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CAPÍTULO IV – PARQUE NATURAL DA MADEIRA

4.2. Ocupação e Uso do Solo

Na Ilha da Madeira a superfície florestal e outras zonas arborizadas ocupam quase mais de metade da ilha 46%, seguindo-se os espaços de herbáceas e matos com 33%. Quanto aos espaços improdutivos apenas ocupam 2%, enquanto, a prática da agricultura agrega 12%. Relativamente à área urbana, esta cinge-se apenas a meros 7% como se pode verificar no gráfico 1. A localização atual das culturas consideradas corresponde à terra com maior aptidão para o seu uso e a maior parte das terras cultivadas estão localizadas em socalcos, constituindo um obstáculo ao desenvolvimento das explorações agrícolas. Quanto aos espaços naturais e/ou de proteção existe a área em estudo, Parque Natural da Madeira, que abrange cerca de 2/3 da ilha. O Parque Natural da Madeira compreende diferentes áreas que, pelo elevado valor biológico e/ou paisagístico, importância científica, carácter e raridade, representatividade ou vulnerabilidade dos seus componentes naturais, se destacam das outras zonas do território. A RAM viu incluída uma grande parte do seu território (27,5%) na Rede Natura 2000, constituída por 11 sítios, por se considerar que juntamente com as Canárias, constitui uma das zonas com maior biodiversidade em todo o mundo e em vias de ser aprovadas mais 7 novas áreas que incluem aproximadamente mais 2.114 hectares à Rede Natura 2000 (rede Ecológica Europeia), tutelada pela Secretaria Regional do Ambiente e Recursos Naturais. Estas novas áreas são: Paul do Mar – Jardim do Mar; Ribeira Brava; Cabo Girão; Caniço de Baixo; Porto Novo; Machico e Pico do Facho, redefinindo os limites de outros 4 sítios, mais concretamente: Laurissilva da Madeira, Moledos – Madalena do Mar; Ponta de São Lourenço e Pináculo.

A vegetação da Ilha da Madeira encontra-se profundamente marcada pela ação do Homem. É muito pouco extensa a área com formações de espécies indígenas, além de reduzidíssima aquela a que corresponde uma composição florística original, pois a atividade humana desordenada que tem caracterizado a ocupação do território fez com que a vegetação natural tenha sido intensivamente destruída (ou, pelo menos, tenha sofrido uma acentuada degradação) e como tal haja sido substituída por espécies visando a produção agrícola, florestal ou pecuária. As culturas praticadas dizem fundamentalmente respeito a: bananeira; cana-de-açúcar; vinha; árvores de fruta; cereais e hortícolas diversas. Com exceção da bananeira e da cana-de-açúcar que são culturas estremes, as demais (incluindo a própria vinha) cultivam-se em geral consociadamente num sistema típico de policultura intensiva. As

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árvores de fruta, que só muito excecionalmente constituem verdadeiros pomares, compreendem quer espécies tropicais (nomeadamente abacateiros, anoneiras, mangueiras, maracujazeiros e papaieiras) quer espécies originárias de regiões temperadas como castanheiros, citrinos, figueiras, nespereiras, nogueiras, pomóideas e prunóideas. Os cereais cultivados são sobretudo milho e trigo. Quanto às hortícolas tem-se, com maior expressão, batata, batata-doce, fava, feijão, inhame, tremoço e as vulgares culturas de subsistência. A área agricultada desenvolve-se sobretudo abaixo dos 600m, tendo em geral as explorações agrícolas pequenas dimensões e ocupando terrenos de maior ou menor declive, como regra densamente armados em socalcos artificiais, denominados "poios".

Gráfico 1 – Áreas referentes aos diversos tipos de usos dos solos (Fonte: IFRAM2)

As espécies florestais encontram-se predominantemente entre os 200/250m de cota e a elevada altitude de 1600m, correspondendo-lhes matas de espécies exóticas sobretudo de

Pinus pinaster Ait. e de Eucalyptus sp. e uma floresta autóctone de loureiros. As matas têm

muito maior representatividade na parte sul da ilha do que na parte norte e, em geral, não se distribuem para além dos 1000/1200m. A floresta de loureiros apresenta-se como uma frondosa floresta ombrófila grandemente dominada por Laurus Azorica (Seub.) Franco, cujos exemplares chegam a atingir o elevado porte de cerca de 30m; a formação encontra-se

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 Floresta e outras áreas arborizadas Matos e herbáceas

Improdutivos Agricultura Urbano Águas interiores 46 33 2 12 7 0,32

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reduzida a áreas dispersas localizadas principalmente acima dos 400m e dela também fazem parte as espécies Ocotea foetens (Ait.) Baill., Clethra arborea Ait. e Prunus lusitanica L. O mato com a sua fisionomia típica apresenta-se como uma comunidade de arbustos de elevado porte e em formação bastante densa. Ocorre entre cerca de 1200m e 1500m de altitude e as espécies dominantes que o constituem são Erica arborea L., Laurus azorica (Seub.) Franco com porte arbustivo, Myrica faya Ait. e Vaccinium padifolium Rees.

Tanto o mato como a floresta ombrófila encontram-se quase exclusivamente confinados às encostas muito declivosas e aos vales das zonas de relevo acidentado, ocorrendo principalmente na parte norte da ilha onde por vezes podem ocupar áreas com alguma extensão. Normalmente uma e outra formação já não apresentam nem a composição original característica nem a correspondente fisionomia, a não ser em locais recônditos (poucos) que pela sua inacessibilidade se têm mantido preservados da intensa degradação provocada pela atividade humana desordenada.

Os prados naturais ocorrem nas elevadas altitudes em correspondência com zonas planálticas, "achadas" e encostas mais ou menos declivosas, normalmente a partir dos 1000m e podendo atingir os locais mais altos da ilha. Do ponto de vista florístico os prados são constituídos por: um tapete de gramíneas rasteiras e de outras espécies herbáceas, cobrindo irregularmente o solo; um estrato mais ou menos contínuo de fetos [Pteridium aquilinum (L.) Kuhn]; e, todavia, sem ir além duma certa altitude limite, alguns tufos arbustivos dispersos principalmente de Erica sp., Thymus caespititius Brot. e Sorbus maderensis Dode. A composição típica desta comunidade encontra-se no presente fortemente degradada, como consequência do intenso pastoreio e das práticas nefastas a ele associadas a que as respetivas áreas têm estado sujeita.

De um modo geral, na Ilha da Madeira, a ocupação do solo denuncia uma diversidade de usos, onde ainda se salientam os espaços rurais, afetos às atividades residenciais e agrícolas, e os espaços naturais e de floresta, na sua maioria espaços protegidos. A estes usos acrescentam-se os usos urbanos, que se estendem ao longo do litoral, especialmente na costa Sul, bem como pequenos núcleos industriais, que aparecem pontualmente, como é o caso do Parque Industrial da Cancela, no Caniço, e da Zona Franca, no Caniçal, Ribeira Brava, Câmara de Lobos, Calheta. Por outro lado, há que considerar as restrições e servidões de

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utilidade pública, das quais fazem parte as áreas do PNM, que constituem condicionantes da ocupação do solo.

Os gráficos que se seguem (2, 3, 4, 5) têm como suporte os totais aferidos no gráfico 1 consubstanciados nos dados do IFRAM 2 realizado na Ilha da Madeira, como se pode constatar na tabela que se segue. Existe um dado muito importante, os dados referenciados nos gráficos, tal como, na tabela abaixo descrita, não consta os valores do uso do solo referente à ocupação urbana 7%. Os valores contidos nos gráficos 2, 3, 4, 5 é simplesmente a expressão do que se pode analisar na coluna das (%) do item “Área” da Tabela 2.

Tabela 2- Usos do solo por agrupamento de Concelhos da Ilha da Madeira (Fonte: IFRAM 2)

Grupo de concelhos Uso do solo

Área ha % erro-padrão (ha) Ilh a d a M a d eira

Centro Floresta e outras áreas arborizadas 3 858 5 ± 254 Funchal e Câmara de Lobos Matos e herbáceas 4 295 5 ± 261 Outros usos 4 403 5 ± 262

Leste Floresta e outras áreas arborizadas 6 244 8 ± 285 Machico e Santa Cruz Matos e herbáceas 3 380 4 ± 247 Outros usos 3 955 5 ± 260

Norte Floresta e outras áreas arborizadas 16 641 21 ± 376 Santana, São Vicente e Porto Moniz Matos e herbáceas 5 551 7 ± 324 Outros usos 3 533 4 ± 271

Oeste Floresta e outras áreas arborizadas

7 302 9 ± 343

Calheta, Ponta do Sol e Ribeira Brava

Matos e herbáceas 11 024 14 ± 366

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Gráfico 2 – uso do solo, zona centro da Ilha da Madeira (Fonte: IFRAM2)

Gráfico 3 – uso do solo, zona leste da Ilha da Madeira (Fonte: IFRAM2)

Gráfico 4 – uso do solo, zona norte da Ilha da Madeira (Fonte: IFRAM2)

Gráfico 5 – uso do solo, zona oeste da Ilha da Madeira (Fonte: IFRAM2)

5

5 5

Área do uso do solo Funchal/Câmara de Lobos (%)

Floresta e outras áreas arborizadas Matos e herbáceas Outros usos Zona centro 8 4 5

Área do uso do solo Machico/Santa Cruz (%)

Floresta e outras áreas arborizadas Matos e herbáceas Outros usos Zona Leste 9 14 5

Área do uso do solo Calheta/Ponta do Sol/Ribeira Brava (%)

Floresta e outras áreas arborizadas Matos e herbáceas Outros usos Zona Oeste 21 7 4

Área do uso do solo Santana/São Vicente/Porto Moniz (%)

Floresta e outras áreas arborizadas Matos e herbáceas

Outros usos

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