• Nenhum resultado encontrado

estatísticos para a Terceira Fase

Nos termos do Tratado, o IME deverá promover os preparativos estatísticos necessários para que o SEBC possa desempenhar as suas atribuições na Terceira Fase.

Em Julho de 1996 foi publicado um documento com os requisitos estatísticos, o chamado “conjunto de medidas a tomar” (“implementation package”) e, subsequentemente, os BCN iniciaram discussões sobre a sua adopção pelas associações bancárias nacionais e outras partes interessadas. Os requisitos foram apresentados sinteticamente no Relatório Anual do IME de 1996, não se repetindo no presente Relatório, excepto quando tal se revele necessário como informação de base aos desenvolvimentos seguintes.

Durante a maior parte do ano de 1997, assistiu-se à concretização destes requisitos e, sempre que necessário, à clarificação de questões de pormenor. O IME publicou listas provisórias de instituições que formam o sector das Instituições Monetárias e Financeiras (IMF), para além de documentos com estatísticas monetárias e bancárias e da balança de pagamentos nos Estados- membros. O IME conduziu discussões informais relativamente a aspectos legais do enquadramento estatístico para a Terceira Fase e definiu as especificações de uma parte substancial da necessária infra- -estrutura informática.

Estatísticas monetárias e bancárias

A publicação do IME intitulada “European Money and Banking Statistical Methods” (“Métodos Estatísticos Monetários e Bancários Europeus”), de Abril de 1997, descreve os sistemas estatísticos existentes

no final de 1996 nos Estados-membros em termos das estatísticas monetárias e bancárias. O cumprimento dos requisitos estabelecidos no “conjunto de medidas a tomar” implica a introdução de alterações em todos os Estados-membros. Os progressos alcançados na adopção destas alterações foram registados em dois exercícios de acompanhamento a nível da UE, realizados durante o ano de 1997. Em geral, as alterações foram introduzidas sem dificuldade de maior. Em alguns Estados- -membros, a adopção da repartição por maturidade original para determinadas rubricas dos balanços dos bancos e o prazo limite acordado de 15 dias úteis para a transmissão de dados nacionais para o BCE parecem ter sido as questões que levantaram inicialmente algumas dificuldades.

O “conjunto de medidas a tomar” estabelece a definição de Instituições Monetárias e Financeiras. As IMF deverão apresentar um balanço mensal, bem como informação trimestral mais detalhada, embora as instituições de menor dimensão fiquem isentas de algumas destas obrigações. Em Setembro de 1997, foi publicada uma lista provisória das IMF, que incluía principalmente instituições de crédito, tal como definidas em legislação comunitária, e ainda determinadas instituições financeiras que correspondem à definição de IMF, embora não incluindo, nesta fase, fundos do mercado monetário. Uma adenda à lista provisória, incluindo fundos do mercado monetário, foi publicada em Dezembro de 1997.

Em Abril de 1998, na sequência de outros testes e revisões, foi publicada uma versão final da lista de IMF, abrangendo cerca de 11 000 instituições. Esta lista proporciona uma população o mais homogénea possível para fins estatísticos, contribuindo para simplificar a produção de um balanço abrangente e consistente do sector de criação de moeda na área da moeda única

e para apoiar outras aplicações estatísticas importantes, tais como o SEC 95. Será também utilizada na selecção de contrapartes para operações de política monetária do SEBC.

O IME preparou, em estreita colaboração com os BCN, linhas de orientação para a compilação de estatísticas monetárias e bancárias cobrindo cerca de quarenta questões. O IME forneceu ainda esclarecimentos sobre os requisitos a cumprir pelos BCN, no que se refere à obrigação de prestar informações, uma vez que fazem também parte do sector das IMF e contribuem para as estatísticas monetárias. Nas áreas das estatísticas das taxas de juro e da emissão de títulos, será feita uma utilização mais alargada das fontes de dados actualmente existentes.

O “conjunto de medidas a tomar” requer que os primeiros dados recolhidos a partir da nova base acordada estejam disponíveis no final de Junho de 1998 e mensalmente após aquela data, devendo os dados retrospectivos desde Setembro de 1997 computados o mais próximo possível daquela base ficar disponíveis em Setembro de 1998. Com a colaboração dos BCN, o IME prepara actualmente estimativas para períodos anteriores; para a maioria dos Estados-membros, estas não podem ser exactas uma vez que as categorias do balanço harmonizado e a repartição geográfica das posições externas necessárias ao cálculo correcto de agregados para a futura área da moeda única não se encontram disponíveis, com o detalhe exigido, para períodos anteriores.

Estatísticas da balança de pagamentos

Alguns Estados-membros da UE adoptaram as disposições previstas na 5ª edição do Manual da Balança de Pagamentos do FMI durante o ano de 1997, enquanto que outros pretendem fazê-lo durante o ano de 1998. As principais rubricas mensais

para a balança de pagamentos da área da moeda única serão compatíveis, tanto quanto possível, com o novo Manual do FMI. Os dados mais pormenorizados destinados a uma balança de pagamentos trimestral e anual (e a uma apresentação anual da posição do investimento internacional - PII) serão compatíveis com os padrões do FMI. Uma grande parte da necessária harmonização de definições será completada durante o processo.

O “conjunto de medidas a tomar” contem alguns pormenores relativos quer ao tratamento estatístico dos derivados na balança de pagamentos, quer à PII. O IME prestou especial atenção a ambas as questões em 1997. Os requisitos para a área da moeda única correspondem aos padrões internacionais, de acordo com as alterações introduzidas por acordo internacional. Será, porém, necessário algum tempo para que seja possível atingir um grau de uniformidade e consistência total em algumas áreas, em especial no tratamento dos derivados, da conta de carteira em geral e da avaliação dos títulos em circulação.

Os derivados e a conta de carteira apresentam já dificuldades em algumas balanças de pagamentos nacionais. Uma outra dificuldade verificada durante os exercício de acompanhamento é a disponibilidade atempada: actualmente, apenas nove Estados-membros se encontram em posição de cumprir o prazo de seis semanas para todas as principais rubricas mensais. A Irlanda e o Reino Unido não dispõem actualmente de uma balança de pagamentos integral numa base mensal; ambos os países registaram progressos consideráveis na preparação de previsões em 1997.

As estimativas da balança de pagamentos para 1998, abrangendo rubricas chave para a futura área da moeda única, serão elaboradas a partir de dados sem desagregação das contrapartes em residentes dos países

participantes na área da moeda única e residentes em outros países, tomando portanto a forma de um agregado de saldos líquidos em cada categoria das balanças de pagamentos nacionais. A primeira PII para o final de 1998 será igualmente elaborada numa base líquida.

Contas financeiras

O “conjunto de medidas a tomar” prevê a necessidade de informação pormenorizada cobrindo as transacções financeiras e os balanços para a área da moeda única a fim de complementar a análise monetária e a pesquisa de política. O documento sugere que, no contexto do enquadramento conceptual definido no SEC 95, deveria ser possível elaborar uma conta bastante pormenorizada, embora não completa, para a área da moeda única a partir de estatísticas monetárias, da balança de pagamentos e do mercado de capitais, baseada ainda, tanto quanto possível, nas contas financeiras nacionais. Estes dados deveriam ser recolhidos numa base trimestral por forma a ter uma utilidade real para o BCE.

Em 1997, o IME estabeleceu que seria de facto possível elaborar um conjunto trimestral de contas financeiras, tal como acima descrito, e iniciou os trabalhos do respectivo projecto.

Tal como sucede relativamente à balança de pagamentos, as contas financeiras representam igualmente uma área na qual se acordou que a Comissão (EUROSTAT) e o IME irão partilhar responsabilidades a nível europeu. Um resumo da abordagem à responsabilidade partilhada é apresentado na secção 3.2 sobre organização.

Outras estatísticas económicas e financeiras

O “conjunto de medidas a tomar” salienta a necessidade de diversas estatísticas: estatísticas das finanças públicas, uma vez

que têm uma influência significativa sobre as condições monetárias; estatísticas de preços e custos, uma vez que estão directamente relacionadas com a principal atribuição do SEBC de manutenção da estabilidade de preços; e uma vasta gama de estatísticas económicas (relacionadas com as componentes da procura, do produto, do mercado de trabalho, etc.) que constituem a base para a condução da política monetária e das operações cambiais.

Todas estas estatísticas são da responsabilidade da Comissão (EUROSTAT) e o envolvimento do IME no seu desenvolvimento decorre da sua qualidade de utilizador profundamente interessado. Foram conduzidos muitos outros trabalhos em 1997 com o objectivo de harmonizar o tratamento das estatísticas do défice e da dívida pública, por forma a tornar os dados comparáveis para efeitos da avaliação da convergência prevista no Artigo 109.º-J do Tratado. Em Março de 1997, a Comissão publicou as primeiras estatíticas de preços no consumidor harmonizadas, abrangendo toda a UE. Estas estatísticas - que, no seu conjunto, formam um agregado que abrange toda a área do euro - constituirão provavelmente a principal medida de preços a acompanhar pelo BCE.

Os Estados-membros da UE têm o compromisso legal de adoptar os requisitos do SEC 95 a partir da primavera de 1999. Embora alguns Estados-membros beneficiem de uma derrogação relativamente a determinadas partes do SEC 95, esta etapa conduzirá a uma maior harmonização das estatísticas das contas nacionais; em 1997, prosseguiram os trabalhos preparatórios com esse objectivo. Além disso, o IME tem apoiado fortemente uma iniciativa da Comissão destinada a harmonizar a frequência, a disponibilidade atempada e a cobertura de um amplo conjunto de estatísticas sobre a conjuntura, na medida julgada conveniente. O Conselho da UE aprovou recentemente um Regulamento de estatísticas de curto prazo. Porém, decorrerá ainda algum tempo até que este diploma se torne totalmente

efectivo, uma vez que o Regulamento prevê um prazo de adopção até 5 anos. Entretanto, estão a ser tomadas medidas no sentido de acelerar a disponibilização dos dados nacionais.

3.2 Organização do trabalho

estatístico a nível europeu

Os Relatórios Anuais do IME de 1995 e 1996 salientaram a divisão de responsabilidade acordada entre a Comissão (EUROSTAT) e o IME, que incluía a partilha de responsabilidades no que respeita às estatísticas da balança de pagamentos e das contas financeiras.

Durante o ano de 1997, foi prestada uma maior atenção à partilha de responsabilidades nestas áreas. Relativamente à balança de pagamentos, foi sugerido que a Comissão (EUROSTAT) deveria recolher dados relativos à maioria das rubricas da balança de transações correntes e da balança de capitais (na nova terminologia), prevendo-se que o BCE venha a recolher dados relativos às contas financeiras (na nova terminologia) e às rubricas de rendimento de capitais da balança de transacções correntes. Como reflexo dos conhecimentos da Comissão nesta área e da sua utilização de dados para determinados objectivos de política, ambas as instituições desempenharão um papel na elaboração de estatísticas de investimento directo. Está prevista a publicação conjunta de dados, no que se refere a dados da balança de pagamentos anuais e trimestrais; apenas o BCE deverá elaborar estatísticas mensais com base em dados chave.

Na área das contas financeiras, os requisitos legais do SEC 95 prevêem uma frequência anual. O IME e futuramente o BCE serão os pioneiros na elaboração de contas financeiras trimestrais relacionadas com a área da moeda única, na sequência da abordagem acima descrita e, em colaboração com a Comissão (EUROSTAT), acompanharão a adopção do SEC 95 na área das contas financeiras.

O IME e o futuro BCE prosseguirão a sua estreita cooperação com a Comissão (EUROSTAT) em todas as questões estatísticas de interesse comum. As respectivas responsabilidades estatísticas do BCE e da Comissão a nível europeu deverão ser formalmente acordadas na sequência do estabelecimento do BCE.

3.3 Aspectos legais

O Relatório do IME intitulado “The single monetary policy in Stage Three - Specification of the operational framework” (“A política monetária única na Terceira Fase - Especificação do quadro operacional”), publicado em Janeiro de 1997, incluía um projecto de Regulamento do Conselho da UE relativo à elaboração de estatísticas pelo BCE.

Durante o ano de 1997, o IME discutiu informalmente em grupos ad hoc do Comité Monetário este projecto de Regulamento. Os principais comités estatísticos da UE fizeram igualmente comentários àquele projecto. O texto, com as alterações que lhe foram introduzidas, será formalmente apresentado ao Conselho da UE pelo BCE, logo após o seu estabelecimento, nos termos do n.º 6 do Artigo 106.º do Tratado.

Nos termos do Artigo 34.º dos seus Estatutos, o BCE terá de emitir os instrumentos jurídicos necessários à entrada em vigor deste Regulamento do Conselho da UE relativo à elaboração de estatísticas.

3.4 Infra-estrutura dos sistemas de

informação

O desenho de um sistema de transmissão electrónica de dados no SEBC ficou, na sua essência, completado no Verão de 1997. No final de 1997, a sua adopção tinha sido praticamente concluída, permitindo assim a realização das primeiras transferências electrónicas em Janeiro de 1998. O sistema

utiliza o formato de mensagem GESMES- CB, geralmente aplicável para efeitos da transferência de dados estatísticos em formado de séries temporais. Prevê-se a sua ampla utilização para a troca de estatísticas entre organizações internacionais.

Em 1997, o IME iniciou igualmente a preparação dos seus sistemas internos para a recepção, processamento e armazenamento do grande volume de dados estatísticos que o BCE terá de processar na Terceira Fase.