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4.2 DIMENSÃO DE ENTRADA

4.2.2 Filosofia de Ensino-aprendizagem

Pelos resultados apurados no item “filosofia de ensino-aprendizagem do curso”, verificamos que as respostas são complementares entre si, pois, na questão 1) “O curso está apoiado em uma filosofia de aprendizagem que proporciona aos alunos a oportunidade de interagir e desenvolver projetos compartilhados” encontramos que 20% dos questionados concordam totalmente com a afirmação e 60% concorda em parte, na questão 2) “O curso coloca o aluno como centro do processo educativo, prevendo vias efetivas de comunicação e interação entre professores, tutores, alunos, coordenadores e demais envolvidos” observamos que 60% dos questionados concordam totalmente com a afirmação, enquanto 30% concorda em parte, em conformidade com o gráfico 2.

Gráfico 2: Filosofia de ensino aprendizagem na visão dos professores e tutores

Fonte: Da pesquisa (2016)

Para esta análise, devemos considerar que grande parte dos métodos tradicionais de desenho pedagógico foi elaborada em meados dos anos 70, em um período aonde (ainda) não era previsível a força que as TICS teriam/trariam para as ferramentas pedagógicas e para as concepções educacionais de ensino.

Muito embora na contemporaneidade seja unânime a premissa de que o aluno deve ser o centro do processo educativo, Garonce e Santos (2014) apontam que longe do desejado, muitas das metodologias de desenho pedagógico colocadas em funcionamento hoje, ainda baseiam-se em modelos tradicionais, deixando de considerar várias dimensões do ensino no processo de elaboração e implantação dos cursos, tal como a interação, o background (contexto social, econômico e cultural) dos alunos e a autonomia, por exemplo.

Neste sentido, as TICS são as principais ferramentas para a concretização da interação na EAD, pois na virtualidade, manter o aluno como foco central do processo ensino-aprendizagem depende, entre outros fatores, do grau de interação viabilizado pelo curso. Porém, no que diz respeito ao background dos alunos, conhecer suas cercanias socioculturais e o tipo de apreensão que emana dos instrumentos intelectuais utilizados e forjados nestas cercanias é atividade complexa, senão impossível, o que nos remete a compreensão de que no momento em que as respostas foram fornecidas, este aspecto provavelmente foi

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% Discordo Totalmente Discordo em Parte Indiferente Concordo em Parte Concordo Totalmente Filosofia de Aprendizagem Posicionamento do Aluno

desconsiderado. No PPC há menção do processo de aprendizagem centrado no aluno (UEPG, 2009, p. 49-50).

Considerando que a metodologia adotada privilegia uma abordagem progressista, que incentiva o aluno a construir o seu próprio conhecimento, nesta proposta procura-se deslocar o eixo exclusivo do ensino centrado tradicionalmente na figura do professor, ou somente nos meios e técnicas como se fez no passado pelo uso indiscriminado de recursos e técnicas, para o processo de aprendizagem. Neste, o aluno assume o papel de aprendiz ativo quando participa das videoconferências e se instrumentaliza mediante o ambiente virtual, materiais impressos e discute via internet em sessões de chats e fóruns. São ações que o aluno realiza sozinho (autoaprendizagem). [...] Um processo centrado na aprendizagem como se propõe para o curso, prevê o uso de técnicas que incentivam a participação e a interação entre os alunos, o diálogo, a pesquisa, o debate; que promovam a produção do conhecimento; que permitam o exercício de habilidades humanas importantes como pesquisar em biblioteca, trabalhar em equipe com profissionais da mesma área e de áreas afins, apresentar trabalhos, fazer comunicações, dialogar, intercambiar experiências.

Porém, no PDI 2013/2017 - Volume I da UEPG, nos deparamos com a informação de que a própria instituição reconhece não ter conseguido, ainda, retirar o foco do processo ensino-aprendizagem do professor. Desnecessário expor que as afirmações são contraditórias entre si.

Desta forma, há que se ressaltar que o enfoque do processo educacional recai na aprendizagem, fazendo com que o professor busque informações, reveja a própria experiência, adquira habilidades, descubra significados nos seres, nos fatos e nos acontecimentos, modifique atitudes e comportamentos e centre o processo no aluno, uma vez que essas atividades estão relacionadas à possibilidade de oferecer ações relevantes aos mesmos. Como se entende ensinar como instruir, fazer saber, comunicar conhecimentos ou habilidades, mostrar, guiar, orientar, dirigir, formou-se uma ideia equivocada do professor como centro do processo. Esta visão precisa ser repensada nas instituições educativas, especialmente na Universidade (MASSETO&ABREU, 1990), particularmente na UEPG, onde ainda é uma prática muito forte, mesmo nos cursos mais novos (UEPG, 2013, p. 78).

Outro aspecto relevante para tratarmos da aprendizagem centrada no aluno é a autonomia que o estudante deve ter durante o processo de ensino. O PPC de Matemática da UEPG contempla a autonomia “há um incentivo ao aluno para que este adquira uma autonomia”, entretanto está autonomia é organizacional ao seu aprender, ou seja, inteiramente administrada por outrem, tendo em vista que para avançar nos módulos do curso, os prazos de realização de atividades devem ser

cumpridos, sob pena de reprovação ou exame. As ações do aluno no curso são dirigidas.

A autonomia que a educação persegue é aquela em que o aluno é beneficiado com a faculdade de gerir suas próprias normas de conduta, sem imposições externas, possibilitando a emancipação e o empoderamento do indivíduo. As Diretrizes e Normas Nacionais para a oferta de Programas e Cursos de Educação Superior na Modalidade a Distância (BRASIL, 2016) corrobora a afirmação, pois admite que a interação/interatividade é o que propicia, se institucionalizado pela IES por meio do seu PPC, o desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem que inclua a tomada de decisão, a criatividade e a autonomia do educando, aspectos que são fundamentais para a formação da identidade profissional e inserção na sociedade e no mundo do trabalho.

Sugerimos que as instituições formadoras de professores aprimorem e melhorem seus resultados empregando o conceito de abertura em EAD.

[...] um termo utilizado para descrever cursos flexíveis, desenvolvidos para atender necessidades individuais. É frequentemente utilizado em cursos que visam a remover as barreiras de acesso à educação tradicional, mas também sugere uma filosofia de aprendizagem centrada no aluno. Cursos baseados em aprendizagem aberta podem ser oferecidos num centro de estudo ou a maioria das atividades pode ser feita fora desses centros (por exemplo, em casa). Em quase todos os casos são necessários materiais especialmente preparados ou adaptados (SANTOS, 2009, p. 290, grifo nosso).

Este conceito abarca medidas que incentivam o recebimento de alunos com condições sociais, econômicas, demográficas e culturais distintas. Historicamente a educação foi “fechada” por várias barreiras: geográficas, sociais, financeiras e outros empecilhos às vezes mais sutis, mas não menos eficazes para este “fechamento”. Assim, um dos indicadores de educação fechada que poderia ser abolido na EAD da UEPG (quiçá no ensino presencial) é o acesso ao ensino superior via vestibular, tendo em vista que é inegável e notório que os alunos que acessam o ensino superior público, via vestibular, são aqueles com background potencialmente superior.

Outra diretriz que poderia ser implementada são os Recursos Educacionais Abertos (REAS), especialmente os repositórios, possibilitando a disseminação do

conhecimento produzido na universidade para qualquer pessoa interessada, sem qualquer barreira legal, financeira ou de acesso.