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II. O CAPITALISMO INTERNACIONAL

4. Imperialismo

4.3. Estado e sistema de Estados

A época imperialista do capitalismo não pode ser corretamente compreendida sem o reconhecimento das funções do Estado nacional. Inicialmente situado como um guardião externo das relações capitalistas de produção, como um sentinela, o Estado tornou-se partícipe da acumulação de capital, e isto por conta do desenvolvimento do monopolismo e das formas financeiras do capital. Mas é conveniente, como preâmbulo, abordar o Estado nas suas primeiras determinações.

Por Estado se deve entender, numa abordagem marxista de formas sociais, o poder constituído e organizado em conformidade a um arranjo ímpar e engendrado pelas relações sociais capitalistas – o que nos obriga a separar o fenômeno do poder e da autoridade, existente desde a formação das classes sociais, do fenômeno da forma política estatal. Apenas quando o poder político aparta-se do poder econômico, ou seja, quando os agentes da exploração não mais coincidem com os agentes da repressão – estes últimos sendo empregados por um aparato repressivo exterior às classes proprietárias –, apenas em tal momento se pode falar em Estado. A forma política estatal pressupõe, assim, uma cisão estrutural, e que foi captada pelas lentes acuradas de Joachim Hirsch: “o aparelho de domínio político é formalmente separado das classes economicamente dominantes; dominação política e dominação econômica não são mais imediatamente idênticas”. Neste

49 O grande combate de Boron contra as ideias pós-modernas que diluem o imperialismo e, com ele, a ordem

opressiva do sistema internacional, é feito na obra Imperio & Imperialismo (2004), em que polemiza com Michael Hardt e Antonio Negri. Aproveitando o ensejo, agradecemos ao professor Alysson Mascaro pela recomendação do estudo do autor.

97 sentido, prossegue o teórico alemão, “o ‘Estado’ e a ‘sociedade’, o ‘púbico’ e o ‘privado’ separam-se em esferas particulares” (HIRSCH, 2010, p. 23).

Extrai-se deste raciocínio o caráter exclusivamente capitalista do Estado enquanto o arranjo social específico adotado pelo modo de produção capitalista na sua forma de exercer o mando político. Somente sob as relações burguesas de produção se encontra o perfil daquilo que se pode chamar de Estado no âmbito da autoridade e do poder, uma vez que, no feudalismo e no escravismo, ilustrativamente, a coerção de classe era exercida pelas próprias classes proprietárias. Faltavam os elementos materiais que desembocariam num aparato institucional que se pretende neutro e que arroga para si uma aura de impessoalidade e de disposição ao bem comum – elementos estes que são dados pelo capitalismo e, particularmente, pela forma mercadoria. Partindo do modo de socialização essencialmente mercantil do capitalismo, Joachim Hirsch (2010, p. 28) lança luz sobre a origem do fenômeno estatal:

Ele [o modo de socialização capitalista, P. B.] implica a separação dos produtores diretos (dos trabalhadores) dos meios de produção, na produção particular, no trabalho assalariado e na troca de mercadorias, o que faz com que a apropriação do sobreproduto seja realizada pela classe dominante não através do uso da violência direta, mas por meio da aparente troca de mercadorias equivalentes, inclusive a força de trabalho. [...] Livre troca de mercadorias no mercado, concorrência e liberdade formal dos assalariados para vender a sua força de trabalho só podem ser garantidas caso a classe economicamente dominante deva renunciar à aplicação direta dos meios de força, tanto frente aos assalariados como no seu próprio interior.

Já havíamos tangenciado anteriormente este afastamento formal entre o político e o econômico no capitalismo. Optamos por esquadrinhar esta questão somente agora para dar mais realce às suas implicações sobre o Estado, sendo certo que haveremos de retomá-la em nossas expedições teóricas pela seara jurídica. Por ora, o que importa salientar é a localização do Estado como um avalista da relação entre detentores de mercadorias – que é uma relação entre iguais, não admitindo que um utilize de violência privada contra o outro, pois isto seria ferir a igualdade formal do mercado. A coerção fica a cargo de um terceiro personagem, o Estado, que é projetado como um árbitro, um agente equidistante e desinteressado, capaz de resolver os conflitos entre os particulares com justiça e imparcialidade. É precisamente assim que a forma política estatal se mostra ao mundo.

98 Para a luta de classes, esta configuração do poder político é muito peculiar. Os atos repressivos contra a classe trabalhadora, ao serem desferidos por uma autoridade centralizada que atua em nome de toda a sociedade, se apresentam como se fossem praticados em proveito geral, como meio de se preservar a ordem e a coesão social. Seu conteúdo de classe, ou seja, sua parcialidade no contexto do antagonismo que divide estruturalmente o corpo social, permanece encoberto pela compleição da forma política estatal. Quando da dispersão violenta de uma passeata que tomou uma grande avenida ou de um piquete que obstruía a entrada numa fábrica, o que se tem não é a vontade direta de uma classe dominante que mobiliza um exército privado, e sim a ação de uma força pública que supostamente presta um serviço ao conjunto da comunidade.

Vale lembrar ainda que o Estado também não se reduz à violência concentrada, ou, de modo mais exato, ao seu aparato repressor, que contempla tanto os aparelhos mais diretamente coercitivos, como o exército, a polícia, as prisões e os tribunais, como aqueles de cunho mais regulatório, como a administração, os governos e as agências. A ele se soma uma aparelhagem que opera à base da ideologia, que se volta para a produção de consentimento ativo e passivo, dividindo com a repressão organizada a tarefa de manter a ordem – leia-se: perpetuar a reprodução da sociabilidade capitalista. Referimo-nos aos denominados aparelhos ideológicos de Estado. Louis Althusser (1995, p. 109) traz uma definição que, apesar de provisória, é de muita pertinência:

Um aparelho ideológico de Estado é um sistema de instituições, de organizações e de práticas correspondentes, definidas. Nas instituições, organizações e práticas deste sistema, é realizada no todo ou em parte (em geral, uma combinação típica de certos elementos) a ideologia de Estado. A ideologia realizada num AIE assegura sua unidade de sistema sobre a base de uma ‘ancoragem’ em funções materiais, próprias a cada AIE, que não são redutíveis àquela ideologia, mas lhe servem de “suporte50”.

Retornemos ao cerne de nossas preocupações sobre o fenômeno estatal. É imperioso nos focarmos no entendimento de que o Estado, enquanto forma política determinada, é um

50 Na lingua francesa: “Un Appareil idéologique d'État est un système d'institutions, d'organisations, et de

pratiques correspondantes, définies. Dans les institutions, organisations et pratiques de ce système est réalisée tout ou partie (en général une combinaison typique de certains éléments) de l'Idéologie d'État. L'idéologie réalisée dans un AlE assure son unité de système, sur la base d'un ‘ancrage’ dans des fonctions matérielles, propres à chaque AIE, qui ne sont pas réductibles à cette idéologie, mais lui servent de ‘support’”. Compreendendo aparelhos ditos “privados”, chega-se, com os aparelhos ideológicos de Estado, à noção marxista de “Estado ampliado”.

99 corolário dos fenômenos do valor e da mercadoria nas proporções que assumem sob o capitalismo, um desdobramento da igualdade mercantil. Sua existência não é opcional ou acidental, mas sim uma derivação inevitável das relações sociais burguesas. No arremate de Alysson Mascaro (2013, p. 19), o Estado é “um derivado necessário da própria reprodução capitalista”, e que, caracterizando-se por ser “estranho a cada burguês e a cada trabalhador explorado, individualmente tomados, é, ao mesmo tempo, elemento necessário de sua constituição e da reprodução de suas relações sociais”. Daí a sua autonomia relativa: o seu compromisso não é com os membros de uma classe ou com uma de suas frações, e sim com a reprodução geral das condições de produção do sistema, de tal sorte que – e para o pesar dos reformistas – pouco importam os seus gestores. A forma política estatal impõe os seus procedimentos de reprodução do capital à revelia da vontade dos indivíduos que venham a ocupar os seus postos.

Repousando na conflitividade das relações capitalistas, notadamente nas relações intercapitalistas – caracterizadas pela competição –, a forma política estatal coloca-se como uma arena de disputa e de negociação entre capitais rivais, e para tanto, deve se autonomizar perante as partes envolvidas. As classes dominantes nunca são um bloco monolítico, muito embora tendam a sê-lo no enfrentamento com as classes dominadas. No capitalismo, as rivalidades internas no bloco de poder de uma formação social são potencialmente mais agudas por conta da concorrência; e sendo esta uma luta desigual, alguns burgueses levam vantagens sobre os demais nas suas interações com o Estado na contenda por poder e influência51.

Mas isto não é tudo. Em suas atribuições políticas, o Estado é muito mais do que um árbitro entre agentes privados. Para afiançar a reprodução capitalista, com efeito, ele adota uma postura bastante pró-ativa na constância da acumulação de capital. Mesmo sob a égide

51 Merece atenção, nesses termos, a ponderação de Hal Draper (2011, p. 258-259): “Particularmente sob o

capitalismo (…) uma das tarefas do Estado é mediar, reconciliar, de algum modo compor disputas intestinas e conflitos no interior da classe dominante. Isto não implica que as instituições de Estado ajam como Salomões imparciais mesmo em termos intracapitalistas: pois há uma hierarquia de poder econômico, bem como de influência política. Mas deve haver algum tipo de composição de disputas intraclasses, de modo a evitar que se destrua todo o tecido social num combate desregulado”. Em inglês: “Particularly under capitalism (…) one of the tasks of the state is to mediate, reconcile, in some way settle the internecine disputes and conflicts

within the ruling class. This does not imply that the state institutions act as impartial Solomons even in

intracapitalist terms: for there is a hierarchy of economic power as well as political influence. But some kind of settlement of intraclass disputes there must be, in order to avoid tearing the whole social fabric apart in an unregulated melee”.

100 do neoliberalismo, observa-se que o aparato estatal ainda é muito atuante na vida econômica dos países, ainda que com métodos diferentes daqueles preconizados pelo keynesianismo.

Desde a regulação legislativa ou administrativa sobre uma série de atividades econômicas até a participação direta como empresa capitalista, o Estado assume uma posição estratégica na própria reprodução econômica do capitalismo, ocupando-se de zelar pela perpetuação do sistema. Enquanto cada empresa individual está orientada para a persecução do seu lucro particular, o Estado cuida do todo, por vezes contrariando pretensões imediatas de alguns empresários ou até mesmo de algumas frações da burguesia – não obstante a burguesia como um todo, enquanto classe dominante no capitalismo, seja sempre uma beneficiária da forma política estatal.

Cabe ao Estado, assim, tomar medidas que são desdenhadas ou mesmo indesejadas pelos capitalistas individuais, sobretudo no que diz respeito aos encargos trabalhistas, que são uma exigência para o próprio capital em seus horizontes de reprodução ampliada, os quais pressupõem a manutenção regular da oferta de força de trabalho apta para trabalhar. Isto também vale para os demais direitos sociais – e deles falaremos no item apropriado. De qualquer maneira, fica claro que o Estado constantemente intervém na economia para assegurar o seu funcionamento, o que exige uma atenção especial para algumas mercadorias de peso estratégico, como é o caso da força de trabalho.

Pelas múltiplas formas de intervenção estatal no domínio econômico, a exemplo dos investimentos em infraestrutura, do crédito público, dos métodos de subvenção aos capitais privados, da política tributária, da incidência regulatória sobre preços, juros, câmbio etc., encontramos no Estado uma relevância econômica muito grande. Todos estes meios de incidência sobre o mercado acarretam consequências na repartição do valor excedente coletado pelos capitais operantes, o que explica porque as frações da classe dominante disputam com tanto empenho o controle de um aparato que, de um modo ou de outro, está configurado para repor os itens vitais ao modo de produção capitalista. Para o empresariado, gerenciar a máquina do Estado – preferencialmente por representantes profissionais – não determina a sua natureza capitalista (que é dada pelas relações de produção), mas influi nas políticas que implicam variadas maneiras de se concentrar e

101 distribuir uma parte da mais-valia total. Ruy Mauro Marini (2012, p. 24) nos dá um ótimo aporte sobre isto:

Como se pode ver, a importância do papel do Estado no ciclo do capital propriamente dito (e não em termos gerais da criação de condições para a valorização, caso em que esse papel é ainda mais amplo) é considerável, dada a capacidade que possui de transferir para si parte da mais-valia gerada pelo capital privado, a de produzir ele próprio mais-valia e, finalmente, a de captar parte do capital variável dos salários pagos à força de trabalho. Isso explica, de certo modo, o peso que o investimento público tem na economia dependente.

Certifica-se, então, que a circulação da mais-valia não ocorre apenas pelos mecanismos espontâneos do mercado, pelo livre jogo de forças entre os capitais concorrentes, mas também sob indução estatal, sob níveis maiores ou menores de dirigismo de Estado sobre a acumulação e a reprodução capitalistas. David Harvey iluminou a questão do Estado em sua relação com o capitalismo e o imperialismo ao avultar sua capacidade de controle sobre o espaço, ou melhor, sua habilidade de incidir sobre os processos econômicos que de algum modo tangenciam seu território, alcançando como resultado “a redistribuição da riqueza e o redirecionamento dos fluxos de capital para o beneficio da potencia hegemônica ou imperialista a custa de todos os outros” (HARVEY, 2011, p. 168).

Em países subalternos, aliás, a regra no século XX foi que o Estado fizesse as vezes de capitalista em certas repartições da economia, e isto em função da escassez de capital privado e da subsequente debilidade da burguesia nativa. Se nos reportarmos ao desenvolvimento do capitalismo nos países periféricos de industrialização tardia e subordinada, ou naqueles que experimentaram portentosas revoluções anticoloniais na onda de descolonização que se sucedeu à Segunda Grande Guerra, veremos que, tendencialmente, a máquina estatal foi o carro-chefe da acumulação de capital. Aliás, é interessante lembrar que, no imediato pós-guerra, as empresas públicas – ou as sociedades de economia mista, uma versão mitigada – tiveram uma importância decisiva para reerguer os imperialismos europeus e para proteger aquelas burguesias de um controle demasiado por parte dos capitais provenientes dos Estados Unidos, os quais fluíam em massa para o velho continente.

102 A conversão do Estado em agente capitalista, uma força organizadora de um capital público, marcou todo um período histórico do capitalismo, e ainda hoje nos deparamos com inúmeras empresas estatais ou, em maior número, sociedades de economia mista, em que os capitais privados e públicos convivem. Tracejou-se uma nova forma de propriedade capitalista: o capital de Estado. Mas se ao poder público é dado captar parcelas de mais- valia por seus empreendimentos empresariais (fora os outros métodos), seria errado imaginar que isto alija a burguesia de uma parte do processo de valorização. Muito ao contrário, a apropriação capitalista da mais-valia só pode ser uma apropriação de classe, e o capital sob propriedade estatal é apenas mais um dentre uma plêiade de capitais que exploram o proletariado em conjunto, exploração esta que é constitutiva da classe burguesa52.

Muito bem. Agora que avançamos nas relações econômicas do Estado com o capital, aguçando nosso olhar sobre a incidência desta forma política no modo capitalista de produção, convém que nos foquemos num aspecto que é indispensável para uma leitura mais completa sobre o imperialismo, qual seja: o caráter internacional da forma política, ou, o que dá no mesmo, a sua pluralidade inerente.

Hirsch estima que o fato de existirem diversos Estados, e não um único Estado que englobe o planeta, não é nada circunstancial, remontando antes ao âmago do capitalismo em suas contradições internas:

O motivo para a multiplicidade de Estados representar um traço constitutivo do capitalismo, e não uma manifestação histórica casual, consiste em que as contradições e as oposições sociais presentes no modo de socialização capitalista, isto é, os antagonismos de classe e a concorrência, não apenas manifestam-se na “separação” do Estado frente à sociedade, como também são simultaneamente produzidos pela concorrência entre os Estados. O sistema de Estados é uma expressão estrutural das relações capitalistas de classe e de concorrência. Elas reproduzem-se nele e determinam seus conflitos e dinâmicas de desenvolvimento. [...] A dinâmica das lutas de classes e da concorrência faz com que o aparelho

52

Étienne Balibar aponta o equívoco ideológico de se pensar que o capital público não seria objeto de uma apropriação privada capitalista, porquanto ele também integra o capital social total e o processo geral de reprodução: “Não há, pois, contradição entre a reprodução de capitais ‘privados’ e a reprodução de capitais ‘públicos’ pelo único fato de seu estatuto jurídico diferente. Esta é, na época do imperialismo, uma das formas de apropriação privada, de apropriação dos meios de produção por uma classe, a burguesia, que se constitui nesta apropriação mesma” (BALIBAR, 1974, p. 162). No idioma do autor: “Il n’y a donc pas de contradiction

entre la reproduction des capitaux ‘privés’ et la reproduction des capitaux ‘publics’, du seul fait de leur statut

juridique différent. Celle-ci est, à l’époque de l’impérialisme, l’une des formes de l’appropriation privée, de l’appropriation des moyens de production par une classe, la bourgeoisie, qui se constitue dans cette appropriation même”.

103 político de dominação em escala global assuma uma configuração fragmentada (HIRSCH, 2010, p. 70-71).

Sabe-se que o sistema capitalista conheceu Estados que se estenderam sobre o território de várias nações (culturamente falando), como a França napoleônica, o Império Austro-Húngaro, a Rússia czarista, a Alemanha do III Reich etc. Nunca houve, no entanto, nada próximo de um Estado mundial, nem sequer na fase imperialista do capitalismo. Mesmo nas experiências de cunho não militar, em que a integração dos territórios realizou- se por meio de atos soberanos dos países, e não pela simples anexação, não se logrou constituir um poder soberano unificado. A União Europeia, possivelmente o empreendimento interestatal mais avançado de integração, está longe de ser um Estado, por mais que possua, dentre outras coisas, um parlamento próprio e uma moeda comum. Ao revés, consiste ela numa associação de entes estatais em que os mais possantes exercem uma hegemonia econômica e política sobre os mais frágeis, sendo que nenhuma das burguesias nacionais abre mão de um poder soberano circunscrito ao seu país. Não obstante todo o discurso “comunitarista” de integração e cooperação regional, a Europa não é um Estado, mas antes uma cadeia de Estados que subordina os mais fracos aos mais fortes no jogo da concorrência entre os monopólios sediados no velho mundo. As forças centrífugas da competição entre os capitais prevalecem sobre as ingênuas aspirações cosmopolitas. No que concerne a multiplicidade da forma política estatal, há que se identificar a sua variedade ao longo da história do capitalismo. Não é o caso de entrarmos em minúcias agora, pois isto nos faria antecipar as discussões de direito internacional. O que importa, por ora, é perceber como se coloca politicamente a referida pluralidade sob o imperialismo. Para a época clássica do imperialismo, Lênin alinhavou as linhas gerais das relações entre os países e da correlata hierarquia entre eles:

Ao falar da política colonial da época do imperialismo capitalista, é necessário notar que o capital financeiro e a correspondente política internacional, que se traduz na luta das grandes potências pela partilha econômica e política do mundo, originam abundantes formas transitórias de dependência estatal. Para esta época são típicos não só os dois grupos fundamentais de países – os que possuem colônias e as colônias –, mas também as formas variadas de países dependentes que, de um ponto de vista formal, político, gozam de independência, mas que, na realidade, se encontram envolvidos nas malhas da dependência financeira e diplomática. Uma destas formas, a semicolônia, já indicamos anteriormente (LENIN, 2010a, p. 83-84).

104 De acordo com Vladimir Lênin, pois, haveria três ordens essenciais de países:

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