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Para a efetivação da pesquisa, foi eleito um Tribunal de Justiça da região nordeste do Brasil, e mais especificamente, fóruns que tratam de questões ligadas à Infância e Juventude, por neles atuar os psicólogos que lidavam com questões de adoção de crianças e adolescentes. Selecionamos quatro comarcas e as chamaremos de Comarcas A, B , C e D. Embora não façamos menção a qual delas as interlocutoras entrevistadas pertencem, acreditamos que seria conveniente expor nesta parte da dissertação, a apresentação dos espaços do campo Judiciário onde a presente pesquisa foi efetivada.

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Santana (2009) observou que dos processos sentenciados nas Varas de Família (de uma comarca no nordeste brasileiro- entre os anos 2000 e 2007) 60% das decisões judiciais acompanham as sugestões do laudo técnico e daqueles que ainda não haviam sido sentenciados em 70% o magistrado seguia as orientações propostas por psicólogos e assistentes sociais.

Na comarca A, a equipe técnica é constituída por quatro psicólogas, duas assistentes sociais, uma pedagoga, uma técnica judiciária, uma secretária, dois estagiários de psicologia, dois estagiários de serviço social. Esse grupo atende somente às demandas da Vara da Infância e Juventude. A estrutura física para a realização das atividades pareceu adequada, com espaço específico para atendimento ao público (contando inclusive com brinquedos, que facilitam o atendimento de crianças); uma sala reservada para a realização das entrevistas com os postulantes à adoção e outros encontros pertinentes ao andamento dos processos; ainda um espaço destinado à realização das reuniões em equipe. Vale dizer, este órgão possui uma chefia geral, exercida por uma profissional de Psicologia.

A comarca B conta com uma equipe psicossocial formada por duas psicólogas e duas assistentes sociais, ficando estas profissionais com a função de atender as demandas de diferentes Varas dispostas no Fórum. A estrutura física para a realização das atividades também conta com uma sala reservada para a realização das entrevistas com os postulantes à adoção e outros espaços onde se realizam encontros pertinentes ao andamento dos processos e às reuniões em equipe.

Na comarca C, a equipe psicossocial era formada por três psicólogas, três assistentes sociais, uma estagiária de psicologia e uma estagiária de serviço social. Esta equipe estava lotada na Vara da Infância e Juventude do fórum, mas atendia a quaisquer processos que envolvessem crianças e adolescentes. No setor, havia uma sala reservada para as reuniões em equipe. As duas salas destinadas ao atendimento do público localizam-se em frente Ao setor de equipe técnica, sendo uma delas adaptadas com jogos e brinquedos, que facilitam o atendimento de crianças.

Na comarca D, havia o departamento da equipe interprofissional que era ligada à Vara da Infância e Juventude. Os serviços oferecidos diziam respeito a processos de adoção, habilitação, medida protetiva, tutela, decretação da perda do poder familiar). Todavia, por ser a única equipe de técnicos no fórum, o setor acaba acolhendo outros processos, quando solicitados pelo juiz, como processos da Vara da Família e da Vara Criminal. O setor era formado por uma psicóloga, duas assistentes sociais e uma pedagoga. Esta equipe contava com o apoio de dois estagiários (Psicologia e Serviço social). A estrutura física incluia apenas uma sala de atendimento, onde também eram feitas as reuniões de equipe. Não havia uma sala específica para crianças, mas as profissionais a adaptava disponibilizando alguns brinquedos, guardados em um armário, sendo, pois utilizados quando notoriamente necessários.

A escolha destas comarcas deu-se em razão da facilidade de acesso tanto geograficamente, quanto por afinidades pessoais. Expomos isso, pois sempre existiu nestas

comarcas um elo entre as pessoas entrevistadas e a pesquisadora: ou eram pessoas com quem se partilhava laços de amizade, ou eram profissionais com as quais foi mantido contato anterior, em algum momento durante o estágio no campo judiciário. Como tais profissionais apresentavam a pesquisadora a outros interlocutores, percebemos que tal particularidade facilitou os contatos iniciais de entrevista, uma vez que a pesquisadora não chegava à instituição como uma desconhecida, mas sim como uma “amiga”, “colega de profissão” que, naquele ensejo, necessitava dialogar com as mesmas, para elaborar um estudo de fins acadêmicos.

Ao adentrar a instituição judiciária, a pesquisadora dirigia-se logo à equipe técnica. Conversando com as psicólogas, explicava sobre o projeto de pesquisa, objetivos e procedimentos. Somente após o consentimento prévio das interlocutoras, os juízes foram contactados, a fim de conseguir a anuência para a efetivação do trabalho.

Em relação a este contato com os magistrados, interessa trazer que o primeiro juiz ao qual a pesquisadora se apresentou, requereu uma solicitação formal (e não apenas verbal), inclusive, com o timbre utilizado no setor da equipe técnica. Após cumprida esta solicitação, o termo de anuência foi assinado. Este mesmo procedimento foi tomado para os outros magistrados.

Outra sugestão que foi expandida teve origem no encontro com o segundo juiz. Este me solicitou declaração por parte do Programa de Pós-graduação em Antropologia, além de cópia da carteira de identidade da pesquisadora. Em suma, foi apresentado aos magistrados: resumo da pesquisa, fotocópia da identidade, declaração de matrícula ao PPGA/UFPE, solicitação formal do pleito (autorização para a pesquisa).

Vale dizer que, em todos os espaços, as profissionais se prontificaram a me auxiliar no percurso em busca da autorização por parte dos juízes. Ou elas iam com a pesquisadora à sala dos juízes e a apresentava aos mesmos, ou, quando acontecia dos juízes não estarem no fórum, elas se ofereciam para entregar os documentos aos mesmos.

Posteriormente, a pesquisadora telefonava para a assessoria do magistrado e, então, era marcado um encontro, no qual se verbalizava o intento da pesquisa, a proposta metodológica, além da garantia de sigilo e anonimato. Todos os juízes condicionaram sua autorização à concordância por parte das psicólogas em conceder as entrevistas. A caracterização dessas profissionais, bem como o percurso do contato com as mesmas serão expostos a seguir.