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ESPAÇOS LIVRES URBANOS E REVITALIZADOS

A preocupação com o planejamento urbano no Brasil iniciou no final do século XIX, com a ordenação dos espaços públicos, o embelezamento da paisagem e as intervenções urbanas, devido à grande transformação urbana que ocorria na época. Começou com a reforma urbana, implementada por Pereira Passos no Rio de Janeiro, e depois com a necessidade do planejamento urbano de São Paulo, resultado de um acelerado crescimento.

Ambas foram inspiradas nos espaços livres, projetados em Paris, nas grandes avenidas deLondres com os jardins públicose nos edifícios de Berlim, entre outros. (Cohen, 2010)

Para Meneguetti, Rego e Pellegrino (2005), os espaços livres urbanos podem ser definidos como, os espaços onde possa haver encontros de pessoas como, praças, parques urbanos, vias públicas, passeios e estacionamentos. Ainda, segundo eles “uma área pavimentada e gramada com arborização esparsa, é, às vezes, mais facilmente defendida

como espaço livre público, podendo sempre abrigar mais alguma edificação, de acordo com um legado modernista ainda em voga entre nós”.

Os espaços urbanos devem ser elaborados com base nas necessidades de uso da população. Segundo Gatti (2013), para concepção de espaços livres urbanos é preciso a análise do entorno, do terreno e dos usos que serão atribuídos a eles. Um projeto bem elaborado resulta em um bom relacionamento do espaço com os diferentes usos da cidade, e a população pode usufruir de um excelente local que tenha conforto, segurança, acessibilidade e prazer.

É importante lembrar que não basta projetar uma praça ou um parque. É preciso entender a dinâmica de uma cidade e a vida das pessoas no seu cotidiano, a fim de que os espaços públicos a serem projetados reflitam as necessidades e os anseios dos seus usuários, para só assim serem realmente utilizados. Um bom projeto de espaço público não depende apenas de uma boa execução técnica; também deve ser o espaço certo, no lugar certo e para as pessoas certas. A cidade precisa ser vista sob seus múltiplos aspectos, sejam eles físicos, sociais, econômicos ou culturais. E é este olhar múltiplo que deve ser absorvido pelas políticas públicas, que também precisam ser acompanhadas por políticas sociais que exerçam o controle do processo especulativo que envolve as melhorias urbanas, para que a população local, sobretudo a de baixa renda, possa usufruir das transformações e não seja expulsa de seu local de origem. (Gatti, 2013. p.9)

Com isso, vemos que para os espaços livres serem úteis à população é necessário que haja pessoas responsáveis por elaborar projetos que atendam às necessidades dos usuários e que estejam localizados em áreas que realmente precisem destes espaços que serão usufruídos por todos.

Conforme Macedo (2012), o Estado é o principal responsável pelos espaços livres na constituição, gestão e produção desses espaços como, praças, parques, avenidas e outros, que se tornam referência e progresso para o desenvolvimento da cidade por parte da população, e são os espaços definidos como públicos.

Também existem os espaços livres privados, que na visão de Macedo (2012), são interligados aos espaços livres públicos, porém não estão conectados entre si e não sâoacessíveis a toda a população, devido a utilização de cercas, muros e paredes, sendo de uso e acesso restrito aos seus proprietários, apenas acessíveis visualmente ao público passante.

A fluidez total, ao menos visual entre os espaços públicos e privados, só é possível em situações particulares, típicas de uma nação ou cidade. Este é, por exemplo, o caso do subúrbio americano padrão, no qual se é possível fluir, ao menos teoricamente, por entre as construções sem muros e cercadas por gramados, bosques e pisos de pedestres. Na realidade, mesmo nestes casos, a circulação do pedestre é restrita aos moradores da vizinhança e a seus convidados. [...] No Brasil, este tipo de

relacionamento físico entre espaço público e privado praticamente não existe e quando existe ou existiu é de um modo muito mais restrito que em situações equivalentes àquelas da nação norte-americana. (Macedo, 2012. p.89)

Para Macedo (2012), a relação entre espaços públicos e privados é “complementar e funcional”. Possuem total dependência, compensando limitações e vantagens. Significativa parte da população reside em casas com reduzido espaço de jardins ou em apartamentos, o que torna atrativo o uso de um espaço urbano, se bem planejado.

Os espaços livres de uma cidade são todos os espaços vazios existentes na malha urbana, sejam eles públicos ou privados, incluindo os vazios restantes nos terrenos edificados.

Esses espaços são quase sempre ligados a áreas verdes, porém não são definidos por elas e sim, pela condição de liberdade que traz. (Macedo, 2012)

A ideia de área verde é frequentemente utilizada por arquitetos, urbanistas, paisagistas, geógrafos etc., como uma forma de identificação de certo tipo de espaços livres urbanos e para qualificar, ambiental e paisagisticamente, as cidades, sendo frequentemente associada a índices de origem duvidosa e claramente não comprovados em sua eficácia. Área verde é toda e qualquer área que contenha vegetação situada em solo permeável. Essas áreas são apenas parte de alguma categoria qualquer dos espaços livres de edificação, pois estão inseridas nos quintais, jardins, pátios, praças, parques etc., enfim, em praticamente todos os espaços livres da cidade brasileira. (Macedo, 2012. p.92)

Visando ir contra o crescimento exponencial das cidades, as iniciativas referentes às revitalizações urbanas foram tornando-se cada vez mais fortes, baseando-se em estratégias de reutilização de infraestruturas já existentes, comumente centralizadas em arredores relegados a abandono, devido ao seu pobre potencial para comércio. Com isto, as propostas de revitalizações urbanas tem tido grande parcela de sucesso em diversos países que a adotaram, representando assim uma forte tendência em escala global. (Ragazzo, 2015)

No entanto, toda iniciativa tem sua contrapartida. Atualmente as políticas urbanas tendem a focar mais em indicadores de sustentabilidade ambiental das áreas urbanas – ao contrário da lógica a respeito da proteção de patrimônios históricos degradados – o que acarretou em uma enorme complexidade e gama de soluções urbanas que as prefeituras, juntamente com os governos estaduais e federais, devem endereçar; especialmente ao levarem em consideração os prazos políticos a serem cumpridos. Sendo assim, a revitalização urbana constitui-se como uma política pública densa, que agrega agentes públicos e privados, ao lidar com uma série de instrumentos (outorga onerosa de direito de construir, até operações urbanas consorciadas entre outras) que, por sua vez, podem apresentar uma série de efeitos colaterais

como, por exemplo, o próprio trânsito dentro da cidade, o processo de gentrificação (e seus respectivos impactos sociais), e o mercado imobiliário. (Bezerra e Chaves)

É importante que fique clara a compreensão que revitalização urbana não compreende apenas áreas de preservação histórica. Ela se faz sempre que é necessária a revitalização de uma área degradada, que apresenta uma subutilização ou começa a tornar-se obsoleta. Essas revitalizações, geralmente estão ligadas ao planejamento estratégico da cidade, bem como ao plano diretor, surgem como projetos de modernização da cidade, bem como embelezamento e também aos interesses imobiliários. E embora as revitalizações possam a priori parecer atender grandes metrópoles, ela também é um recurso utilizado por cidades de médio porte.

(Bezerra e Chaves)

As revitalizações urbanas trazem às cidades novas concepções de espaços urbanos, que cada vez possuem projetos melhores elaborados para atender à necessidade de usos da população e de cada tempo na história, se aprimorando cada vez mais. Com a diminuição destes espaços livres é preciso buscar sempre novos espaços e revitalizar aqueles que já não possuem mais usos e estão “abandonados” pela população.

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