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4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.5 D ISCUSSÕES DOS RESULTADOS

4.5.1 Estatística descritiva

O domínio tecnológico da Engenharia, Computação, Eletrônica, Materiais e Química, foram as EBTs que mais se dispuseram a participar do trabalho. Sendo esses tipos de empresas (micro, pequena e média), proposta do projeto PIPE/FAPESP (FAPESP, 2019), que têm lançado produtos com alto conteúdo tecnológico, fator de competitividade no mercado (JUGEND; SILVA, 2010).

Em relação ao porte das empresas, em empresas de base tecnológicas como era de se esperar a maioria delas, ou seja, quase 95% estão dentro da proposta do programa PIPE/FAPESP, que tem como objetivo principal desde sua criação no final dos anos 90, “Apoiar a pesquisa em ciência e tecnologia como instrumento para promover a inovação tecnológica, promover o desenvolvimento empresarial e aumentar a competitividade das pequenas empresas”, dentro

dessas, as microempresas fazem parte (FAPESP, 2019). Importante destacar também que esses tipos de empresas têm aumentado nos últimos anos, sendo elas responsáveis por 40% em criar e difundir inovações tecnológicos e gerar novos conhecimentos em todo mundo (OECD, 2008) e têm crescido. No Brasil, como economia emergente, as EBTs utilizam o conhecimento para o melhoramento dos produtos, processos e serviços, mesmo entendendo que essas empresas não possuem um setor para gerir o conhecimento, é notório dizer que, o conhecimento nesses tipos de empresas é um recurso estratégico de grande importância, preponderante para o seu sucesso (ESCRIVÃO, 2015), revelando a importância desses tipos de empresas para os resultados dessa tese.

A maioria das empresas, ou seja, ¾ do total estão no mercado acima de 5 anos, sendo que mais da metade delas, se encontram trabalhando a mais de 10 anos, ou seja, podendo ser consideradas empreendimentos sustentáveis de longo prazo (ESCRIVÃO, 2015). A maior parte dessas empresas que estão situadas no Estado de São Paulo, estão localizadas em regiões de grande desenvolvimento tecnológicos, em lugares aonde possuem principalmente Universidades que possuem cursos ligados a tecnologia e apoiam os seus desenvolvimentos a partir de convênios, parcerias entre professores e pesquisados, e etc. De acordo com Murano (2019), a cidade de São Carlos, que se coloca como a maior respondente dessa pesquisa, virou principalmente a partir da década de 80, um dos maiores polos de empresas de base tecnológica do Brasil.

Os perfis dos respondentes demonstram que atuam nos níveis estratégicos e nível tático, ou seja, são eles que tem o maior grau de conhecimento e se pauta em suas experiências de trabalhos. A escolaridade dos respondentes da amostra demonstra ser coerente com a realidade das EBTs, que de acordo Baêta (1999), esses tipos de empresas se caracterizam pela presença intensiva de pesquisadores e colaboradores de alta qualificação/titulação, fato esse que deve ser analisado considerando o caráter inovativo do empreendimento (RITA et al. 2016), porém para o programa do PIPE/FAPESP a titulação acadêmica, não é um requisito necessário, porém a experiência profissional e a captação técnica são primordiais (FAPESP, 2019). No que se diz respeito a idade, verifica-se que a maioria dos respondentes se encontram na faixa etária entre 31 e 40 anos, tendo como média geral dos entrevistados 38 anos, um pouco acima dos colaboradores que estão presentes no vale do silício (32,1 anos). Dentre os entrevistados, a maioria são do sexo masculino, que confirmado por Rita et al. (2016), são aqueles que ocupam maior parte em EBTs.

Os fatores da improvisação e as práticas das dimensões do conhecimento foram identificadas a partir da análise estatística descritiva, respondendo a primeira questão secundária da pesquisa. Listaram-se, todas as variáveis do constructo GC em ordem crescente, pelo percentual de importância, e foram destacadas as quatro mais implantadas, conforme parâmetros de 25% das variáveis com os valores percentuais superiores. Dessa forma, constatou-se que as práticas das dimensões mais importantes são: usam o conhecimento existente de maneira criativa para desenvolver novas ideais; armazenam informações para futuras consultas; incentivam a transferência ou compartilhamento de informações entre pessoas; documentos previamente elaborados estão facilmente disponíveis; aproveitam a habilidade e o conhecimento do pessoal para inovação e desenvolvimento de novos conhecimentos. Esse procedimento respondeu um dos objetivos secundários sobre GC, que era “Identificar as principais práticas dimensões da gestão do conhecimento que estão sendo utilizadas pelas EBTs do Estado de São Paulo”. Foi verificado dentro do constructo das práticas da GC, de acordo com as médias de respostas que, as variáveis “treinamentos” e “treinamentos para compartilhar” que não há uma tendência de aplicação de tais práticas. E conforme o indicativo da literatura internacional, a prática de treinamento, tem sido um investimento importante, pois aumenta o conhecimento, habilidades e atitudes do indivíduo (BULUT; CULHA, 2010), é uma forma de adquirir novas experiências (CASTANEDA et al. 2018), porém, como dito, nessa pesquisa essa prática não se destacou.

As variáveis da improvisação organizacional, também foram identificadas por meio da análise descritiva. Utilizou-se como medida de tendência central a média, a qual foi convertida em percentual, considerando a escala likert, conforme parâmetros de 25%. Dessa forma, listaram todas as variáveis em ordem crescente pelo percentual de adoção e destacou-se 3 questões: desenvolvem novas soluções; resolvem rapidamente um problema; aplicam novas maneiras para resolução de uma situação. Esse procedimento respondeu um dos objetivos secundários sobre IO, que era “Identificar os principais resultados da improvisação dos indivíduos sobre uma perspectiva do nível tático e estratégico”. Constatou-se a mesma coisa que ocorreu nas práticas da GC, que a variável treinamento no constructo da improvisação possui a menor faixa de percentual de todas as variáveis. Uma possível justificativa pode ser o fato de ainda as organizações não entenderem que como ocorre na arte, na organização o treinamento também é um fator importante no aumento da incidência e eficácia no processo da

improvisação (VER; CROSSAN, 2005), portanto, há necessidade de estudos anteriores, ou seja, treinamento para aplicação da improvisação (LEWIS; LOVATT, 2013).

Nas análises de variância (ANOVA) realizadas, dentro do teste estatístico, onde o valor-p tem que ser menor que 5% para ser significante, sugerem que não houve associação direta entre as variáveis da improvisação (variável resposta), e os diferentes níveis de fator, nesse caso são as características dos respondentes e das empresas estudadas (variáveis qualitativas): domínio tecnológico, localização da unidade, quantidade de funcionários, tempo de empresa no mercado, área de atuação do indivíduo na empresa, escolaridade do indivíduo, idade do respondente, gênero, tempo de empresa e o cargo do indivíduo. Dessa forma, não é possível afirmar que o maior número das variáveis qualitativas está associado as variáveis da improvisação organizacional, como poderia ser esperado.

Em resumo, a figura 46 apresenta os principais resultados da seção da análise descritiva da pesquisa. Esta figura está dividida em três blocos dos principais resultados obtidos. Do lado esquerdo destacam-se as práticas da gestão do conhecimento, de acordo com cada dimensão. Na parte central, considera-se as principais características dos respondentes e das organizações da amostra. E na parte da direita, mostra-se as variáveis da improvisação organizacional mais empregadas.