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6 Esta situação é ainda agravada pelo facto de apenas uma reduzida

cApÍtulo i modelos conceptuais em intervenção precoce

6 Esta situação é ainda agravada pelo facto de apenas uma reduzida

percentagem de profissionais estarem afectos às equipas em tempo completo (ver Figura 6), pelo que, para além daqueles que integram em simultâneo mais do que uma EID, alguns dos profissionais desempenham funções noutros domínios de intervenção, nomeadamente em outras valências das instituições (entidades de suporte) a que se encontram vinculados, tais como o Centro de Recursos para a Inclusão (apoio a crianças em idade de escolaridade obrigatória com deficiências ou incapacidades, abrangidas por medidas de educação especial) ou o Centro de Actividades Ocupacionais (apoio a jovens e adultos com deficiência grave).

Figura 6 – Distribuição dos profissionais das EID de Portalegre em função do tempo de afectação à equipa

Constatámos, também, que a intervenção precoce é um domínio de actuação recente para estes profissionais, pois todos eles trabalham nesta área há menos de cinco anos (ver Figura 7). Este facto está certamente relacionado com a criação relativamente recente das equipas de intervenção precoce nesta região do país (a primeira equipa de intervenção directa foi criada em 2001).

Verificámos, ainda, que uma percentagem considerável de profissionais apenas iniciaram funções nas EID em 2006, circunstância que se deve quer à mobilidade dos profissionais, quer ao alargamento progressivo dos serviços a nível concelhio (constituição de novas equipas) no âmbito da consolidação da rede de IP no distrito. Horário 70% Parcial 30% Completo

Figura 7 – Distribuição dos profissionais das EID de Portalegre em função do tempo de serviço em IP

No que diz respeito às funções desempenhadas pelos profissionais que integram as equipas, verifica-se que 94% intervêm directamente no apoio prestado às crianças e suas famílias, participando também nas reuniões de equipa. Uma percentagem reduzida (6%), dos profissionais que colaboram nas EID, não realiza intervenção directa e apenas participa nas reuniões. Verificámos ainda que, em todas as equipas, um dos profissionais é responsável pela sua coordenação. Constatámos também que, em 4% dos casos é sinalizada a atribuição de funções de formação a outros elementos da própria equipa, e que nenhum deles tem atribuída a função de supervisão.

No que diz respeito à formação dos profissionais que integram as equipas (ver Figura 8), verificou-se que, a nível de formação pós-graduada, 16% destes profissionais tinham realizado um curso de formação especializada (em Educação Especial, em Intervenção Precoce ou em Terapia Familiar) e que apenas uma percentagem ligeiramente superior tinha frequentado acções de formação contínua no domínio da intervenção precoce.

Figura 8 – Distribuição dos profissionais das EID de Portalegre em função do tipo de formação pós-graduada

Anos em Intervenção Precoce

60% 2 a 5 anos 40% < 1 ano Formação Especializada 5% Int. Precoce 9% Ed. Especial 2% Ter. Familiar 23% For. Continua 61% Sem Formação

Constatamos, assim, que mais de metade dos profissionais não tiveram formação específica neste domínio de intervenção, para além da sua formação inicial. Relativamente às entidades formadoras, verificou-se que a formação especializada esteve maioritariamente a cargo de instituições do ensino superior, nomeadamente Escolas Superiores de Educação, enquanto a formação continua, foi sobretudo promovida por organizações ligadas à dinamização de serviços no domínio da intervenção precoce.

1.1.2. Profissionais participantes na autoavaliação da qualidade

Os profissionais participantes no nosso estudo, no que diz respeito à Autoavaliação dos Padrões de Qualidade em Intervenção Precoce, desempenhavam funções em equipas de intervenção directa do distrito de Portalegre, num total de 55%, e em serviços de intervenção precoce da zona metropolitana de Lisboa, num total de 45%.

 Profissionais das EID do distrito de Portalegre

Na recolha de dados realizada, no âmbito acima referido, participaram um total de 42 profissionais, os quais representavam 10 equipas de intervenção directa do distrito, vinculadas a quatro entidades de suporte, sendo que 32 dos profissionais integravam apenas uma das equipas, oito desempenhavam funções em duas equipas e dois exerciam funções em três equipas, simultaneamente.

Os profissionais que procederam à autoavaliação da qualidade das suas práticas pertenciam às seguintes categorias profissionais (ver Figura 5): educação de infância (catorze

)

, psicologia (oito), serviço social (nove), terapia da fala (cinco), terapia ocupacional (três), fisioterapia (dois) e educação especial e reabilitação (um).

Relativamente à sua habilitação académica, verificámos que, para além da sua formação inicial, a quase totalidade dos profissionais (91%) não tinha efectuado formação pós-graduada – apenas 9% tinham realizado cursos de

formação especializada (7% em educação especial e 2% em intervenção precoce), sendo que todos eles possuíam o grau de licenciatura.

Figura 9 – Distribuição dos profissionais das EID de Portalegre em função do tipo de formação

Verificámos que a maioria dos profissionais que desempenham funções nas equipas de intervenção directa têm bastante experiência no domínio de intervenção referente à sua formação inicial (ver Figura 10), considerando que 53% destes profissionais trabalham há mais de seis anos e pouco menos de metade têm entre dois a cinco anos de experiência profissional, sendo que apenas uma reduzida percentagem se encontra no inicio da sua actividade laboral.

Figura 10 – Distribuição dos profissionais das EID de Portalegre em função do tempo de serviço total

Contudo, mais de 50% dos profissionais integram as equipas de intervenção directa há menos de um ano (ver Figura 11), pelo que o entrosamento na metodologia de trabalho da equipa poderá não ser ainda

Tempo de Serviço Total

< 1 ano 2% 6 a 9 anos 10% > 10 anos 43% 2 a 5 anos 45% Habilitação Académica Reabilitação 2% Terapia 24% S. Social 21% Psicologia 19% E. Infância 34%

muito consistente, considerando também a circunstância, anteriormente referida, de para a maioria destes profissionais a experiência de trabalho no domínio específico da intervenção precoce ser muito recente.

Figura 11 – Distribuição dos profissionais das EID de Portalegre em função do tempo de serviço na equipa

 Profissionais dos SIP da zona metropolitana de Lisboa

Os profissionais da região da grande Lisboa participaram inicialmente no estudo, com o objectivo de podermos efectuar uma análise prévia do instrumento utilizado para recolha dos indicadores de qualidade com base na autoavaliação dos profissionais. Nomeadamente, interessava-nos aferir qual o comportamento da escala em regiões cuja implementação dos projectos de intervenção precoce foi estruturada em tempos e modos diferentes, o que poderá reflectir-se no modo como os profissionais autoavaliam as suas práticas.

Na recolha de dados efectuada, nesta zona, colaboraram 35

profissionais que integravam Serviços de Intervenção Precoce (SIP)

promovidos por quatro instituições privadas de utilidade pública (Cooperativas de Solidariedade Social).

A composição das equipas é muito semelhante nas duas regiões (ver Quadro 7) no que diz respeito ao tipo de profissionais que as integram. Assim, os profissionais que procederam à autoavaliação da qualidade das suas práticas em intervenção precoce, na zona metropolitana de Lisboa, pertenciam às seguintes categorias profissionais: educação de infância (dez

)

, psicologia

Tempo de Serviço na EID

6 a 9 anos 0% > 10 anos 0% 2 a 5 anos 48% < 1 ano 52%

(seis), serviço social (cinco), terapia da fala (seis), terapia ocupacional (quatro), fisioterapia (dois) e educação especial e reabilitação (dois).

Quanto à sua habilitação académica, verificámos que a grande maioria dos profissionais (74%) tinha o grau de licenciatura, apenas uma percentagem reduzida (8%) tinha bacharelato, e que cerca de 18% tinha efectuado formação pós-licenciatura (mestrado, pós-graduação ou formação especializada em educação especial).

Quadro 7 – Distribuição da totalidade dos profissionais que participaram no estudo de autoavaliação da qualidade em função do tipo de formação e região

Educação Infância Psicologia Serviço Social Terapia Fala Terapia Ocupa. Fisio- terapia Técnico Reabilita. Portalegre 14 (33%) 8 (19%) 9 (21%) 5 (12%) 3 (7%) 2 (5%) 1 (2%) Lisboa 10 (29 %) 6 (17%) 5 (14%) 6 (17%) 4 (11%) 2 (6%) 2 (6%)

Constatámos que, embora a composição das equipas fosse semelhante nas duas regiões, havia uma diferença no tempo de serviço dos profissionais (ver Quadro 8), particularmente no que se refere ao tempo de serviço em intervenção precoce.

Quadro 8 – Distribuição da totalidade dos profissionais que participaram no estudo de autoavaliação da qualidade em função do tempo de serviço e região

Tempo de Serviço Total Tempo em Intervenção Precoce Tempo de Serviço EID ou SIP

Portalegre Lisboa Portalegre Lisboa Portalegre Lisboa

< 1 ano 1 (2%) 1 (3%) 16 (38%) 6 (18%) 22 (52%) 6 (18%)

2 a 5 anos 19 (45%) 7 (20%) 26 (62%) 11 (31%) 20 (48%) 14 (40%)

6 a 9 anos 4 (10%) 4 (11%) 0 7 (20%) 0 5 (14%)

> 10 anos 18 (43%) 23 (66%) 0 11 (31%) 0 10 (28%) Verifica-se que, para os profissionais do distrito de Portalegre, quer o tempo de serviço em intervenção precoce quer na EID é inferior a 6 anos (tendo em atenção o facto de as equipas de intervenção directa serem uma realidade relativamente recente, é natural que assim seja). No caso dos profissionais da região da grande Lisboa, 51% trabalham há mais de 6 anos no

domínio da intervenção precoce e 42% estão igualmente há mais de 6 anos a exercer funções no mesmo SIP.

No que se refere ao tempo total de serviço a diferença não é tão expressiva, apesar de se constatar que alguns dos profissionais da zona de Lisboa já desempenham a sua actividade laboral há um período de tempo superior, 66% trabalham há pelo menos 10 anos, enquanto no caso dos profissionais de Portalegre esta percentagem relativa é de 43%.

1.1.3. Profissionais participantes na observação das práticas

Os participantes no nosso estudo a nível da observação das práticas foram seleccionados da população anteriormente descrita, considerando a generalidade dos profissionais que integravam as equipas de intervenção directa do distrito de Portalegre. Assim, seleccionámos aleatoriamente 50% dos profissionais, de um total de 48, sendo de referir que a observação participada das práticas decorreu em 2007, pelo que se verificaram algumas alterações na constituição das equipas, nomeadamente no que diz respeito ao número de educadoras e também de terapeutas.

A quase totalidade dos profissionais, que integram as EID e que colaboraram no estudo de observação das práticas, é do sexo feminino (92%), havendo apenas a participação de dois elementos do sexo masculino.

Quadro 9 – Profissionais participantes no Estudo no Distrito de Portalegre

Categoria Profissional Totalidade de Profissionais Observação das Práticas Educadoras 20 (41%) 10 (41%) Psicólogas A. Sociais T. Fala T. Ocupacionais Fisioterapeutas T. Reabilitação 8 (17%) 7 (15%) 8 (17%) 2 (4%) 2 (4%) 1 (2%) 4 (17%) 4 (17%) 4 (17%) 1 (4%) 1 (4%) 0 Total 48 24

Decidimos manter na nossa amostra a proporcionalidade relativa das diferentes categorias profissionais que constituem as EID (ver Quadro 9), considerando que deste modo, teríamos um retrato mais fidedigno do tipo de práticas implementadas pelas equipas no apoio às famílias com crianças em situação de risco.

No hiato de tempo em que decorreu a recolha de dados (dois anos), relativa à autoavaliação dos padrões de qualidade e à observação participada das práticas, verificámos que alguns dos profissionais concluíram cursos de formação especializada, passando a percentagem relativa a ser de 13% com especialização em educação especial e de 8% dos profissionais das equipas com especialização em intervenção precoce.

1.1.4. Caracterização global das crianças e famílias apoiadas

Passamos a descrever a caracterização da totalidade das famílias e crianças apoiadas pelas equipas do distrito de Portalegre, com base em dados recolhidos através da “grelha de indicadores das equipas de intervenção directa”, preenchida mensalmente pelas referidas equipas, e que nos foram facultados pela Equipa de Coordenação Distrital de Portalegre de Intervenção Precoce. Esta constitui a população na qual se insere a amostra dos participantes observados no presente estudo.

Figura 12 – Distribuição das frequências da totalidade dos casos apoiados em função do escalão etário e sexo

91 77 261 127 21 13 373 217 0 50 100 150 200 250 300 350 400

0 aos 2 anos 3 aos 5 anos mais de 6 anos Total

Totalidade de Crianças Apoiadas

Rapazes Raparigas

Assim, no ano de 2007, foram apoiadas 590 crianças pela totalidade das EID (ver Figura 12), sendo que em termos de percentagem relativa, no que diz respeito à faixa etária, 28% das crianças apoiadas encontrava-se no escalão etário dos zero aos dois anos, a maioria (66%) tinha entre três e cinco anos e uma percentagem bastante reduzida (6%) tinha idade igual ou superior a seis anos de idade. E, tal como se verifica, habitualmente, no domínio das perturbações do desenvolvimento, o número de crianças apoiadas do sexo masculino era superior ao número de casos do sexo feminino.

No que concerne ao tipo de problemática dos casos acompanhados pela totalidade das equipas do distrito (ver Figura 13), constatámos que um número bastante significativo de casos (202) está a ser acompanhado devido a problemas no domínio da comunicação, linguagem e fala, sendo bastante superior ao número de situações de crianças com alterações nas funções ou estruturas do corpo (visão, audição, motora, cognitiva, multideficiência), que no seu conjunto representam 14% dos casos apoiados.

Figura 13 – Distribuição da totalidade dos casos apoiados em função do tipo de diagnóstico funcional a nível do desenvolvimento da criança

Verifica-se um número equivalente de situações em apoio devido a atrasos do desenvolvimento global (ADG), sem diagnóstico estabelecido (88), e com problemas do comportamento/personalidade (90), sendo ligeiramente superior o número de casos de crianças em risco de atraso grave do

Tipo de Problemática dos Casos Apoiados

Visão 1% Audição 2% Cognição 5% Motora 5% Multideficiência 1% Saúde 2% Personalidade 15% Linguagem 33% ADG 15% Risco AGD 21%

desenvolvimento (123). Na totalidade das situações acompanhadas pelos profissionais das EID, apenas um número bastante reduzido de casos (10) são apoiados devido a problemas de saúde.

No que diz respeito aos diagnósticos etiológicos da totalidade das situações em apoio, constata-se que a nível médico12, muitos dos casos se encontram ainda em estudo (48%), não se sabendo por isso a etiologia do problema de desenvolvimento, numa percentagem reduzida de situações (19%) o diagnóstico foi inconclusivo e em 33% dos casos o diagnóstico foi estabelecido, havendo um número idêntico de situações de trissomia XXI, de paralisia cerebral, de sindroma do espectro do autismo e de outros sindromas.

Relativamente aos diagnósticos etiológicos a nível psico-social, verifica- se que 19% das situações se encontram em estudo, sendo que os casos em apoio se repartem entre situações de negligência, num total de 41% (negligência física, 14%, negligência afectiva, 8%, e negligência educativa, 19%) e outras situações de risco, com uma percentagem elevada de 39%, estando, neste valor reflectidas outras categorias de diagnóstico, como por exemplo, mães adolescentes com e sem deficiência, pais toxicodependentes, falta de competências parentais, etc.

Constatámos ainda que, relativamente a situações de risco biológico e de risco ambiental, a maioria dos casos em apoio situa-se na faixa etária dos zero aos dois anos de idade (64%), diminuindo substancialmente o número de famílias apoiadas com crianças com estes dois tipos de risco, dos três aos cinco anos de idade (36%). Nas situações de condição estabelecida sucede exactamente o oposto, a percentagem de casos apoiados nas idades compreendidas entre os três e os cinco anos (71%) é muito superior relativamente a crianças com a mesma condição na faixa etária dos zero aos dois anos (25%).

12

Na altura da realização deste estudo, a classificação das problemáticas não se baseava ainda numa caracterização funcional das crianças estabelecida pelo modelo bio-psico-social (Simeonsson, Pereira, & Scarborough, 2003) e operacionalizada pela Classificação Internacional de Funcionalidade (OMS, 2005).

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