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4.3 DIMENSÃO DE PROCESSO

4.3.3 Estágio Curricular Supervisionado

O último item referente a dimensão de processo foi referente ao estágio. As questões “O estágio possibilita a aquisição de conhecimentos e contribuí/contribuiu sobremaneira para a sua formação profissional” e “O conhecimento teórico das disciplinas é/foram fundamentais para a realização do estágio” foram enviadas aos alunos. Destes, aproximadamente 50% foram indiferentes a primeira questão, 23% concordam totalmente e 12% concordam em parte. Quanto ao conhecimento teórico ser fundamental para a realização do estágio, 40% foi indiferente ao questionamento, 43% concordam totalmente e 12% concordam em parte.

Gráfico 7: Estágio curricular supervisionado na visão dos alunos

Fonte: Da pesquisa (2016)

Uma das possibilidades para este resultado é a Resolução nº 2, de 1º de julho de 2015 que Define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial de professores em nível superior (cursos de licenciatura, cursos de formação pedagógica para graduados e cursos de segunda licenciatura) e para a formação continuada:

Os cursos de que trata o caput terão, no mínimo, 3.200 (três mil e duzentas) horas de efetivo trabalho acadêmico, em cursos com duração de, no mínimo, 8 (oito) semestres ou quatro anos, compreendendo:

I. 400 (quatrocentas) horas de prática como componente curricular, distribuídas ao longo do processo formativo;

II. 400 (quatrocentas) horas dedicadas ao estágio supervisionado, na área de formação e atuação na educação básica, contemplando também outras áreas específicas, se for o caso, conforme o projeto de curso da instituição;

III. Pelo menos 2.200 (duas mil e duzentas) horas dedicadas às atividades formativas estruturadas pelos núcleos definidos nos incisos I e II do artigo 12 desta Resolução, conforme o projeto de curso da instituição; IV. 200 (duzentas) horas de atividades teórico-práticas de aprofundamento

em áreas específicas de interesse dos estudantes, conforme núcleo definido no inciso III do artigo 12 desta Resolução, por meio da 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% Discordo Totalmente Discordo em Parte Indiferente Concordo em Parte Concordo Totalmente Contribuição estágio Conhecimento teórico

iniciação científica, da iniciação à docência, da extensão e da monitoria, entre outras, consoante o projeto de curso da instituição. O que evidentemente nos revela uma proposta fragmentada de currículo, em que perdura a divisão entre teoria e prática, entre o pensar e o fazer. Pimenta (p. 87, 2012) reforça estas considerações, quando afirma que: “O estágio, conforme descrito nas resoluções, encontra-se separado tanto das atividades práticas, quanto das denominadas científicos culturais. Portanto, nem prática, nem teoria; apenas treinamento de competências e aprendizagem de práticas modelares”.

No PPC de matemática localizamos os objetivos para as disciplina de estágio supervisionado e assim como já verificado nas ementas, não localizamos menção do estágio com a perspectiva da pesquisa.

Refletir a importância do papel do educador como agente participante e responsável pelo processo de construção do conhecimento e aperfeiçoamento da sociedade. Dominar o processo de compreensão das estruturas das ideias básicas da disciplina de Matemática na Educação Básica. Aplicar um conjunto de alternativas didáticas e recursos necessários para a prática docente dirigida para diferentes conhecimentos, faixas etárias e níveis de escolaridade. Avaliar permanentemente a prática pedagógica tanto no que se refere a sua atuação como no que diz respeito àquela que se efetua no campo de estágio supervisionado. Elaborar projeto de ação pedagógica, embasado na constante articulação da realidade escolar com os pressupostos teóricos que a fundamentam (UEPG, 2009, p. 41).

Conforme Bruno (2012, p. 159), se uma proposta de formação visar a profissionalização de indivíduos, poderá alcançar apenas parcialmente esse conceito de formação, pois, no enfoque da profissionalização, as ações são centralizadas no desenvolvimento de competências técnicas para ensinar, sem possibilitar o espírito crítico, a criatividade e as (re)criações. Nessa concepção está pautada a organização curricular dos cursos de formação de professores que concebem a teoria ensinada antes da prática, em que o estágio assume o papel de treinamento de professores para o trabalho docente.

Por outro lado, observar e refletir sobre a construção do saber profissional a contar de suas fontes (familiares, escolares, sociais e culturais) é árdua tarefa, pois os cursos de formação profissional até agora, mantem grande distância epistemológica entre teoria/prática e a produção de conhecimentos, e a escola acaba sendo apenas o lócus da reprodução dos conhecimentos construídos na IES. O resultado da pesquisa demostra como este entendimento é desacertado, pois é exatamente na práxis ou na efetivação do trabalho pedagógico que os saberes do

professor são fixados, produzidos ou redefinidos, ou seja, os saberes teóricos ganham sentido quando relacionados com a prática, no momento em que os alunos conseguem apreender o processo reflexivo sobre este trabalho.

No PDI encontramos que o estágio é uma atividade essencialmente pedagógica e que por isso precisa ser incorporado ao processo formativo. A visão é de que o estágio é algo além currículo e que por isso precisa ser incorporado, colocado junto.

Estágios curriculares (obrigatórios e não-obrigatórios) – são, sem dúvida, de grande importância para a formação profissional do acadêmico, especialmente considerando as profundas mudanças no mundo do trabalho e o acelerado desenvolvimento científico e tecnológico. É importante reafirmar a função do estágio como atividade essencialmente pedagógica e que deve ser incentivada desde o início da Graduação. Como atividade pedagógica, ele precisa ser planejado, supervisionado e incorporado ao processo formativo do aluno, estimulando a reflexão crítica, a criatividade, o conhecimento sobre a realidade social e a sensibilização para a atuação ética, que deve orientar sua prática profissional.

Os alunos não souberam responder ao certo se os conhecimentos teóricos auxiliaram na realização do estágio ou se o estágio propicia a construção de novos conhecimentos. Retomando a estrutura curricular do curso podemos entender o que acontece, as disciplinas de estágio do curso estudado não são fundamentadas na pesquisa, elas não tem vinculação vertical com o currículo, ao contrário, apenas horizontal, o que não propícia que o estágio se integre com todos os componentes curriculares, mas sim, permaneça em um local isolado da matriz curricular, a exemplo do modelo de licenciatura 3+1. Conforme o trecho extraído do PPC (UEPG, 2009, p. 41) parece clara a ideia de que o conhecimento específico prevalece sobre o conhecimento pedagógico.

É no espaço do Estágio Curricular Supervisionado em Matemática que se realiza a reflexão sobre a organização do conhecimento a ser trabalhado, analisando a melhor forma de adequá-lo aos diferentes níveis de ensino. Trata-se de conceber o conteúdo específico na ótica da prática pedagógica com orientações, acompanhamento e avaliação das atividades realizadas no período de estágio, por meio da supervisão semidireta do supervisor técnico (tutor) com a orientação dos professores supervisores de estágio.

Essa concepção de organização curricular é fruto de ausência de um debate contextualizado com a produção bibliográfica da área, com as necessidades vindas da realidade escolar, com as implementações e discussões das novas diretrizes

para a formação de professores de matemática, e até mesmo para a formação de professores e o perfil de professores que se quer formar.

No ponto de vista de Bruno (2014), o estágio que se deseja hoje é aquele em que o aluno tenha contato com os espaços escolares proporcionando-lhes a problematização coletiva das práticas desenvolvidas no interior da escola, procurando subsídios para construir e realizar as intervenções de modo contextualizado. O estágio supervisionado deveria possibilitar o permanente diálogo entre os conhecimentos sistematizados veiculados pela IES formadora e os conhecimentos advindos das escolas, a partir do constante contato. Este conceito de estágio constitui o eixo central e articulador dos vários conhecimentos, competências e habilidades necessárias a formação inicial dos professores.

Acreditamos que quando os entraves aqui apresentados sobre a política de estágios cessarem, os alunos terão maior capacidade de interpretação do estágio enquanto uma possibilidade de enfrentamento pedagógico, com abertura tempo e espaço para discussões e reflexões que tornam imagináveis a qualidade de ensino e uma formação docente consciente, reflexiva e investigadora de sua práxis.