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espaço para aproximação: quando o tamanho e o espaço são apropriados para a aproximação, alcance, manipulação e uso, independentemente da estatura, postura

2.3 Desenho Universal

7. espaço para aproximação: quando o tamanho e o espaço são apropriados para a aproximação, alcance, manipulação e uso, independentemente da estatura, postura

ou mobilidade do utilizador.

O aumento do número de pessoas com deficiência de ordem intelectual, emocional, sensorial, física ou comunicacional, conjugado com o envelhecimento da população, aumenta a demanda por espaços e equipamentos acessíveis uma vez que estas pessoas, no seu quotidiano, ainda se confrontam com barreiras físicas, impeditivas de uma participação cívica ativa e integral. Costa (2015) salienta que a promoção da acessibilidade não pode ser pensada em termos estatísticos pois, se uma só pessoa for excluída, já se consolida a situação de exclusão.

Como proposta para uma sociedade mais justa e inclusiva, o Concelho da Europa, através da ResAP (2001) - Resolução para a Plena Cidadania das Pessoas com Deficiência - recomenda aos Estados Membros que considerem os princípios de desenho universal e a promoção de melhores condições de acessibilidade na elaboração das políticas nacionais, nos programas de ensino e na sensibilização relacionados aos governantes, de acordo com as responsabilidades de cada país.

Após a apresentação dos conceitos de acessibilidade e de desenho universal, é importante ressaltar a diferenciação entre os dois. A acessibilidade é uma condição a ser garantida de maneira a qualificar um espaço, considerando os seus diversos usuários; o desenho universal é o modo de projetar, de forma a conceber não somente espaços, mas também objetos que possam ser igualmente usados por todos. Portanto, a utilização dos princípios e conceitos inerentes ao desenho universal, em projeto, conduz a um resultado final mais acessível.

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2.4 - Percursos Acessíveis

Segundo a NBR 9050/2015, página 5, percurso ou rota acessível é um

“trajeto contínuo, desobstruído e sinalizado, que conecte os ambientes externos ou internos de espaços e edificações, e que possa seu utilizado de forma autônoma e segura por todas as pessoas, inclusive aquelas com deficiência e mobilidade reduzida. A rota acessível pode incorporar estacionamentos, calçadas com guias rebaixadas, faixa de travessia de pedestres, pisos adequados, escadas e rampas, entre outros.”8

Apresentamos de forma simplificada, algumas dimensões básicas (horizontais e verticais) de referência, estabelecidas pelo Conceito Europeu de Acessibilidade, embasado pelos princípios do desenho universal.

Dimensões Horizontais - As pessoas devem poder movimentar-se de forma livre e sem obstáculos. Quanto aos passeios, estes devem garantir largura mínima, espaço de manobras para cadeirantes9 e altura livre mínima.

A largura mínima para qualquer passeio é determinada pela frequência com que é utilizado. A largura mínima necessária para a circulação de pessoas varia de acordo com as características do pedestre que usa o espaço e da frequência com que é utilizado. Pode-se dividir em cinco situações distintas:

1. quando as pessoas não passam umas pelas outras, não se cruzam, locais com pouco movimento ou situações de passagem esporádica

Figura 11 – Largura mínima para 1 pessoa Fonte: CE (2003)

8 Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. NBR 9050 – Acessibilidade a edificações, mobiliário,

espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, 2015, página 5.

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2. quando as pessoas se cruzam ocasionalmente; locais com movimento intermediário

Figura 12 - Largura mínima para 2 pessoas esporadicamente Fonte: CE (2003) 3. quando as pessoas se cruzam regularmente; locais com grande movimento

Figura 13 - Largura mínima para 2 pessoas Fonte: CE (2003)

4. quando as pessoas se encontram continuamente e se cruzam; locais extremamente movimentados

Figura 14 - Largura mínima para mais de 2 pessoas Fonte: CE (2003)

5. quando existe estreitamento ocasional do passeio e quando há a necessidade de virar a 90° e passar por um estreitamento

Figura 15 - Estreitamento ocasional e giro de 90° Fonte: CE (2003)

O espaço mínimo de manobra é muito importante, pois as pessoas que deslocam em cadeira de rodas precisam desse espaço para realizar suas manobras para mudar de direção ou inverter o sentido do seu movimento.

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H = Espaço necessário para dar uma volta de 90º; I = Espaço necessário para dar uma volta de 180º; J = instruções práticas para dar uma volta de 360 graus; K = instruções práticas para facilitar a volta de 360 graus.

Dimensões verticais: espaço mínimo vertical que deve estar livre de qualquer obstáculo para que todas as pessoas possam utilizar a rua sem ter que se baixar para poder passar.

Figura 17 - Dimensões verticais Fonte: CE (2003) Onde:

L = altura livre mínima;

M = altura mínima para portas;

N = diâmetro máximo das aberturas de superfícies, como grelha ou grades no pavimento;

P = desnível máximo no piso para este ser considerado um piso contínuo e regular; Q = desnível máximo aceitável no pavimento.

As pessoas quando se deslocam devem saber a direção para a qual se dirigem, perceber a sua posição e ficar cientes de eventuais obstáculos no caminho. Esta situação é muito importante, especialmente para deficientes visuais, pois são mais dependentes de indicadores detectáveis que indiquem o caminho e que os previnam contra possíveis obstáculos existentes.

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Figura 18 - Saliências nas paredes Fonte: CE (2003) Onde:

R = são indicadores tácteis laterais de percursos.

Estas dimensões mínimas têm como objetivo proporcionar o uso dos espaços públicos de forma independente e igualitária a todos os usuários.

Para Neves (2010), as propostas de percursos acessíveis em centros históricos devem sempre estar em concordância com as normas de acessibilidade e com as leis de preservação. É necessário identificar o equilíbrio no que diz respeito à não descaracterização do patrimônio e à garantia de acessibilidade as todas as pessoas. Por fim devem ser elaboradas soluções que promovam o máximo de acessibilidade com o mínimo de impacto no patrimônio cultural. É importante que toda a área urbana seja contemplada com um sistema ou rede de percursos acessíveis.