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QUADRO SINÓPTICO DAS PRINCIP

ESFERA ESTADUAL Ensino Médio

(2009) Ed. Profissional integrada ao Médio (2010)

Total Ensino Médio (2009) Ed. Profissional integrada ao Médio (2010) 568.596 26.179 594.775 95,6% 4,4%

Como pode se ver, as ações empreendidas pelo Estado de ampliação da Educação profissional, tem ainda um longo caminho para se tornar acessível a boa parte dos jovens baianos. É certo que após a implantação do Plano de Educação profissional a expansão ocorrida é louvável, mas não foi o suficiente para uma verdadeira democratização desta modalidade de ensino como se pode notar com o Gráfico IV (disposto na página seguinte).

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Dados de matrícula do Ensino Médio do Inep retirada de tabelas anteriores e dados da Educação Profissional integrada ao Ensino Médio fornecidos pela Suprof, conforme informado anteriormente.

Desse modo, nesse cenário é importante investigar que políticas públicas têm sido criadas pelo estado da Bahia para o Ensino Profissional a fim de alavancar o crescimento dessa modalidade de ensino em cumprimento ao que preconiza a LDB 9.394/96 e o Decreto 5.154/04. Esse questionamento é bastante salutar para que se busquem ações consistentes para expansão da Educação Profissional, com uma verdadeira qualidade educativa. Nessa perspectiva, como sinalizado inicialmente, a principal iniciativa do Governo da Bahia para a reestruturação do Ensino Profissional é a criação e implementação do Plano de Educação Profissional. Desse modo, nesse capítulo propõe-se a análise desse plano enquanto política pública do governo estadual. Sendo que inicialmente foi feito este panorama da situação do Ensino Profissional no Brasil e na Bahia, ação esta, que se entende como fundamental para localização do objeto de estudo no seu universo de inserção e para uma melhor compreensão do alcance das políticas públicas à população de um modo geral.

4. 2 – O Plano de Educação Profissional da Bahia

4.2.1 – A trajetória de elaboração do Plano de Educação Profissional da Bahia Inicialmente serão expostas as partes que compõem o Plano de Educação Profissional da Bahia apresentando o teor das mesmas, ao passo que se refletirá sobre a sua redação analisando em que tipo de política pública se constitui e para que caminho se direciona. Para tanto é proposto no estudo a compreensão das visões de mundo que abriga, que intencionalidades estão implícitas e a que grupos visa atender, ou seja, que concepção de sociedade e escola lhe dá sustentação. É objetivo, ainda, analisar como está disciplinada a

forma de oferta dos cursos. A fim de nortear a investigação será tomado como objeto de estudo a legislação expedida pelo governo do Estado da Bahia que dá subsidio às ações propostas no Plano.

Na apresentação do Plano, está expresso que este é fruto de uma política pública prioritária do Governo do Estado, que tem sido implementada desde o ano de 2008. O documento que embasou o Plano de Educação Profissional da Bahia foi Plano Plurianual Participativo (PPA 2008-2011), tendo sido construído a partir do diálogo com vários atores sociais que contribuíram para a sua elaboração. A formulação deste documento contou com a participação de diversos seguimentos sociais sob a coordenação da Secretaria do Planejamento a fim de traçar metas, diretrizes e ações a serem executadas no período de 2008-2011 com vinculação financeira em Lei orçamentária anual (BAHIA, 2007b).

No processo de elaboração participaram movimentos sociais, produtores, comerciantes, cooperativas, indígenas, quilombolas, pescadores, professores, estudantes, ambientalistas, agentes culturais e de turismo, acadêmicos, religiosos, agentes públicos, ONGs, fóruns, conselhos, entre outros, que puderam propor ações e decidir sobre os temas prioritários de investimento financeiro dos Territórios de Identidades.

A diretriz estratégica do Plano Plurianual que trata da educação expressa como foco do Estado “garantir educação pública de qualidade, comprometida com as demandas de aprendizagem do cidadão” expressando sobre a Educação Profissional que

Nos próximos quatro anos, o Governo investirá fortemente na expansão do ensino

profissionalizante articulado ao ensino médio [grifo nosso]. A meta é atender a

20 mil alunos nesse período, com a ampliação de vagas e criação de novas escolas em todo o território estadual (ibid., p. 74).

O Plano Plurianual do governo do estado para o quadriênio 2008-2011 estabeleceu como ação prioritária do estado o investimento em educação, ao passo que disciplinou sobre a expansão da Educação Profissional integrada à Educação Básica.

O Plano de Educação Profissional da Bahia é a materialização dessa iniciativa, estando sob a incumbência da Superintendência de Educação Profissional (Suprof), que foi criada pelo Decreto nº 10.955, de 21 de dezembro de 2007, como citado anteriormente. Para disciplinar o Plano foram baixados uma série de decretos, portarias e instruções normativas. Por exemplo, o Decreto nº 11.355 de 04 de dezembro de 2008 que dispõe sobre a criação dos Centros Estaduais e dos Centros Territoriais de Educação Profissional no âmbito do Sistema Público Estadual de Ensino do Estado da Bahia. Já o Decreto nº 11.356, do mesmo

dia e ano, dispõe especificamente sobre o Centro da Educação Profissional da Bahia e do Centro Estadual da Educação Profissional – Águas.

As portarias nº 9.719/2009, a nº 12.189 de julho de 2009 e a Portaria nº 4.752/2010

disciplinam sobre o sorteio eletrônico. O Decreto Simples de 2009 trata da nomeação dos membros do Comitê Gestor Programa Trilha.

A Portaria 8.676 de 17 de abril de 2009 regulamenta a estrutura administrativa dos Centros Estaduais e Territoriais de Educação Profissional e dá outros encaminhamentos. A

Portaria 8.677 de 17 de abril de 2009 e a Portaria 17.283/09 estabelecem sobre a

transformação de Unidades Escolares Estaduais em Centros Estaduais e Territoriais de Educação Profissional e dá outras providências. E por fim a Instrução normativa nº 003/09 de 30 de julho de 2009 dá orientações a cerca da organização curricular dos cursos com suas respectivas matrizes.

Percebe-se que no curto tempo de vigência do Plano (três anos ao findar 2010) foram expedidos uma série de atos legislativos em anos e meses diferentes. Num primeiro momento pode parecer uma adequação à realidade, mas diante de uma análise mais detida, e sem querer engessar a legislação que deve de fato está a serviço da população, tal situação aponta para ações descontínuas e pontuais. Aliás, essa é uma característica da legislação educacional brasileira, que como exemplo ilustrativo pode-se tomar a expedição das leis orgânicas, que se constituíram em uma série de decretos que disciplinou a Educação Profissional em 1942, estes promoveram a desarticulação da Educação Profissional e Básica, sendo que não se preocupou numa reforma contextual, mas os decretos eram baixados de modo isolado.

O que demonstra não ser a área de Educação Profissional um assunto de fácil solução, sendo que as contradições levaram a sucessivas revisões legislativas a fim de dar conta da realidade multifacetada. Entende-se que a oferta do Ensino Médio e Profissional sofre de uma lógica pontual com ações tópicas e fragmentadas para o que é criada uma legislação que alicerça a essa mesma visão parcelar da realidade. Tais ações ganham sentido por ser fruto da concepção dualista de ensino e do compromisso político antes com o capital que com a população brasileira.

Desse modo, se o objetivo maior é da construção de uma política pública consistente é fundamental a elaboração de um planejamento macro da educação baiana a partir de um diagnóstico profundo do sistema de ensino. Pode-se afirmar que o planejamento está sujeito a adaptações de acordo com as necessidades contextuais, porém quando se trata da reestruturação de um nível de ensino, ou modalidade (este termo como já

apontado remete à ideia de desvinculação do Ensino Profissional da Escola Básica) que seja, é necessário um maior cuidado e um projeto bem estruturado. Não há espaço, pois, para amadorismos.

Quando o governo baixa uma série de decretos e portarias tal ação gera certa desconfiança e uma boa dose de insegurança na população, pois por um lado revela que o planejamento da política pública não se efetivou de modo eficaz, diante do que os atos legislativos não foram suficientes para acomodá-la; e de outro lado, dá-se margem para pensar que a descontinuidade das ações poderá desconstruir a qualquer momento o que já está estabelecido.

Um exemplo claro disso foi a promulgação, da Instrução Normativa nº 003/09 que dá orientação sobre a organização curricular dos cursos, ocorrer somente em 2009, um ano e meio após o início das turmas. Indaga-se como curiosamente se organizou a matriz curricular dos cursos já que em 2008 ainda não havia uma base legal que disciplinasse sobre a proposta pedagógica, e uma vez que o Plano de Educação Profissional também não tratou do assunto.

Desse modo, a revisão de um planejamento tem o fim de rever o que foi traçado e não de sobrepor ações de modo aleatório. E no caso da legislação do Ensino Profissional tanto a nível nacional como no Estado da Bahia, num primeiro momento fica a impressão mais visível, que qualquer leitor poderá apreender, diante dos sucessivos remendos e adequações, que não houve um planejamento bem articulado e organizado.

Sem perder de vista esse cenário, mais adiante, cada tópico do Plano da Educação Profissional da Bahia será dissecado de modo mais detalhado, para que haja uma maior compreensão de seu teor.

4.2.2 – As categorias conceituais presentes no Plano de Educação Profissional da Bahia

4.2.2.1 – Um só Plano: três versões e divergências conceituais

Um primeiro elemento a ser considerado é o modo como está organizado o Plano de Educação Profissional da Bahia, pois há divergências conceituais entre elas que necessitam ser observadas.

Há pelo menos três versões veiculadas: a primeira é uma versão impressa disponibilizada pela Suprof sendo que na ficha técnica faz-se referência sobre o fato de que a versão completa está disponível no endereço eletrônico <www.sec.ba.gov.br>, que é o site

da Secretaria de Educação do Estado da Bahia. Ao reportar-se ao site este remete ao link <http://www.educacao.escolas.ba.gov.br/node/15>, onde foi publicada no dia 06 de janeiro de 2010, às 11h 17min pela Suprof, uma segunda versão31 que de fato apresenta um texto com praticamente o mesmo teor do impresso com algumas informações adicionais. Além dessas versões o site disponibiliza outras informações sobre o andamento do Plano de Educação Profissional32, publicadas no dia 20 de janeiro de 2010, às 17h 46min pela Suprof, no link <http://www.educacao.ba.gov.br/node/146#sub10>. Diante disso, para uniformizar a escrita ao tratar do conteúdo dessas versões, estas serão identificadas respectivamente como versão um ou impressa, versão dois e versão três. É importante salientar que de acordo com informações da Suprof qualquer uma dessas versões tem validade oficial, sendo que as versões mais indicadas para consultar são as online já que não se publica mais a versão impressa.

Na versão impressa, por exemplo, não consta o item “Proposta Pedagógica” como exposta na versão dois do Plano, sendo que tal assunto está tratado no tópico “O Profissional da Bahia apresenta”, estando disposto na página 09. A redação apresentada na versão um, na página 09, é a seguinte: “Perspectiva pedagógica arrojada, assumindo o trabalho como

princípio educativo e a relação trabalho-educação-desenvolvimento e a ciência-tecnologia- sociedade como base da sua matriz curricular”.

Já na segunda versão do Plano, a redação se apresenta do seguinte modo no tópico “Proposta Pedagógica”: “O Plano de Educação Profissional da Bahia tem uma dimensão

pedagógica arrojada, assume o trabalho como princípio educativo, uma verdadeira Pedagogia do Trabalho. Seus pilares são as relações trabalho-educação-desenvolvimento e a ciência-tecnologia-sociedade como base das matrizes curriculares”.

E na versão três, o termo Pedagogia do trabalho aparece num novo tópico que não aparece em nenhuma das versões anteriores. Este é denominado “Contratação de professores” o qual expõe sobre a função e formação dos docentes que serão contratados

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Referência: EDUCAÇÃO Profissional é política pública de Estado. Superintendência de Educação Profissional do estado da Bahia. Suprof. 06 jan. 2010. Disponível em <http://www.educacao.escolas. ba.gov.br/node/15>. Acesso: fev. 2009. Como é um documento na versão HTML não será possível indicar a numeração das páginas nos trechos do Plano citados na dissertação. Nos trechos retirados desta fonte se indicará que corresponde à versão dois conforme explicado no texto, apontando ainda o tópico de onde se extraiu a citação.

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Referência: PLANO de Educação Profissional. Superintendência de Educação Profissional do estado da Bahia. Suprof. 20 jan. 2010. Disponível em <http://www.educacao.ba.gov.br/node/146#sub10>. Acesso: fev. 2009. Como é um documento na versão HTML não será possível indicar a numeração das páginas nos trechos do Plano citados na dissertação. Nos trechos retirados desta fonte se indicará que corresponde à versão três conforme explicado no texto, apontando ainda o tópico de onde se extraiu a citação.

explicando que: “Eles exercem atividades de ensino na Educação Profissional e de

acompanhamento dos estágios integrados à unidade escolar e ao mundo do trabalho e serão capacitados na Pedagogia do Trabalho, além de receber cursos de atualização tecnológica”.

Diferente do que está demonstrado na ficha técnica do Plano de Educação Profissional da Bahia, na versão um, essas não são informações complementares, pois ao acrescer na versão dois e três os conceitos de Pedagogia do trabalho é gerado um encaminhamento totalmente diferente à discussão iniciada na versão impressa. Se se pensar que na primeira versão este termo não aparece, o tônus da discussão revela um esvaziamento teórico. Sendo que o termo Pedagogia do trabalho, por sua vez, diz respeito à educação repetitiva e baseada no conhecimento tácito própria da educação fragmentada e parcelar característica do taylorismo/fordismo.

Diante dessas diferentes versões do Plano e do visível esvaziamento teórico nele presente é imprescindível questionar sobre a postura do Estado da Bahia face aos conceitos contraditórios presentes no Plano. Cabe ainda o questionamento sobre se de fato a elaboração do Plano personifica a estratégia de expandir a Educação Profissional nos moldes da qualidade e da integração, ou representa, somente, uma mera composição de cena. Refletir acerca desses elementos é fundamental, uma vez que é inconcebível que se crie uma política pública para determinado nível de ensino ignorando os princípios que o embasam.

Assim, buscando extrair os elementos basilares do Plano se analisará sobre os conceitos apresentados na versão impressa e logo a seguir a correlação destes com o termo Pedagogia do Trabalho.

4.2.2.1 – O princípio educativo do trabalho versus A Pedagogia do Trabalho Quando é exposto que a proposta pedagógica assume “o trabalho como princípio

educativo” em sua matriz curricular entende-se que este é um ponto positivo, já que

compreende a indissociabilidade entre a educação e o processo de trabalho. Ou seja, o homem aprende à medida que desenvolve sua atividade laborativa, este se constitui num pressuposto de uma escola emancipadora que supera a dualidade entre trabalho manual e intelectual.

A definição do princípio educativo de acordo com Kuenzer (2007, p. 32-33) dependerá da classe social de origem, sendo que cada classe definirá esse conceito a partir das demandas e das funções que lhe cabe desempenhar na divisão social e técnica do trabalho. A autora ressalta que o exercício dessas funções não se limita às de caráter

produtivo, mas abrangem todas as dimensões comportamentais, ideológicas e normativas que lhe são próprias, devendo a escola elaborar sua proposta a partir dessas exigências.

Dessa maneira, o modo como a escola deverá atender às exigências de cada classe social não está dado naturalmente, mas esta é uma construção social e histórica. Assim, a perspectiva conceitual de educação e trabalho está atrelada à divisão social e técnica do trabalho.

Embora exponha que tenha como pressuposto o trabalho como princípio educativo ao assumir a concepção de Pedagogia do Trabalho o Plano revela uma divergência conceitual na sua redação, ao passo que demonstra caminhar na contramão de uma escola unitária.

A Pedagogia do Trabalho é caracterizada pelo entendimento de ciência numa

perspectiva mecanicista que se resume em observar e repetir até memorizar as "boas práticas" dos trabalhadores mais experientes, bastando inserir desde logo o futuro trabalhador na situação concreta de trabalho, mesmo sem que ele se aproprie de categorias teórico-metodológicas que lhe permitam analisar e compreender o processo do trabalho para poder intervir com competência (KUENZER, 2006, p. 905).

Desse modo, a Pedagogia do Trabalho está circunscrita ao modelo taylorista/fordista de produção, onde as ações eram eminentemente de cunho instrumental, não se necessitando de um embasamento científico para executá-las. Somente os trabalhadores em cargos de gestão deveriam possuir um conhecimento intelectual capaz de instrumentalizá-los a dominar os processos tecnológicos e a gerenciar a produção, o que implicaria conhecer a fundo o processo produtivo em todas as suas dimensões e etapas. E aí que se dá o caráter dual da escola, preparação cientifica e intelectual para a classe dirigente, e trabalho manual e instrumental para a classe trabalhadora em geral. Ao expor que tanto a proposta pedagógica como a formação de professores se embasam na Pedagogia do

Trabalho o Plano traz no seu bojo os pilares da pedagogia taylorista/fordista.

Este é de fato um retrocesso, uma vez que, até mesmo a burguesia já entendeu a necessidade de superação da pedagogia taylorista/fordista devido aos novos paradigmas de organização e gestão da produção que reunificou ciência, trabalho e cultura (KUENZER, 2010)33. Diante desse processo de modernização na produção a velha escola humanista revela seu fracasso devido ao modo cientificista como lidava com o conhecimento, retirando o seu caráter empírico, desvinculando-o assim da realidade cotidiana.

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Não é possível citar página já que a consulta foi realizada em artigo publicado no site do Boletim Técnico do Senac, onde ali não se apresenta a numeração, conforme explicado em notas anteriores.

Esta seria uma primeira justificativa diante da proposição do conceito de Pedagogia

do Trabalho, mas outra possibilidade é que à medida, que se requer formar um cidadão

habilitado em inúmeras competências devido à crescente tecnologização, esse mesmo desenvolvimento científico gera na outra ponta a simplificação de tarefas, diante do que o conhecimento tácito será suficiente para executar as tarefas no local de trabalho.

Assim, a solução de problemas e a realização das atividades acontecerão mediante a utilização de conhecimentos instrumentais disponíveis pelos trabalhadores. Acredita-se não ser necessário, pois investir em educação de altos níveis se já está destinada aos trabalhadores a inserção em postos de trabalho onde se requer somente a execução do trabalho manual. Desse modo, de acordo com a lógica capitalista, não é pertinente formar trabalhadores especializados, uma vez que o mercado de trabalho não irá absorvê-los, ao passo que trabalhadores mais bem preparados se negam a exercer atividades procedimentais, o que inviabilizaria a sua contratação, por isso

O projeto de um capitalismo associado e dependente não tem necessidade da universalização do ensino médio de qualidade. Dados recentes mostram que dos poucos egressos do ensino médio muitos se negam a assumir empregos de baixíssimo nível e de salários irrisórios. Preferem migrar para países onde os mesmos serviços são remunerados quatro ou cinco vezes mais (FRIGOTTO, 2007, p. 1141).

Como foi explicitado no capítulo três essa é uma sugestão do Banco Mundial que acredita ser um desperdício o investimento em educação de níveis superiores para indivíduos que em tese “não são competentes” para exercer funções de liderança. O investimento primordial deve ser a Educação Básica para inserção dos indivíduos na cultura geral, assim, deve-se investir em educação especializada somente na medida das necessidades do mercado, o que garantirá um retorno econômico.

Kuenzer explica (2002, p. 09) que mesmo diante de um desenvolvimento científico extraordinário com a introdução da microeletrônica, o que gerou uma mudança na base técnica, que a presença da divisão social do trabalho justifica a insistência das autoridades brasileiras, para surpresa geral, em desenvolver políticas públicas que trabalhem ao nível das competências procedimentais. Estas atividades por se resumirem à execução de tarefas práticas reduzem ou eliminam a necessidade do conhecimento científico. Assim, as habilidades que requerem conhecimentos de análise e abstração – ainda que não signifique a compreensão total do processo produtivo, desenvolvidas em cursos de nível de escolaridade mais elevada – ficam restritas a pequenos grupos que exercerão a liderança.

Os cursos, mediante o princípio educativo do taylorismo/fordismo, possuem, dessa maneira, um esvaziamento teórico, desconsiderando os processos históricos de construção da cultura e da sociedade. O foco desses cursos está circunscrito às Pedagogias do fazer, onde a reprodução dos procedimentos é mais importante que a compreensão do processo produtivo e sua articulação com a história. Esta pedagogia “priorizou os modos de fazer e o

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