocupação de que o mesmo fosse vinculado, de alguma maneira, aos conteúdos tradicionais, desenvolvidos em sala de aula.

Um claro exemplo dessa preocupação são os Parâmetros Curriculares Nacionais, que fazem parte de um acervo de 10 livros, cada um sobre uma matéria

importante e complexo, receberam influências de diversos teóricos e educadores, não possuindo autor específico.

Entre eles, surge o PCN “Meio Ambiente e Saúde: Temas Transversais”, o nono volume da coleção, que aborda exatamente a importância e a necessidade de trabalhar conhecimentos sobre o meio ambiente e sobre a relação de interdependência que existe entre o homem e a natureza, além de questões sobre a saúde.

Um dos objetivos gerais a serem alcançados pelas crianças ao longo do Ensino Fundamental é que elas sejam capazes de perceber-se integrante, dependente e agente transformador do ambiente, identificando seus elementos e as interações entre eles, contribuindo para a melhoria do meio ambiente.

Apesar de ter um conteúdo bem genérico, considerando que nosso país é enorme tanto em termos de extensão territorial quanto em termos de diversidade cultural e étnica, a obra procura transmitir informações da forma mais clara e objetiva possível, buscando uma reflexão mais ampla sobre este tema. A construção deste PCN, especificamente, foi direcionada aos educadores, para que estes desenvolvam com seus alunos atividades de conscientização tanto das relações que estabelecemos com o ambiente em que vivemos quanto com o nosso próprio corpo.

Nos diversos documentos oficiais que tratam sobre o Meio Ambiente, constam inúmeros relatos de especialistas de todo o mundo alegando que o Brasil é um dos países com maior variedade de experiências em Educação Ambiental, sendo elas criativas e tendo forte impacto sob a realidade local.

No entanto, partindo das minhas pesquisas em sites de vários colégios da cidade de São Paulo, especificamente, e da minha experiência profissional, percebo que estas experiências em Educação Ambiental são projetos louváveis, mas que contam, na maior parte das vezes, com a mobilização da comunidade local que busca soluções para seus próprios problemas, raramente contando com a ajuda do governo. Apesar de haver um respaldo teórico de qualidade sobre o tema, essas experiências se apresentam como casos isolados, sem vínculo com outras instituições de ensino, não demonstrando, de forma alguma, a noção de um projeto nacional.

Além disso, devemos interiorizar a idéia de que a questão ambiental é extremamente ampla, sofrendo fortes influências de todos os setores da sociedade, sendo a escola apenas um deles. Segundo o PCN:

“Há outros componentes que vêm se juntar à escola nessa tarefa: a sociedade é responsável pelo processo como um todo, mas os padrões de comportamento da família e as informações veiculadas pela mídia exercem especial influência sobre as crianças”. (PCN, 2000, p.29).

Assim, vemos a importância de projetos que tenham investimento do Governo Federal e estabeleçam relações entre si, proporcionando a troca de experiências entre as mais variadas instituições, sejam elas públicas ou particulares, na busca de uma real identidade nacional, que enxergue na Educação Ambiental um aliado essencial para a harmonia e o equilíbrio entre o futuro da nossa sociedade e a natureza.

Faz-se necessária, portanto, uma mudança de paradigma na nossa visão de Homem, de Mundo e de Sociedade, para que consigamos criar soluções para os problemas ambientais existentes e diminuir ao máximo os supostos problemas que ainda surgirão. Para isso, precisamos refletir seriamente sobre cidadania e educação, já que:

“Nesse contexto, fica evidente a importância de se educar os futuros cidadãos brasileiros para que, como empreendedores, venham a agir de modo responsável e com sensibilidade, conservando o ambiente saudável no presente e para o futuro; como participantes do governo ou da sociedade civil, saibam cumprir suas obrigações, exigir e respeitar os direitos próprios e os de toda a comunidade, tanto local como internacional; e, como pessoas, encontrem acolhida para ampliar a qualidade de suas relações intra e interpessoais com o ambiente tanto físico quanto social”. (PCN, 2000, p.25).

Enquanto isso não acontece, escolas deveriam buscar cada vez mais parcerias com empresas e outros setores da sociedade, que partam de interesses comuns e possam juntar forças para transformar a realidade atual. “Evidentemente,

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