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Ao longo dos anos vem se percebendo um grande número de pesquisas que abordam temas relacionados à educação e os diversos aspectos a ela inerentes. Quando se trata da pesquisa na escola e dos diversos sujeitos que dela fazem parte, pensamos ser necessário romper com uma postura confortável de investigador que apenas revela os problemas da escola, denunciando suas mazelas. A perspectiva que assumimos e defendemos é de uma pesquisa e pesquisadora que conhece e toma o universo escolar como uma realidade complexa, geradora de muitos conflitos e múltiplos sentidos dos diferentes discursos e sujeitos que dela fazem parte.

Nesse sentido, faremos uma caracterização, mesmo que breve, do ambiente escolar do qual fazem parte os sujeitos da pesquisa, até porque consideramos que a escola não apresenta características comuns à maioria das escolas públicas de São Paulo uma vez que a diferença está na origem do seu projeto de criação.

Trata-se de uma escola de ensino fundamental da rede pública de ensino municipal de São Paulo, inaugurada em agosto de 2003, localizada em região periférica e faz parte do Centro Unificado Educacional (CEU) que é um complexo

composto por Centro de Educação Infantil (CEI); Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI); Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF); telecentro; teatro; estúdios; ateliês; sala de uso múltiplo; salão de ginástica; centro comunitário; biblioteca; piscinas; quadra poliesportiva e padaria-escola.

Para Padilha e Silva (2004:27) um dos objetivos do CEU é:

... propiciar à população o acesso à biblioteca, centros culturais e esportivos integrados aos centros de educação infantil (CEIs), às escolas municipais de educação infantil (EMEIs) e às escolas municipais de ensino fundamental (EMEFs) num mesmo complexo que seja alegre, prazeroso e que permita ressignificar o espaço escolar, onde aquele que ensina também aprende e aquele que aprende, também ensina.

Os espaços que constituem a escola são doze salas de aula, refeitório, pátio, uma sala de leitura, um laboratório de ciências e artes, uma sala de apoio pedagógico para os alunos (SAP), duas quadras esportivas externas e um laboratório de informática, além dos espaços técnico-pedagógicos e administrativos (salas da direção escolar, coordenação pedagógica, professores e secretaria). A escola funciona em tempo integral, ou seja, cinco horas de ensino regular e, oferece aos alunos mais três horas de atividades educacionais, culturais e esportivas, organizadas em oficinas, como xadrez, balé, artes plásticas, iniciação esportiva, música e coral, higiene e saúde e ginástica artística. Para o estudo do fenômeno a ser pesquisado foram considerados como sujeitos sete professores selecionados por sua formação específica em diversas áreas do conhecimento compreendendo o ensino de 5ª a 8ª séries do ensino fundamental atuantes, no momento da pesquisa, na referida modalidade de ensino. As áreas escolhidas foram: Português, História, Geografia, Matemática, Ciências, Artes e Educação Física, com exceção da Língua Estrangeira, por entendermos serem relevantes, para a pesquisa, as disciplinas que utilizam a língua materna para o trabalho com a leitura.

Consideramos, também, como critério para seleção dos sujeitos aqueles que possuíam experiência docente acumulada de pelo menos dez anos de atuação em sala de aula.

Para efeito do estudo que ora propomos, os professores, sujeitos da pesquisa receberam nomes fictícios, a saber: a professora de Português será chamada de Jane; o professor de História será chamado de Reis; o Professor de Geografia será chamado de Ronaldo; a professora de Matemática será chamada de Taís; o professor de Ciências será chamado de Mário; a professora de Arte será chamada de Laura e o professor de Educação Física será chamado de Horácio.

O primeiro passo dado pela pesquisadora, após confirmação pela direção da escola para realização da pesquisa, foi selecionar os professores pelo tempo de atuação em sala aula. Em posse dessas informações, que foram cedidas pela direção escolar, deu-se o primeiro contato com os professores, de maneira individual, para não comprometer o trabalho dos mesmos. Os professores aceitaram prontamente o convite para fazer parte da pesquisa, com exceção da professora de Geografia selecionada que se negou a participar alegando que não ficaria à vontade para responder as perguntas. Isso forçou-nos a entrar em contato com outro e único professor da escola (só havia dois professores de Geografia na escola) que aceitou imediatamente; porém, este professor não tinha o tempo de atuação em sala de aula estabelecido como critério. Como não tínhamos outra opção e não queríamos comprometer o estudo com a ausência de uma disciplina que julgamos ser importante, achamos pertinente que o mesmo fizesse parte como sujeito da pesquisa.

Para obtermos os dados referentes ao ensino da leitura nas diversas áreas do conhecimento realizamos entrevistas com os professores, sujeitos informantes.

As entrevistas foram realizadas em datas e horários disponíveis aos professores; os locais foram diversos, conforme disponibilidade da escola: sala de leitura (português/artes/educação física); sala de aula (ciências e matemática); sala de coordenação pedagógica (história e geografia). Para os depoimentos dos professores foram usados como recursos gravador digital, celular e roteiro com perguntas.

PARTE V

Paulo escutou o povo. Paulo praticou a reflexão. Para compor sua teoria do conhecimento, Paulo partiu de suas próprias experiências, associou sua razão lúcida com suas qualidades pessoais que provocava sua inteligência, interpretou cuidadosamente o contexto histórico brasileiro, estudou exaustivamente obras de educadores e filósofos. Assim, dos velhos conhecimentos criou um novo revolucionário porque conviveu com o povo. Sofreu com ele... Escutar o Outro, escutar o povo não é só ouvir os sons emitidos. É ouvir a voz da dor e das necessidades, recolhê-la, entendê-la, comparti-la e devolvê-la, sistematizada pela reflexão rigorosa e dialeticamente comprometida, ao povo...