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5. ESTUDO DO DESEMPENHO INOVADOR E DAS ESTRATÉGIAS

5.5 Resultados da Pesquisa

5.5.2 Esforços tecnológicos

Uma vez apresentados os aspectos gerais das empresas do setor médico- hospitlar localizadas em São Carlos e em Ribeirão Preto, passa-se à análise dos esforços tecnológicos por elas despendidos. O primeiro esforço a ser analisado são as atividades internas de P&D (Tabelas 5.4a, 5.4b e 5.4c).

Como podem ser observadas nas Tabelas 5.4a, 5.4b e 5.4c, apenas seis empresas (15,38% das empresas investigadas) não possuem departamento de pesquisa e desenvolvimento, dez (25,64%) possuem departamentos de P&D formalmente estruturados e vinte e três (58,98%) empresas possuem P&D semi-estruturados, ou seja, realizam atividades de P&D internamente de forma esporádica.

Como já colocado no capítulo anterior, as atividades informais ou descontínuas de P&D são a forma mais observada de geração de tecnologias nos casos de países em desenvolvimento como o Brasil (KLEINKNECHT et al., 1991).

Essas atividades esporádicas de P&D são, geralmente, realizadas para atender às demandas imediatas por inovações, por parte dos consumidores ou resolver problemas relacionados com o desenvolvimento de produtos, ou ainda, para complementar algum processo de aquisição de tecnologias a partir de fontes externas à empresa (KLEINKNECHT et al, 1991), (QUADROS et al, 1999).

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Também como já colocado, a expectativa de que as empresas investigadas, em sua maioria, realizassem atividades de P&D de forma esporádica devia-se ainda ao porte dessas empresas (micro e pequeno porte).

TABELA 5.4a - As atividades internas de pesquisa e desenvolvimento (P&D) (média dos últimos 3 anos).

E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10 E11 E12 E13 Possui P&D (1) estruturado, (2) semi-

estruturado e (3) não possui P&D

2 2 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 Número de engenheiros e cientistas no

P&D

1 1 0 0 1 1 0 0 0 1 3 3 0 Número de técnicos nível médio no

P&D

0 1 1 2 2 1 3 1 2 0 2 0 2 Gastos com P&D interno em relação

ao faturamento (%)

3 12 10 3 25 3 0,5 30 3 1 4 2 2

% das despesas em P&D destinadas a inovações em produtos

100 50 100 100 50 100 100 100 100 100 100 100 100 % das despesas em P&D destinadas a

inovações em processos

0 50 0 0 50 0 0 0 0 0 0 0 0

TABELA 5.4b - As atividades internas de pesquisa e desenvolvimento (P&D) (média dos últimos 3 anos).

E14 E15 E16 E17 E18 E19 E20 E21 E22 E23 E24 E25 E26 Possui P&D (1) estruturado, (2) semi-

estruturado e (3) não possui P&D

2 1 1 3 1 3 2 2 1 1 1 3 3 Número de engenheiros e cientistas no

P&D

0 2 1 0 2 0 0 2 3 26 3 0 0 Número de técnicos nível médio no

P&D

1 2 2 0 2 0 2 2 7 6 1 0 0 Gastos com P&D interno em relação

ao faturamento (%)

5 3 3 0 5 0 5 0,3 2,5 3,5 6 0 0

% das despesas em P&D destinadas a inovações em produtos

100 100 100 0 100 0 100 100 100 100 50 0 0 % das despesas em P&D destinadas a

inovações em processos

TABELA 5.4c - As atividades internas de pesquisa e desenvolvimento (P&D) (média dos últimos 3 anos).

E27 E28 E29 E30 E31 E32 E33 E34 E35 E36 E37 E38 E39 Possui P&D (1) estruturado, (2) semi-

estruturado e (3) não possui P&D

3 1 2 1 2 2 2 3 1 2 2 2 2 Número de engenheiros e cientistas

no P&D

0 0 2 1 0 0 2 0 5 5 2 3 - Número de técnicos nível médio no

P&D

0 3 2 1 3 4 1 0 6 3 1 2 - Gastos com P&D interno em relação

ao faturamento (%)

0 5 15 10 5 15 5 0 15 6 10 10 15 % das despesas em P&D destinadas a

inovações em produtos

0 70 100 100 50 67 100 0 80 90 100 70 50 % das despesas em P&D destinadas a

inovações em processos

0 30 0 0 50 33 0 0 20 10 0 30 50

Isto porque, as atividades de P&D em departamentos estruturados dentro da empresa, quando levadas a cabo, requerem grandes orçamentos e os seus resultados são incertos (ZAHRA, 1996a), o que “força” as empresas menores a realizarem atividades de P&D de forma descontínua somente para atender às exigências imediatas de inovação impostas pelo mercado. Em consonância com esta observação, as empresas investigadas que possuem P&D estruturado são justamente aquelas de médio porte (acima de 199 funcionários) e as maiores dentre aquelas de pequeno porte, com uma média de 48 funcionários (desvio padrão = 16,28).

Com relação ao número de pessoas atuando nos departamentos de P&D estruturados e semi-estruturados, a média é de 3,4 funcionários (desvio padrão = 2,4), sendo que a maioria é técnico de nível médio.

Apenas uma empresa (E23) apresenta um departamento estruturado de P&D, com um número de funcionários bastante acima da média das demais empresas: trinta e dois funcionários no total, sendo vinte e seis engenheiros ou cientistas e seis técnicos de nível médio. Embora tal empresa já atue no mercado há mais de vinte anos, o departamento de P&D com este porte foi criado apenas há dois anos atrás. Nesta primeira fase, os esforços foram concentrados no treinamento do pessoal do P&D. O objetivo, portanto, foi torná-los conhecedores do mercado no qual a empresa atua, em

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termos de tecnologias de produto e processo disponíveis até o momento e das carências tecnológicas do setor.

Quanto aos gastos com atividades internas de P&D, como também mostrado nas Tabelas 5.4a, 5.4b e 5.4c, daquelas empresas que possuem P&D estruturado ou semi-estruturado, doze (36,37% do total de empresas que realizam P&D) investem menos de 3 % dos seus faturamentos em tais atividades, dez (27,27%) investem entre 4% e 6% e nove (30,30%) investem entre 10% e 15% dos seus faturamentos em atividades de P&D. Há duas empresas, E5 e E8, (6,06%) que investem uma grande parcela dos seus faturamentos em P&D: 25% e 30 %. Elas são micro-empresas com faturamentos baixos e reconhecem que somente com investimentos em P&D para a geração de mudanças incrementais em seus produtos é possível manter-se no mercado.

Comparado aos demais setores no Brasil, esse conjunto de empresas despende esforços tecnológicos significativos, no que tange aos gastos com atividades internas de P&D. Apenas como referência, enquanto a média de investimentos em P&D em relação faturamento nas empresas aqui pesquisadas é de 7,2%, nas subsidiárias das multinacionais no Brasil, instaladas em setores relativamente dinâmicos, esse índice, segundo a SOBEET (2000), é igual a apenas 2,14 %.

Ainda nas Tabelas 5.4a, 5.4b e 5.4c, observa-se que a maior parte destes gastos é destinada a inovações em produtos. Das trinta e três empresas que realizam P&D, vinte e sete (69,23%) dedicam mais de 70% dos seus gastos com P&D a inovações em produtos.

Esta ênfase em atividades de P&D voltados para produto ocorre devido à necessidade de alterações tecnológicas constantes nos produtos finais, como já comentado na caracterização do setor de equipamentos médico-hospitalares. Este setor apresenta um alto dinamismo tecnológico, alimentado pelos avanços científicos e tecnológicos e pelas inovações de setores correlacionados. Além disso, as empresas procuram desenvolver soluções diferenciadas e hiper-especializadas frente à baixa elasticidade de substituição dos produtos (FURTADO, 1999).

O segundo esforço tecnológico analisado é o uso de fontes externas para a aquisição de tecnologias de produto e processo (Tabelas 5.5a, 5.5b e 5.5c).

TABELA 5.5a - Fontes externas de aquisição de tecnologias (média dos últimos 3 anos).

E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10 E11 E12 E13

Gastos com aquisição de tecnologias de produto e processo a partir de fontes externas à empresa em relação ao faturamento (%)

0 0 5 0 10 0 0,2 0 0 0 0,5 10 0

Freqüência com que a empresa compra ou licencia novas tecnologias desenvolvidas por outras empresas

NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA

Freqüência com que a empresa contrata outras empresas, universidades ou centros de pesquisa para desenvolver tecnologias de produto e processo

NA NA MB NA NA NA B NA NA NA B A NA

Freqüência com que a empresa faz alianças com universidades e outras empresas para desenvolver tecnologias de produto e processo

NA NA MA M A NA NA NA NA NA M A NA

*NA = Não se aplica a empresa; MB (muito baixa) = uma vez nos últimos três anos; B (baixa) = duas vezes nos últimos três anos; M (média) = uma vez por ano; A (alta) = duas vezes ao ano; MA (muito alta) = a empresa faz isso constantemente.

TABELA 5.5b - Fontes externas de aquisição de tecnologias (média dos últimos 3 anos).

E14 E15 E16 E17 E18 E19 E20 E21 E22 E23 E24 E25 E26

Gastos com aquisição de tecnologias de produto e processo a partir de fontes externas à empresa em relação ao faturamento (%)

1 0 0 0 0 0 0 0 0,5 0,2 2 0 0

Freqüência com que a empresa compra ou licencia novas tecnologias desenvolvidas por outras empresas

NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA

Freqüência com que a empresa contrata outras empresas, universidades ou centros de pesquisa para desenvolver tecnologias de produto e processo

M M NA NA NA NA NA NA A M MA NA NA

Freqüência com que a empresa faz alianças com, universidades e outras empresas para desenvolver tecnologias de produto e processo

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TABELA 5.5c - Fontes externas de aquisição de tecnologias (média dos últimos 3 anos).

E27 E28 E29 E30 E31 E32 E33 E34 E35 E36 E37 E38 E39

Gastos com aquisição de tecnologias de produto e processo a partir de fontes externas à empresa em relação ao faturamento (%)

0 1,5 5 0 1 10 2 0 5 3 0,5 10 5

Freqüência com que a empresa compra ou licencia novas tecnologias desenvolvidas por outras empresas

NA NA NA NA MB NA M NA B NA NA B NA

Freqüência com que a empresa contrata outras empresas, universidades ou centros de pesquisa para desenvolver tecnologias de produto e processo

NA A MB NA B MB A NA NA A B A A

Freqüência com que a empresa faz alianças com universidades e outras empresas para desenvolver tecnologias de produto e processo

M A M NA MA A NA NA A MA A A M

Se comparados os dados referentes aos gastos com aquisição de tecnologias a partir de fontes externas à empresa em relação ao faturamento (Tabelas 5.5a, 5.5b e 5.5c) com os gastos com atividades internas de P&D em relação ao faturamento (Tabelas 5.4a, 5.4b e 5.4c), constata-se que as empresas vêm investindo mais em P&D interno do que na aquisição de tecnologias a partir de fontes externas.

Enquanto trinta e três empresas investem em P&D, com um a média de 7,2% do faturamento (Desvio padrão = 6,85) voltado para essas atividades, apenas dezenove delas investem em aquisição de tecnologias a partir de fontes externas à empresa. E, mesmo assim, a metade dedica menos de 2% dos seus faturamentos para essas atividades (Média das dezenove empresas = 3,81% e Desvio padrão = 3,7%). As quatro empresas que mais investem em aquisição de tecnologias a partir de fontes externas (E5, E12,E32 eE38) dedicam 10% dos seus faturamentos para essas atividades.

Com efeito, as empresas E5 e E32 são as que mais investem em ambas: P&D interno, respectivamente, 25% e 15%, e aquisição de tecnologias desenvolvidas externamente à empresa (10%), enquanto que a empresa E12 é a única que investe mais em aquisição de tecnologias a partir de fontes externas à empresa (10%) do que em atividades internas de P&D (2%).

O que não se observa, no entanto, são empresas que invistam em fontes externas de tecnologia e não realizam qualquer atividade interna de P&D. Isto porque, como já explicado anteriormente, as tecnologias adquiridas de terceiros freqüentemente precisam ser adaptadas às condições de conhecimento da empresa, e não raro, são realizadas inovações incrementais em torno das tecnologias adquiridas, o que requer, portanto, que atividades de P&D sejam levadas a cabo. E, desta forma, as capacidades tecnológicas da empresa vão sendo consolidadas.

Com efeito, essas empresas, quando recorrem às fontes externas de tecnologia, é para cobrir carências de capacidade tecnológicas específicas, sem as quais torna-se inviável desenvolver internamente, através de suas atividades de P&D, os produtos ou processos novos ou melhorados tecnologicamente que a empresa busca desenvolver. Isto é fácil de ser compreendido, principalmente no caso das micro e pequenas empresas. Como salienta BARAÑANO (1998), as capacidades materiais limitadas das pequenas empresas, quando atuam em mercados tecnologicamente dinâmicos, não raro, as impulsionam a procurar entidades externas, quer sejam universidades, centros de pesquisa independentes ou outras empresas com mais experiência e conhecimentos do que elas em relação ao tema procurado, para o desenvolvimento de novos produtos e processos ou melhorias em produtos e processos já existentes.

Continuando a análise dos dados das Tabelas 5.5a, 5.5b e 5.5b, observa-se que o recurso menos utilizado pelas empresas é a compra e o licenciamento de novas tecnologias desenvolvidas por outras empresas para introduzi-las em seus produtos. Apenas quatro (10,25%) das trinta e nove empresas estudadas realizam este tipo de aquisição de tecnologias e, mesmo assim, com uma freqüência baixa: compraram ou licenciaram tecnologias desenvolvidas por terceiros, em média, duas vezes, nos últimos três anos.

As Tabelas 5.5a, 5.5b e 5.5c mostram também que a contratação de outras empresas, universidades ou centros de pesquisa para desenvolver tecnologias de produto e processo é uma atividade mais praticada pelas empresas estudadas do que a compra e licenciamento de tecnologias. Das trinta e nove empresas, dezoito (46,15%) afirmam fazer este tipo de contratação. Entretanto, apenas oito delas contratam diferentes instituições para desenvolvimento de tecnologias de produto e/ ou processo com uma freqüência alta: no mínimo duas vezes ao ano.

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Por outro lado, alianças de cooperação com centros de pesquisa, universidades e outras empresas, para desenvolver produtos e processos tecnologicamente novos ou melhorados, vem sendo a atividade mais praticada pelas empresas estudadas.

Como mostram as Tabelas 5.5a, 5.5b e 5.5c, das trinta e nove empresas analisadas, vinte e quatro (61,54%) realizam este tipo de atividade, sendo que a maioria das empresas (dezesseis empresas) faz alianças de cooperação para desenvolver produtos tecnologicamente novos ou melhorados no mínimo duas vezes ao ano. Cabe destacar que as alianças tecnológicas de cooperação realizadas pelas empresas são informais em sua grande maioria.

As Tabelas 5.6a, 5.6b e 5.6c apresentam os dados referentes à participação de diferentes instituições junto às empresas estudadas, em alianças de cooperação, para desenvolver tecnologias novas ou fazer melhorias nas tecnologias existentes, direcionadas aos produtos ou aos processos de produção.

TABELA 5.6a - Principais parcerias em alianças de cooperação.

E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10 E11 E12 E13 Produto NA NA NA M NA NA NA NA NA NA MB NA NA Freqüência com que a

empresa faz alianças com centros de pesquisa, universidades

Processo NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA Produto B NA MA M NA NA NA NA NA NA M NA NA Freqüência com que a

empresa faz alianças

com fornecedores Processo NA NA A M NA NA NA NA NA NA NA NA NA

Produto NA NA A M M NA NA NA NA NA NA A B Freqüência com que a

empresa faz alianças

com clientes Processo NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA

Produto NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA Freqüência com que a

empresa faz alianças com outras empresas

nacionais Processo NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA

Produto NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA Freqüência com que a

empresa faz alianças com empresas

estrangeiras Processo NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA

*NA = Não se aplica a empresa; MB (muito baixa) = 1 vez nos últimos 3 anos; B (baixa) = 2 vezes nos últimos 3 anos; M (média) = 1 vez por ano; A (alta) = 2 vezes ao ano; MA (muito alta) = a empresa faz isto constantemente.

TABELA 5.6b - Principais parcerias em alianças de cooperação.

E14 E15 E16 E17 E18 E19 E20 E21 E22 E23 E24 E25 E26 Produto NA NA NA NA NA NA NA NA MA A B NA NA Freqüência com que a

empresa faz alianças com centros de pesquisa,

universidades. Processo NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA

Produto B NA B NA NA A NA B A A MA M NA Freqüência com que a

empresa faz alianças

com fornecedores. Processo NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA M NA NA

Produto M NA A NA NA NA NA NA NA A A NA NA Freqüência com que a

empresa faz alianças

com clientes. Processo NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA

Produto A NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA Freqüência com que a

empresa faz alianças com outras empresas

nacionais. Processo NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA

Produto NA NA NA NA NA NA NA NA NA A MB NA NA Freqüência com que a

empresa faz alianças com empresas

estrangeiras. Processo NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA

TABELA 5.6c - Principais parcerias em alianças de cooperação.

E27 E28 E29 E30 E31 E32 E33 E34 E35 E36 E37 E38 E39 Produto NA A NA NA A NA NA NA MB MA NA A M Freqüência com que a

empresa faz alianças com centros de pesquisa,

universidades. Processo NA M NA NA NA NA NA NA NA A NA A NA

Produto M M M NA M M MB NA NA B B M MB Freqüência com que a

empresa faz alianças

com fornecedores. Processo B B MB NA B M NA NA NA M B M NA

Produto B M M NA MA A NA NA A MA A M NA

Freqüência com que a empresa faz alianças

com clientes. Processo NA NA NA NA NA A NA NA NA NA M M NA

Produto NA M NA NA MB B NA NA NA NA NA A NA Freqüência com que a

empresa faz alianças com outras empresas

nacionais. Processo NA M NA NA NA NA NA NA NA B NA A NA

Produto NA NA NA NA M NA NA NA NA NA NA B NA Freqüência com que a

empresa faz alianças com empresas

estrangeiras. Processo NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA B NA

Em relação às alianças de cooperação para desenvolver produtos tecnologicamente novos ou melhorados, os clientes e os fornecedores das empresas

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aparecem como os principais parceiros. Das trinta e nove empresas estudadas, dezoito (46,15%) fazem alianças com seus clientes e vinte e três empresas (58,97%) fazem alianças de cooperação com seus fornecedores.

Cabe ressaltar ainda que a freqüência com que as empresas fazem alianças com os clientes é maior do que com os fornecedores. Ou seja, enquanto onze das dezoito empresas que realizam alianças de cooperação com os seus clientes o fazem no mínimo duas vezes ao ano, seis das vinte e três empresas que realizam estratégias com os seus fornecedores o fazem com essa mesma freqüência.

Há que se ressaltar que, embora informais, essas alianças de cooperação vão além de uma simples relação entre fornecedor e cliente, contemplando o acesso a infra- estruturas de inovação, realização de testes de novos produtos, uso de pessoal mais capacitado e de equipamentos de alta tecnologia, enfim, como ressaltado por FERNANDES & CÔRTES (1998), custos excessivamente altos para uma empresa micro ou de pequeno porte manter isoladamente.

Ainda, em relação às parcerias informais com os clientes, no caso de consumidores finais (dentistas, médicos, consultórios e hospitais), as empresas afirmam buscar nesses parceiros, muitas das informações necessárias sobre as funcionalidades dos equipamentos e instrumentos a serem desenvolvidos ou aperfeiçoados. Os engenheiros ou técnicos do P&D interno da empresa, muitas vezes, acompanham cirurgias e tratamentos nos quais os equipamentos e instrumentos produzidos (ou a serem produzidos) pela empresa são (ou serão) utilizados. Assim o fazem para obter melhor entendimento funcional desses equipamentos e instrumentos e vislumbrar possibilidades de mudanças nos mesmos, o que, geralmente, envolve a utilização de novas tecnologias.

Em seguida, os centros de pesquisas e as universidades aparecem como as instituições que mais participam das alianças de cooperação com as empresas estudadas para desenvolvimento de novos produtos. Onze (28,20%) das trinta e nove empresas afirmam realizar alianças com essas instituições no mínimo duas vezes ao ano.

Isto está de acordo com a vasta infra-estrutura de ciência e tecnologia das cidades de São Carlos e Ribeirão Preto que, como já exposto nas seções 5.2 e 5.3, abriga centros de pesquisa e campi de duas importantes universidades (UFSCar, USP -

Campus São Carlos e USP - Campus Ribeirão Preto) orientadas para atividades tecnológicas.

Por outro lado, a procura por outras empresas nacionais (empresas que não sejam fornecedores ou clientes das empresas) e internacionais para realizar alianças desse tipo ocorre com apenas sete empresas (17,94%), e, dentre elas, somente três (7,7%) o fizeram com uma freqüência alta (duas vezes ao ano) nos últimos três anos (Linhas 4 e 5 das Tabelas 5.6a, 5.6b e 5.6c).

Em relação às alianças de cooperação para desenvolver processos tecnologicamente novos ou melhorados, os fornecedores aparecem destacadamente como os principais parceiros. Mesmo assim, a freqüência com que essas alianças ocorrem não é muito alta, em média, uma vez ao ano.

Verifica-se também nas tabelas que apenas três empresas, em média, mantêm alianças com universidades, centros de pesquisa, clientes e outras empresas nacionais, não se revelando, portanto, uma participação quantitativamente importante para o conjunto dessas empresas.

Por fim, os dados das Tabelas 5.6a, 5.6b e 5.6c mostram que alianças estratégicas para o desenvolvimento de processos novos ou melhorados ocorreram nos últimos três anos com empresas estrangeiras em apenas um caso e, mesmo assim, com freqüência baixa.

Frente ao exposto até aqui, pode-se destacar que as relações entre empresas do setor de equipamentos médico-hospitalares de São Carlos e Ribeirão Preto se aproximam mais das interações verticais, destacadas por LUNDVALL (1990), entre fornecedores de componentes, produtores de equipamentos médicos e clientes, para o desenvolvimento de novos produtos, do que das relações horizontais de parceria entre as empresas produtoras locais. Em outras palavras, o grau de cooperação entre esses agentes produtivos é baixo.

Neste sentido, conclui-se que os arranjos produtivos locais de São Carlos e de Ribeirão Preto se traduzem em aglomerações geográficas e setoriais, sem que ocorram relacionamentos sistêmicos entre as empresas produtoras de equipamentos médico- hospitalares, universidades e governo local, o que, neste caso, os caracterizariam como

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clusters, segundo ALTENBURG & MEYER-STAMER6 (1999: 1694) apud AMATO & GARCIA (2003).

Esse baixo grau de cooperação entre as empresas produtoras locais pode ser explicado pelo fato da maioria das empresas serem de micro e pequeno porte, e que por isso receiam participar de alianças de cooperação com outras empresas produtoras de equipamentos médico-hospitalares. O principal receio dessas empresas e um comportamento oportunista do parceiro em potencial, o que poderia despojá-las das poucas tecnologias chaves que detêm. Como já exposto, tais tecnologias são de alto valor e únicas à empresa (somente a empresa detém tais tecnologias) e, deste modo, são as tecnologias que provêm vantagem competitiva.

Esta situação agrava-se ainda mais em relação às alianças de cooperação com empresas estrangeiras, como mostram os dados das Tabelas 5.6a, 5.6b e 5.6c. Provavelmente, as empresas acreditam que não desempenhariam mais do que um papel marginal nessas alianças, dada a diferença do nível tecnológico entre elas e as empresas, geralmente maiores, pertencentes a sistemas nacionais de inovação mais desenvolvidos.

Sumarizando, os esforços tecnológicos das empresas estudadas concentram-se