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ESPÁRTACO, O GLADIADOR-GENERAL: NA ARENA CONTRA OS SENHORES DE ROMA

HERÓIS DO MUNDO ANTIGO

ESPÁRTACO, O GLADIADOR-GENERAL: NA ARENA CONTRA OS SENHORES DE ROMA

No tempo da República romana, o Mediterrâneo era o palco de um grande comércio de escravos e a aristocracia romana era senhora de todo o mundo mediterrânico. A maioria dos escravos da República eram prisioneiros de guerra. Na guerra contra Cartago foram feitos dezenas de milhares de prisioneiros de guerra e na campanha de Júlio César na Gália foram cerca de 1 milhão.

Foi pelos escritos de Plutarco e Apiano que a história dos escravos gladiadores que desafiaram Roma chegou até nós. O gladiador tinha uma existência miserável. Os romanos se divertiam assistindo os gladiadores lutando entre si para preservar a própria vida, num jogo em que era matar ou morrer. A revolta de Espártaco aconteceu numa época marcada por grandes rebeliões de escravos no império romano. Antes da insurreição dos gladiadores da Itália, duas revoltas tinham acontecido na ilha da Sicília. A primeira revolta de escravos da Sicília reuniu 200 mil rebeldes, entre escravos e pessoas livres e pobres, e os revoltosos chegaram a tomar algumas cidades. Os escravos rebeldes da Sicília foram massacrados, mas isso não impediu novas revoltas. Mostrou aos escravos da Itália, no coração do império romano, que era possível se levantar contra a opressão dos romanos e erguer suas espadas contra seus senhores e não somente usar suas armas uns contra os outros na arena. O sangue derramado sem glória pelos gladiadores foi finalmente vingado. A revolta dos gladiadores teve início na cidade de Cápua depois do governo de Sila e antes do governo de Júlio César em Roma.

A rebelião de escravos da Itália foi comandada por um escravo de origem trácia chamado Espártaco. Um homem que convenceu seus companheiros a lutar pela liberdade e eles, então, fugiram da escola de gladiadores de Lêntulo Baciato. Refugiados no Monte Vesúvio, os campeões da arena foram alimentando a chama da revolta e, como demônios da noite, aos olhos dos aterrorizados soldados romanos que foram caçá-los, saíram das encostas do vulcão Vesúvio e massacraram os soldados do exército romano. Depois disso, seguiram em frente para devastar o mundo romano, tirando a segurança de seus antigos senhores. O exército rebelde chegou a ter 120 mil combatentes. Eles se tornaram o terror da região da Campânia e depois de toda a Itália, o pesadelo vivo de todos os senhores de escravos do glorioso Império do Mediterrâneo.

Mas quem foi Espártaco? Há relatos antigos que dizem que ele havia servido como soldado no exército romano antes de se tornar escravo e gladiador. Também disseram sobre Espártaco que ele era apoiado pelos deuses salvadores, Dioniso e Sabázio. A esposa

de Espártaco era uma sacerdotisa de Dioniso e o casal místico liderando o exército dava mais confiança aos rebeldes. Como aos escravos é reservado o silêncio, só podemos conhecer sua voz pelo som da lâmina de sua espada. O herói libertador caminhou com seus seguidores pelos campos da Itália espalhando medo e esperança: medo aos senhores e esperança para os pobres e os escravos. Espártaco, o Prometeu escravo, que devolveu a humanidade aos homens e mulheres que eram tratados como animais pelos seus senhores, buscou conduzir seu exército rumo aos Alpes, em direção ao norte, para fora da Itália, para que cada um pudesse voltar à sua terra natal, uns para a Trácia e outros para a Gália. Mas parte dos rebeldes preferiu continuar saqueando os campos da Itália e a passagem para fora pelo norte da Itália acabou sendo bloqueada. Espártaco foi o gladiador-general da marcha dos miseráveis que deixou suas marcas no chão e na memória dos homens do maior império do mundo antigo. Uma marcha de heróis anônimos que ousaram desafiar o destino reservado a eles e romperam os seus grilhões. O destino dos gladiadores era morrer na arena; a vida deles não valia nada, porque matavam e eram mortos na arena para a simples diversão do público. Espártaco lhes ensinou que eles podiam ser muito mais que isso. Eles podiam sonhar com sua liberdade e lutar por ela, desafiando o maior exército do mundo antigo. Espártaco era a imagem viva do herói libertador, aquele que luta contra a injustiça e a opressão, e se algumas vezes ele não conseguiu manter a disciplina no seu exército ou convencê-los a fugir para fora das terras do império, é porque ele não comandava como um tirano, mas como um irmão de armas, um líder escolhido por iguais, o melhor entre os companheiros de luta. O gladiador trácio foi um homem, mas também uma força coletiva. De certa forma, todos os rebeldes eram Espártaco. Ele repartia o pão. Espártaco dividia por igual o produto dos saques das fazendas das regiões por onde o exército dos escravos passava. O que começou como um movimento de escravos fugitivos se tornou uma comunidade móvel, que crescia na medida em que se espalhava a notícia de que seu generoso líder não buscava enriquecer ou acumular poder, mas favorecer igualmente todos os membros do exército rebelde.

Mas a sorte dos rebeldes mudou depois que o rico general Crasso foi nomeado comandante supremo e a ele foi entregue um exército de 10 legiões para reprimir a revolta dos escravos. O general buscou restaurar a disciplina militar nas tropas romanas, que passaram a temer os gladiadores rebeldes depois de sofrerem derrotas para o grande Espártaco. Crasso aplicou o castigo da dizimação para aqueles que fugiram do inimigo, executando um a cada dez soldados do exército sob seu comando. O general romano pretendia com isso se tornar mais temível para seus soldados que os próprios inimigos.

Ele alcançou seu objetivo e forjou na base do terror a disciplina entre suas tropas. Enquanto isso, os escravos rebeldes resolveram rumar para o sul da Itália depois que a passagem pelo norte do país não foi mais possível. Espártaco tentou um acordo com piratas para obter navios com os quais pretendia fugir para a ilha da Sicília, onde daria um golpe de Estado e reacenderia a chama da revolta entre os escravos da ilha, mas ele foi traído pelos piratas. Sem mais opção de fuga, resolveu encarar seu destino e enfrentar o general Crasso no campo de batalha.

Depois que os revoltosos derrotaram as tropas romanas enviadas para massacrá- los, o Senado romano começou a levar a sério o levante de escravos e mobilizou seus maiores generais para esmagar a revolta. A certa altura da guerra, os seguidores de Espártaco se viram cercados por três generais romanos: Crasso, Pompeu e Lúculo. O general Crasso buscou se adiantar para dar combate a Espártaco para que Pompeu não colhesse a glória da vitória.

A batalha final foi longa e sangrenta e o exército romano perdeu mil homens. Na batalha, Espártaco foi ferido na coxa por uma lança e caiu de joelhos, mas segurando o escudo à sua frente, continuou a lutar, até que foi completamente cercado pelos soldados romanos e caiu morto junto com seus companheiros de luta no campo de batalha. O corpo de Espártaco nunca foi encontrado. Mas a sua memória seguiu assombrando os romanos por muito tempo. Os sobreviventes da revolta foram crucificados ao longo de toda a estrada de Cápua a Roma; foram 6 mil escravos crucificados ao longo da Via Ápia. Um aviso a todos os escravos de Roma que pensassem em se rebelar. Os corpos pregados nas cruzes aos milhares eram um monumento ao poder e à glória de Roma e do terror de que o maior exército da Antiguidade era capaz.

Espártaco foi um homem extraordinário, mas foi também cada rebelde contra Roma, morto na cruz ou no campo de batalha, escravos do império, mas senhores do próprio destino.

AVALIAÇÕES:

A avaliação é uma parte fundamental do processo de ensino-aprendizagem. É nesse ponto do trabalho pedagógico que é possível verificar se esse trabalho está funcionando ou não. Isso não quer dizer necessariamente basear a avaliação nos critérios de eficiência e de desempenho que as empresas projetam como horizonte para a humanidade. A função da escola não é formar mão de obra apenas. É evidente que a escola não pode estar completamente dissociada do mundo do trabalho, mas precisa de uma relativa autonomia em que o espaço do pensar, da reflexão e da criação mais livres, possibilite a plena formação do sujeito nessa fase do desenvolvimento importantíssima que é a infância e a adolescência.

Atividades individuais que possibilitem a reflexão que cada indivíduo pode fazer sobre si mesmo e sobre o mundo que o cerca são parte do conjunto de atividades e avaliações presentes nessa proposta pedagógica. Algumas atividades que demandem uma pesquisa mais aprofundada devem ser realizadas em casa ou parte em casa e parte na sala de aula, podendo ser realizadas individualmente ou em grupo. Além disso, a autoavaliação do aluno a cada bimestre é fundamental para desenvolver a autocrítica numa época em que vemos pessoas tão críticas a tudo e tão pouco críticas em relação a si mesmas, privando-se dos instrumentos cognitivos necessários para o seu aperfeiçoamento pessoal.

Entretanto, é no trabalho em grupo em sala de aula que se baseará fundamentalmente a avaliação dos alunos, atividades que quase sempre contarão com leituras e discussão de textos em grupo e produção de textos originais ou apresentações orais das conclusões do grupo sobre o que foi lido e discutido. Textos variados, fontes primárias, textos literários, textos de historiadores, e as múltiplas interpretações sobre determinados fatos históricos presidirão o processo de trabalho dos grupos de alunos em sala de aula.

Outra questão importante é que, na medida do possível, tentou-se abarcar todo o conteúdo exigido na BNCC para o 6° ano do ensino fundamental, além do cumprimento da legislação relativa à valorização da história da África e das culturas afro-brasileiras e indígenas a partir dos textos e questões presentes nas atividades propostas. Apesar da centralidade nos estudos da Antiguidade clássica nesse material didático, as questões relativas aos africanos e indígenas não são negligenciadas, sendo abordadas dentro do contexto dos conteúdos do 6° ano e de questões do nosso presente, no Brasil contemporâneo, a partir de uma abordagem que apresente os temas contidos na nossa

Constituição, apresentando o texto constitucional também para os jovens cidadãos. As mulheres na Grécia antiga e a apropriação da cultura grega pelas produções da indústria cultural com temas relativos à representação do feminino também se fazem presentes nos conteúdos discutidos em sala de aula a partir das atividades a serem realizadas em sala pelo método do trabalho em grupo, especialmente.