• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO II – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.2. Estado da Arte

Dissertar sobre o estado da arte do PNM é apresentar o que está descrito sobre a temática por outros autores, trabalhos e abordagens no que diz respeito aos incêndios florestais e consequentemente a utilização dos SIG como ferramenta de apoio à decisão contribuindo para um melhor ordenamento, prevenção e ação. Existem poucos trabalhos desenvolvidos no âmbito dos incêndios florestais na Região Autónoma da Madeira, não direcionados para o PNM em concreto, mas sim, para a área florestal da Região Autónoma da Madeira no seu todo. Neste trabalho pretendemos, como referido anteriormente, realizar um trabalho sobre o PNM concretamente. Os estudiosos da problemática dos incêndios florestais sentem a falta de uma palavra que identifique a ciência que estuda este fenómeno, portanto, o Prof. Doutor José Ribeiro Ferreira, professor catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, depois de ter auscultado vários colegas da sua Faculdade, propôs o termo de

1

dendrocaustologia para identificar a ciência que estuda os incêndios florestais e, a conclusão, proveniente do grego, foi:

 Dendro – que significa “árvore”.

 Kaustos – “que arde” derivado do verbo Kaio ou Kao – “incendiar; fazer queimar; consumir pelo fogo; acender”.

 Logos – “palavra; discurso; razão; ciência; tratado”.

Assim sendo, passaremos a designar “ciência que estuda os incêndios florestais” por uma única palavra “dendrocaustologia”. Utilizaremos conceitos e fundamentações de outros autores, não concretamente sobre o PNM, mas sim sobre os incêndios florestais e aplicabilidade dos SIG na sua prevenção e intervenção. Segundo Verde e Zêzere (2007) o fogo é um fenómeno que faz parte da cultura de determinadas populações para desenvolver

11

atividades, interligadas com a sua sobrevivência, nomeadamente agrícolas. Foi, sobretudo, a partir de meados da década de 70, do século passado, que o problema dos incêndios florestais se começou a conhecer, assumindo uma frequência significativa, com alguns deles a registarem elevada magnitude (Lourenço e Nave, 2006).

Segundo Cravidão (1990), as principais causas de incêndio florestal devem-se a fatores de natureza cultural e de índole socioeconómicos. Já para Rebelo (1980) as grandes condicionantes dos incêndios florestais são de natureza meteorológica, isto porque estas condicionam todas as restantes. O risco dendrocaustologico, isto é, de incêndio florestal, é o somatório de variados factores de natureza Física e Humana, tais como: condições meteorológicas (e.g. temperatura do ar elevada, humidade relativa baixa e vento moderado a forte) e Humanas (intencionais ou não). Juntando a todas estas existem ainda as geomorfológicas (altitudes, declives e exposições). Quanto mais acentuados forem os declives, tanto mais difícil será a extinção do fogo, quer devido a dificuldades de acessibilidade dos meios de combate, quer ao facto de facilmente se formarem ventos locais, contribuindo assim para um aumento significativo da velocidade de progressão das chamas. Importante é não descorar o grau de combustibilidade do coberto vegetal, bem como o uso/ocupação do solo. Segundo Macedo e Sardinha (1987), o risco de incêndio florestal está subjacente, a todos os factores, variáveis ou constantes, que afetam a ignição e a combustão, assim como o comportamento dos fogos e os danos que possam ocasionar. A avaliação dos riscos de incêndio florestal está dependente de uma panóplia de factores, onde muitos estão em constante mutação. Conforme Bachmann e Allgöwer (1999), traduzido por Pereira e Santos (2003), o risco de incêndio florestal baseia-se na probabilidade do acontecimento ter lugar num determinado local e sob determinadas condições, que por serem estudadas já era previsível. Ainda, e de acordo com Macedo e Sardinha (1993), o fogo florestal é um fenómeno devastador combustivo em espaço aberto com possibilidade de fácil progressão. Segundo Castro (2000) designa-se por uma combustão controlada sobre queimadas nos combustíveis à superfície. Ainda segundo Lourenço (2004), com um estudo aprimorado do histórico e estatístico dos incêndios é possível determinar que medidas implementar.

Como é do conhecimento geral, os incêndios florestais correspondem a uma combustão descontrolada que tem como comburente o oxigénio e, como combustível, um conjunto de substâncias vegetais naturais, constituídas quer pela manta morta, bem como outras vivas (e.g.

12

herbáceas, arbustivas ou arbóreas). De grosso modo podemos evidenciar o triângulo do fogo, combustível, comburente e energia de ativação (Carvalho & Lourenço, 2006). Assim sendo, se o combustível for reduzido, o incêndio vai ter muita dificuldade em progredir pelo que deverá ser uma das áreas a incidir para que os incêndios tenham salvação (Lourenço, 2006). Também sabemos que as principais causas dos fogos florestais são de origem antrópica, quer seja voluntário ou não. Os locais com clima de características mediterrânicas apresentam, normalmente, condições favoráveis para o despoletar de incêndios florestais, sendo factor preponderante, a coincidência da época mais quente com a época mais seca, assim, estão reunidas as condições mínimas para a ocorrência dos incêndios, como afirma Lourenço (1992). Os incêndios florestais assumem-se deste modo como o resultado da relação negativa entre o Homem moderno e o fogo. Os incêndios não são um fenómeno endémico, logo, não estão circunscritos a um único local ou país, contudo, não sendo homogénea e tendo uma distribuição espacial dispersa e distinta, isto devido às diferentes coordenadas de localização de cada país. Os países da bacia do mediterrâneo, com o clima mediterrânico, assistem todos os anos à ocorrência dos incêndios florestais sendo estes responsáveis pela destruição das matas e floresta (Viegas e Lourenço, 1989). Todos os grandes incêndios começam por pequenos focos, distinguindo-os apenas a sua dimensão, portanto, para uma reação rápida e eficaz à propagação dos incêndios florestais é primordial implementar locais propícios para um Ataque inicial (ATI) aos fogos emergentes, travando a sua progressão/evolução extinguindo-os e debelando-os. Importa descortinar onde atingem maior proporção e apurar o porquê e que factores estão interligados.

Segundo a Agência para a Prevenção de Incêndios Florestais (2005), o incêndio florestal pode ser definido como um fogo descontrolado em áreas arborizadas, ou não, ou que então tendo início em outros terrenos conseguem atingir os espaços florestais. Enquanto processo físico- químico de combustão de material vegetal, os incêndios florestais estão dependentes de dois fenómenos complementares: a ignição e a propagação. O primeiro consiste no aparecimento da primeira chama, após a absorção da energia de ativação pelo material combustível; o segundo baseia-se na disseminação da combustão pelos materiais combustíveis circundantes através da transmissão de calor por convecção, condução ou radiação, ou através do aparecimento de focos secundários, por projeção de material em combustão (Gonçalves, 2006).

13

É de realçar que foi facultada informação sobre a carta de suscetibilidade de incêndios florestais para a Ilha da Madeira e sobre a forma como foi executada, em relação aos declives e às exposições solares. O que existe para a ilha da Madeira é uma carta de suscetibilidade e não a carta de risco de incêndio, contudo, as variáveis diferem um pouco, tal como a metodologia e tem como objetivos delinear quais as possibilidades de ocorrer incêndios florestais tendo como pressupostos as variáveis inerentes a cada um dos conceitos (e.g. Carta de Suscetibilidade: histórico dos incêndios; dados climatéricos nomeadamente temperatura e humidade; uso do solo; grau de combustibilidade dos materiais; declives; exposições; rede viária; demografia; tempos de deslocação dos bombeiros e bacias de visão dos postos de vigia, enquanto que a carta de risco de incêndio contempla: ocupação do solo; declives; rede viária; exposições e densidade demográfica), portanto, não tendo a presunção de nos intrometermos no apuramento dos resultados, nem equacionar a obtenção destes, queremos deixar o nosso trabalho como mais uma possibilidade de aferir hipóteses de trabalho tendo como premissas variáveis diferentes mas com objetivos idênticos.

Documentos relacionados