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condicionado 30 dias após o treino.

Esse experimento foi proposto no mesmo sentido do experimento 3, isto é, verificar se a consolidação da memória aversivamente condicionada a um estímulo discreto (o esquecimento dessa memória) é diferente nos subgrupos de animais HR e LR, por meio da reexposição ao estímulo condicionado 30 dias após o treino. Como os processos de aprendizagem e memória são múltiplos e parecem apresentar substratos subjacentes diversos, ainda que esses subgrupos de animais apresentem similar desempenho na aprendizagem da tarefa, o perfil de desempenho na consolidação ou esquecimento da tarefa pode ser diferente do observado durante a aquisição.

Fig. 13: Esquema ilustrativo do procedimento de esquecimento no condicionamento de medo ao som (experimento 4)

A figura 14 mostra que os subgrupos de animais HR e LR não diferem nas sessões de treino e teste da tarefa de condicionamento clássico de medo ao

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som (Anova, efeito grupo: F= 3,36 (1, 21), p=0,08), mas apresentam aprendizagem da tarefa (Anova, efeito sessão: F=161,26 (2,42), p<0,01) e não há interação entre os fatores (Anova, efeito interação: F=1,66 (2,42), p=0,20); corroborando os dados já descritos no experimento 2. O teste a posteriori de Tukey para o fator sessão mostrou que o treino é diferente tanto do momento antes do som quanto do momento depois do som (p<0,01). Como discutido, a diferença encontrada entre treino e o momento antes do som na sessão de teste pode se dever ao fato de os animais estarem mais sensibilizados por terem recebido choque 24 horas antes, no treino. Todavia, a análise estatística mostra que, mesmo com o aumento de congelamento antes do som, os animais exibem diferença (aprendizagem) quando se compara o tempo de congelamento antes e depois do som (p<0,05).

Fig. 14: Média do tempo de congelamento por minuto, apresentada em segundos, (média +erro padrão), ao longo dos dias de treino e teste da tarefa de esquecimento no CSOM, para os grupos HR e LR (experimento 4). O número de animais por grupo é mostrado entre parênteses. Não há diferença entre os grupos na sessão de treino e na sessão de teste (tanto

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antes quanto depois do som). * p<0,05 vs sessão de treino; # p<0,05 vs sessão de treino e sessão de teste antes do som (Anova efeito sessão, seguida de teste de Tukey).

A análise comparando o desempenho dos animais no momento depois do som entre as sessões de teste e reteste tardio mostra que os grupos não são diferentes entre si (Anova, efeito grupo: F= 2,58 (1,21), p=0,12), não há efeito sessão (Anova, efeito sessão: F=2,35 (1,21), p=0,13) e nem interação (Anova, efeito interação: F=3,24 (1,21), p=0,09) [dados apresentados na figura 15].

Em conjunto com os experimentos anteriores, esses dados sugerem que existe dissociação na consolidação da memória aversivamente condicionada ao contexto e ao som. A dissociação do desempenho dos animais LR entre as tarefas aponta para a hipótese de que o hipocampo (envolvido na tarefa contextual, mas não na tarefa ao som) seja diferente nesses animais.

Fig. 15: Média do tempo de congelamento por minuto, apresentada em segundos (tempo total +erro padrão), ao longo das sessões de teste e reteste tardio (30 dias após o treino) na tarefa de esquecimento no CSOM, para os grupos HR e LR (experimento 4). O número de

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animais por grupo é mostrado entre parênteses. Não há diferença entre os subgrupos nas sessões de teste e reteste tardio.

Por outro lado, é impossível afirmar que a diferença encontrada no desempenho desses subgrupos no experimento 4 seja, de fato, decorrente de um padrão diverso de consolidação da memória emocional dos animais ou se seria simplesmente uma diferença no efeito da manipulação realizada. Visto que o CS avaliado na tarefa de CSOM é o estímulo auditivo, os animais são treinados em um ambiente e testados em outro ambiente (24 horas depois), afim de que não haja interferência do contexto (outro possível CS) na expressão de congelamento do animal na sessão de teste (Philips & Ledoux, 1992). Todavia, a sessão de reteste tardio foi realizada no mesmo ambiente da sessão de teste (diferente do ambiente da sessão de treino). Esse procedimento poderia per se interferir na expressão de congelamento dos animais, visto que o ambiente do teste já havia sido pareado à evocação da memória aversiva. Na sessão de teste, o animal é colocado em um ambiente diferente do treino e, após 3 minutos, é apresentado o CS (som). Dessa forma, o novo ambiente (câmara de teste) é pareado com o comportamento de congelamento e, de forma indireta, com o US original (choque), por meio da lembrança da memória aversiva original.

Assim, para minimizar os possíveis vieses da reexposição dos animais ao ambiente indiretamente aversivo, um experimento suplementar foi construído a fim de isolar os elementos de simples manipulação (que poderiam gerar um aumento do tempo de congelamento pelo pareamento ao ambiente) dos elementos relacionados apenas ao condicionamento do estímulo discreto.

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Nesse sentido, novos animais selecionados em subgrupos HR e LR foram treinados e testados na tarefa de condicionamento de medo ao som. Trinta dias após o treino e teste da tarefa, os subgrupos foram retestados (reteste tardio) em um terceiro ambiente (câmara novo ambiente), diferente do qual haviam sido treinados ou testados, mas seguindo os mesmos procedimentos do experimento anterior.

Fig. 16: Esquema ilustrativo do procedimento de esquecimento no condicionamento de medo ao som alterando todos os ambientes (experimento suplementar 4-novo ambiente)

Assim como observado nos experimentos anteriores, a figura 17 mostra que os subgrupos de animais não são diferentes entre si no treino e no teste da tarefa (Anova, efeito grupo: F=2,32 (1,22), p=0,14), embora apresentem aprendizagem (Anova, efeito sessão: F=232,79 (1,44), p<0,01), e não há interação entre os fatores (Anova, efeito interação: F=0,56 (1,44), p=0,57). O teste a posteriori de Tukey para o fator sessão mostrou que o treino é diferente tanto do momento antes do som quanto do momento depois do som (p<0,01), e que o momento antes do som é diferente do momento após o som (p<0,05).

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Fig. 17: Média do tempo de congelamento por minuto, apresentada em segundos, (média +erro padrão), ao longo das sessões de treino e teste da tarefa de esquecimento no CSOM, para os grupos HR e LR (experimento suplementar 4-novo ambiente). O número de animais por grupo é mostrado entre parênteses. Não há diferença entre os grupos na sessão de treino e na sessão de teste (tanto antes quanto depois do som). * p<0,05 vs sessão de treino; # p<0,05 vs sessão de treino e sessão de teste antes do som (Anova efeito sessão, seguida de teste de Tukey).

A análise comparando o desempenho dos animais no momento depois do som entre as sessões de teste e reteste tardio mostra que os grupos não são diferentes entre si (Anova, efeito grupo: F= 2,56 (1,22), p=0,12), não há efeito sessão (Anova, efeito sessão: F=3,24 (1,22), p=0,08) e nem interação (Anova, efeito interação: F=0,25 (1,22), p=0,61) [dados apresentados na figura 18].

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Fig. 18: Média do tempo de congelamento por minuto, apresentada em segundos (média +erro padrão), ao longo das sessões de teste e reteste tardio (30 dias após o treino) da tarefa de esquecimento no CSOM, para os grupos HR e LR (experimento suplementar 4-novo ambiente). O número de animais por grupo é mostrado entre parênteses. Não há diferença entre os grupos nas sessões de teste e reteste tardio.

Esses dados corroboram a hipótese de que a ausência de diferença observada no desempenho dos animais no experimento 4 se deve a equidade na consolidação da memória emocional condicionada ao som entre os subgrupos e não à manipulação per se do procedimento de reexposição. Embora haja aumento do tempo de congelamento antes da apresentação do som (estímulo condicionado) durante os testes, esse aumento é insuficiente para interferir com a observação da aprendizagem feita quando da apresentação do estímulo condicionado e pode ser considerado apenas como um efeito de sobressalto após apresentação de um estímulo aversivo.

Tomados em conjuntos, os dados obtidos com os experimentos 4 e 4- suplementar mostram que o perfil de esquecimento da memória condicionada

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ao contexto, mas não a um estímulo discreto como o som, é diferente entre os subgrupos de animais HR e LR.

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Experimento 5 – Extinção no medo condicionado ao contexto em

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