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Locke define o estado de natureza como o estado em que vigora a lei natural e no qual os homens vivem “juntos segundo a razão, sem um superior comum na terra com autoridade para julgar entre eles”40

.

Inicialmente, deve-se destacar que o relato do estado de natureza e a conceituação da lei natural, com os quais Locke inicia a argumentação do “Segundo Tratado”, não se tratam de construções originais do pensamento político de Locke, mas de expedientes comuns aos tratados políticos escritos no mesmo período. A despeito disso, conforme sustenta Gough41, a sistematização e a consolidação desses conceitos, até então abordados de forma esparsa e por vezes imprecisa pelos autores de sua geração, constitui-se na

39 Op. cit., p. 83.

40

Op. cit., p. 92.

23 principal contribuição da teoria política de Locke, que tem na noção de lei natural uma vigorosa reformulação de argumentos que perpassam toda a história das ideias políticas.

Essa formulação, conforme salienta Dunn42, decorre de um pressuposto rigidamente convencional, dotado de um nível de generalidade que o tornava inquestionável a quaisquer que fossem os interlocutores que Locke pretendesse alcançar. Trata-se de uma ideia de inspiração estoica e tomista, segundo a qual todo o cosmos é fruto da criação de Deus, que criou cada parte do universo com propósitos especificamente determinados para a finalidade do todo43.

Na concepção de estado de natureza, Locke pressupõe, assim, a noção de “grande cadeia do ser”44

, em que cada espécie tem sua posição e sua graduação, e em que cada um dos elementos foi construído de forma a integrar-se à grande pintura formada pelo todo. Dotado de uma posição particularmente nobre, apenas abaixo dos anjos, o homem, nesse projeto divino, tem a necessidade de cooperar com seu semelhante de forma voluntária e autoconsciente45.

Ainda que possa parecer a mais pura banalidade, tal pressuposto é, segundo Dunn, de grande relevância para o projeto de demonstração da “verdadeira origem, extensão e finalidade do governo civil” que

42 Cf. DUNN, op. cit., p. 87-88.

43

Tal noção, que era, segundo Arthur LOVEJOY, muito provavelmente “a concepção difundida sobre a organização geral das coisas” trazia implícita uma visão da natureza segundo a qual a organização do cosmos é um reflexo da razão divina, que governa o universo. Cf. Arthur LOVEJOY, A grande cadeia do ser. São Paulo: Palíndromo, 2005, p. 7.

44

Cf. Arthur LOVEJOY, op. cit, passim.

24 Locke lança em resposta ao “Patriarca”, de Robert Filmer46

, pois os discursos de Locke e de Filmer são frequentemente incompreensíveis sem essa suposição, embora nenhum dos dois tenha se preocupado em descrevê-la, sequer superficialmente, exatamente por se tratar de uma noção amplamente aceita, a ponto de se tornar inquestionável47.

Tomando como pressuposto para a concepção de estado de natureza a ideia de “grande cadeia do ser”, Locke define, no capítulo II do “Segundo Tratado”, a lei natural como a lei “que a todos obriga”, identificando-a com a própria razão, que é, ela mesma, esta lei48.

Trata-se da lei que rege o estado de natureza, em que os homens são absolutamente livres para decidir suas ações, dispor de seus bens e de suas pessoas sem pedir a autorização de outro homem, nem depender de sua vontade, dentro dos limites estabelecidos por essa mesma lei.

Como um estado de liberdade e igualdade absolutas, em que ninguém possui mais que os outros, vigoram, no estado de natureza, as normas provenientes da razão, que se destinam à ordenação da paz e à conservação da humanidade, impedindo que os homens violem os direitos do outro, prejudicando-se entre si.

46

Robert FILMER, Patriarcha and other writings. (Cambridge texts in the history of political thought). New York: Cambridge University Press, 1991.

47 FILMER desenvolve, em seu “Patriarca”, um amplo esforço de fundamentação do direito divino dos reis a partir da descendência hereditária de Adão e dos patriarcas. O propósito de Locke, que é explicitado já na epígrafe do “Primeiro Tratado” é o de que sua obra sirva para que sejam “desmascarados e derrubados os falsos princípios de onde partem Sir Robert Filmer e seus adeptos”. Locke revela, assim, o empenho de refutar a principal doutrina propalada pelos defensores da monarquia absoluta, que derivavam o poder do rei da transmissão hereditária do poder paterno conferido diretamente por Deus a Adão. Cf. Segundo tratado sobre o governo civil e outros escritos, op. cit., p. 51.

25 São a observância e o respeito à razão, portanto, que conferem aos homens a perspectiva de sua independência e igualdade em relação aos demais seres humanos, impondo a norma segundo a qual nenhum homem pode lesar outro homem em sua vida, sua saúde, sua liberdade ou seus bens.

Nesse sentido, é da relação de igualdade que há entre “nós mesmos e aqueles que são como nós”49

que a razão natural extrai os preceitos e cânones para a direção da vida, em especial – conforme argumento desenvolvido por Hooker50 e incorporado por Locke – o dever que têm os homens de se amarem mutuamente, pois o desejo do homem de ser amado impõe-lhe a obrigação de amar da mesma forma a seu igual, uma vez que deve ser aplicada uma medida comum para coisas iguais.

A igualdade e a liberdade são, assim, a base da reciprocidade que no estado de natureza determina todo poder e toda a competência que um homem possa vir a exercer sobre outro homem.

O respeito à razão obriga os homens, segundo Locke, à sua autoconservação e, na medida do possível e desde que a sua própria autoconservação não esteja ameaçada, a zelar pela conservação do restante da humanidade, impedindo a destruição da vida, da liberdade ou dos bens de outra pessoa51.

49 Op. cit., p. 384.

50 Richard HOOKER, Of the laws of ecclesiastical polity. Cambridge: Cambridge University Press, 1997.

51

A exceção identificada por Locke para a não intervenção na liberdade de outra pessoa é a realização de justiça a um infrator da lei natural. Cf. op. cit., p. 85.

26 A lei natural, que tem por objetivo a manutenção da paz e a conservação da humanidade, confere a todos os homens, assim, o poder de executá-la, punindo os transgressores da razão natural com pena suficiente para reprimir as violações, preservando o inocente e refreando o transgressor.

Esse poder de um homem sobre o outro, existente no estado de natureza, não é, porém, um poder arbitrário ou absoluto, limitando-se tão somente ao poder de infligir ao infrator, “na medida em que a tranquilidade e a consciência o exigem”52

, uma pena proporcional à sua transgressão, de forma suficiente a assegurar a reparação e a prevenção.

E esse poder de punir pertence a todos os homens na medida em que a transgressão da lei da natureza é uma violação dos direitos de toda a espécie, representando uma ameaça à preservação de toda a humanidade e uma declaração de desobediência à reta razão, o que deve ser reprimido por todos os indivíduos.

A violação da lei da natureza representa, portanto, uma declaração de rompimento com os princípios da natureza humana, à qual está vinculado, em geral, um dano causado a outra pessoa.

Por essa razão, a cada transgressão da lei natural surgem dois direitos distintos: o direito de punição, a título de prevenção, que pertence a todos; e o direito de reparação, que pertence à vítima, pelo princípio da autopreservação.

Assim, por exemplo, Locke afirma que todo homem no estado de natureza tem o poder de matar um assassino, tanto para dar a outros o

27 exemplo das consequências da violação da lei natural, como para impedir outros ataques do mesmo assassino que, por ter renunciado à razão, declarou guerra a todo o gênero humano e por isso pode ser destruído assim como pode ser destruída uma besta selvagem com a qual a humanidade não pode viver em segurança53.

Para explicitar esse direito de destruir aquele que comete assassinato, que é conferido pela lei natural a qualquer pessoa, Locke lança mão da passagem do velho testamento54 em que Caim55, após assassinar o seu irmão Abel, declara seu temor de ser morto caso seja encontrado56. Para Locke, a declaração de Caim decorre da constatação de ter ele violado o princípio no qual está fundamentada a grande lei da natureza: “Quem derramar o sangue humano, pelas mãos humanas perderá o seu”.

Neste ponto, conforme salienta Dunn57, Locke inverte um raciocínio convencional, pois o direito de execução de outro homem era tradicionalmente descrito como próprio da autoridade política, uma vez que a proibição de matar um semelhante constitui expressamente um mandamento divino, que impõe ao homem até mesmo a proibição de matar a si mesmo. Para autores como Filmer, nesse sentido, a única maneira de compatibilizar a proibição

53 Cf. op. cit., p. 87.

54 Cf. Gênesis, Cap. IV.

55De fato, um exemplo de indivíduos submetidos ao “estado de natureza” tal qual descrito por Locke é o dos irmãos Caim e Abel, que não estão submetidos à autoridade de nenhum outro homem, mas apenas à razão natural, concedida por Deus a seus pais, Adão e Eva.

56

Caim afirma “quem me encontrar, me matará”.

28 constante do mandamento com o poder de matar concedido à autoridade política é considerar que ambos apenas podem ser derivados diretamente de Deus58. Para Locke, por outro lado, o direito de matar um criminoso decorre diretamente da lei da natureza, pois a violação da lei natural representa uma demonstração de renúncia à racionalidade inerente a essa lei, o que rebaixa o agressor a uma categoria inferior da ordem da criação, equiparando-o a uma “besta selvagem”, sobre a qual o homem exerce uma autoridade natural decorrente dos propósitos da criação.

Desse modo, o direito de execução de um criminoso é existente ainda no estado de natureza e deve ser deduzido da noção de grande cadeia do ser, em que as várias classes de criaturas foram dispostas por Deus de uma maneira tal em que as mais baixas devem servir aos propósitos das mais elevadas. Para tanto, Deus não apenas deu autoridade ao homem sobre toda a natureza animal, isto é, o direito de apropriar-se dela para sua própria subsistência, mas conferiu também ao homem um poder físico sobre essa natureza, a capacidade de implementar seus direitos. Na medida em que a violação da lei natural constitui uma renúncia à razão, rebaixando o agressor à condição animal, qualquer homem pode legitimamente executá-lo, como exercício de seu poder sobre as criaturas inferiores e em implementação da lei da natureza.

A fim de afastar os questionamentos acerca da existência de um estado de natureza e, consequentemente, da lei natural, Locke lança mão de dois exemplos. O primeiro refere-se ao estado em que se encontram os governantes das comunidades independentes, que não possuem nenhuma

29 convenção ou acordo a suprimir a liberdade e a igualdade mútuas. O segundo exemplo utilizado por Locke é a situação do estrangeiro. Para Locke, a punição de um estrangeiro só é admissível se for reconhecida a existência de um direito natural, pois a autoridade da lei nacional não tem qualquer efeito sobre o estrangeiro.

Dessa maneira, no capítulo II do “Segundo Tratado” Locke elabora a definição de lei natural e oferece também a concepção de estado de natureza, essenciais à compreensão da noção de liberdade natural.

Na sequência do “Segundo Tratado”, Locke identifica, no capítulo III, que embora o homem seja de tal forma livre e desfrute, no estado de natureza, do domínio absoluto de sua própria liberdade, sem suportar o ônus de submeter-se a quem quer que seja, o gozo de seus direitos naturais é, nesse estado, “bastante incerto e constantemente exposto às invasões de outros”59

. Dessa forma, embora no estado de natureza vigore a lei natural, que é passível de ser apreendida por todas as criaturas racionais, os homens são tendenciosos e “não são aptos a reconhecer o valor de uma lei que eles seriam obrigados a aplicar em seus casos particulares”60

, o que torna esse estado carente de uma lei geral aceita e reconhecida pelo consentimento de todos.

Nesse estado, todos são reis da mesma maneira, “mas a maior parte não respeita estritamente, nem a igualdade nem a justiça”, o que torna o gozo dos direitos “muito perigoso e muito inseguro”, fazendo com que os

59

Cf. LOCKE, op. cit., p. 495.

30 homens desejem “abandonar esta condição, que, embora livre, está repleta de medos e perigos contínuos”61

.

Além disso, falta no estado de natureza “um juiz conhecido e imparcial, com autoridade para dirimir todas as diferenças segundo a lei estabelecida”, pois como o julgamento das violações à lei natural compete, nesse estado, a todos os homens, a indiferença e a negligência podem diminuir a vigilância em relação às violações que afetem exclusivamente os outros homens, assim como a paixão e a vingança podem conduzir a excessos nos julgamentos em causa própria62.

O estado de natureza possui, nesse sentido, uma tendência a degenerar-se em estado de guerra em razão das injustiças decorrentes dos julgamentos em causa própria e da indiferença da maioria dos homens em relação à maior parte das violações da lei natural.

Uma aparente ambiguidade existente no conceito de estado de natureza é identificada por R. H. Cox63, que destaca que a concepção fornecida por Locke nos capítulos II e III do “Segundo Tratado” difere da fornecida no capítulo IX, em que a oposição existente entre o estado de natureza e o estado de guerra parece dissolver-se, aproximando-se muito da definição hobbesiana.

De fato, no capítulo IX, Locke indaga que “se o homem no estado de natureza é livre como se disse, se é senhor absoluto de sua própria

61 Cf. Idem, Segundo tratado sobre o governo civil e outros escritos, op. cit., passim.

62

Cf. Idem, ibidem, p. 157.

31 pessoa e suas próprias posses, igual ao mais eminente dos homens e a ninguém submetido, por que haveria ele de se desfazer dessa liberdade?”64

A elucidação é feita na sequência:

“A resposta evidente é a de que, embora tivesse tal direito no estado de natureza, o exercício do mesmo é bastante incerto e está constantemente exposto à violação por parte dos outros, pois que sendo todos reis na mesma proporção que ele, cada homem um igual seu, e por não serem eles, na sua maioria, estritos observadores da equidade e da justiça, o usufruto que lhe cabe da propriedade é bastante incerto e inseguro”65

.

Conforme bem propõe José Santillán, essa aparente ambiguidade presente na noção de estado de natureza pode ser afastada pelo desdobramento da pluralidade natural em duas partes: por um lado, ela é tomada como uma forma pura, pacífica; por outro, trata-se de uma forma degenerada, conflituosa. O estado de natureza como condição de paz original tende a degradar-se em estado de guerra. O estado de natureza pacífico supõe uma racionalidade humana que observa as leis naturais (condição ideal); o estado de guerra (ou, como propõe Santillán, o estado de natureza belicoso) implica no abandono da racionalidade e na violação da lei natural (condição real) 66.

A exposição do estado de natureza efetuada por Locke no capítulo IX do “Segundo Tratado” seria, de acordo com essa leitura, apenas uma descrição do segundo aspecto da pluralidade natural dos homens, a condição real, que tende a degenerar-se em estado de guerra em razão das injustiças

64 Cf. LOCKE, Dois tratados sobre o governo, op. cit., p. 494-495.

65

Cf. Idem, Ibidem, p. 495.

32 decorrentes dos julgamentos em causa própria e da indiferença da maioria dos homens em relação à maior parte das violações da lei natural.

As inconveniências a que estão expostos pelo “exercício irregular e incerto do poder” levam os homens, nesse sentido, à procura de abrigo sob as leis estabelecidas por um governo, a fim de que possam salvaguardar suas propriedades do arbítrio e da negligência alheios.

Para Locke, portanto, o objetivo principal da união dos homens em sociedades políticas e de sua submissão a governos é a preservação de suas vidas, liberdades e de seus bens, a que Locke designa genericamente por propriedade67, o que só pode ser realizado com o afastamento das carências e debilidades existentes no estado de natureza.

Desse modo, conforme será exposto no capítulo II desta dissertação, a constituição da sociedade política para Locke tem seu fundamento na necessidade de instituição das leis civis e de organização da justiça, que precisam ser empreendidas com o consentimento de todos e em conformidade com a lei da natureza, que continua a vigorar a despeito da criação da sociedade política.

Na teoria política de Locke, conforme analisa Rolf Kuntz68, a descoberta da condição natural dos homens dá-se pela redução da ideia de homem a um mínimo inteligível. Tal constatação surge como decorrência lógica do “bombardeio de limpeza” realizado com a contestação da obra de Filmer, que forneceu um importante ponto de referência: não há por que imaginar as relações

67 Idem, ibidem,. p. 156.

68

Cf. Rolf KUNTZ, Locke, liberdade, igualdade e propriedade. In: Revista do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo. Disponível em www.iea.usp.br/artigos

33 estáveis de comando como naturais, pois não são elas provenientes do poder divino e tampouco do poder paterno69.

Ao contrário de Thomas Hobbes, no entanto, Locke não concebe a condição natural como um estado de terror e medo constantes. Enquanto para Hobbes o estado de natureza é marcado pela ausência de lei e pela insegurança, em que os homens têm por únicos guias o seu próprio interesse e os seus apetites, para Locke o estado de natureza é caracterizado pelo império da lei da natureza, que deve ser compreendida como lei em sentido forte70.

Para Locke, nesse sentido, a lei natural não é uma norma de importância menor em comparação à lei positiva. Ao contrário: trata-se de uma norma plena de eficácia que se constitui no próprio fundamento de validade da lei positiva, e que deve ser instituída para o aperfeiçoamento dessa condição e para que possam ser afastadas tanto a indiferença da maioria dos homens no exercício da jurisdição recíproca quanto as injustiças provocadas pelos julgamentos em causa própria.

Locke descreve71, assim, a condição natural dos homens como um estado de liberdade e igualdade absolutas, em que ninguém possui mais que os outros e em que vigoram as normas provenientes da razão, que se destinam à ordenação da paz e à conservação da humanidade e impedem que os homens violem os direitos uns dos outros, prejudicando-se entre si.

69 Cf. KUNTZ, op. cit. p. 4.

70

Cf. KUNTZ, op. cit. p. 4.

34 A definição de Locke da lei natural como a lei “que a todos obriga”, e que se identifica com a própria razão, expressa, como salienta Kuntz72

, a sua convicção sobre a existência de um direito fundado na natureza, manifestação de uma razão divina que governa todo o universo. Tal concepção demonstra uma clara filiação de Locke à concepção tomista de lei natural e constitui, em última análise, uma recuperação do argumento estoico73.

Dunn aponta, por sua vez, que ao contrário de exposições tradicionais da lei da natureza, em especial a concepção de Hobbes, o conteúdo dessa lei para Locke não é nem um pouco reducionista. Alguns outros termos claramente invadiram o conceito e, segundo o autor, não é preciso muita investigação para se identificar que o termo invasor é “Deus”.

Para Dunn, nesse sentido, o estado de natureza, em que “todos os homens estão naturalmente inseridos” não é uma condição associal, mas uma condição a-histórica. É o estado em que os homens foram postos por Deus no mundo. O estado de natureza seria então um tema para reflexão teológica, e não para pesquisa antropológica.

Desse modo, a matriz teológica subjacente à noção de lei natural funciona antes como um axioma interpretativo e não se reduz simplesmente a um conjunto de alegações de fato.

Entretanto, para Dunn, Locke lança mão, a partir do conceito de lei natural, de “duvidosos recursos da inferência”, pois não é a teologia natural

72 Cf. Locke, liberdade, igualdade e propriedade, op. cit, passim.

73 Para os filósofos estoicos, o homem carrega uma “centelha” da razão divina no âmago de seu ser. Cf.

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