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Carta de risco de incêndio florestal para o Parque Natural na Ilha da Madeira

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

“CARTA DE RISCO DE INCÊNDIO FLORESTAL PARA O PARQUE

NATURAL NA ILHA DA MADEIRA”

DISSERTAÇÃO

MESTRADO EM SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA

SEBASTIÃO ANDRÉ MENDES DE AGRELA

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

“CARTA DE RISCO DE INCÊNDIO FLORESTAL PARA O PARQUE

NATURAL NA ILHA DA MADEIRA”

DISSERTAÇÃO

MESTRADO EM SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA

SEBASTIÃO ANDRÉ MENDES DE AGRELA

ORIENTADOR: PROFESSOR DOUTOR JOSÉ TADEU MARQUES ARANHA

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

“CARTA DE RISCO DE INCÊNDIO FLORESTAL PARA O PARQUE

NATURAL NA ILHA DA MADEIRA”

DISSERTAÇÃO

MESTRADO EM SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA

SEBASTIÃO ANDRÉ MENDES DE AGRELA

ORIENTADOR: PROFESSOR DOUTOR JOSÉ TADEU MARQUES ARANHA

COMPOSIÇÃO DO JURI:

(4)

I

AGRADECIMENTOS

Obstáculos e dificuldades encontradas no decorrer deste trabalho foram inúmeros, momentos de menor motivação/inspiração contornados pelas premissas que sustentam a vontade de finalizar mais um arquétipo de vida académica, contribuíram com imenso fulgor para a minha inquietação em conseguir almejar os pressupostos a que me propôs.

Os agradecimentos aos intervenientes que colaboraram, direta ou indiretamente, na execução deste trabalho de dissertação são parte integrante na sua génese. Quero publicamente descrever esses atores e todas as entidades que disponibilizaram informação/dados pertinentes para a execução deste trabalho.

 Secretaria Regional do Ambiente e Recursos Naturais,

 Engenheiro Miguel Branco, chefe de Gabinete do Secretário;  Direção Regional de Florestas e Conservação da Natureza;

 Engenheiro Rocha da Silva;

 Professor Doutor Miguel Sequeira;  Engenheiro Nuno Serralha.

 Parque Natural da Madeira,

 Doutor Paulo Oliveira e Engenheira Sara Freitas.  Direção Regional do Ordenamento do Território e Ambiente,

 Doutor Duarte Costa.

 Serviço Regional de Proteção Civil,

 Presidente do SRPC, IP-RAM, Coronel Luís Neri;  Direção Regional de Estatística da Madeira,

 Doutora Emília Alves;

 Serviço Regional do Instituto Português de Meteorologia e Ambiente,  Doutor Vítor Prior;

 Especial agradecimento ao Doutor Uriel Abreu pelo seu contributo pessoal.

(5)

II  Agradeço ao Doutor Luís Antunes pelo seu empenhamento dedicação e paciência.

Um bem-haja especialíssimo para o Professor Doutor José Tadeu Aranha pelo seu superior acompanhamento.

Para os que comigo vivem todos os meus momentos, felizes, mas também mais agonizantes, quero desejar-lhes o meu mais profundo agradecimento pela sua paciência, motivação e muita resiliência em permanecer junto de mim, o que por vezes torna-se uma tarefa hercúlea. A minha família:

Bernardette Agrela, Esposa; Nicole Agrela, Filha; Wilson Agrela, Filho.

“Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes. Assim em cada lago a lua toda brilha, porque alto vive.” Ricardo Reis, in “Odes” Heterónimo de Fernando Pessoa.

Este é o lema que carateriza o espirito de sacrifício e dedicação existente no seio familiar, o meu obrigado, FAMÍLIA.

(6)

III As doutrinas apresentadas no presente trabalho são da inteira responsabilidade do autor.

(7)

IV

ÍNDICE GERAL

ÍNDICE GERAL ... IV ÍNDICE DE FIGURAS ... VII ÍNDICE DE TABELAS ... IX ÍNDICE DE GRÁFICOS ... X RESUMO ... XII ABSTRACT ... XIII ACRÓNIMOS ... XIV

CAPÍTULO I – ASPETOS INTRODUTÓRIOS ... 1

1.1. Introdução ... 1

1.2. Objetivos ... 3

1.3. Motivação ... 4

CAPÍTULO II – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 6

2.1. Abordagem conceptual ... 6 2.1.1. Probabilidade ... 8 2.1.2. Suscetibilidade ... 8 2.1.3. Perigosidade ... 8 2.1.4. Vulnerabilidade ... 9 2.1.5. Dano Potencial ... 9 2.1.6. Risco ... 9

(8)

V

2.2. Estado da Arte ... 10

2.3. Breve historial sobre os Sistemas de Informação Geográfica. ... 13

2.3.1. No Mundo ... 13

2.3.2 Na Europa ... 15

2.3.3. Breve resenha Histórica sobre o desenvolvimento do Sistema de Informação Geográfica em Portugal. ... 16

2.3.4. Vantagens e Desvantagens ... 17

2.3.5. Alguns exemplos de SIG aplicados à gestão de risco de incêndio florestal ... 19

CAPÍTULO III - METODOLOGIA ... 20

3.1. Metodologia ... 20

3.2. Ferramentas utilizadas na manipulação dos dados ... 22

CAPÍTULO IV – PARQUE NATURAL DA MADEIRA ... 27

4.1. Âmbito ... 27

4.2. Ocupação e Uso do Solo ... 30

4.3. Paisagem Florestal ... 35

CAPÍTULO V – ANÁLISE AOS RESULTADOS ... 37

5.1. SIG nos Incêndios Florestais ... 37

5.2. Modelo Digital do terreno ... 41

5.3. Bacias de visibilidade das torres de vigilância ... 41

5.4. Carta dos Declives ... 42

(9)

VI

5.6. Carta dos Eixos de Via ... 44

5.7. Carta da Densidade Populacional ... 44

5.8. Carta da Ocupação do Solo (COS) ... 45

5.9. Recorrência do fogo ... 46

5.10. Carta de Risco do Parque Natural na Ilha da Madeira ... 48

5.11. Análise dos resultados ... 49

CAPÍTULO VI - CONCLUSÕES ... 63

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 66

(10)

VII

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1- Procedimento de cálculo dos declives ... 23

Figura 2- Procedimento de cálculo das exposições ... 23

Figura 3- Procedimento de cálculo dos eixos de via ... 24

Figura 4- Procedimento de cálculo da densidade ... 24

Figura 5- Procedimento de cálculo da COS ... 26

Figura 6- Procedimento de cálculo da CRIF ... 26

Figura 7 – Localização da Ilha da Madeira (Fonte: Google earth) ... 28

Figura 8 – Enquadramento do PNM ... 29

Figura 9 – Áreas Ardidas na Madeira no ano de 2006 (Fonte: DRF) ... 39

Figura 10 – Áreas Ardidas na Madeira no ano de 2007 (Fonte:DRF) ... 39

Figura 11 – Áreas Ardidas na Madeira no ano de 2008 (Fonte: DRF) ... 39

Figura 12 – Áreas Ardidas na Madeira no ano de 2009 (Fonte: DRF)………...39

Figura 13 – Áreas Ardidas na Madeira no ano de 2010 (Fonte: DRF) ... 39

Figura 14 – Áreas Ardidas na Madeira no ano de 2011 (Fonte: DRF) ... 39

Figura 15 – Áreas Ardidas na Madeira no ano de 2012 (Fonte: DRF) ... 39

Figura 16 – Áreas Ardidas na Madeira no ano de 2013 (Fonte: DRF) ... 39

Figura 17 – Ocupação do solo segundo a Corine land Cover 2006 (Fonte: DROTA) ... 40

Figura 18 – Áreas ardidas entre os anos 2006 e 2013 por ocupação do solo (Fonte: DROTA) ... 40

(11)

VIII

Figura 19 – Modelo Digital do terreno ... 41

Figura 20 – Bacias de visibilidade das torres de vigilância ... 41

Figura 21 – Carta de classes de perigo de incêndio em função dos declives ... 42

Figura 22 – Carta de classes de perigo de incêndio em função das exposições ... 43

Figura 23 – Carta de classes de perigo de incêndio em função dos eixos de via ... 44

Figura 24 – Carta de classes de perigo de incêndio em função da densidade populacional .... 44

Figura 25 – Carta de classes de perigo de incêndio em função da Ocupação do Solo ... 45

Figura 26 – Carta da recorrência do fogo ... 46

Figura 27- Reincidência de áreas ardidas na Ilha da Madeira (2006 a 2013) incluindo a área ardida em 2016 no Concelho do Funchal ... 47

Figura 28 – Carta de risco de incêndio florestal da ilha da Madeira ... 48

Figura 29 – Carta de risco de incêndio florestal no Concelho da Calheta ... 50

Figura 30 – Carta de risco de incêndio florestal no Concelho da Ponta do Sol ... 51

Figura 31 – Carta de risco de incêndio florestal no Concelho da Ribeira Brava ... 52

Figura 32 – Carta de risco de incêndio florestal no Concelho de Câmara de Lobos ... 53

Figura 33 – Carta de risco de incêndio florestal no Concelho do Funchal ... 54

Figura 34 – Carta de risco de incêndio florestal no Concelho de Santa Cruz ... 55

Figura 35 – Carta de risco de incêndio florestal no Concelho de Machico ... 56

Figura 36 – Carta de risco de incêndio florestal no Concelho de Santana ... 57

Figura 37 – Carta de risco de incêndio florestal no Concelho de São Vicente ... 58

(12)

IX Figura 39- Procedimento de cálculo estatistico sobre as cotas (máxima e minima) das áreas ardidas ... 60

(13)

IX

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 – Ponderação das variáveis do guia metodológico ... 21 Tabela 2- Usos do solo por agrupamento de Concelhos da Ilha da Madeira (Fonte: IFRAM 2) ... 33 Tabela 3 – Área ardida por ano na Ilha da Madeira (Fonte:DRF) ... 37 Tabela 4 – Área ardida por uso do solo (Fonte: DRF) ... 37 Tabela 5 – Áreas territoriais de cada Concelho, área de PNM na Ilha da Madeira e nos Concelhos, (%) e área de Risco de incêndio Elevado e Muito e Elevado nos Concelhos da Ilha da Madeira (Fonte: IFRAM2). Legenda: E, elevado; M.E. Muito Elevado ... 49

(14)

X

ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Áreas referentes aos diversos tipos de usos dos solos ... 31

Gráfico 2 – uso do solo, zona centro da ilha...34

Gráfico 3 – uso do solo, zona este da ilha...34

Gráfico 4 – uso do solo, zona norte da ilha ... 34

Gráfico 5 – uso do solo, zona oeste da ilha...34

Gráfico 6 – Áreas de floresta na globalidade da ilha ... 35

Gráfico 7 – Diferenciação das áreas de floresta cultivada...35

Gráfico 8 – Área do tipo de floresta, zona este ... 36

Gráfico 9 – Área do tipo de floresta, zona centro ... 36

Gráfico 10 – Área do tipo de floresta, zona oeste...36

Gráfico 11 – Área do tipo de floresta, zona norte ... 36

Gráfico 12 – classes de risco de incêndio no Concelho da Calheta (%)...50

Gráfico 13 – classes de risco de incêndio no Concelho da Ponta do Sol (%) ... 51

Gráfico 14 – classes de risco de incêndio no Concelho da Ribeira Brava (%) ... 52

Gráfico 15 – classes de risco de incêndio no Concelho de Câmara de Lobos (%) ... 53

Gráfico 16 – classes de risco de incêndio no Concelho do Funchal (%) ... 54

Gráfico 17 – classes de risco de incêndio no Concelho de Santa Cruz (%) ... 55

Gráfico 18 – classes de risco de incêndio no Concelho de Machico (%) ... 56

(15)

XI Gráfico 20 – classes de risco de incêndio no Concelho de São Vicente (%) ... 58 Gráfico 21 – classes de risco de incêndio no Concelho de Porto Moniz (%) ... 59

(16)

XII

RESUMO

Situado na placa Africana, concretamente na região intraplaca, o Arquipélago da Madeira, formado no miocénico, é de origem vulcânica do tipo “hot Spot” e assenta em pleno domínio oceânico. Como ilha que é, e sendo 2/3 do seu território considerado Parque Natural onde coabitam a natureza, endémica por vezes, e as suas gentes, torna-se elementar estudar qual a relação que existe entre a população e o ambiente. Pretendemos com esta dissertação estudar a ocorrência dos incêndios florestais entre os anos de 2006 a 2013, na Ilha da Madeira, aferindo as suas dimensões, cruzando estes dados com a permanência, proximidade e interação da população como consequência/causa, ou não, destes fenómenos inusitados. A gestão de toda a envolvência inerente à premissa que consubstancia a temática deste trabalho está subjacente à tarefa draconiana de conseguir reunir os elementos necessários, contudo, apraz-me a colaboração, após alguma insistência, de entidades regionais com responsabilidades na matéria. Pela primeira vez na história da Região Autónoma da Madeira, no ano de 2015, foi publicada uma Resolução do Governo Regional onde está explanado um plano operacional para a época crítica dos incêndios florestais impondo uma estreita colaboração entre todas as entidades com responsabilidade no tema e despoletando mecanismos que já estavam inutilizados havia mais de 20 anos (e.g. as torres de vigilância). O fogo é um fenómeno natural muitas vezes aliado do Homem no desenvolvimento da sociedade, na renovação dos solos, modelação das paisagens e florestas, mas que quando escapa ao seu controlo, ataque inicial, transforma-se em incêndio, comportando-se de forma imprevisível com formatos inimagináveis, gerando consequentemente danos próprios destes fenómenos. Pretende-se, assim, proceder à elaboração de uma Carta de Risco de Incêndio Florestal para o Parque Natural da Madeira e tentar perceber e tirar ilações sobre eventuais características próprias e propícias da Ilha da Madeira na sua relação com os fogos, antecipando-se aos acontecimentos, gerando soluções alternativas, prestando apoio à decisão bem fundamentada.

(17)

XIII

ABSTRACT

Situated in the African plate, specifically in the intraplate region, Madeira Island, formed in the Miocene, it is of volcanic origin of “hot Spot” type and is positioned in the oceanic domain. Like an island it is, 2/3 of its territory is being considered a Natural Park where nature, sometimes endemic, coexist with people, which makes elementary to study what the relationship that exists between the population and the environment. I pretend with this dissertation to study the occurrence of forest fires from the year of 2006 up to 2013, in Madeira Island, considering their dimensions, crossing these data with the conservation policy, proximity and interaction of the population as consequence/cause, or not, these unusual phenomena. The management of the entire environment inherent the premise that supports the thematic of this work underlies the draconian task to get together the elements required, however, it satisfies me the collaboration, after some insistence, of regional entities with responsibilities in the matter. For the first time in history of Madeira, in the year 2015, it was published one resolution of the regional government where is explain an operational plan for the critical season of the forest fires imposing a close collaboration between all the entities with responsibility in theme and triggering mechanisms that already been destroyed for more than 20 years (e.g.) the vigilant towers. The fire is a natural phenomena often ally of man in the development of society, the renewal of soils, modeling of landscapes and forests, but when escapes the control of the man, initial attack, transforms in a fire, behaving unpredictably with unimaginable formats, consequently comes the own damage of these phenomena. The elaboration of a letter of forest fire risk for the Natural Park of Madeira, we pretend to try to understand and take conclusions about eventual own characteristics and favorable of the Madeira island in its relationship with the fires, anticipating the events, generating workarounds, providing support to well founded decision.

(18)

XIV

ACRÓNIMOS

ATI, Ataque inicial

APIF, Agência para a Prevenção de Incêndios Florestais BGRI, Base Geográfica de Referenciação de Informação CGI, Canadian Geographic Information System

CLC, CORINE Land Cover

CLIMAT-II- RAM, Clima e Meteorologia dos Arquipélagos Atlânticos II CEE, Comunidade Económica Europeia

CNIG, Centro Nacional de Informação Geográfica COS, Carta de Ocupação do Solo

CRIF, Carta de Risco de Incêndio Floretal

DECIF, Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais DREM, Direção Regional de Estatística da Madeira

DRFCN, Direção Regional das Florestas e Conservação da Natureza DROTA, Direção regional do Ordenamento do território e do Ambiente EUA, Estados Unidos da América

EUROSTAT, Gabinete de Estatistica da União Europeia ESRI, Environmental Systems Research Institute

FFP, Fundo Florestal Permanente FIMT, Fire Incidente Mapping Tool

(19)

XV GEOCID, Plataforma Geográfica para o Cidadão

GISDATA, Sistema de Informação Geográfica de Dados GNR, Guarda Nacional Republicana

ICNF, I. P., Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, Instituto Públlico INSPIRE, Infraestrutura Europeia de Informação Geográfica

IFRAM, Inventário Florestal da Região Autónoma da Madeira IFRAM 2, 2º Inventário Florestal da Região Autónoma da Madeira. IP – RAM, Instituto Público da região Autónoma da Madeira

JNIC, Junta Nacional de Investigação Geográfica

JORAM, Jornal Oficial da Região Autónoma da Madeira LEPP, Locais Estratégicos de Pré-Posicionamento NASA, National Aeronautics and Space Administration OPF, Organizações de Produtores Florestais

PDDFCI, Plano Distrital de Defesa da Floresta Contra Incêndios PGF, Plano de Gestão Florestal

PMDFCI, Plano Municipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios PNM, Parque Natural da Madeira

POCIF – RAM, Plano Operacional de Combate aos Incêndios Florestais da Região Autónoma da Madeira

POG, Plano Orientador de Gestão

(20)

XVI PROF – RAM, Plano Regional de Ordenamento Florestal

PROGIP, Projeto de Apoio aos Planos Municipais de Ordenamento do Território

PROSIG, Projeto de Apoio à Criação de Nós Locais em Sistemas de Informação Geográfica RAM, Região Autónoma da Madeira

RDFCI, Redes de Defesa da Floresta Contra Incêndios RNPV, Rede Nacional de Pontos de Vigia

SGO, Sistema de Gestão de Operações SIG, Sistemas de Informação geográfica

SIOPS, Sistema Integrado de Operações de Proteção e Socorro SNIG, Sistema Nacional de Informação Geográfica

SRA, Secretária Regional do Ambiente

SRPC, IP – RAM, Serviço Regional de Proteção Civil da Região Autónoma da Madeira UNDRO, United Nations Disaster Relief Organization

UNESCO, United Nations Educational, Scientific and Cultural organization UTAD, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

(21)

1

CAPÍTULO I – ASPETOS INTRODUTÓRIOS

1.1. Introdução

Será que a Sociedade está preparada, educada ou devidamente informada/sensibilizada para “conviver” com a floresta? Não. Basta interiorizar os conceitos, sem perceber o seu verdadeiro significado, de sociedade de risco, deste modo, achamos todos que a proteção civil pertence apenas ao Estado não nos sendo nada familiar. O individualismo social sobrepôs-se ao sentido do coletivo, ao todo, à participação, à inclusão social. Segundo Lourenço (2005) a floresta sendo um bem do interesse de todos é na mesma proporção um dever defende-la de atos inapropriados consubstanciando a sua defesa, respeitando a sua “…integridade,

preservação e vigilância…”. Devemos, ainda de acordo com o mesmo autor, arquitetar

“…numa panóplia de ações estruturais, operacionais e culturais…”, próprios de uma sociedade desenvolvida, a defesa da floresta e a sua sustentabilidade.

A perceção do risco está demasiado recalcada nas emoções de cada indivíduo e sua envolvência cultural, guiando-nos na perceção que existe sobre o risco e, sobre este pensamento, estruturar a ação/reação na confrontação com um fenómeno inusitado que possa advir, (Queirós, 2000). Em Portugal não está implementado o conceito de risco aceitável, não aceitável, ou mesmo, tolerável. A análise do risco é o uso da informação disponível na sua avaliação, induzido por fenómenos de carácter natural, e que estão expostos os indivíduos, populações, bens e ambiente.

A UNDRO e a UNESCO definem, perigo natural: “…representa a probabilidade de

ocorrência de um potencial fenómeno catastrófico, num período de tempo específico e numa determinada área.” A introdução da atividade humana como fator de perigosidade, para além

da componente física, induzindo processos antrópicos (degradação ambiental e perigos tecnológicos), como possibilidade do despoletar situações originárias de risco para a sociedade.

(22)

2

Na gíria o conceito de risco é entendido como dano potencial e probabilidade de ocorrência, isto de forma desorganizada, contudo, tentaremos definir risco como resultado do cruzamento entre a perigosidade e o dano potencial demonstrando que a indicação do local onde pode ocorrer e com que severidade, conjuntamente com a localização do maior dano. De acordo com Bachemann e Allgower (1999), o risco de incêndio florestal, define-se, segundo a tradução de Pereira e Santos (2003), como um fenómeno advindo de um determinado lugar com características específicas e suas circunstâncias adjacentes. O pensamento das pessoas sobre o conceito de risco está subjacente à proximidade dos seus bens e, sobrevivência, aos incêndios e suas consequências devastadoras, logo, assemelham a sua exposição aos riscos, com a possibilidade destes, devastarem tudo que está na sua posse. Esquecem a prevenção, vigilância e toda uma atividade de preparação para o combate. Concluindo, devemo-nos preocupar onde é mais provável que o incêndio ocorra e com os valores que aí existem. Com o entendimento dos valores em causa, a consciencialização geral de todos os intervenientes da gestão do risco pode ser determinante para uma resposta capaz e adequada. A floresta só poderá ser mais resiliente se a sua população tiver o conhecimento do que ela, floresta, representa.

Uma área protegida é um espaço geográfico definido, reconhecido e gerido, de forma concisa, por meios legais eficazes, com vista à preservação, a longo prazo, da natureza associada aos serviços dos ecossistemas e ao património cultural. O Parque Natural na Madeira é, então, uma reserva biogenética na qual pode ser encontrada uma fauna e flora únicas, onde se incluem espécies em risco de extinção, constituindo assim uma relíquia a nível mundial. O Parque Natural da Madeira ocupa 2/3 do total do território da Ilha da Madeira, incluindo:

 11 Sítios de interesse comunitário decorrentes da diretiva habitat`s;  4 Sítios de zona de proteção especial decorrentes da diretiva das aves;  Reservas naturais integrais;

 Reservas naturais parciais;  Reserva geológica;

 Reserva de vegetação de altitude;  Reserva de vegetação do litoral:  Espaços de recreio e lazer;  Floresta Laurissilva e Lauráceas;

(23)

3  Zona de repouso e silêncio.

Importante salientar que esta exposição aos riscos naturais potencia consequências devastadoras no desenvolvimento humano e nas suas atividades sobre o espaço físico, bem como, na preservação de todos os habitats, endémicos, e não só, existentes. A presença de grandes áreas de floresta parcialmente ocupada por matos (combustível), associadas a condições climatéricas (meteorologia), orografia do território (altitudes/declives/exposições), crescente abandono das áreas florestais e do seu cultivo (ocupação/uso do solo), vias rodoviárias, esquecimento dos pontos de vigia e “desprezo” pela manutenção/criação de novos e estratégicos pontos de água, atesta que nos deparamos com a presença de áreas de obrigatória gestão face à problemática dos incêndios florestais. Tendo em conta todos os fatores anteriormente descritos, urge criar mecanismos que minimizem/monitorizem e contribuam para o desenvolvimento de estratégias adequadas para atenuar o flagelo dos incêndios florestais, possibilitando a todos que usufruam da beleza natural e única do Parque Natural da Madeira.

1.2. Objetivos

Sendo madeirense e trabalhando para o Estado Português, apraz-me ter o privilégio de contribuir com o meu trabalho de dissertação de Mestrado no âmbito dos Sistemas de Informação Geográfica, para alertar para a importância que pode advir do uso de uma ferramenta poderosíssima como o SIG numa área de muito prestígio e interesse para a Humanidade, que é a preservação do PNM.

Pretendo com este trabalho alertar para a necessidade do planeamento de emergência e segurança na área do PNM, tendo em conta a envolvência/convivência, participação do Homem nas áreas limítrofes, ou não, do PNM. O Homem é parte indissociável do meio ambiente, portanto, esta correlação não é estática nem imutável, quando se dá a junção de procedimentos não regulamentares origina-se os desastres naturais. Gostaria, com este estudo, de aferir, se é possível concretizar e interligar a “colaboração” do Homem na desflorestação do PNM e o crescimento das incidências dos incêndios.

(24)

4

Como objetivo último gostaria de comprovar, com este trabalho, que é possível a coexistência do Homem/Natureza se existir bom planeamento, consciencialização, programação e adequação de todos os fatores contribuintes para a conformidade do saber estar respeitando,

“Virtus in médium est”.

Assim, constitui objetivo geral propor o desenvolvimento de um trabalho, com base na utilização de ferramentas disponibilizadas por sistemas de informação geográfica e, seus benefícios, na área da prevenção de riscos naturais, para a preservação, proteção e monitorização das áreas do PNM.

 Pretendo criar uma carta de risco de incêndio florestal para o Parque Natural da Madeira;

 Executar uma análise dos incêndios florestais na Ilha da Madeira, mais concretamente no seu Parque Natural, nos anos de 2006 a 2013;

 Analisar o grau de risco de incêndio num determinado momento e local/região;  Proceder à análise aos postos de vigia, e à aferição do seu campo de atuação;  Detetar onde colocar os pontos iniciais de ataque (LEPP).

Quando se consegue descortinar os locais mais prováveis à ocorrência de fogos e apercebermo-nos dos valores em causa, desenvolvemos estratégias que visam a prevenção. Esta será a premissa a que me proponho concluir e contribuir com o desenvolvimento deste trabalho. Estas são as questões de partida que nortearão a dissertação neste trabalho.

1.3. Motivação

É em consonância e articulação com o desenvolvimento pessoal e a contribuição social, disponibilizando os dados auferidos com este estudo na aplicação dos conhecimentos adquiridos ao longo da aprendizagem das unidades letivas do Mestrado em prol de decretar a importância de um SIG como ferramenta imprescindível no capítulo decisório para as entidades competentes, na gestão do PNM.

A motivação que nos é intrínseca traduz-se na vontade de contribuir e evoluir profissionalmente na área para a qual desenvolvi os meus conhecimentos a nível de ensino

(25)

5

superior. A perceção do risco ao nível das populações está dependente da relação que estabelece com o sentimento de segurança e com o papel que cada cidadão atribui a si e ao Estado na gestão das vulnerabilidades e riscos, portanto, motiva-nos o fato de poder contribuir para uma melhor perceção e compreensão por parte dos decisores da importância de um trabalho desta índole.

(26)

6

CAPÍTULO II – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Abordagem conceptual

Os termos que vinculam uma sociedade e que perduram nos tempos, muitas das vezes, tem proveniência de outras sociedades mais desenvolvidas, contudo, isto acarreta o desvirtuar do real significado dos termos iniciais (etimologias e culturas diferentes) mas como são usados pelas personalidades mais influentes passam a ser vocábulos utilizados e apreendidos pela sociedade em que estão inseridos (Lourenço, 2004).

A segurança dos cidadãos e do ambiente presentemente é um pressuposto que todos reconhecem de fulcral importância como um fator de qualidade de vida no quotidiano de cada um. De uma fase em que apenas lamentávamos os acontecimentos passámos para uma fase de participação e intervenção dos cidadãos e regulamentação por parte dos Estados. Estes passam para uma fase onde a sua responsabilização pelos fenómenos inusitados, social, pelas consequências dos diferentes riscos, leva os decisores políticos a instrumentalizarem os diferentes conceitos inerentes a esta temática usando-os como um mecanismo de apoio ao controlo e paralelo à segurança dos seus utentes. Em Portugal, a divulgação e a promoção da análise e gestão de riscos teve um incremento relevante a partir da década de 90 do século XX (e.g. Almeida & Viseu, 1997; Almeida et al.2003; Rebelo, 2003; Lourenço, 2004). A gestão do risco é cada vez mais premente no desenrolar e implementar de novas estratégias para satisfazer as diferentes necessidades às incertezas e dúvidas. É um novo paradigma que surge na sociedade como consequência do desconhecido ou conhecimento incompleto. A grande incerteza e desconhecimento do futuro causa um estádio de ansiedade, preferindo ignorar, por vezes, os danos possíveis dos respetivos riscos e sua natureza, contudo, a gestão dos riscos é muito importante, servindo esta de suporte às decisões.

O risco sempre existiu e sempre ombreou com a evolução do Homem. No início os riscos eram considerados exclusivamente naturais, motivados por fatores sobrenaturais sem explicação, contudo, ao longo do tempo foram surgindo conceitos diferentes de risco como efeito das próprias atividades do Homem e, consequentemente, evoluindo na sua definição e posterior gestão. Importante referir que as ilhas de reduzidas dimensões, como a da Madeira e, com o tipo de clima que nos carateriza, são mais vulneráveis aos desastres naturais, pois estes

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podem atingir proporções devastadoras afetando todo o território. Se nós apenas estivermos a realizar discursos, devemos utilizar termos de acordo com a verdadeira essência dos termos que estão subjacentes na articulação do pensamento expresso, contudo, quando se trate da execução de um documento com rigor académico, devemos privilegiar a sua verosimilhança de acordo com teorias de alguns autores. Não se pretende usar corriqueiramente a palavra “risco” em vários cenários que não abonam em seu favor, embora seja aceitável que se use quotidianamente como senso comum. Tanto o conceito de “risco”, como o da sua manifestação, a “crise”, são acompanhados por uma outra noção, a de “perigo”, que está presente em ambos, quer no final do risco, quando o perigo está iminente, quer no início da crise, quando, de facto, se corre perigo efetivo, real (Lourenço, 2006).

Os decisores com responsabilidade na temática, por vezes têm uma visão holística que deve nortear a gestão e análise do risco, daí que se tenham “deixado levar” pelos termos introduzidos por outros autores “estrangeiros”. A título de exemplo, daremos conta de três termos que habitualmente são usados com significado diferente daquele que esses termos têm em português corrente. Primeiro termo, a “perigosidade” interliga-se a um dos três conceitos base da teoria do risco que, normalmente, por ser usado fora da sequência hierárquica habitual, cria alguma confusão na sua real significância. Segundo termo, que está relacionado com a manifestação do risco, mais precisamente ao “incidente” que, parece resultar, de tradução à letra, da palavra inglesa, em vez da sua simples tradução e, por isso, é usado num sentido diferente daquele que o vocábulo assume em português. Por último, o terceiro exemplo refere-se a um tipo de risco, “tecnológico”, que costuma ser usado por oposição ao risco natural, o que está incorreto, pois todos sabemos que ao natural se opõe o humano, logo, ao risco natural opõe-se o risco antrópico, de que o tecnológico constitui uma das suas subdivisões (Lourenço, 2006). Pretendemos introduzir uma pequena alteração ao tradicional modelo conceptual através deste estudo, substituindo a capacidade de resposta pela capacidade de antecipação (como elemento integrante da vulnerabilidade, a montante), integrando a capacidade de resposta ao nível da operacionalização (na manifestação do risco/perigo e na crise, a jusante), integrar as vertentes individuais e das comunidades na capacidade de resposta, estas são as ideias basilares que pretendemos implementar salientando a importância do SIG como ferramenta imprescindível nesta concetualização. Esta nossa premissa está interligada com o simples facto de o risco não ter existência real, mas sim ser algo de potencial, estando relacionado com a possibilidade aleatória de algo que ainda não

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aconteceu, porque se existisse certeza do que iria acontecer deixaria de existir risco (Cardona, 2004).

O paradigma nos dias de hoje é tentar que se utilize o poder científico para influenciar as opiniões públicas tentando sobrepor o cenário da antecipação ao da ocorrência. É muito difícil atingir consensos sobre a essência do conceito de risco, logo, cada vez mais existe a necessidade de definir uma base conceptual muito consistente, como referem Bachmann e Allgöwea (1999).

2.1.1. Probabilidade

Expressa a plausibilidade de que um determinado evento ocorra e, deste modo, pode entender-se como um indicador da incerteza/subjetividade da ocorrência desse evento. Numa primeira abordagem, percebemos que os eventos, não estando condicionados à existência prévia de outros, têm a mesma possibilidade de ocorrer em uma probabilidade igual. Pretendemos estudar a possibilidade de um evento anterior ter acontecido com a possibilidade de voltar a acontecer.

2.1.2. Suscetibilidade

Transmite a tendência que uma determinada área territorial possui, e em que é afetada pelo objeto de estudo, avaliando-a pelas suas características. Um local torna-se mais ou menos suscetível de ser atingido consoante potencie ou permita a ocorrência do fenómeno subjacente ao estudo. No caso dos incêndios florestais, uma determinada área será tanto mais suscetível quanto melhor permitir a deflagração e/ou a progressão do incêndio (Verde e Zêzere, 2007).

2.1.3. Perigosidade

Este termo, segundo a literatura anglo-saxónica, corresponde a “hazard”. A perigosidade é, segundo a definição de Varnes (1984), a probabilidade de ocorrência de fenómenos potencialmente destruidores, num determinado intervalo de tempo e numa dada área,

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acarretando a ligação aos termos espaço/temporal. De acordo com estes pressupostos podemos dizer que o termo de perigosidade tem por base o cálculo, provável, o histórico sobre o evento em estudo e a sua suscetibilidade.

2.1.4. Vulnerabilidade

Assume-se como o grau de perda, a quantidade de vidas e/ou de bens, em que um fenómeno prejudicial esteja iminente em uma determinada localização. Podemos executar vários cálculos para aferir a sua dimensão, por exemplo entre zero e um, em que zero significa ausência de dano e um existência máxima do dano (Varnes, 1984; Cardona, 2004).

2.1.5. Dano Potencial

O dano e a sua contabilização, bem como a sua aferição na sua dimensão de perda, é subjetiva, isto porque um determinado fenómeno com probabilidade de ocorrência pode originar vários tipos de perdas (e.g.) sociais, económicas e culturais. Daí que obter a formulação efetiva depende dos princípios que estão sob a tutela de quem implementa as variáveis para constatar a real importância a dar às mesmas, portanto, tudo vai depender do tipo de sociedade e de valores que ela defende como prioritários, logo, a dificuldade que é determinar e diferenciar adequadamente a perda real de elementos diferentes com a mesma vulnerabilidade.

2.1.6. Risco

Como foi previamente referido, e recuperando a definição apresentada por Bachmann e Allgöwer (1999) “risco é a probabilidade de que um incêndio florestal ocorra num local

específico, sob determinadas circunstâncias, e as suas consequências esperadas, caracterizadas pelos impactes nos objetos afetados”. Com base nesta definição, e

transportando para os incêndios florestais o mesmo quadro conceptual internacionalmente aceite em outros domínios, o risco será aqui entendido como o produto entre a perigosidade e

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o dano potêncial. Segundo o Decreto-Lei n.º 254/2009, de 24 de setembro, o incêndio florestal é “qualquer incêndio que decorra em espaços florestais, não planeado e não

controlado e que, independentemente da fonte de ignição, requer açõesde supressão”.

2.2. Estado da Arte

Dissertar sobre o estado da arte do PNM é apresentar o que está descrito sobre a temática por outros autores, trabalhos e abordagens no que diz respeito aos incêndios florestais e consequentemente a utilização dos SIG como ferramenta de apoio à decisão contribuindo para um melhor ordenamento, prevenção e ação. Existem poucos trabalhos desenvolvidos no âmbito dos incêndios florestais na Região Autónoma da Madeira, não direcionados para o PNM em concreto, mas sim, para a área florestal da Região Autónoma da Madeira no seu todo. Neste trabalho pretendemos, como referido anteriormente, realizar um trabalho sobre o PNM concretamente. Os estudiosos da problemática dos incêndios florestais sentem a falta de uma palavra que identifique a ciência que estuda este fenómeno, portanto, o Prof. Doutor José Ribeiro Ferreira, professor catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, depois de ter auscultado vários colegas da sua Faculdade, propôs o termo de

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dendrocaustologia para identificar a ciência que estuda os incêndios florestais e, a conclusão, proveniente do grego, foi:

 Dendro – que significa “árvore”.

 Kaustos – “que arde” derivado do verbo Kaio ou Kao – “incendiar; fazer queimar; consumir pelo fogo; acender”.

 Logos – “palavra; discurso; razão; ciência; tratado”.

Assim sendo, passaremos a designar “ciência que estuda os incêndios florestais” por uma única palavra “dendrocaustologia”. Utilizaremos conceitos e fundamentações de outros autores, não concretamente sobre o PNM, mas sim sobre os incêndios florestais e aplicabilidade dos SIG na sua prevenção e intervenção. Segundo Verde e Zêzere (2007) o fogo é um fenómeno que faz parte da cultura de determinadas populações para desenvolver

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atividades, interligadas com a sua sobrevivência, nomeadamente agrícolas. Foi, sobretudo, a partir de meados da década de 70, do século passado, que o problema dos incêndios florestais se começou a conhecer, assumindo uma frequência significativa, com alguns deles a registarem elevada magnitude (Lourenço e Nave, 2006).

Segundo Cravidão (1990), as principais causas de incêndio florestal devem-se a fatores de natureza cultural e de índole socioeconómicos. Já para Rebelo (1980) as grandes condicionantes dos incêndios florestais são de natureza meteorológica, isto porque estas condicionam todas as restantes. O risco dendrocaustologico, isto é, de incêndio florestal, é o somatório de variados factores de natureza Física e Humana, tais como: condições meteorológicas (e.g. temperatura do ar elevada, humidade relativa baixa e vento moderado a forte) e Humanas (intencionais ou não). Juntando a todas estas existem ainda as geomorfológicas (altitudes, declives e exposições). Quanto mais acentuados forem os declives, tanto mais difícil será a extinção do fogo, quer devido a dificuldades de acessibilidade dos meios de combate, quer ao facto de facilmente se formarem ventos locais, contribuindo assim para um aumento significativo da velocidade de progressão das chamas. Importante é não descorar o grau de combustibilidade do coberto vegetal, bem como o uso/ocupação do solo. Segundo Macedo e Sardinha (1987), o risco de incêndio florestal está subjacente, a todos os factores, variáveis ou constantes, que afetam a ignição e a combustão, assim como o comportamento dos fogos e os danos que possam ocasionar. A avaliação dos riscos de incêndio florestal está dependente de uma panóplia de factores, onde muitos estão em constante mutação. Conforme Bachmann e Allgöwer (1999), traduzido por Pereira e Santos (2003), o risco de incêndio florestal baseia-se na probabilidade do acontecimento ter lugar num determinado local e sob determinadas condições, que por serem estudadas já era previsível. Ainda, e de acordo com Macedo e Sardinha (1993), o fogo florestal é um fenómeno devastador combustivo em espaço aberto com possibilidade de fácil progressão. Segundo Castro (2000) designa-se por uma combustão controlada sobre queimadas nos combustíveis à superfície. Ainda segundo Lourenço (2004), com um estudo aprimorado do histórico e estatístico dos incêndios é possível determinar que medidas implementar.

Como é do conhecimento geral, os incêndios florestais correspondem a uma combustão descontrolada que tem como comburente o oxigénio e, como combustível, um conjunto de substâncias vegetais naturais, constituídas quer pela manta morta, bem como outras vivas (e.g.

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herbáceas, arbustivas ou arbóreas). De grosso modo podemos evidenciar o triângulo do fogo, combustível, comburente e energia de ativação (Carvalho & Lourenço, 2006). Assim sendo, se o combustível for reduzido, o incêndio vai ter muita dificuldade em progredir pelo que deverá ser uma das áreas a incidir para que os incêndios tenham salvação (Lourenço, 2006). Também sabemos que as principais causas dos fogos florestais são de origem antrópica, quer seja voluntário ou não. Os locais com clima de características mediterrânicas apresentam, normalmente, condições favoráveis para o despoletar de incêndios florestais, sendo factor preponderante, a coincidência da época mais quente com a época mais seca, assim, estão reunidas as condições mínimas para a ocorrência dos incêndios, como afirma Lourenço (1992). Os incêndios florestais assumem-se deste modo como o resultado da relação negativa entre o Homem moderno e o fogo. Os incêndios não são um fenómeno endémico, logo, não estão circunscritos a um único local ou país, contudo, não sendo homogénea e tendo uma distribuição espacial dispersa e distinta, isto devido às diferentes coordenadas de localização de cada país. Os países da bacia do mediterrâneo, com o clima mediterrânico, assistem todos os anos à ocorrência dos incêndios florestais sendo estes responsáveis pela destruição das matas e floresta (Viegas e Lourenço, 1989). Todos os grandes incêndios começam por pequenos focos, distinguindo-os apenas a sua dimensão, portanto, para uma reação rápida e eficaz à propagação dos incêndios florestais é primordial implementar locais propícios para um Ataque inicial (ATI) aos fogos emergentes, travando a sua progressão/evolução extinguindo-os e debelando-os. Importa descortinar onde atingem maior proporção e apurar o porquê e que factores estão interligados.

Segundo a Agência para a Prevenção de Incêndios Florestais (2005), o incêndio florestal pode ser definido como um fogo descontrolado em áreas arborizadas, ou não, ou que então tendo início em outros terrenos conseguem atingir os espaços florestais. Enquanto processo físico-químico de combustão de material vegetal, os incêndios florestais estão dependentes de dois fenómenos complementares: a ignição e a propagação. O primeiro consiste no aparecimento da primeira chama, após a absorção da energia de ativação pelo material combustível; o segundo baseia-se na disseminação da combustão pelos materiais combustíveis circundantes através da transmissão de calor por convecção, condução ou radiação, ou através do aparecimento de focos secundários, por projeção de material em combustão (Gonçalves, 2006).

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É de realçar que foi facultada informação sobre a carta de suscetibilidade de incêndios florestais para a Ilha da Madeira e sobre a forma como foi executada, em relação aos declives e às exposições solares. O que existe para a ilha da Madeira é uma carta de suscetibilidade e não a carta de risco de incêndio, contudo, as variáveis diferem um pouco, tal como a metodologia e tem como objetivos delinear quais as possibilidades de ocorrer incêndios florestais tendo como pressupostos as variáveis inerentes a cada um dos conceitos (e.g. Carta de Suscetibilidade: histórico dos incêndios; dados climatéricos nomeadamente temperatura e humidade; uso do solo; grau de combustibilidade dos materiais; declives; exposições; rede viária; demografia; tempos de deslocação dos bombeiros e bacias de visão dos postos de vigia, enquanto que a carta de risco de incêndio contempla: ocupação do solo; declives; rede viária; exposições e densidade demográfica), portanto, não tendo a presunção de nos intrometermos no apuramento dos resultados, nem equacionar a obtenção destes, queremos deixar o nosso trabalho como mais uma possibilidade de aferir hipóteses de trabalho tendo como premissas variáveis diferentes mas com objetivos idênticos.

2.3. Breve historial sobre os Sistemas de Informação Geográfica.

2.3.1. No Mundo

Estes Sistemas de representação do todo sobre as sociedades e suas envolvências constituem um investimento de avultada dimensão, logo, estiveram sempre dependentes e interligados com o interesse que os decisores, públicos/privados, demonstravam em implementar estas dinâmicas. Desde sempre que o Homem usou outros sistemas análogos aos SIG, contudo, tinham outra dimensão, eram amontoados de papel, ou outros suportes, mas a intenção seria de o orientar nas suas tarefas a realizar, tal como o planeamento das guerras entre povos. O SIG teve origem, quase em simultâneo, no continente Americano, principalmente o do norte, e na Europa, mas nos seus primórdios os canais de divulgação da informação não eram muito desenvolvidos nem havia muita fluência, portanto, seria espectável que o desenvolvimento se tenha dado em simultâneo e com experiências individuais muito difíceis e, resultados fruto do acaso e sorte, que se conseguissem partilhar e disfrutar de informação disponível, tudo seria muito mais fácil resolvendo os seus problemas. As dificuldades à data eram muitas, ao ponto de que a descoberta de uma coordenada geográfica era uma simples dúvida ou uma

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descoberta. Em dois passos poder-se-ia resumir todos os avanços em dois protagonistas: Harvard Lab e a IBM, com esta a marcar o ritmo dos primeiros anos em termos científicos. Na Europa, por sua vez, temos a Experimental Cartography Unit, com a Inglaterra e Suécia a liderar os primeiros movimentos seguidos da Holanda, Portugal e Itália. Enquanto no Continente Americano o grande desenvolvimento dava-se nas suas Universidades e consequentemente nas suas empresas de ponta em áreas das tecnologias, na Europa o desenvolvimento tinha origem na união de informação dos países que se unificavam para compartilhar informação e desenvolvimentos tecnológicos reunindo as agências de informação dos diferentes países. Na América, destacam-se as Universidades de Harvard, Washington, Westerw Ontário e do University Consortium for Geographic Information Science. Aproximadamente nos finais dos anos 80, do século XX, um grupo de três Universidades, University of California (Santa Barbara), State University of New York e a University of Maine, candidataram-se a um imenso financiamento que lhes proporcionou o apoio financeiro de importantes organismos, originando importantes organizações no campo de investigação. Analisamos o desenvolvimento entre os dois continentes da seguinte forma, no início dos anos 80 (séc. XX) a Topographic Division of the United States Geological

Survey que implementou a automatização de mapas topográficos, quase ao mesmo tempo do

que as primeiras experiências dos serviços cartográficos do Exército de Portugal, tal como muitas outras agências dispersas pela Europa. Nos EUA na década de 60 surgem duas das mais importantes empresas relacionadas com o desenvolvimento de Software no armazenamento e manipulação de dados. A Intergraph que primariamente se chamava M&S

Computing, Inc2 e que lançou o seu primeiro produto sobre CAD interativo, IGDS (Interactive Design graphic Software), tinha como intuito apoiar os governos no armazenamento de grandes quantidades de dados complexos em representações visuais compreensiveis. A ESRI (Environmental Systems Research Institute)3 surge como uma empresa especializada na criação de soluções na área da informação geográfica. Destacamos também o Canadian Geographic Information System (CGIS) nos anos 60 como sendo o

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http://www.intergraph.com/about_us/history.aspx?country=pt

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primeiro SIG que tinha como primordial preocupação a gestão dos recursos naturais do Canadá. Também podemos salientar a origem dos primeiros SIG raster.

2.3.2 Na Europa

Na Europa destacamos três momentos cruciais no desenvolvimento dos Sistemas de Informação Geográfica, tais como: as primeiras descobertas no período compreendido entre os anos de 1950 a 1974, com as cartas meteorológicas do Instituto Meteorológico de Estocolmo e alguns trabalhos em Inglaterra. Na Suécia os primeiros trabalhos em georreferenciação nascem através da Lund University. Na Inglaterra também surgem sinais do envolvimento da comunidade científica. Um outro factor importante na Europa é a adesão de vários países à Comunidade Europeia e na sua partilha de informação, interesses intelectuais e financeiros, consolidando a difusão do conhecimento adquirido. Por fim um terceiro momento, o aparecimento de várias empresas com o intuito da divulgação de informação muito relevante e na produção de sistemas cada vez mais aperfeiçoados. Muito deste desenvolvimento tem a participação de muitas agências governamentais. O nascimento de um Sistema Europeu de Informação provoca um imenso passo da determinação e desenvolvimento dos Sistemas de Informação Geográfica no continente europeu originando estruturas científicas muito sólidas, com a implementação de várias conferências (Londres, Auto Carto London) e, muitos projetos, tais como: Agência Europeia do Ambiente; o projeto da Corine Land Cover (CLC); EUROSTAT, GISDATA; GINIE e finalmente a INSPIRE. Pela primeira vez, em 1992 no International Journal of Geographical Information Systems, foi pronunciado o termo “Ciência da Informação Geográfica” (Goodchild, 1992). Até os anos 90 (séc. XX) a nomenclatura que perdurou foi o termo “Sistemas de Informação Geográfica” salientando o seu objetivo nos aspetos tecnológicos delegando para segundo plano os aspetos relacionados com o uso da informação geográfica.

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2.3.3. Breve resenha Histórica sobre o desenvolvimento do Sistema de Informação Geográfica em Portugal.

Como revelam os estudos efetuados e descritos por vários autores, a história do SIG em Portugal divide-se em três períodos importantes: pré-CNIG, CNIG/SNIG e pós-CNIG). A formação do CNIG - Centro Nacional de Informação Geográfica – foi um marco importante que permitiu a introdução do tema e o desenvolvimento do primeiro projecto SIG Português. O desenvolvimento do projecto, a actualização de dados e o elevado grau de abrangência deu origem ao SNIG - Sistema Nacional de Informação Geográfica. Os primórdios destes sistemas remontam à década de 60 onde a necessidade de estruturação do planeamento a nível nacional, quer fosse nas estruturas governamentais, quer nas universidades, culminando com a implementação da Junta Nacional de Investigação Científica (JNIC) de 1968 (Machado, 2000). É na década de 70, onde esporadicamente as empresas de topo na altura já exploravam estes sistemas como forma de rentabilizar e ajudar no desenvolvimento dos seus projetos, que os sistemas referenciados têm um maior e melhor desenvolvimento. Como sempre, o exército Português, que vê nas suas bases cartográficas o seu ex-libris, foi o primeiro cliente da

Intergraph, aplicando a sua primeira carta em suporte digital em 1979 (Machado, 2000).

O Serviço Nacional de informação Geográfica teve origem numa demanda do Governo Nacional, agrupando um núcleo de investigadores para se incumbirem de conceber um Sistema Nacional de Informação Geográfica, mais tarde denominado por SNIG. Tendo este organismo como tarefas principais elaborar toda a logística inerente à implementação de

software e hardware capazes de implementar uma correspondente avaliação dos termos de

referência para concurso de aquisições necessárias e de proceder à correspondente seleção, avaliar e testar todos os equipamentos adequados definindo as carências, bem como, qualidades da formação de recursos humanos para sustentar o projeto, instituído oficialmente pelo Decreto-Lei n.º 53/90, de 13 de fevereiro sendo o primeiro a nível global a disponibilizar na internet (www) informação geográfica, isto em maio de 1995. Foi em 1999 que o SNIG criou o GEOCID, este é um portal na internet com informação para o cidadão comum. Com o Decreto-lei n,º 120/2000, de 4 de julho o CNIG é agregado ao Instituto Geográfico Português. De salientar os projetos PROGIP e o PROSIG, estes implementados ao abrigo do Programa

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de Assistência Técnica/FEDER do II quadro Comunitário de Apoio. O âmbito destes consistiu em produzir e divulgar software para apoio a análises e pareceres aos licenciamentos municipais e de toda a envolvência na modernização dos serviços municipais, constituindo-se muitas parcerias com municípios.

Importante é salientar que um imenso caminho já foi percorrido desde então sendo os dias de hoje muito mais propícios à mudança de mentalidades permitindo a integração dos diferentes Sistemas de Informação Geográfica como um apoio fulcral para a tomada de decisões, implementando uma nova forma de visualizar a globalidade dos dados inerentes à temática que estão nos objetivos a alcançar.

2.3.4. Vantagens e Desvantagens

Os Sistemas de Informação Geográfica são uma ferramenta indispensável na gestão de áreas protegidas, na medida em que possibilitam a captura, visualização, análise e gestão de toda a informação geograficamente referênciada. Esta ferramenta consiste, pois, numa base de dados georreferenciada associada a um conjunto de hardware e software com vista à integração de dados geográficos a partir de um leque de escalas espaciais e temporais, incluindo imagens de satélite atuais e históricas fotografias aéreas, levantamentos aéreos e terrestres. Pelas capacidades crescentes que oferecem para armazenar e manipular dados georreferenciados, provenientes das mais diversas fontes, são considerados instrumentos que podem simular o funcionamento da realidade, antecipando-se aos acontecimentos, gerando soluções alternativas, prestando apoio a decisões bem fundamentadas.

A sociedade do século XXI carateriza-se como sendo a do conhecimento e aplicabilidade das novas tecnologias ao serviço do ser humano em proveito da implementação de medidas que permitam mais e melhor segurança/proteção perante factores inusitados. A vulnerabilidade, bem como a suscetibilidade às consequências que podem advir dos riscos para uma determinada sociedade, dependerá, da informação, utilização e preparação dessa mesma sociedade para integrar as novas tecnologias como ferramentas de apoio à decisão no planeamento pericial, monitorizando, avaliando e comunicando, em tempo útil, tudo o que possa constituir um perigo/risco para os seus constituintes, (seres humanos, bens materiais e

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ambiente), contribuindo desta forma para a persecução de sistemas de segurança adequados, originando um novo paradigma na convivência de todos os elementos que circundam a temática em questão. O crescimento acentuado na temática dos riscos, por parte da comunidade científica e civil, tem sido determinante para a implementação de estratégias, adotando mecanismos em conformidade.

A perceção do Perigo/Risco em cada sociedade difere em consonância com os estímulos educacionais provenientes da sociedade em que se insere. A disponibilidade de informação é fulcral para todo este processo, promovendo a aplicabilidade de métodos e procedimentos sustentáveis e homogéneos, constituindo vetores estratégicos para atenuar as consequências que advêm da exposição aos riscos.

O fundamental interesse e vantagens destes sistemas é conseguir uniformizar, adequar e demonstrar a importância que pode advir da contribuição de uma ferramenta que consiga coordenar a gestão de forma contínua, atempada e em tempo útil, das zonas subjacentes à área do PNM. O intuito é colmatar as lacunas ainda existentes na ótica da vigilância, acompanhamento e monitorização das áreas com maior índice de propagação e que propiciem atos de vandalismo, prevaricando e desrespeitando a preservação do PNM, através de atividades ilícitas.

Algumas das vantagens: aumentar a eficácia dos meios envolvidos no combate a incêndios florestais; minimizar os custos associados ao combate a fogos florestais; criação de cartas de risco de incêndio e o estabelecimento de sistemas de apoio à vigilância e combate de fogos florestais; relacionar informação espacial e alfanumérica possibilitando a manipulação, análise e visualização dos dados; facilidade de manipulação de certos relacionamentos de vizinhança; facilidade de implementação de diversas opções de manipulação, particularmente do espaço; possibilidade de representação de dados quantitativos e qualitativos; manipulação individual de objetos; associação de atributos a objetos, etc.

As desvantagens destes sistemas são de índole académico, financeiro e humano, tais como: custos associados aos programas que não sejam de utilização livre, exigindo pagamentos de licenças; formação dos recursos humanos e tempo despendido para a sua eficiente adaptação aos meios envolventes aos processos; a existência de recursos humanos sem capacidade e

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vontade de apreender e evoluir na utilização de novos programas e mais evoluídos, enfim, sem capacidade para sair das suas zonas de conforto.

2.3.5. Alguns exemplos de SIG aplicados à gestão de risco de incêndio florestal

FIMT – Estados Unidos da América, fire incidente mapping tool, esta aplicação está intimamente relacionada com a elaboração de cartografia de acordo com a utilização de programas informáticos no âmbito do ArcGis e todo o software associado.

FIRESTATION – Canadiano, este está associado intimamente às corporações de bombeiros no Canada e permite aos cidadãos uma panóplia de serviços colocando-os em contato em tempo real.

FIRESIG – Brasil, é um sistema de suporte à tomada de decisão no combate aos incêndios florestais e urbanos no estado do Paraná - Brasil

FIRERISK – Portugal, esta aplicação foi lançada por uma empresa, “Ponto de Observação”, onde qualquer cidadão pode usufruir de informação sobre os incêndios ativos nas últimas 12 horas, bem como registar os seus lugares de preferência e monitorizar a sua suscetibilidade aos incêndios. Pode ainda reportar qualquer tipo de incidente e ter acesso a informação de prevenção. Ainda pode ter acesso a determinados links úteis que lhe proporcionam informação útil.

GEOTETRA – Madeira SRPC, IP-RAM, este permite através da georreferenciação dos rádios utilizados pelos agentes de proteção civil localizar pontos de ignição ou focos em fase primária dos incêndios nas zonas sobre vigilância. São definidos pontos estratégicos de observação, bem como circuitos delineados de acordo com a importância ou suscetibilidade aos incêndios. Definem-se equipas de patrulhamento e estas estão 24 horas por dia em constante ação de monitorização, depois são feitos pontos de situação dos diferentes locais e circuitos. No final de cada turno as equipas fazem um relatório. Todos estes dados estão ligados em tempo real ao Serviço Regional de Proteção Civil o qual é responsável pelo acionamento dos meios necessários quando necessário.

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CAPÍTULO III - METODOLOGIA

3.1. Metodologia

Seguimos a metodologia impressa no guia metodológico utilizado pelo Intituto Geográfico4 Português na elaboração da CRIF 2011 com o sistema de referência PT – TM06 European

Terrestrial Reference System 1989. Este guia serviu para aplicação ao território Nacional,

contudo, aplicamos o mesmo à Ilha da Madeira sem a alteração de nenhuma das ponderações atribuídas às respetivas variáveis: COS, carta de ocupação do solo 59%; Declives 21%; Rede viária 9%; Exposições 6% e Densidade populacional 5%. Estes valores são a contribuição de cada um dos critérios (COS, densidade populacional, proximidade à rede viária, exposições e declives) para aferir o valor do risco de incêndio potencial.

As legendas das figuras têm a ponderação atibuída pelo guia referido anteriormente e, como tal, estão expressas em “valor” fazendo a correspondência entre a percentagem e o valor de cada classe para aferir o respetivo valor de risco de cada critério como consta na tabela 1. Entendemos ser esta a forma correta para respeitar a metodologia do guia metodológico do Instituto Geográfico Português.

Com a ajuda do “Software” utilizado procedemos à análise de todas as variáveis inerentes à temática, realizando um trabalho original e inovador, contudo, a dificuldade em reunir documentação, fez com que a execução do trabalho tenha passado por fases muito difíceis, por vezes até de pensamentos menos positivos, mas, conseguimos prosseguir com a sua draconiana elaboração.

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Tabela 1 – Ponderação das variáveis do guia metodológico

(Fonte da tabela: http://scrif.igeo.pt/cartografiacrif/2007/metodologia.html)

Esta dissertação está intimamente dependente da cedência de material, da escassez de informação, o que contornamos através da investigação de muitas teses de mestrado, doutoramento e da legislação existente. Existem muitos trabalhos desenvolvidos sobre os incêndios florestais, onde estão descritas todas as suas variáveis, (e.g.) altimetria, declives, ocupação do solo, exposição solar, histórico dos incêndios, visibilidade dos postos de vigia, redes viárias e suas distâncias, etc. Os conceitos de suscetibilidade, probabilidade, perigosidade e suas cartas, valor, vulnerabilidade, dano, risco e suas cartas, enfim, todos os

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elementos para o desenvolvimento de um trabalho que corresponda, não totalmente, mas no seu essencial, às nossas expetativas na execução desta dissertação.

O método usado na perscrutação de documentação foi através do envio de uma credencial da UTAD, Universidade de Trás os Montes e Alto Douro, às entidades competentes na Região Autónoma da Madeira. Pesquisa de legislação existente sobre o PNM. Leitura documental de imensas teses de Licenciatura, Mestrado e Doutoramento. Pesquisa de obras de Autores que investigam a temática em causa. O trabalho em ambiente SIG, software open source QGIS, foi desenvolvido com base na documentação facultada e a pesquisa de outra que ainda não estava em suporte informático aceitável pelo software utilizado.

Pretende-se elaborar uma Carta de Risco de Incêndio Florestal (CRIF), para o PNM na Ilha da Madeira e, explanar as linhas orientadoras de um eventual plano operacional de Prevenção, Vigilância e Combate aos incêndios Florestais. O manuseamento dos dados aferidos permitirá criar cartografia temática, servindo esta de apoio à formulação de estratégias para os decisores.

3.2. Ferramentas utilizadas na manipulação dos dados

Todos os dados aferidos têm com base a documentação cedida pelas entidades regionais com responsabilidades na temática, nomeadamente, DROTA; DRF, PNM e Jardim Botânico (atual Instituto das Florestas e Conservação da Natureza, IP - RAM); SRPC, IP-RAM; DREM. Queremos destacar algumas informações sobre os dados: modelo digital do terreno, ano de produção 1990, resolução de 10*10 metros no formato de texto (ArcGis-ASCII) e com o sistema de coordenadas UTM-28N- Porto Santo BASE SE (1995) - EPSG3061. Quanto à COS, o ano de referência com base em ortofotomapas é de 2007 com a área mínima cartográfica de 0.25ha e com 5 níveis de classificação, desagregadas com base nos 3 níveis de classe da Corine Land Cover, no formato de Shapefile e com o sistema de coordenadas de UTM-28N-Porto Santo BASE SE (1995) - EPSG3061. A entidade responsável é a DROTA. A rede viária tem o mesmo sistema de coordenadas, no mesmo formato, e da responsabilidade da mesma entidade que a COS. Importante salientar os dados aferidos sobre as áreas ardidas que deram origem aos mapas sobre a recorrência do fogo a 1, 2 e 3 anos, representados pela

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figura 26 e 27. Estes dados tem como referência os anos de 2006 a 2013, em formato de Shapefile, com o sistema de coordenadas do Porto Santo, mencionado anteriormente, e são da responsabilidade da DRF.

Sobre os Declives (Fig.21, ponto 5.4) o apuramento dos resultados teve incidência no Modelo Digital do Terreno (MDT), cedido gentilmente pela “extinta” Direção Regional do Ordenamento do Território e Ambiente (DROTA), onde apenas tivemos que efetuar os cálculos para gerar um “LAYOUT” com o mapa dos respectivos declives através da ferramenta “SLOPE” figura 1. Saliento que os dados apresentados no formato “RASTER” têm uma resolução geométrica (área de pixel) de 10*10m. Por fim fizemos a reclassificação de acordo com o guia metodológico e seus parâmetros delineados para estes cálculos.

Quanto às Exposições (Fig.22, ponto 5.5) os procedimentos são análogos, contudo, a ferramenta utilizada foi o “ASPECT”, de seguida procedemos à reclassificação de acordo com o guia metodológico. Figura 2 é um dos procedimentos de cálculo.

No tocante à variável dos eixos de via (Fig.23, ponto 5.6) procedemos à realização de um “Buffer” onde, mais uma vez, utilizamos os parâmetros do guia metodológico para o cálculo de todas as variáveis inerentes à conclusão desta CRIF, mais concretamente: 0 – 25 m; 25 – 50 m; 50 – 100 m; 100 – 150 m; > 150 m em que o seu valor de risco é nulo para o apuramento desta variavel. Em seguida procedemos à utilização da ferramenta de “Dissolve” para retirar os constrangimentos entre as fronteiras dos “BUFFERS” designados para cada parâmetro. Depois efetuamos os cálculos utilizando a ferramenta “DIFFERENCE” entre os

Imagem

Gráfico 1 – Áreas referentes aos diversos tipos de usos dos solos (Fonte: IFRAM2)
Tabela 2- Usos do solo por agrupamento de Concelhos da Ilha da Madeira (Fonte: IFRAM 2)
Figura 18 – Áreas ardidas entre os anos 2006 e 2013 por ocupação do solo (Fonte: DROTA)
Figura 21 – Carta de classes de perigo de incêndio em função dos declives
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Referências

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